Foucault leitor de Kant: da Antropologia à Aufklärung
Crítica e Aufklärung. Antropologia e Ciências Humanas. Atitude Crítica. Ontologia da atualidade. Ontologia de nós mesmos.
A proposta é abordar três perspectivas de leituras da obra de Kant adotadas por Foucault. Entre 1961 a 1969 ele pesquisa arqueologicamente os saberes do homem que emergiram a partir do século XVIII e no campo da filosofia analisa a relação entre o Projeto Crítico e a gênese e estrutura da Antropologia de Kant ressaltando a confusão posterior entre o empírico e o transcendental em Ciências Humanas posteriores nas quais o homem moderno é princípio explicativo e fundamento teórico. Entre 1970 e 1978, Foucault estende genealogicamente suas investigações arqueológicas às relações de poder. No campo da filosofia estuda o deslocamento e articulação realizados por Kant entre o Projeto Crítico e a Aufklärung a partir da nova atitude crítica do homem moderno que procura constituir-se enquanto sujeito autônomo. A nova atitude percebida por Kant em sua atualidade seria, segundo Foucault, semelhante à apontada por ele em suas investigações genealógicas das transformações das relações de poder nos processos de governamentalização surgidos com os estados territoriais na Europa. As novas relações procuravam governar as condutas dos indivíduos que resistem e desenvolvem uma atitude crítica. Da década de 70 em diante, Foucault alinha-se a uma das duas tradições filosóficas inauguradas por Kant quando analisa a Aufklärung : – a ontologia crítica de nós mesmos. A questão epistemológica-transcendental «O que posso saber?», que abre o projeto Crítico, é deslocada para as questões histórico-ontológicas aparentemente contraditórias: “quem somos nós em nossa atualidade?” ou “o que é este acontecimento?”, iniciando assim uma nova ontologia que é simultaneamente uma atitude ética.