Arte e Natureza na Teoria estética de Theodor W. Adorno
Arte. Natureza. Crítica Dialética. Kafka.
Na presente pesquisa investigamos qual a importância que a categoria estética do belo natural possui para uma teoria das obras de arte no âmbito da Teoria estética de Theodor Adorno. Para tanto, de antemão, é necessário chamarmos atenção para o fato de que sua estética filosófica não pode ser considerada como reflexões desvinculadas das obras as quais ele se manteve atento. Por exemplo, talvez seja impossível para alguém estudar as reflexões adornianas sobre música sem levar em consideração as contradições latentes das composições de Schönberg ou de Stravinsky, tal como Adorno demonstrou em sua Filosofia da nova música. Assim, ao nos debruçarmos em uma pesquisa sobre os conceitos dialéticos que mais nos instigam na sua obra publicada postumamente, observamos a necessidade de não perdermos de vista que suas reflexões estéticas não são desvinculadas do próprio objeto de interpretação, ou seja, as próprias obras de arte. Nesse sentido, dentre as inúmeras produções artísticas as quais se tornaram objeto de reflexão na estética filosófica adorniana, entendemos que a obra literária de Kafka, enquanto momento singular dessas reflexões, representa para Adorno as contradições latentes dos elementos que surgiam como o novo na arte. Mas condicionar uma obra literária que pode ser interpretada de diversas formas e por diferentes autores, apenas pela teoria de um único filósofo poderia representar até mesmo um ato contrário à própria estética filosófica adorniana. Deste modo, é importante indagar: como seria possível fazer uma pesquisa vinculando a categoria estética do belo natural em Adorno e a obra literária de Kakfa sem que, com isso, percamos de vista ora as reflexões daquele e, ao mesmo tempo, não reduzindo a obra deste último a um único modelo de pensamento? O caminho que adotaremos para responder essa questão se inscreve naquilo que durante as pesquisas vem sendo evidenciado como característica central da estética adorniana, a saber, a primazia do objeto. Assim, muito mais do que ler a obra de Kafka à luz da Teoria estética de Adorno, como muito se costuma fazer ao vincular uma teoria a um objeto, gostaríamos de em um puro abandonar-se à coisa, ou seja, na leitura dos romances kafkianos, vislumbrar alguns elementos do próprio modelo estético filosófico adorniano, sobretudo, a categoria estética do belo natural, deixando claro que nossas intenções não se inserem em pretensões de esgotar a obra kafkiana. Com isso, garantiremos a primazia do objeto artístico, demonstrando que as obras de arte não podem ser enquadradas de modo totalizante por qualquer modelo de pensamento, mesmo uma teoria estética. Considerações como estas, são caras ao próprio horizonte filosófico de Adorno.