Biopolítica em Michel Foucault: da individualização do sujeito à governamentalidade da população e sua contemporaneidade
Analítica. Poder. Disciplina. Biopolítica. Governamentalidade.
As pesquisas em torno do eixo temático da biopolítica floresceram cada vez mais com o passar dos anos, se levarmos em conta os mais de trinta em que a mesma permanecera pausada, na obra de Michel Foucault, devido sua morte. Desde o último capítulo de História da Sexualidade I: a vontade de saber e dos Cursos dados ao Collège de France: Em Defesa da Sociedade; Segurança, Território, População; e Nascimento da Biopolítica, as questões lançadas por Foucault, ao redor deste tema, abarcaram mais e mais espaços, bem como, áreas de saber: da medicina social ao direito; da psicologia à economia política. Neste sentido, esta pesquisa apresenta-se como uma tentativa de estabelecer um fio condutor por onde este conceito importante (a biopolítica) percorre, identificando quais são seus pontos fulcrais. Mais além disso: de tentar perceber como o plano aferido por Foucault deixou espólios que se desenvolvem na contemporaneidade, à luz de alguns autores já consagrados no assunto como, Giorgio Agamben e Roberto Esposito, que são só alguns, dentre os mais variados expoentes, quando o assunto é a biopolítica. A pedra-de-toque que nos instiga e dá motivos para esta caminhada inicia-se com os seguintes questionamentos: qual a trajetória desses termos (biopoder, biopolítica e governamentalidade) no horizonte foucaultiano? Como o estudo da biopolítica e da governamentalidade, então, se apresentam na contemporaneidade, ou seja, quais rumos estas acepções tomaram desde o uso aferido por Foucault? Não poderíamos deixar de lado, é claro, que a desenvoltura dos mesmos, na obra do filósofo francês, se dá de forma intrínseca ao que lhes é precedente: os conceitos de disciplina, soberania, e, consecutivamente, ao que o mesmo desenvolvera no período anterior (década de 60). A soma dos dois principais períodos de produção intelectual de Michel Foucault, quais sejam, as décadas de sessenta e setenta, englobam uma rede de conceitos cunhados, apropriados ou rediscutidos pelo filósofo, onde, gradativamente, se vê a trilha que leva ao ponto que desejamos discutir: um itinerário entre a individualização dos corpos e a governamentalidade da população, aspectos de uma biopolítica.