Eros servil e eros livre no Banquete de Platão
Platão; Banquete; Eros.
Neste trabalho, analiso o discurso de Pausânias no Banquete de Platão a fim de problematizar sua defesa de um relacionamento erótico baseado em um tipo de servidão voluntária e na troca de favores sexuais por sabedoria. Busco esclarecer o conceito de servidão defendido por Pausânias e criticar a maneira como ele usa a virtude para tentar legitimar o comportamento servil nos relacionamentos eróticos. Considero que a dependência dos favores sexuais para a transmissão da sabedoria não garante a educação que é prevista ao eromenos, uma vez que o erastes pode enganá-lo e usá-lo como um mero objeto para obter prazer. Utilizo os diálogos Eutidemo, Alcibíades Primeiro e Górgias para elucidar o tipo de troca servil entre amante e amado defendida por Pausânias, para explicar como o amante se torna dependente dos favores sexuais como fonte de prazer, e para demonstrar de que forma a servidão está ligada à intemperança e ao vício, não podendo ser justificada pela virtude e resultando em um relacionamento erótico infeliz.