Do platonismo anti-platônico de Nietzsche: filosofia enquanto tensão inesgotável entre mito e logos
Nietzsche. Platão. Mito. Logos.
O presente trabalho visa sustentar uma reconsideração da relação entre Nietzsche e Platão, a partir de uma compreensão da filosofia em Nietzsche enquanto uma tensão inexaurível entre mito e logos, concepção originalmente presente em Platão. Para tanto, evocar-se-ão três hipóteses fundamentais, que não apenas se relacionam entre si como podem ser consideradas implicações uma da outra, quais sejam: i) a defesa da noção de que, segundo Nietzsche, a filosofia na antiguidade e a partir de Platão, estabeleceu-se numa tensão entre uma dimensão mítica e outra orientada pelo logos nos discursos sobre a realidade, em que a segunda suplantou e corrompeu a primeira; ii) o objetivo de Nietzsche com sua constante evocação à antiguidade para desenvolver seus posicionamentos filosóficos e com sua compreensão do trágico no pensamento grego é o de promover um resgate do pensamento enquanto narrativa, sem as mesmas pretensões de verdade e certeza do pensamento lógico; iii) o que há de mais nuclear na filosofia nietzscheana quanto a essa problemática diz respeito à reformulação, inversão e oposição a projetos genuinamente platônicos.