Epidemiologia da infecção por Trypanosoma cruzi em ratos silvestres e das infecções por Histoplasma capsulatum e Mycoplasma spp. em pequenos mamíferos silvestres e animais de companhia em áreas de florestas remanescentes na Amazônia Oriental
agentes infecciosos, zoonoses, ratos, marsupiais, cães e gatos, Amazônia
Trypanosoma cruzi, Histoplasma capsulatum e Mycoplasma spp. são agentes etiológicos de enfermidades importantes tanto para a saúde pública quanto para a saúde animal, no entanto são poucos os estudos sobre esses agentes em mamíferos domésticos e silvestres no bioma Amazônia. Portanto, o presente estudo teve como objetivos detectar a infecção e avaliar as alterações cardíacas causadas por T. cruzi em ratos silvestres no bioma Amazônia e detectar as infecções por H. capsulatum e Mycoplasma spp. em pequenos mamíferos silvestres oriundos de remanescentes florestais periurbanos e em cães e gatos peridomiciliados na Amazônia Oriental. Amostras biológicas foram coletadas de ratos e marsupiais de vida livre capturados em três fragmentos florestais periurbanos. Cães e gatos residentes em comunidades rurais adjacentes a estes fragmentos também foram examinados. Para a detecção de DNA T.cruzi, foi realizada Nested PCR com os iniciadores D71/72 e D75/76, exames histopatológicos e análise por imuno-histoquímica em musculatura cardíaca dos ratos silvestres. Para a detecção de DNA de H. capsulatum, foi realizada Nested PCR com os iniciadores HCI/HCII e HCIII/HCIV e para a detecção de DNA de Mycoplasma spp. foi realizada PCR com os iniciadores HBT-F e HBT-R, sendo alguns produtos sequenciados e submetidos à análise filogenética. DNA de T. cruzi foi detectado em 84,61% (33/39) dos ratos silvestres. Alterações histopatológicas na musculatura cardíaca foram observadas em 34,61% (9/26) dos animais positivos e ninhos de amastigotas foram marcados na imunohistoquímica em tecido de um exemplar de H. megacephalus. DNA de H. capsulatum foi detectado em 9,5% (12/126) dos pequenos mamíferos silvestres e os ratos apresentaram uma maior frequência de animais positivos 25,6% (10/39) quando comparado com os marsupiais 2,3% (2/87). A frequência de animais de companhia positivos foi de 2,2% (3/139), sendo 1,6% (2/121) para os cães e 5,5% (1/18) para os gatos. DNA de Mycoplasma spp. foi detectado em 18,7% (6/28) dos ratos, em 13% (9/69) dos marsupiais, 28,4% (37/130) dos cães e em 28,6% (6/21) dos gatos examinados. Infecções por M. haemomuris em ratos das espécies H. megacephalus, Neacomys sp. nov. e P. cuvieri e Mycoplasma sp. em M. murina e Marmosops cf. pinheiroi são relatadas pela primeira vez no Brasil. Conclui-se que a infecção por T. cruzi pode causar lesões cardíacas em ratos silvestres das espécies P. cuvieri, H. megacephalus, Neacomys sp. nov. e O. paricola.; ratos, marsupiais, cães e gatos podem ser infectados por H. capsulatum e por diferentes espécies de micoplasmas hemotrópicos no bioma Amazônia.