Aspectos clínicos e patológicos da intoxicação acidental aguda por cloreto de benzalcônio em cães
Quaternário de amônia, intoxicação, produto de limpeza
O cloreto de benzalcônio (BAC) é um produto químico que pertence ao grupo dos compostos de amônia quaternária (QAC) usado principalmente como desinfetante. Sua utilização tornou-se mais expressiva depois da última pandemia. Há diversos relatos de casos de intoxicação BAC em seres humanos, no entanto, há relativamente poucos relatos na literatura para animais, principalmente para cães. Este estudo tem como objetivo descrever os aspectos clínicos e patológicos de um surto de intoxicação acidental por BAC. O surto ocorreu em um criadouro de cães da raça Pastor de Shetland após a aplicação de um desinfetante ambiental a base de BAC, usado sem diluição, contrariando a recomendação do fabricante. Aproximadamente três horas após a aplicação do produto nas baias os 11 cães do canil (todos adultos, sendo 5 machos e 6 fêmeas) foram introduzidos nos ambientes. Cerca de quatro horas após a introdução dos cães nestes espaços, todos apresentaram sinais clínicos (morbidade 100%), caracterizados por prostração, sialorreia e incoordenação. Dos 11 cães que adoeceram 8 morreram (mortalidade e letalidade de 72,7%), com evolução clínica variando de seis horas a 12 dias até a morte, sendo três submetidos a necropsia. Os principais achados foram dermatite, glossite, congestão e edema pulmonar. Nove cães foram internados e acompanhados em uma clínica veterinária. Três cães evoluíram com alta após 12 dia após a internação. Este trabalho descreve os achados clínicos e patológicos da intoxicação por BAC, assim como os protocolos terapêuticos empregados no acompanhamento do surto.