O lugar do poeta Eurípides na primeira estética de Nietzsche: tensões e ambiguidades na recepção da tragédia grega
Eurípides. Socratismo estético. Tragédia.
Em seu primeiro livro, Nietzsche ensejou tocar nos temas mais candentes de seu tempo, entre os quais se encontra o problema do predomínio da ciência como modelo de apreciação da vida, cujo reflexo mais significativo se expressa no advento da figura do homem de tipo teórico ou otimista, tendo a Sócrates como seu protótipo. Como essa tendência parece atravessar a cultura de ponta a ponta, o filósofo embalado por suas esperanças na renovação das artes germânicas, procurou na Grécia uma espécie de contramodelo. Tal empreendimento, entretanto, exigiu todo um estudo a respeito da origem e declínio da arte trágica, no qual Eurípides, segundo cremos, ocupa um papel decisivo. Assim, pretendemos refazer este percurso em torno do “Nascimento da Tragédia” de modo a pensar o poeta, para além do lugar comum (quase sempre ligado a uma cerrada crítica), também como uma possível e importante referência para aquele momento, pondo em evidencia, em última análise, as tensões e ambiguidades em torno da interpretação nietzschiana da tragédia.