ESTÉTICA E POLÍTICA NAS CARTAS DE FRIEDRICH SCHILLER
Homem. Estética. Moral. Política.
A finalidade da nossa pesquisa é analisar a combinação dos elementos da estética e os
elementos que são próprios da moral ou política, tal como isso é feito por Friedrich Schiller
em suas Cartas sobre estética, traduzidas no Brasil, em uma versão mais recente como: A
Educação estética do homem numa série de cartas. Para realizar nossa intenção, faremos,
inicialmente, uma exposição tentando mostrar como podemos reconhecer na tradição
filosófica a preocupação com esse tipo de temática, o que nos faz remontar aos gregos.
Desse modo, é com os tragediógrafos que reconhecemos a associação da tragédia com a
polis, em um horizonte que vincula arte e a política como fundadora da formação moral do
homem grego, propiciando mais tarde, nas Cartas de Schiller, o debate sobre a condição de
nosso conhecimento no âmbito da estética e da moral. Como podemos ver, ao analisarmos
a questão da compatibilidade ou complementariedade entre os domínios da arte e da moral
(política), sob a ótica do autor das Cartas ao propor que a reciprocidade entre os dois
impulsos - o sensível e o racional, unifica-se no homem. Notaremos que esta possibilidade
é o que faz Schiller a propor a primazia da educação estética para uma formação moral com
vista à política mais natural, ou sem saltos, da humanidade. Segundo Schiller, cabe a
cultura estética promover o enobrecimento do caráter, já que as tentativas da razão,
isoladamente, não apresentam resultados tão satisfatórios para o homem moderno. O que
ocasiona a formação do Estado estético, por meio da qual podemos encontrar a ideia de
humanidade perfeita - como outrora já esteve presente entre os gregos. De tal modo, o
homem educado, esteticamente, consegue vencer a condição de sua natureza, pela
exigência da razão, mas, sem perdê-la completamente de vista, pois essa apenas cede lugar
à lei moral, como uma espécie de jogo entre esses dois domínios. A beleza como liberdade
no fenômeno, é o que sustenta e dá prova que a moral é símbolo do bem – conforme à
natureza – liberdade. É nesse sentido que as Cartas de Schiller são fundadas na ideia de
que a beleza busca promover o acordo entre razão e sensível, unificadas no homem, e faz
deste um ser completo, como sua natureza mista. Assim, Schiller estabelece uma educação
moral do homem iniciada pela liberdade da arte servindo, assim, à finalidade política.