O FUNDAMENTO RACIAL NA CONSTITUIÇÃO DO SELF: análise crítica em Seyla Benhabib e Sueli Carneiro
Universalismo; self; Filosofia prática; dispositivo de racialidade
O presente trabalho busca analisar a concepção de self que baseia a teoria do universalismo interativo de Seyla Benhabib, demonstrando que muito embora construa novas categorias para interpretar de maneira mais completa e complexa a teoria do universalismo, o faz com ênfase na questão de gênero, descuidando, no entanto, de outro marcador social: a raça, fundante do constitutivo do self para Sueli Carneiro (2023). A dissertação se propõe a cruzar a potência reflexiva dessas duas filósofas, buscando complementação à reformulação proposta por Benhabib ao entender que é necessário fomentar um universalismo diferente daquele proposto pelas teorias tradicionais que invariavelmente afastam as mulheres da sua formulação crítica, ao não considerarem todo o universo de particularidades que as atravessam, excluindo igualmente a tematização de assuntos que são demasiadamente importantes para esse grupo de sujeitos. Assim, pensar criticamente o universalismo requer mais do que uma análise a respeito do sistema sexo/gênero como constituintes do ser, razão pela qual torna-se incompleta uma análise constitutiva que tangencia a raça, ao formular uma crítica a esse sistema. Tratar de maneira insuficiente o racismo no modo como se constrói a estrutura e a institucionalização da formação subjetiva, atrasa a transformação. Nesse parâmetro, o dispositivo de racialidade se desdobra em contornos de interesse para a Sueli Carneiro a ser estudado em interlocução com o biopoder, através do diálogo com Foucault e, também, com o epistemicídio, centrando-se a raça na formação do self.