A Questão da Finitude nos Escritos de Heidegger de 1927-1930: Transcendência, Mundo e Liberdade
Heidegger. Finitude. Transcendência. Mundo. Liberdade.
A problemática da finitude como o horizonte de manifestação do Ser é uma das principais temáticas dentro do pensamento de Heidegger. No entanto, ela ganha aspectos novos e evolui a cada etapa do pensamento deste autor, o que dificulta o exercício de tratar este tema desde uma visão totalizante de sua filosofia. Neste sentido, esta pesquisa busca abordar a questão da finitude a partir da etapa do pensamento heideggeriano conhecida como a “Metafísica do Dasein”, ou seja, desde os escritos imediatamente posteriores a publicação de Ser e Tempo (1927) e anteriores a obra Essência da Verdade (1930), mais precisamente nas obras Os Problemas Fundamentais da Fenomenologia (1927), As Fundações Metafísicas da Lógica (1928) e A Essência do Fundamento (1929). Visto que são nestes escritos onde Heidegger começa a abordar a questão da compreensão do Ser na finitude de uma maneira mais radical do que a proposta anteriormente em Ser e Tempo. Em outras palavras, Heidegger promove um movimento reflexivo de radicalização da estrutura fundamental da “preocupação” (Sorge), que o leva ao deslocamento da questão do sentido do Ser na finitude do âmbito estrito do ser-aí entendido como “ser-para-a-morte” (Sein-zum-tode), para uma reflexão mais profunda a partir dos conceitos de Transcendência, Mundo e Liberdade do Dasein. Esta radicalização inaugura uma série de questões entre as quais está inserida a pergunta primordial desta pesquisa: como Heidegger radicaliza o problema da finitude como horizonte de compreensão do Ser a partir da transcendência do Dasein, do fenômeno mundo e da liberdade do ser-aí? A explicitação conceitual destes três termos nucleares da “Metafísica do Dasein” – Transcendência, Mundo e Liberdade – revelará as condições de possibilidade para o desvelamento do ser dos entes a partir da compreensão do Ser, na qual não se recorre mais a uma esfera além (Deus, por exemplo) ou em contraposição ao ente (relação sujeito-objeto), mas que se fundamenta no horizonte da finitude garantido pela estrutura ontológica fundamental de “ser-no-mundo”.