O atavismo na cultura: formação linguística e fisiológica em Nietzsche
Linguagem. Fisiologia. Cultura. Sujeito.
A presente dissertação consiste em uma análise hermenêutico-filológica a respeito dos desdobramentos filosóficos de Nietzsche sobre a linguagem e a fisiologia enquanto questões fundamentais para sua tarefa de superação da moral. Deste modo, é possível observar a preocupação do autor ao tema da linguagem logo em sua primeira fase de pensamento (1870-1876), no qual sua formação e empenho filológico direcionam seu pensamento sobre o tema à crítica da “verdade”. Constata-se, nesse período, a necessidade de compreender a linguagem como meio de expressão/comunicação incapaz de conduzir o ser humano ao “conhecimento”, seja de si ou do mundo. No segundo momento de sua filosofia (1876-1882), o exame sobre a linguagem ganha contornos mais significativos para uma crítica do pensamento metafísico e da cultura. Nesta ocasião, uma análise fisiológica soma forças na abordagem do autor aos preconceitos morais que condicionam o pensamento e o comportamento humano. Como verificado nos textos de 1880 a 1886, o problema da linguagem e da fisiologia se associam para uma compreensão e desconstrução da crença no “sujeito” moderno atribuído de identidade e autonomia. Este exame serve como base para compreender os influxos presentes na formação cultural do homem ocidental/europeu, que carrega consigo a herança fisiológica e linguística de tradições metafísicas e dogmáticas. A importância dessa análise, em seu pensamento, é relevante para compreender os obstáculos presentes em sua tarefa filosófica de superação da moral, no qual as organizações socioculturais perpetuam modelos de pensamentos nas instituições e no conhecimento científico; possibilitando, assim, identificar as “forças atávicas” que condicionam a manutenção de “tipos humanos” e estruturas sociais.