Arte e Filosofia em Schelling
Estética; Juízo; Arte; Idealismo
O propósito da presente pesquisa é analisar o modo como a arte torna-se um objeto necessário para a construção do conceito universal de filosofia no pensamento de F. W. J. Schelling, sobretudo nas preleções de 1804-1805 que ganharam o título de Filosofia da Arte. Afinal, é no horizonte do que se convencionou chamar de “teoria do gosto” que a vocação da autonomia da reflexão, que separa a filosofia dos saberes que se desenvolvem sob limitação, se explicita, confirmando sua raiz na inteira liberdade do espírito.
Defende-se que Schelling segue fielmente as ideias esboçadas no famoso fragmento de 1796 ou 1797, intitulado O mais antigo programa sistemático do idealismo alemão, no qual encontramos uma projeção de como a filosofia de então deveria se desenvolver por meio de um pensamento essencialmente estético, aproximando as ideias de verdade e beleza. Essa concepção desloca o centro compreensivo da filosofia, abrindo espaço à poesia e à mitologia como formas de superação dos usos limitantes do pensamento abstrato, cuja característica principal é a incompletude. A necessidade de sustentação à análise que propusemos nos levou naturalmente à Crítica do Juízo de Kant, que, embora apenas subjetivamente, cria as condições para a compreensão da possibilidade de um pensamento a um só tempo incondicionado, livre e direcionado à representações estéticas via um ato puro de reflexão.