O princípio da razão suficiente na Crítica da razão pura de Kant e suas aplicações: as analogias, as antinomias e os princípios regulativos
Princípio de razão suficiente; causalidade; antinomias; princípios regulativos; Crítica da razão pura; Kant.
O objetivo desta dissertação de mestrado é analisar a natureza do princípio de razão suficiente (PRS) em Kant, bem como sua possível relação a outros conceitos e princípios presentes na Crítica da razão pura, em particular o conceito de causalidade na Segunda Analogia, os princípios regulativos e a Terceira Antinomia. Em linhas gerais, dois problemas principais e um específico serão tratados aqui: (1º) qual a natureza do PRS? e (2º) de que modo se dá a aplicação do PRS a tais conceitos e princípios mencionados? A partir da resposta a estas duas questões principais, será analisado o problema particular: (3º) o PRS é redutível, ou não, à causalidade na Segunda Analogia? Quanto ao primeiro problema, será sustentada a hipótese de que o PRS é um princípio de caráter lógico para todo o pensamento à medida que prescreve que este seja bem fundamentado logicamente por meio de uma relação entre um fundamento (Grund) e um consequente (Folge), sendo esta interpretação justificável historicamente por referência a Leibniz e Schopenhauer. Quanto ao segundo, será defendida a tese de que o PRS pode ter aplicações válidas e/ou inválidas, tanto pelo entendimento quanto pela razão, conforme exemplificado na Segunda Analogia (aplicação válida do PRS pelo entendimento), nos princípios regulativos (aplicação válida do PRS pela razão) e na Terceira Antinomia (aplicação inválida do PRS pelo entendimento e pela razão). Por fim, quanto ao terceiro, será analisada a discussão sobre a redutibilidade (MELO; LONGUENESSE; HIRATA) ou a irredutibilidade (KAUARK) do PRS à causalidade na Segunda Analogia, em relação ao qual será indicado que são pontos de vistas restritos diante das considerações mais amplas sobre a definição do PRS em Kant, tratado na primeira questão, e suas aplicações aos conceitos e princípios na Crítica da razão pura, apresentados na segunda questão.