Senso comum e ciência em Popper
Falibilismo; episteme; doxa, conjectura, senso comum esclarecido.
O objetivo da presente pesquisa é investigar as relações entre senso comum e ciência no pensamento de Popper. O problema de nossa pesquisa se apresenta quando Popper nega o ideal de episteme ao definir a ciência pelo seu caráter negativo, a falseabilidade. Ou seja, sua ideia de que a ciência é conhecimento falível e passível de erro se choca com as defendidas pela tradição epistemológica que a concebe como um saber fundamentado, certo e demonstrado. Assim, ao negar características positivas, tradicionalmente reconhecidas como próprias da ciência, a posição de Popper nos suscita a seguinte questão: Qual o status que ele reserva a ciência, se não a identifica com a episteme? Em outras palavras, ao negar o ideal de episteme, Popper estaria reduzindo a ciência a doxa ou ao senso comum? A presente pesquisa será norteada pela hipótese de que Popper está longe de reduzir a ciência a doxa ou ao senso comum, pois ele muito embora veja certas proximidades entre elas, reconhece que a ciência vai além do senso comum. Assim, de modo a evidenciarmos a posição de Popper face a problemática delineada pretendemos, primeiramente analisar, como as relações entre senso comum e ciência tem sido tratada por filósofos desde a antiguidade, como Platão e Aristóteles e, também, mais contemporaneamente, por Bachelard. Posteriormente, pretendemos mostrar que, contrariamente, a esses filósofos que veem a doxa e a episteme, ou senso comum e a ciência como formas de conhecimentos distintas, Popper estabelece relações muito próximas entre ambos, mas não reduz a ciência ao nível do senso comum, na medida que a concebe como senso comum esclarecido.