Avaliação da eficiência de toxóide recombinante contra botulismo em bubalinos
Clostridium botulinum, búfalos, vacina recombinante, imunização, curva de anticorpos neutralizantes.
A criação de búfalos (Bubalus bubalis) no Brasil se consolida cada vez mais como
importante fonte econômica alternativa a bovinocultura por suas características de
rusticidade e adaptabilidade. O estado do Pará destaca-se por concentrar o maior
rebanho bubalino brasileiro com um efetivo aproximado de 519 mil animais. O
botulismo em bovídeos é uma doença de grande importância econômica e sanitária,
sendo uma das principais causas de mortalidade de animais adultos no Brasil. A
vacinação com os toxoides C e D de Clostridium botulinum é a forma mais efetiva de
controle desta doença, contudo, apesar da eficiência, os toxoides botulínicos
comerciais apresentam limitações no que diz respeito a sua produção industrial: i- C.
botulinum produz baixos níveis de neurotoxina botulínica (BoNT) in vitro; ii- a
produção em larga escala é laboriosa, onerosa e sua produtividade dificilmente
previsível e; iii- a produção industrial exige a adoção de normas muito exigentes de
biossegurança. Dentro dessa ótica as vacinas utilizando proteínas recombinantes
vêm apresentando resultados promissores como ferramenta alternativa na
imunização animal. Diante da importância da doença e das dificuldades na produção
da vacina comercial este projeto teve como objetivo avaliar a eficiência de um
toxóide recombinante contra botulismo em bubalinos estabelecendo a curva de
anticorpos neutralizantes.
Trinta e cinco búfalos adultos sem histórico de vacinação contra botulismo e
níveis detectáveis de anticorpos contra BoNTs C e D foram agrupados
aleatoriamente em cinco grupos de sete animais: Grupo Vacina Recombinante
100µg (G1), Grupo Vacina Recombinante 200µg (G2), Grupo Vacina Recombinante
400µg (G3), Grupo Vacina Comercial (G4) e Grupo Controle Negativo (G5). Os
bubalinos do G1, G2 e G3 foram vacinados com a vacina recombinante contendo
diferentes concentrações da proteína recombinante 100µg, 200µg e 400µg,
respectivamente, G4 com vacina comercial e o G5 receberam solução salina estéril
(NaCl 0,9%). Todos os animais receberam duas doses, num volume por dose de
5ml, por via subcutânea, na tábua do pescoço, nos dias zero e 28 após a primeira
dose. Foram realizadas coletas de amostras sangue nos dias 56, 90, 120, 150, 180,
210, 240, 279, 300, 330 e 365. As amostras foram centrifugadas e os soros
submetidos a técnica de soroneutralização em camundongos. No teste de potência
aos 56 dias após a vacinação a formulação recombinante com concentração 400µg
foi aquela que conseguiu induzir resposta imune humoral com os maiores títulos. No
teste de eficiência (longevidade vacinal) a formulação de 200µg do ponto de vista
custo/benefício, foi a mais eficiente para a produção em grande escala e, portanto, a
formulação a ser escolhida.