Fraudes em queijos comercializados no Brasil: revisão integrativa e estudo da sazonalidade turística no Queijo do Marajó
Saúde Pública, Segurança Alimentar, Rotulagem de Alimentos, Reação em Cadeia da Polimerase, Físico-Químico.
A fraude alimentar é um tópico global que vem tomando a atenção mundial, considerada uma grande ameaça à saúde pública e a segurança alimentar. Esta ilegalidade engloba atividades intencionais com o objetivo de se obter ganhos econômicos, que impactam diretamente aos consumidores, como prejuízos financeiros e riscos à saúde. A fraude é observada principalmente no setor de leite e seus derivados, em especial em queijos produzidos com leite de origem diferente da bovina, devido as flutuações na disponibilidade de matéria prima e ao preço mais elevado em comparação aos produtos derivados do leite de vaca. O presente trabalho teve como objetivos: 1 -integrar as informações a respeito de fraudes relacionadas a queijos comercializados no Brasil, em especial ao que se refere a adulteração da origem da matéria prima não declarada; 2- Investigar se a sazonalidade do mercado tem influência na ocorrência de fraude, atividade comercial e nas características físico-químicas do Queijo do Marajó comercializado no Arquipélago do Marajó. O levantamento de dados a respeito de fraudes no Brasil foi realizado a partir de uma revisão integrativa, baseada em artigos científicos, dissertações e teses de domínio público, nos idiomas inglês, português e espanhol, publicados no período de janeiro de 2003 a março de 2023. Já a identificação de fraudes foi realizada a partir de uma PCR multiplex capaz de amplificar fragmentos de DNA das espécies bubalina (Bubalus bubalis) e bovina (Bos taurus). As mesmas amostras foram submetidas as determinações de pH, acidez titulável, umidade, cinzas totais, proteínas e lipídios. As análises foram realizadas em 18 amostras de Queijo do Marajó tipo creme oriundos de 13 estabelecimentos comerciais previamente georreferenciados localizados nos municípios de Soure, Salvaterra e suas localidades, durante os períodos de alta (julho) e baixa (maio) temporada turística. Os resultados obtidos no primeiro estudo apontaram a presença de oito trabalhos científicos a respeito da identificação de fraudes em amostras de queijos no Brasil, que analisaram amostras sem a declaração em rótulo da presença das espécies e/ou da sua quantidade. No segundo, observaram-se fraudes na alta temporada em 69,23% (9/13) dos queijos analisados e em 20% (1/5) na baixa temporada. Não foi detectada associação entre casos de fraude e períodos turísticos, mas houve forte associação entre esses períodos e a comercialização do produto. Quanto às características físico-químicas, detectaram-se diferenças significativas na umidade e acidez dos produtos coletados entre os períodos e na acidez entre os produtos fraudados e não fraudados. Concluiu-se que pesquisas sobre a detecção de fraudes no Brasil em queijos comerciais ainda são incipientes e que há a necessidade de se aprimorar e intensificar as ações de fiscalização em queijos no Brasil, com ênfase ao Queijo do Marajó, a fim de se garantir a rotulagem adequada desses produtos. Além disso, medidas preventivas devem ser praticadas para garantir a qualidade, autenticidade e segurança dos queijos comercializados, para garantir a saúde e o bem-estar dos consumidores.