Dissertações/Teses

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2024
Descrição
  • IDELINA GOMES DA SILVA
  • Dinâmica de reservatórios em cascata sobre aspectos taxonômicos e funcionais do fitoplâncton.

  • Data: 27/09/2024
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  • Atividades humanas, como a construção de barragens, alteram os fluxos fluviais, criando gradientes hidrológicos e limnológicos que influenciam a comunidade fitoplanctônica e comprometem os serviços ecossistêmicos. As mudanças hidroclimáticas têm impactado profundamente os regimes de fluxo dos rios, afetando ecossistemas, economia e sociedade. A bacia do Tocantins enfrentou alterações climáticas nos últimos anos, como secas anormais, e pressão socioeconômica sobre a retiradas de água, além de instalação de barragens que impactaram negativamente suas vazões. Esta tese está estrutura em três capítulos, nos quais utilizam dados correspondentes aos sete reservatórios instalados em cascata no rio Tocantins de montante para jusante, entre parênteses o nome, sigla utilizada ao longo do estudo e o ano de formação do reservatório: início da cascata (Serra da Mesa-SM;1998); meio (Cana Brava-CB;2002, São Salvador-SS;2009, Peixe Angical-PA;2006, Lajeado-LA;2001); final (Estreito-ES;2011 e Tucuruí-TU;1984). Em nosso primeiro capítulo objetivamos caracterizar a hidroclimatologia desses reservatórios, em mais de 12 anos de amostragem hidroclimática. Descobrimos que a recuperação das vazões após períodos secos foi lenta, com uma tendência geral de redução ao longo dos anos. Os reservatórios apresentaram gradientes hidroclimáticos com variações longitudinais, principalmente devido a diferenças de precipitação e vazão, acentuadas por condições climáticas e retiradas de água nos Estados de localização dos reservatórios. No segundo capítulo, objetivo foi examinar a dinâmica dos reservatórios em cascata, considerando as respostas das comunidades fitoplanctônicas às características hidrológicas e limnológicas. A análise da dinâmica dos reservatórios em cascata revelou que a retenção a montante reduziu a disponibilidade de nutrientes e alterou as variáveis físico-químicas da água, criando gradientes que reduziram a densidade, riqueza e diversidade funcional do fitoplâncton, com destaque para a seleção de cianobactérias no início e meio da cascata e clorofíceas no final, além de outras espécies com traços funcionais específicos. A cascata de reservatórios levou à redução da diversidade funcional fitoplanctônica, o que pode resultar em perdas de funções ecossistêmicas e alterar as relações das teias alimentares. No terceiro e último capítulo, o objetivo foi verificar como os padrões da composição de espécies e traços funcionais da comunidade fitoplanctônica variaram em relação a fatores ambientais locais, hidroclimáticos e espaciais. Descobrimos que o reservatório mais recente, localizado no final da cascata, apresentou maior diversidade beta taxonômica e funcional. As variáveis ambientais locais e hidroclimáticas foram mais importantes na determinação da diversidade beta taxonômica, enquanto a variáveis espaciais foram mais significativas para o nestedness funcional. Isso sugere que os filtros ambientais locais e climáticos atuam na seleção de espécies resultando em uma maior similaridade espacial nos traços funcionais das espécies. Concluímos que as retiradas de águas na bacia como um todo, as mudanças climáticas, alterações físico-químicas da água e a instalação de barragens em cascata têm impactos profundos na estrutura das comunidades fitoplanctônicas nos reservatórios do rio Tocantins.

  • KENNED DA SILVA SOUSA
  • Odonata diversity and ecological thresholds in Amazonian protected areas.

  • Data: 30/06/2024
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  • O estabelecimento de Unidades de Conservação (UCs) tem como objetivo preservar a biodiversidade, mas essas áreas estão sob grande pressão antropogênica, principalmente de exploração madeireira, mineração e pecuária.  Diante desse contexto, nosso estudo avalia a importância da área protegida (Parque Nacional) e da integridade do habitat usando o Índice de Integridade do Habitat (HII) para a conservação das assembleias de Odonata. Nossa hipótese é que: 1) os locais dentro do parque nacional teriam valores mais altos no HII e maiores métricas de diversidade de Zygoptera (diversidade de espécies, abundância, proporções e composição) em comparação com os valores dos locais fora do parque; e 2) considerando a integridade do habitat dos riachos, Anisoptera e Zygoptera servem como indicadores, com o primeiro associado a valores mais baixos e o segundo a valores mais altos. Foram amostrados 25 riachos (dentro e fora) do Parque Nacional Jamanxim, identificando 43 espécies de Odonata, incluindo 16 Anisoptera e 27 Zygoptera. Os riachos fora do parque nacional abrigaram o maior número de espécies exclusivas de Anisoptera e Zygoptera. Os modelos lineares revelaram uma correlação negativa significativa entre a integridade do habitat e a abundância de Anisoptera. Além disso, foram observadas diferenças significativas na abundância de Anisoptera entre os riachos dentro e fora do parque nacional, juntamente com uma heterogeneidade distinta na composição de espécies de Anisoptera. A diminuição da abundância de Anisoptera com o aumento da integridade do habitat pode ser atribuída à sua preferência por áreas abertas para termorregulação. Por outro lado, a resposta positiva das espécies de Zygoptera à integridade do habitat ressalta sua dependência de ambientes mais conservados, melhorando nossa compreensão de suas exigências ecológicas. Esses resultados reforçam a importância e a eficiência da resposta às mudanças ambientais, usando Odonata como bioindicador da qualidade ambiental e integrando a ordem em programas de monitoramento aquático juntamente com o HII, que fornece uma medida direta e objetiva da perturbação ambiental.


  • RAFAEL COSTA BASTOS
  • Modelagem de distribuição de espécies de Odonata (Insecta): subsídios para o planejamento de conservação na Amazônia brasileira

  • Orientador : LEANDRO JUEN
  • Data: 30/06/2024
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  • As mudanças ambientais podem afetar diretamente o ciclo natural de diversos compostos químicos essenciais para a manutenção dos ecossistemas, como a emissão de gases poluentes na atmosfera, que causam o efeito estufa. E essas mudanças podem afetar de diversas formas as condições ideais para a persistência de determinados organismos no ambiente. As mudanças no uso da terra, que são cada vez mais frequente e intensas, amplificam ainda mais a intensidade e a velocidade das mudanças climáticas na atualidade. A forma como as espécies respondem às mudanças ambientais é diversa, visto que essa resposta pode variar desde mudanças na fisiologia dos indivíduos até os padrões globais de distribuição das espécies. Nesse sentido, é necessário o planejamento e execução de ações que visem mitigar os efeitos negativos causados por essas mudanças ambientais. Os insetos da ordem Odonata, comumente conhecidos como Libélulas, constituem um grupo taxonômico ideal para avaliar os efeitos das mudanças ambientais sobre a biodiversidade devido à sua sensibilidade às variações ambientais e ao seu papel ecológico como predadores. Diante disso, o objetivo principal da tese foi avaliar os padrões de distribuição de espécies da ordem Odonata ao longo da Amazônia legal, juntamente com os efeitos macroecológicos das mudanças climáticas na distribuição das espécies. Para isso, a tese foi estruturada em dois capítulos, que investigam como a seleção de áreas prioritárias para a conservação de espécies de Odonata pode ser afetada quando é realizada sob diferentes abordagens, e quais são os efeitos das mudanças climáticas sobre os padrões de distribuição de espécies de Odonata na Amazônia.  Nos dois capítulos foi utilizada a abordagem de Modelagem de Distribuição de espécies (Species Distribution Models – SDM), que usa como dados de input os registros de ocorrência das espécies e preditores ambientais para modelar a distribuição das espécies ao longo do espaço e do tempo. Os modelos foram analisados com métodos adicionais específicos para responder as perguntas de cada capítulo. Foram modeladas 136 espécies de Odonata, sendo 60 da subordem Zygoptera e 76 de Anisoptera. Os resultados sugerem que a seleção de áreas prioritárias para a conservação é menos eficiente quando o processo é feito de forma restrita aos limites dos estados, e demonstram que as mudanças climáticas futuras afetam negativamente e drasticamente a ordem Odonata. Algumas espécies de Odonata têm sua distribuição espacial limitada às barreiras geográficas (como os interflúvios entre os grandes rios), o que se deve ao menor raio de dispersão dessas espécies. E esses padrões macroecológicos são ignorados no processo de priorização baseado nos limites dos estados. Além disso, estudos prévios relatam que espécies com distribuição espacialmente restrita estão mais vulneráveis às mudanças climáticas. Portanto, os resultados da tese fornecem informações importantes e uteis para a tomada de decisão no planejamento de ações de conversão na Amazônia. Além disso, sugere-se que em estudos futuros com essas abordagens sejam considerados outros elementos importantes para os padrões de distribuição das espécies, tais como estrutura filogenética das comunidades, conectividade entre as áreas, usos da terra e taxas de raridade das espécies.

  • LUÍSA VICTÓRIA DA SILVA VAREIRA
  • Tropical freshwater ecosystem type influences dragonfly species spatial distribution in an estuarine island

  • Data: 17/05/2024
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  • Nós exploramos como a heterogeneidade ambiental (HA) e a conectividade entre os locais determinam a distribuição de espécies de libélulas em corpos d'água lênticos e lóticos. Esperávamos: (i) uma composição distinta de espécies e maior diversidade beta em locais lóticos; (ii) uma relação inversa dos componentes da diversidade beta (turnover e nestedness) com a HA e (iii) conectividade. Amostramos adultos de libélulas e variáveis ambientais em 23 corpos d’água lóticos e 19 lênticos em uma área protegida (APA Marajó), e medimos a conectividade dos corpos d'água usando a distância terrestre. Os corpos d'água lóticos e lênticos apresentaram condições ambientais e composição de espécies contrastantes, com várias espécies de libélulas encontradas em ambos os tipos de corpos d'água, que podem ser generalistas de habitat. A diversidade beta foi explicada principalmente pelo turnover, sendo maior nos corpos d'água lênticos. A HA e a conectividade influenciaram a diversidade beta e o turnover considerando toda a metacomunidade, mas nenhuma relação foi observada após a separação dos locais por tipo de corpo d'água. A variação ambiental dos corpos d'água sustenta uma diversidade significativa de libélulas, fornecendo caminhos de dispersão para a colonização e a ocupação de habitats adequados, aumentando a persistência das espécies. Conjuntos de diferentes ecossistemas de água doce formam redes heterogêneas que são fontes as quais compartilham organismos aquáticos, portanto, destacamos a inclusão de vários ecossistemas de água doce no planejamento de conservação de áreas protegidas ou para o monitoramento da biodiversidade.

  • SAMANTHA VALENTE DIAS
  • REDES PARASITO (Díptera; Hippoboscidea) – HOSPEDEIRO (Mammalia; Chiroptera) EM PAISAGENS DOMINADAS POR CACAU NA AMAZÔNIA BRASILEIRA

  • Orientador : THIAGO BERNARDI VIEIRA
  • Data: 30/04/2024
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  • Mamíferos são intensamente parasitados por artrópodes. A ordem díptera tem especial destaque as moscas das famílias Streblidae e Nycteribiidae, ectoparasitas exclusivos da ordem Chiroptera. A relação entre moscas e morcegos é afetada pelas ações humanas na natureza e na Amazônia inúmeras fontes de perturbação antrópica geram um desequilíbrio nos ecossistemas interferindo nas interações dos morcegos, podendo levar a extinção local de espécies e de funções ecológicas. Na Amazônia, o avanço da cacauicultora é notório, mas estudos dos impactos desta cultura para a diversidade de morcegos ainda são incipientes, com falta de amostragens. Essa falta de conhecimento impede o estabelecimento de estratégias de conservação adequadas para os morcegos e ecossistemas. Nosso objetivo com esse estudo é realizar um levantamento de espécies de morcegos e moscas, para identificar os efeitos da mudança no uso e cobertura do solo sobre as redes de interação antagonistas entre moscas ectoparasitas e morcegos Phyllostomidae. Amostramos áreas urbanas, de vegetação natural e de cacauicultora por 69 noites em 36 pontos, distribuídos em 10 municípios do Pará, para descrevermos as infracomunidades existentes dentro das redes de interação entre as espécies. Para captura dos morcegos utilizamos 10 redes de neblina. Morcegos e moscas coletados foram acondicionados e triados em laboratório com chaves taxonômicas específicas. Para as análises estatísticas construímos redes de interações e análismos as estruturas de redes por métricas de riqueza, grau de interação, aninhamento, conectância, modularidade, vulnerabilidade, declive de extinção e análise de infracomunidade. Capturamos 1091 e 2694 moscas coletadas em 774 morcegos infstados. Carollia perspicillata, Pteronotus rubiginosus, Artibeus lituratus e Artibeus obscurus foram os hospedeiros com maior abundância de ectoparasitas. As moscas ectoparasitas mais abundantes foram Trichobius joblingi, Speiseria ambígua, Trichobius johnsonae, Trichobius dugensioides, Strebla guajiro. Quatro novas ocorrências de moscas para o Brasil foram observadas, com dez novas ocorrências para o estado do Pará. A rede de interação geral apresentou 42 espécies de hospedeiros e 52 espécies de ectoparasitas, elevada especialização, baixa Conectância e valores não significativos de Aninhamento (WNODF) e de vulnerabilidade dos parasitas. A maior riqueza de ectoparasitas ocorreu nas áreas de vegetação natural, seguida por cacau e área urbana. A rede de interação Cacau apresentou elevada Modularidade. A área de vegetação Natural apresentou maior composição de infracomunidades, seguida pelas Áreas Urbanas e Cacau. Observamos cinco espécies de hospedeiros presentes nos três ambientes infestados com infracomunidades. Destacamos o grande número de associações infracomunitárias nos gêneros de ectoparasitas Speiseria, Strebla e Trichobius. A riqueza de espécies encontrada neste estudo confirma que o Pará apresenta uma diversidade muito grande de espécies de dípteras ectoparasitas de morcegos. As áreas de cacau e vegetação natural apresentaram maiores diversidades de espécies de morcegos da familia plyllostomidae, demonstrando a importância das áreas manejadas de forma consciente para conservação das espécies estudadas que possuem papel fundamental na manutenção da biodiversidade neotropical. Reforçamos que ações antrópicas como a urbanização, além de alterar as características ambientais, também influenciam na dinâmica e composição das redes de interação entre morcegos e dípteras.

  • ALEXANDRO MONTEIRO DE JESUS
  • Fatores espaciais e locais explicam a diversidade beta de macrófitas em riachos amazônicos inseridos em uma paisagem antrópica

  • Data: 31/03/2024
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  • A Amazônia é reconhecida pela sua diversidade de espécies que inclui as comunidades aquáticas, mas apesar da sua importância, está ameaçada em virtude das atividades antrópicas cada vez mais frequentes no bioma. Entender os padrões de distribuição da biodiversidade pode ajudar a diminuir os efeitos negativos das alterações antrópicas, bem como desenvolver estratégias de conservação para as espécies. Assim, neste estudo, tivemos por objetivo avaliar o padrão de diversidade beta de macrófitas aquáticas e quais os fatores (locais, espaciais e de paisagem) provocam mudanças na composição dessas comunidades na Amazônia Oriental. Foram amostrados 37 riachos, distribuídos em sete municípios do nordeste do Pará, Brasil. Nos riachos foi delimitado um trecho de 150 m para mensurar a composição e riqueza de macrófitas e as variáveis físico-químicas. A cobertura florestal do entorno dos ambientes foi obtida por imagens de satélite e usada como variável de paisagem. O componente espacial foi calculado baseado na distância geográfica entre os pontos. Nós observamos 122 espécies, o componente de substituição de espécies teve maior contribuição para a diversidade beta total. Variáveis ambientais locais e o componente espacial explicaram a diversidade beta total e a substituição de espécies, enquanto que a diferença de riqueza foi explicada apenas pelas variáveis ambientais locais. Variáveis de paisagem não alteraram significativamente a diversidade beta de macrófitas. Nosso estudo contribui para o aumento da compreensão de como as macrófitas dos riachos respondem aos fatores locais e espaciais se afirmando a importância dos filtros ambientais e da limitação de dispersão na estrutura de comunidade das macrófitas na Amazônia Oriental.

  • ANA LUISA FARES BIONDI LIMA
  • Respostas das macrófitas aquáticas às mudanças ambientais naturais, do uso da terra e climáticas na Amazônia: uma abordagem funcional

  • Data: 29/02/2024
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  • Durante as últimas décadas, os ecólogos têm utilizado abordagens baseadas em características funcionais para compreender a mais diversificada gama de questões ecológicas, incluindo a adaptação de indivíduos ao estresse, dinâmicas populacionais e respostas de comunidades a fatores bióticos e abióticos. As plantas têm sido o foco de muitos estudos de ecologia funcional ao redor do mundo. No entanto, apesar do grande número de estudos buscando entender as respostas das plantas a diversas variações em seu ambiente por meio da abordagem funcional, pouca atenção foi dada às plantas aquáticas. Portanto, esta tese teve como objetivo investigar as respostas de macrófitas aquáticas (no nível de indivíduo e comunidades) à variação ambiental natural e a múltiplos estressores (mudanças climáticas e uso da terra), utilizando a abordagem funcional. A tese está dividida em três seções. Na primeira, investigamos a variação intraespecífica de macrófitas em resposta à variação ambiental natural, enquanto na segunda, investigamos a variação intraespecífica sob estresse hídrico induzido por mudanças climáticas. Finalmente, na terceira seção, utilizamos medidas de diversidade funcional e filogenética para investigar as respostas em nível comunitário às mudanças no uso da terra. Demonstramos que indivíduos de macrófitas alteram características foliares ao longo de um gradiente de recursos ambientais, refletindo em estratégias ecológicas relacionadas à disponibilidade de nutrientes, oxigênio e composição do solo. A variação intraespecífica sob estresse hídrico revelou que algumas espécies podem ser tolerantes, enquanto outras são sensíveis, e estas respostas específicas de cada espécie podem ser cruciais para entender os impactos das mudanças climáticas nas comunidades de macrófitas e ecossistemas de água doce. Ao explorar as comunidades de macrófitas na Amazônia ao longo de um gradiente de uso da terra, revelamos um desacoplamento da diversidade funcional e filogenética. Sob pressão do uso da terra, a diversidade funcional aumenta, mas a diversidade filogenética é negativamente afetada. Essas mudanças devem ser consideradas ao escolher áreas prioritárias para a conservação, enfatizando a perda potencial de informação filogenética em comunidades de macrófitas devido às mudanças no uso da terra e enfatizando na importância de formular estratégias abrangentes para a preservação da biodiversidade diante dos desafios ambientais. Concluímos que é importante compreender as respostas ecofisiológicas de plantas aquáticas a estressores ambientais, bem como considerar aspectos funcionais e filogenéticos nos esforços de conservação, garantindo a preservação da biodiversidade e processos ecológicos em ecossistemas de água doce diante das contínuas mudanças ambientais, enquanto reforçamos que ainda há muitos padrões a serem explorados em relação às respostas das macrófitas a diversos estressores, especialmente em regiões ecologicamente significativas como a Amazônia.

  • JOAS DA SILVA BRITO
  • PADRÕES DE DIVERSIDADE E CO-OCCORRÊNCIA DE ASSEMBLEIAS DE LIBÉLULAS (ODONATA; INSECTA) NA AMAZÔNIA BRASILEIRA 

  • Data: 29/02/2024
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  • Os sistemas aquáticos lóticos de pequenas dimensões como os riachos Amazônicos possuem características únicas, com uma grande dependência da vegetação ripária e a configuração dendrítica hierárquica das bacias de drenagens, bem como pela variação longitudinal nas condições físicas, permitem a manutenção de uma alta biodiversidade, disproporcional à área que ocupam na superfície terrestre. Fornecendo ainda importantes serviços ecossistêmicos, como a provisão de água potável e hábitat físico para espécies vegetais e animais de conhecida importância para o funcionamento dos ecossistemas. Os insetos aquáticos são uns dos principais componentes bióticos nos sistemas aquáticos de riachos, atuando como predadores e presas nas redes tróficas, bem como na ciclagem de nutrientes. Entretanto, as alterações de natureza humana, relacionadas principalmente à exploração de recursos naturais para a obtenção de energia, produção de alimentos, e exportação de commodities, vem alterando profundamente os sistemas aquáticos, alterando as condições de micro-hábitat para esses organismos. Tais alterações influenciam as condições ambientais, alterando as relações bióticas e abióticas, impondo filtros às espécies que podem ocorrer e estabelecer suas populações nesses sistemas. Esse cenário é ainda mais preocupante para a Amazônia, uma vez que a biodiversidade desse bioma é altamente subestimada. Uma das maneiras de mitigar os impactos das modificações humanas é a implementação de áreas protegidas, que visam manter as florestas e os sistemas aquáticos nelas inseridos, mantendo assim a biodiversidade, aliando com uso sustentável dos recursos naturais. Para tanto, o monitoramento das áreas protegidas é extremamente urgente. Nesse contexto, a ecologia, devido sua natureza holística, fornece arcabouço teórico sobre quais são os principais preditores das comunidades naturais, bem como suporte para a elaboração de teorias ecológicas, sejam elas relacionadas às influências abióticas, ou às relações intra/interespecíficas, que podem ser aplicadas dentro do contexto de ecologia da conservação. Um dos exemplos é o uso de bioindicadores, que é umas das ferramentas mais eficientes de monitoramento ambiental, uma vez que as respostas desses organismos indicariam mudanças nas relações bióticas e abióticas, muitas vezes resultantes da pressão de atividades humanas. A ordem Odonata, composta por insetos alados popularmente chamados de libélulas, é um dos grupos de insetos aquáticos mais utilizados no monitoramento ambiental, principalmente devido às diferenças ecológicas e fisiológicas entre as suas duas subordens neotropicais, Anisoptera e Zygoptera. Assim, os principais objetivos da presente tese foram investigar quais os principais preditores abióticos e bióticos de comunidades de libélulas em riachos da Amazônia Brasileira, avaliando os padrões de diversidade e de co-ocorrência em áreas protegidas de diferentes categorias de proteção. Para atingir os objetivos a tese foi dividida em três capítulos:

    1)      No primeiro capítulo buscamos avaliar a importância relativa de processes de dispersão e nicho sobre comunidades de libélulas distribuídas ao longo de seis centros de endemismo na Amazônia Brasileira. Além disso, buscamos investigar o papel exercido por traços funcionais relacionados à dispersão sobre as distribuições latitudinais e longitudinais das espécies de libélulas;

    2)      No segundo capítulo investigamos a diversidade de libélulas em áreas protegidas de uso sustentável, traçando comparação com riachos amostrados fora dessas áreas. Além disso, investigamos as principais variáveis preditoras, fossem elas ambientais ou espaciais;

    3)      No terceiro capítulo investigamos padrões de co-ocorrência, e quais variáveis ambientais influenciavam esses padrões, da família de Zygoptera Calopterygidae, amostradas em riachos dentro e fora de áreas protegidas.

    Nossos resultados indicaram que as diferenças já conhecidas entre as subordens de libélulas se refletiram nos padrões encontrados. Na escala biogeográfica, Anisoptera apresentou influência relativa conjunta de processos de dispersão e nicho, ao passo que Zygoptera mostrou forte influência de processos de dispersão, algo que se refletiu também nos resultados dos traços funcionais de dispersão, podendo ser um indício de limitação de dispersão imposto pelos grandes rios Amazônicos. Considerando as comunidades de libélulas amostradas em áreas protegidas, Zygoptera demonstrou ser um grupo mais sensível às modificações humanas que se refletem nas condições limnológicas e estruturais dos riachos. Também verificamos que algumas áreas protegidas abordadas podem estar perdendo sua capacidade de manter a diversidade local e integridade de hábitat. Foram verificadas mais co-ocorrências negativas significativas dentro de áreas protegidas do que em áreas adjacentes, o que pode ser um indicativo de que as primeiras estão mantendo redes tróficas mais complexas, considerando que avaliamos espécies de uma mesma família. Assim, os capítulos que compõe a presente tese demonstraram a importância da investigação dos principais processos estruturantes das comunidades de libélulas, relacionados à dispersão ou condições ambientais, e como tal arcabouço teórico pode ser aplicado na ecologia da conservação. 

  • BEATRIZ DA LUZ SILVA
  • New metric to analyze stream heterogeneity and beta diversity patterns of Gerromorpha assemblages in the eastern Amazon

  • Data: 29/02/2024
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  • Perdas de biodiversidade em ecossistemas de água doce, especialmente em riachos amazônicos, são uma preocupação crítica impulsionada por muitas atividades humanas que alteram a condição dos corpos d'água. Estudos anteriores mostram que o efeito da complexidade do habitat na biodiversidade difere espacialmente, taxonomicamente e com medidas de complexidade. No entanto, quantificar a complexidade do habitat ainda é um desafio para ecologistas. Desenvolvemos dois indicadores para quantificar a heterogeneidade de riachos com base em variáveis ambientais de um protocolo que mede características físicas e estruturais de riachos amazônicos e as relacionamos com a composição de insetos semiaquáticos (Gerromorpha) em 135 riachos amazônicos. Utilizamos um índice de dissimilaridade de diversidade beta taxonômica e singularidade ecológica (LCBD) para compreender quais locais são mais importantes para a diversidade e, assim, poder priorizá-la. Foram selecionadas 18 variáveis ambientais para construir métricas de heterogeneidade de riachos. Nossos resultados mostram que espaço e ambiente contribuem para a diversidade beta total, substituição e diferenças de riqueza de Gerromorpha. A singularidade ecológica apresentou uma relação negativa com o índice de integridade do habitat. Nossos resultados mostraram que tanto espaço quanto ambiente são fatores importantes para a diversidade beta devido a variações nas características do habitat que permitem o estabelecimento de diferentes conjuntos entre diferentes locais e as capacidades de dispersão das espécies. O maior percentual de diversidade beta explicado pela substituição de espécies e sua associação com a heterogeneidade ambiental sugerem que estratégias de conservação para riachos na Amazônia Oriental devem se concentrar em áreas que abrangem habitats diversos de insetos semiaquáticos com composições locais divergentes.

  • FABIO DOS SANTOS SILVA
  • Efeitos da estrutura do habitat nos padrões de diversidade beta e na singularidade da composição de percevejos semiaquáticos em riachos Amazônicos

  • Data: 29/02/2024
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  • Devido a expansão das atividades humanas nos ecossistemas de água doce, as alterações na paisagem são cada vez mais constantes, provocando a perda dos habitats naturais e consequentemente, da biodiversidade a eles associados. Isso ocorre porque os sistemas aquáticos de pequenas dimensões como os riachos amazônicos possuem uma grande variação das condições naturais, mas em virtude das alterações antrópicas, pode ocorrer a homogeneização e a simplificação de habitat. Em virtude desse cenário o objetivo desse estudo é avaliar a influência da estrutura do habitat nos padrões de diversidade beta e na singularidade da composição de espécies em riachos da Amazônia Oriental. Onde testaremos as hipóteses de que (i) a diversidade beta é mais relacionada às condições ambientais locais, uma vez que as alterações das condições abióticas entre os locais podem provocar uma substituição ou perda das espécies; e que (ii) a singularidade vai ser positivamente relacionada com a variação das condições ambientais locais, uma vez que a heterogeneidade de habitat impulsiona a diversidade beta, possibilitando que espécies com diferentes requerimentos ambientais possam persistir. O nosso grupo alvo são os percevejos semiaquáticos da subordem Heteroptera a mais diversa entre os insetos hemimetábolos conhecidos por sua sensibilidade as alterações ambientais e foram coletados em 32 riachos de pequena ordem, juntamente com os fatores ambientais que foram utilizados para estimar a heterogeneidade de cada local. A nossa hipótese de que a diversidade beta é mais relacionada com as condições locais não foi confirmada, uma vez que não houve efeito do ambiente e espaço. A ausência de associação pode estar relacionada as interações bióticas mais fortes, variáveis não medidas e até mesmo aos mecanismos estocásticos, como a dispersão possam estar influenciando a comunidade na área de estudo.  Nossos resultados mostraram que a heterogeneidade do habitat foi mais importante do que a variação espacial, para explicar a singularidade composicional. Diferenças sutis na singularidade desempenham um papel importante na determinação da diversidade beta de insetos em igarapés com composição mais singulares (únicos). As relações negativas entre a heterogeneidade e a singularidade pode indicar que a heterogeneidade possa funcionar como um filtro na distribuição para algumas espécies ao longo do tempo, reduzindo a diversidade ecológica. Padrões que estruturam a composição e distribuição de metacomunidades nas regiões tropicais e temperadas, são bem discutidos na literatura, mas os mecanismos subjacentes a estes padrões e aos processos em escalas locais ainda não são compreendidos. Estudos que contrastam padrões ecológicos que emergem de fatores locais podem lançar luz sobre os mecanismos que moldam a diversidade geral de espécies para escalas maiores.

  • ANA BEATRIZ PICANCO SILVA
  • AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO POR MICROPLÁSTICOS EM DIFERENTES MATRIZES AMBIENTAIS DE RIACHOS AMAZÔNICOS

  • Orientador : LUCIANO FOGACA DE ASSIS MONTAG
  • Data: 29/02/2024
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  • A contaminação por microplásticos (MPs) é um problema global que afeta diversos ecossistemas. Nossa pesquisa teve como objetivo investigar a possível associação entre a integridade física do habitat e os níveis de contaminação por MPs em riachos, além de avaliar qual componente ambiental, entre água, sedimento e biodiversidade (peixes) está mais contaminado por MPs. Coletamos amostras de água, sedimento e peixes em dez riachos nos municípios de Barcarena e Abaetetuba, no Estado do Pará, Amazônia Oriental, Brasil. No total, identificamos 145 MPs durante o estudo, dos quais 0,040 ± 0,027MPs.L-¹ estavam presentes na água, 0,668 ± 0,595 MPs.Kg-¹ no sedimento e nove partículas nos peixes. Nossos resultados não indicaram uma relação entre o estado de preservação do ambiente e a concentração de MPs nos riachos. A concentração de MPs nos sedimentos foi superior à encontrada na água. Apesar das baixas taxas de concentração de MPs registradas, nossos resultados sugerem que os riachos podem funcionar como depósito de MPs, principalmente no substrato. É possível que o menor nível de contaminação esteja associado a baixa presença de fontes pontuais de MPs, bem como alguns fatores físicos que podem transportar os MPs para outros sistemas. A baixa concentração de MPs nos riachos pode explicar menores taxas de ingestão pelos peixes, já que baixas concentrações de partículas no ambiente diminui as chances de ingestão dessas partículas pelos organismos.

  • LUANA SILVA DE CASTRO
  • Efeito do barramento, sazonalidade e tipo de ambiente sobre o fitoplâncton de reservatórios

  • Data: 29/02/2024
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  • A construção de usinas hidrelétricas provocou grandes modificações ambientais tanto a
    montante quanto a jusante das represas, sendo que os impactos dessas implantações decorreram
    principalmente do efeito de grande área inundada, da decomposição de vegetação terrestre inundada,
    a deterioração da qualidade da água e a perda de serviços ecossistêmicos terrestres e aquáticos,
    incluindo a enorme perda de biodiversidade (Tundisi, 2007). No ambiente aquático, uma das
    principais alterações é a mudança nos recursos alimentares disponíveis para a biota aquática (Gubiani
    et al., 2011; Dias et al., 2020).
    O grupo do fitoplâncton é considerado um elemento chave para indicar mudanças
    em ambientes aquáticos devido à sua sensibilidade a mudanças na estrutura biótica, física e química
    em corpos d'água ( Reynolds, 2006; Graco-Roza et al., 2021) e esse grupo responde rapidamente à
    variação ambiental (Bicudo & Menezes, 2006). Os organismos são relevantes em vários processos
    ecológicos, como produtividade primária líquida e oxigenação da água, sendo um componente chave
    na teia trófica como produtor primário (Melack & Engle 2009; Amaral et al., 2018).
    Nesse contexto, o capítulo I tem como objetivo investigar os efeitos do represamento em cada
    período sazonal do ano na comunidade do microfitoplâncton (avaliando riqueza, densidade e
    diversidade beta taxonômica) em pontos a montante e a jusante da UHE Curuá-Una, no oeste do Pará.
    Testaremos as hipóteses: (I) O fitoplâncton apresenta maior riqueza e maior dissimilaridade de
    espécies no período de cheia e maior densidade no período de seca, (II) o fitoplâncton dos pontos a
    montante da UHE possui maior riqueza de espécies e os pontos a jusante apresentam maiores
    densidades, (III) maior dissimilaridade de espécies será encontrada a montante do que na jusante da
    UHE.
    O capítulo II tem como objetivo investigar as alterações na estrutura das comunidades
    fitoplanctônicas de tributários que sofreram alterações hidrológicas em suas confluências decorrentes
    da formação de um grande reservatório hidrelétrico em seu rio receptor. Nossas hipóteses são que (I)
    após a formação do reservatório os tributários reduzem a suas variabilidades sazonais e limnológicas
    reduzindo a heterogeneidade ambiental; (II) há redução na diversidade beta taxonômica e funcional
    após a implantação do reservatório; (III) a diversidade beta taxonômica e funcional são positivamente
    correlacionadas com a heterogeneidade ambiental.

  • RAYSSA SILVA DO CARMO
  • Respostas fisiológicas de macrófitas aquáticas as diferentes concentrações de alumínio na região Amazônica

  • Data: 29/02/2024
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  • A liberação do alumínio das reservas minerais pode acontecer de maneira natural ou devido à intervenção humana. Uma vez liberado, esse metal entra no ambiente aquático, onde, dependendo da quantidade e disponibilidade, pode causar impactos prejudiciais nos organismos. Pesquisas que investigam as reações fisiológicas e bioquímicas das plantas aquáticas a diferentes concentrações de alumínio são cruciais para entender os seus efeitos na biodiversidade e nos ecossistemas aquáticos da Amazônia. As plantas aquáticas, têm boa capacidade de absorver e acumular diversos metais, mas há pouca compreensão sobre como elas reagem ao alumínio, especialmente na Amazônia, um metal comum de ser encontrado. Diante disso, essa dissertação é composto por dois trabalhos, i) o primeiro tem como objetivo avaliar os efeitos da exposição ao alumínio em Salvinia minima, uma macrófita flutuante, analisando a absorção do metal nos tecidos da planta e como afeta a fluorescência dos pigmentos fotossintéticos; ii) o segundo avaliar o efeito de diferentes concentrações de alumínio (Al) as respostas antioxidantes da macrófita aquática Montrichardia linifera, verificando as alterações causadas pela exposição aguda das concentrações ambientalmente encontradas de Al na capacidade antioxidante total, das respostas na atividade da glutationa S-transferase e verificar os possíveis danos aos lipídeos de Montrichardia linifera em condições agudas de exposição ao Al através das respostas na atividade da lipoperoxidação. Para responder esses objetivos, realizamos dois experimentos, eles foram realizados na casa de vegetação Aqua e no Laboratório de Pesquisa em Monitoramento Ambiental Marinho ambos na Universidade Federal do Pará. Após as análises dos resultados dos experimentos verificamos que i) S. minima acumulou Al em seus tecidos progressivamente com o aumento desse elemento na água, sem apresentar danos visíveis em suas folhas e sem alterar sua produção de clorofila (a e b) e carotenóides nas 96h de exposição analisadas e ii) Montrichardia linifera é capaz de modular seu sistema antioxidante quando exposta à diferentes concentrações de alumínio,  além de ser uma provável ferramenta econômica na mitigação de danos ambientais por apresentar um alto potencial bioacumulador de metais. Esses resultados trazem informações novas para as respostas das macrófitas aquáticas a exposição de alumínio na Amazônia, indicando que as duas espécies podem ser usadas como fitoremediadoras e melhoram a compreensão dos mecanismos de toxidade deste elemento e como isso pode afetar os ecossistemas aquáticos.

  • ELLEN GUIMARAES AMARAL TRINDADE
  • Paisagem e distintos usos do solo estruturam as algas perifíticas em riachos da Amazônia oriental?

  • Data: 29/02/2024
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  • As alterações dos usos da terra modificam a estrutura das florestas e a dinâmica dos riachos. Provocam mudanças da composição química e física desses ambientes afetando diretamente a composição da biota aquática local, como nas algas perifíticas. Nossa pesquisa procurou responder, se: a composição das espécies é distinta entre os riachos com distintos usos da terra; se a densidade é maior em locais com menores valores de
    integridade ambiental; se a riqueza e a diversidade de espécies perifíticas estão relacionadas com maiores valores de índices de integridade ambiental; e se a diversidade beta é maior em riachos de área preservada. Foram amostrados 18 riachos na bacia do Rio Tapajós, em uma faixa de pelo menos 100 km no trecho que compreende as margens do Parque Nacional da Amazônia e seu entorno, localizado na região sudoeste do Estado do Pará. As amostras de algas perifíticas foram obtidas da macrófita Nympheae amazonum Mart. & Zucc. Nosso estudo demonstrou que os riachos localizados em áreas preservadas (Floresta nacional) diferiram ambientalmente dos riachos com uso da terra com agropecuária, e apresentaram maiores valores de integridade ambiental. Também demonstramos que a composição de espécies diferiu entre os distintos usos da terra.
    Demonstramos que a integridade ambiental não teve efeito sobre a diversidade de espécies, a riqueza e a densidade. A diversidade beta respondeu aos diferentes usos da terra, e os maiores valores foram observados em riachos de ambientes mais íntegros. Nossos resultados mostraram que as variáveis ambientais tiveram maior influência sobre a estruturação da comunidade perifítica do que as variáveis de paisagem. Os resultados
    mostraram que áreas preservadas apresentam importante relevância na heterogeneidade ambiental e na formação da estrutura das comunidades perifítica. Concluímos que as modificações da paisagem e distintos usos do solo alteram as variáveis ambientais locais e na estruturação da comunidade de algas perifíticas, principalmente modificando a composição de espécies e a diversidade beta.

  • INGRID REIS CAMPOS
  • Influência do mineroduto de Bauxita na comunidade de EPT (Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera) em riachos da Amazônia Oriental

  • Data: 28/02/2024
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  • Os ecossistemas aquáticos da Amazônia Oriental apesar de serem reconhecidos por sua notável biodiversidade e complexidade, enfrentam ameaças significativas, especialmente devido à atividade mineradora, que embora em menor escala comparada a outros usos do solo, possui potencial para causar danos ambientais consideráveis. Diante disso, nosso objetivo foi avaliar os efeitos da presença do mineroduto e da estrada de acesso lateral, na diversidade taxonômica e funcional de Ephemeroptera, Plecoptera e Trchoptera (EPT) na Amazônia Oriental. A pesquisa foi realizada em 32 riachos (com e sem mineroduto) distribuídos ao longo de 244 quilômetros entre os municípios de Paragominas até Barcarena, no estado do Pará. Foram coletados um total de 828 indivíduos de EPT, pertencentes a 13 famílias e 29 gêneros. Os resultados indicam que o mineroduto exerce um impacto significativo sobre o ambiente e a composição taxonômica da comunidade de Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera. As variáveis ambientais diferiram entre os riachos com e sem mineroduto e exerceram influência sobre a riqueza e abundância de EPTs. A ausência de diferença na riqueza e abundância entre os tratamentos estudados sugere uma possível dinâmica de substituição de espécies mais sensíveis por outras mais resistentes, corroborada pela diferença que encontramos na composição taxonômica. Enquanto isso, a diversidade funcional não se revelou uma métrica sensível para capturar esse efeito ou mesmo pelas variáveis ambientais, possivelmente em virtude da redundância funcional dos gêneros encontrados. Essas informações são essenciais para o desenvolvimento de estratégias de manejo eficazes e implementar medidas de mitigação adequadas que promovam a conservação da biodiversidade em ambientes afetados pela atividade mineradora na Amazônia.

  • DIMAS AUGUSTO MOLINA MARIN
  • Efeito da supressão vegetal nas comunidades de aves na Amazônia Oriental

  • Data: 28/02/2024
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  • A Floresta Amazônica é reconhecida como a maior floresta tropical do mundo, abrangendo mais de seis milhões de quilômetros quadrados e atravessando nove países. No entanto, enfrenta sérias ameaças devido à expansão das fronteiras agrícolas e atividades como mineração. Essas atividades produtivas afetam extensas áreas e causam perda de habitat e declínio da biodiversidade. A supressão vegetal é uma prática comum na mineração a céu aberto, e examinar como essa atividade impacta os padrões comunitários de aves, sua riqueza, composição e abundância, bem como as características de suas áreas de vida, é essencial para tomar decisões informadas sobre a conservação dessas aves. A pesquisa foi desenvolvida em Paragominas, estado do Pará, Brasil, uma área rica em avifauna, mas historicamente afetada pela mineração. A empresa mineradora Hydro remove grandes extensões de floresta a cada ano em busca de bauxita. Este estudo busca preencher uma lacuna de conhecimento ao avaliar os efeitos a curto prazo da supressão vegetal sobre as comunidades de aves de sub-bosque.

  • ERIKSON BRUNO LOSEIRO FERREIRA
  • O efeito da fragmentação florestal na diversidade taxonômica e funcional na comunidade de aves no leste da Amazônia Brasileira

     

  • Data: 28/02/2024
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  • Nas últimas décadas, as florestas tropicais têm passado por significativas mudanças de uso da terra, essas transformações tais como a fragmentação florestal tem ameaçado a biodiversidade. Esses efeitos afetam a diversidade taxonômica e funcional das comunidades de aves, prejudicando diretamente a dinâmica populacional e suas funções ecossistêmicas. Procurando esclarecer esses efeitos, este estudo buscou avaliar como a fragmentação florestal afeta a diversidade de aves no leste da Amazônia Brasileira, considerando que os padrões de diversidade variam em relação às métricas de fragmentação, com previsões de que maiores efeitos de borda, isolamento e redução do tamanho do fragmento resultarão em menores diversidades avaliadas. O estudo foi conduzido em 18 fragmentos florestais na Amazônia oriental Brasileira, com diferentes tamanhos, grau de isolamento e formato. Descobriu-se que a fragmentação afeta de forma diferenciada os componentes da biodiversidade, sendo a diversidade taxonômica mais sensível às mudanças do que a diversidade funcional. Os resultados indicaram que fragmentos florestais maiores tendem a abrigar comunidades de aves mais ricas e abundantes em táxons do que fragmentos menores, seguindo a relação espécie/área. A perda de habitat devido à redução da área florestal resulta em mudanças na composição e abundância das espécies, No entanto, a diversidade funcional das comunidades de aves não apresenta divergência significativa em relação à fragmentação florestal. Isso sugere que a diferenciação de nicho se mantém estável nos fragmentos, mesmo com a perda de diversidade taxonômica. Os fragmentos, mesmo os menores, mantêm funções ecossistêmicas distintas, indicando certa resiliência da diversidade funcional às perturbações decorrentes da fragmentação. As implicações desses resultados são significativas para a conservação, destacando a importância crítica do tamanho do fragmento e da presença de bordas na configuração das comunidades de aves em paisagens fragmentadas. Estratégias de gestão devem ser direcionadas para melhorar a qualidade dos remanescentes florestais e sua matriz circundante. o estudo ressalta os efeitos complexos e diferenciados da fragmentação florestal na biodiversidade de aves, evidenciando a importância de uma abordagem complementares que leve em consideração tanto os aspectos taxonômicos quanto os funcionais das comunidades de aves para uma conservação eficaz desses ecossistemas.

     

  • BETHÂNIA OLIVEIRA DE RESENDE
  • Estrutura das comunidades de Odonata em riachos da Amazônia: uma análise sob múltiplas perspectivas

  • Data: 31/01/2024
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  • A região Amazônica é conhecida por sua alta biodiversidade, mas ao mesmo contrastado com altas taxas de desflorestamento e de mudanças no uso do solo que tem consequências negativas para o bioma. Monitorar e entender a distribuição dessa biodiversidade não é uma tarefa fácil, em virtude de sua escala, as dificuldades de acesso e de financiamento científico, associado a isso nem sempre avaliar somente as medidas tradicionais de uma comunidade, como abundância e riqueza, são suficientes para entender as complexidades e os fatores que atuam sobre sua estruturação. Pois podem ser moldados por questões comportamentais, funcionais e filogenéticos, portanto, avaliar e estudar os possíveis efeitos dessas variáveis é muito importante. Diante disso, o objetivo da tese foi entender a estruturação e a diversidade da comunidade de Odonata na região da Amazônia Brasileira. Para atingir esse objetivo, estruturamos a tese em três capítulos no qual buscamos responder as seguintes questões: 1º) Como as alterações ambientais provenientes de mudanças no uso da terra afetam a diversidade comportamental de adultos de Odonata? 2º) Qual a contribuição dos fatores ambientais e espaciais sobre a diversidade de larvas de Odonata? 3º) Ao restringir o efeito da inércia filogenética e funcional ocorrerá o aumento da explicação dos fatores ambientais e espaciais? No 1º capítulo conduzimos o estudo em 92 riachos, onde medimos 29 variáveis abióticas em cada riacho, juntamente com cinco características morfológicas e cinco comportamentais dos Odonata. Os resultados indicam uma perda de comportamentos em locais impactados por alterações antrópicas, bem como variação nos aspectos morfológicos/comportamentais sob condições ambientais específicas. Diante disso, destacamos a importância de considerar traços comportamentais nos estudos e no desenvolvimento de estratégias de conservação, visto que espécies com aspectos comportamentais únicos podem ser perdidas em virtude das alterações antrópicas. No 2º capítulo amostramos em 224 riachos amazônicos, juntamente com medições das variáveis ambientais e distâncias dendríticas e espaciais entre os locais amostrados. Os fatores ambientais e espaciais estruturaram as assembleias de Anisoptera e Zygoptera, mas com contribuições diferentes para cada subordem. As características ambientais influenciaram igualmente a estrutura da assembleia das subordens, mas a distância dendrítica foi mais importante que a distância euclidiana. Esses resultados ressaltam a importância dos atributos ambientais e das redes fluviais para a estruturação das assembleias larvais de Odonata na Amazônia, especialmente para os processos de metacomunidades. Por fim, no 3º capítulo além dos dados biológicos e das variáveis ambientais, também mensuramos medidas morfológicas e construímos uma árvore filogenética de gêneros de Odonata. Nossos resultados mostraram que as métricas funcionais e filogenéticas influenciam na composição e que ao restringirmos os efeitos dessas métricas (inércia funcional e filogenética) não há relação do ambiente com a composição. Porém, mesmo restringindo os efeitos da inércia funcional e filogenética a distância dendrítica teve efeito sobre a composição. Estes padrões evidenciam que o efeito que os fatores ambientais causam nas espécies pode ser sobre a funcionalidade e filogenia das espécies. Entretanto, a estocasticidade ou as interações biológicas poderia seria determinada pela distância ou teoria neutra. Portanto, a partir dessa pesquisa, conseguimos entender os padrões de estruturação e diversidade das comunidades de Odonata, e verificamos que não é apenas um único fator que afeta a estruturação dessas comunidades na Amazônia Brasileira, porém as características ambientais demonstrou ser um fator preponderante sobre a distribuição das espécies.

  • GABRIELLY SILVA MELO
  • Efeito do mineroduto de bauxita sobre a comunidade de larvas de Odonata (Insecta) em igarapés na Amazônia Oriental

  • Data: 30/01/2024
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  • O aumento das atividades antrópicas tem ocasionado alterações significativas na superfície terrestre, resultando na fragmentação de habitat. Esse fenômeno não afeta apenas os ecossistemas terrestres, mas também incide sobre os corpos d’água, promovendo mudanças na estrutura física dos riachos devido à remoção da mata ciliar, assoreamento e erosões das margens. A região Amazônica, conhecida por sua rica biodiversidade, enfrenta intensa exploração dos recursos minerais, com destaque a bauxita, cuja extração e transporte é facilitada por sistemas de dutos, os minerodutos. A implantação de minerodutos podem promover alterações na dinâmica e na biodiversidade dos organismos aquáticos mais sensíveis, como os insetos da ordem Odonata. Diante disso, o estudo buscou avaliar se a estrutura do mineroduto afeta as condições ambientais e a comunidade de larvas de Anisoptera e Zygoptera em riachos amazônicos. Foram amostradas 432 larvas de Odonata e mensuradas 17 métricas ambientais em 36 riachos, dos quais 16 utilizados como controles e 20 que eram cortados pelo mineroduto, situados no nordeste da Amazônia brasileira. Os resultados indicam que o mineroduto afeta as características ambientais, como o fluxo e maior quantidade de madeira no leito à montante, a abundância de Anisoptera também foi impactada, mostrando maior abundância no trecho a montante. A comparação entre riachos controle e com mineroduto revelou que a riqueza e abundância de Anisoptera e Zygoptera não diferiram entre os tratamentos, e a composição de Zygoptera mostraram-se similares em riachos com mineroduto. Porém, a composição de Anisoptera foi afetada pelas variáveis ambientais entre os tratamentos. Embora os principais impactos identificados na área de estudo não sejam exclusivamente relacionados à presença do mineroduto, destacamos a influência de pontes e a canalização do fluxo da água. Destacamos a necessidade de avaliações mais aprofundadas para compreender de maneira abrangente os impactos do mineroduto no ambiente, considerando não apenas sua presença, mas também todas as outras modificações estruturais associadas à sua presença, como pontes e canalizações. Sendo assim, inferimos que a avaliação do impacto gerado pelo mineroduto foi mais perceptível quando avaliado através das variáveis ambientais e não só pela presença ou ausência do mesmo.

  • ANTONIO ELIVELTON PAIVA DE OLIVEIRA
  • Atributos da história de vida do peixe tetra olho-de-fogo Hemigrammus ocellifer em riachos sob diferentes ações antrópicas

  • Data: 16/01/2024
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  • Nas últimas décadas, a Amazônia tem sido palco de políticas territoriais para atividades econômicas o que vem garantindo a urbanização, industrialização e exploração intensiva da terra e do subsolo. Desse modo, o presente trabalho tem objetivo de avaliar os atributos da história de vida de Hemigrammus ocellifer em riachos da bacia do Rio Capim que se encontram em áreas de mineração e influência de agropecuária. As coletas foram realizadas bimestralmente entre maio de 2022 e março de 2023 em duas áreas: AI - riachos na área da mineração; e AII – riachos sob efeito de agropecuária de soja e pasto. Foram analisadas período hidrológico e condições física e química do ambiente ao longo do período de estudo. Os espécimes foram capturados com redes de arrasto e de mão, mensurados quanto ao comprimento padrão e massa total. Foram coletadas amostras de sedimento, água e músculo de peixes para a quantificação de Al e Fe. As gônadas foram extraídas e submetidas à técnica histológica com inclusão em historesina para definição do sexo e estágio de maturação. A população foi avaliada quanto a proporção sexual, índice gonadossomático (IGS), estágios de maturação gonadal, comprimento médio de primeira maturação sexual (L₅₀), padrão de crescimento e fator de condição alométrico (K). Em relação aos dados abióticos, foi observado que condutividade elétrica e sólidos totais dissolvidos apresentaram maiores na AII. Oxigênio dissolvido e temperatura foram maiores no período seco, enquanto que a turbidez, largura molhada e velocidade média do canal foram maiores no período chuvoso. O pH manteve elevada acidez em ambas as áreas e durante todo o período estudado. Nas áreas I e II foram encontradas altas concentrações de Al e Fe na água, sedimento e músculo, como maior concentração de Al no sedimento e Fe no sedimento na AI. Al e Fe no músculo e Al no sedimento apresentaram maiores concentrações no período chuvoso. Foram analisados 362 espécimes, sendo 190 indivíduos provenientes da AI, no qual 84 eram fêmeas e 106 eram machos; e 172 foram provenientes da AII, no qual 92 eram fêmeas e 80 eram machos. A população apresentou diferença na proporção sexual no período chuvoso, com proporção de 1.37 machos para cada fêmea. Foram encontrados os seguintes estágios gonadais: imaturo, em maturação maduro para ambos os sexos e desovada e repouso (para fêmeas) e espermiado (para machos). Os valores de IGS não diferiram entre as áreas, mas diferiram entre os períodos, com maiores valores no período chuvoso. As fêmeas e machos da AI atingiram L50 com tamanhos inferiores aos indivíduos da AII. K variou ao longo do período estudado, com os indivíduos da AII apresentando maiores valores em relação aos indivíduos da AI. A atividade reprodutiva de fêmeas e machos se demostrou positivamente relacionada com precipitação mensal acumulada e temperatura; negativamente relacionada com pH, Al e Fe na água. Em resumo, os resultados mostram H. ocellifer como um excelente bioindicador no qual a espécie demonstra plasticidade reprodutiva para se manter em riachos antropizados.

  • BEATRIZ VITÓRIA BARBOSA DA SILVA
  • Arquitetura hidráulica e coordenação de atributos funcionais de comunidades vegetais em florestas secundárias.

  • Data: 05/01/2024
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  • As florestas secundárias surgem após múltiplos usos do solo e são reconhecidas pela sua importância na captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas. Buscamos compreender as estratégias de uso e aquisição de recursos em florestas secundárias a partir dos atributos anatômicos de arquitetura hidráulica, os quais são bons indicadores da eficiência no transporte hídrico pelas plantas. Para isso, comparamos um conjunto de atributos de arquitetura hidráulica em florestas secundárias em um gradiente sucessional em áreas de 9, 12, 30 e 50 anos na Amazônia Oriental. Avaliamos a coordenação da densidade da madeira com atributos anatômicos dos ramos. Ademais, avaliamos se a trajetória funcional dos atributos relacionados a arquitetura hidráulica é influenciada pelas variáveis do solo e taxas de crescimento e mortalidade das espécies estudadas. As florestas apresentaram diferentes estratégias de uso da água ao longo do gradiente de idade, onde as florestas mais jovens apresentaram características relacionadas à maior eficiência hidráulica e as florestas antigas maiores investimentos em segurança hidráulica. Não encontramos coordenação entre a densidade da madeira e os atributos de arquitetura hidráulica e não observamos uma influência significativa dos fatores edáficos e as taxas de dinâmica da biomassa nas áreas de estudo. Nossos resultados indicam uma variação nas estratégias das comunidades ao longo do gradiente de idade, com implicações para a sobrevivência das espécies, visto que as espécies de crescimento mais rápido (pioneiras) que predominam nos estágios iniciais de sucessão tendem a ser mais vulneráveis à cavitação.

2023
Descrição
  • LUCAS SILVA DE OLIVEIRA
  • Distribuição espaço-temporal do ictioplâncton e ocorrência de resíduos plásticos no rio Tapajós: um sistema fluvial sob crescentes impactos ambientais

  • Data: 17/11/2023
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  • O ictioplâncton é um importante componente dos sistemas aquáticos e seus processos de distribuição estão relacionados com fatores bióticos e abióticos. Fatores como por exemplo o fluxo do rio, chuvas, temperatura e interações biológicas atuam como gatilhos para a reprodução das espécies e são essenciais na sobrevivência dos estágios iniciais dos peixes. Em contrapartida, perturbações ambientais, desmatamentos e presença de microplásticos podem diminuir a abundância e diversidade do ictioplâncton e causar danos morfológicos e fisiológicos nas larvas. Devido a bacia do rio Tapajós, Amazônia brasileira, possuir diversos impactos em seu entorno e ser responsável por sustentar pescarias produtivas, compreender os processos de distribuição e deriva da assembleia ictioplanctônica e a presença de resíduos plásticos neste rio pode elucidar importantes aspectos reprodutivos da ictiofauna, além de identificar áreas críticas para conservação, com repercussões sobre a história de vida das espécies. Diante deste cenário, este estudo tem como objetivo avaliar a distribuição espaço-temporal do ictioplâncton e resíduos plásticos no rio Tapajós, Bacia Amazônica, Brasil ao longo de três setores espaciais e diferentes fases hidrológicas. Para isso, o ictioplâncton e os resíduos plásticos foram coletados com rede de plâncton (malha 300 μm) durante as fases hidrológicas de cheia, vazante, seca e enchente em 12 estações de coletas durante os períodos diurnos e noturnos. Em laboratório, o ictioplâncton e resíduos plásticos foram triados e contabilizados. O tamanho das larvas foi mensurado, assim como os resíduos plásticos que foram também classificados quanto à sua cor e forma. Procedimentos de garantia e controle da qualidade foram aplicados para minimizar possíveis contaminações por microplásticos nas amostras. Análises univariadas foram utilizadas para alcançar os objetivos. Um total de 129,18 ovos/10m³, 3.363,36 larvas/10m³ e 384,86 resíduos plásticos/10m³ foram obtidos. Elevadas densidades de ovos e larvas de peixes derivando foram registradas durante a fase de seca no setor 2 (trecho com maior estruturação ambiental). Por outro lado, os resíduos plásticos foram mais abundantes durante a fase de vazante em trechos mais turbulentos e com impactos da mineração ilegal, ultrapassando as densidades de ictioplâncton. Este estudo revela a importância do rio Tapajós para a reprodução das espécies de peixes através da deriva ictioplanctônica e acende um alerta sobre a poluição por resíduos plásticos nos sistemas fluviais amazônicos.

  • CAROLINA MELO DA SILVA
  • Potencial para Restauração de Paisagens Florestais na Amazônia.

  • Data: 30/09/2023
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  • A restauração da paisagem florestal (RPF) é a intervenção intencional na paisagem florestal com objetivo de recuperar a diversidade biológica, as funções do ecossistema e melhorar o bem estar humano em paisagem alteradas. O objetivo geral dessa tese é compreender o potencial de restauração da paisagem florestal na Amazônia e subsidiar novos programas de restauração na região. Nesse contexto, o presente trabalho é composto por uma introdução geral sobre o tema da restauração florestal na região amazônica e duas sessões com análise de dados (Sessão I e Sessão II). Na sessão I, foi realizada um estudo bibliométrico a partir de uma revisão de literatura, especificamente uma ampla revisão bibliográfica sobre a restauração florestal de paisagem na Amazônia com o objetivo de compreender o estado da arte sobre o potencial de RPF nos diferentes países e estados brasileiros. Foi realizada uma revisão da literatura nas bases de dados da Web of Science de 2000-2020, na qual foram selecionados 362 artigos de um total de 1.205 encontrados. O Brasil, seguido pelo Peru, Colômbia e Equador são os países com maior número de artigos publicados sobre RPF. Agrofloresta (37,88%) e Regeneração Natural (30,35%) são as estratégias de RPF mais comuns registradas nos estudos em todos os países e estados brasileiros. A maioria das pesquisas abordou o funcionamento ecológico (33%), estrutura da vegetação (31%) e diversidade arbórea (15,5%). Recomendamos que os estudos futuros avancem no conhecimento sobre os impactos dos projetos de RPF em componentes ainda negligenciados como diversidade de fauna e o componente socioeconômico na escala local e regional. Na sessão II, foi escolhida a Regeneração Natural - um dos cinco tipos de RPF abordados na sessão anterior- para compreender fatores ecológicos e ambientais que influenciam em seu sucesso. Nesse estudo, foi avaliada a ocorrência e distribuição de palmeiras e a influência dessas plantas na regeneração natural de florestas da Amazônia Oriental. O objetivo desta sessão foi avaliar a influência de espécies de palmeiras na regeneração natural da vegetação. Foram apresentadas evidências da associação de palmeiras com a intensidade da degradação, especialmente de palmeiras mais adaptadas a áreas degradadas como A. speciosa e A. maripa. Foi mostrado que a abundância das palmeiras parece ser mais relaciona com as características autoecológicas de cada espécie e os drivers de abundância a nível local. Esse estudo foi inovador ao comprovar a influência negativa de quatro palmeiras acaule sobre a regeneração na Amazônia, independente da classe florestal. Espera-se com esse trabalho compreender melhor as evidências científicas sobre a restauração da paisagem florestal praticada na região, contribuir com conhecimento científico novo sobre alternativas para aperfeiçoar a regeneração natural como estratégia de restauração e assim apoiar futuros esforços de restauração na Amazônia.

  • SIMONE ALMEIDA PENA
  • ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO DE PEQUENOS MAMÍFEROS NÃO-VOADORES (DIDELPHIMORPHIA, RODENTIA) DA AMAZÔNIA BRASILEIRA.

  • Data: 29/09/2023
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  • Amazônia é a maior e a mais diversa floresta tropical do mundo, onde é possível encontrar regiões com diferentes níveis de conservação e conhecimento. No entanto, a perda de habitat, degradação e fragmentação de paisagens contínuas e conversão de grandes florestas em monoculturas é atualmente uma das maiores ameaças à biodiversidade. E esses efeitos produzidos pelo homem têm levado muitos organismos à extinção local e à redução da diversidade biológica. Por essa razão, considerando as enormes lacunas de conhecimento sobre pequenos mamíferos não-voadores amazônicos e a intensidade com que a Amazônia vem sendo degradada, são necessários estudos que viabilizem medidas eficientes de conservação desta fauna na região, principalmente em savanas amazônicas, que apesar de serem ecossistemas biologicamente ricos, elas têm sido muitas vezes negligenciadas e altamente modificada pela conversão de terras para agricultura em larga escala e incêndios descontrolados. Esse estudo objetiva responder as seguintes questões: (1) Como as espécies de pequenos mamíferos não-voadores se comportam frente às ameaças frequentes de perda de hábitat nas florestas tropicais? (2) Quais as lacunas na conservação de pequenos mamíferos não-voadores na Amazônia brasileira e como elas respondem a essa dinâmica em diferentes unidades de conservação? e (3) Qual a importância da atual rede de unidades de conservação na Amazônia brasileira para pequenos mamíferos não-voadores? Demonstramos através desta investigação que as mudanças causadas por ação humana provocam alterações na estruturação das comunidades deste grupo, além de sanar parte das lacunas de conhecimento existente sobre a distribuição potencial das espécies para a região Amazônica, a fim de subsidiar medidas de proteção para os ambientes de savanas amazônicas, com a identificação de áreas prioritárias para conservação nesse período de escassez de recursos financeiros e intensa alteração da paisagem.

  • VICTOR RENNAN SANTOS FERREIRA
  • EFEITO DAS ATIVIDADES ANTRÓPICAS SOBRE A BIODIVERSIDADE DE ODONATA E CONDIÇÕES AMBIENTAIS DE IGARAPÉS DA AMAZÔNIA

  • Data: 30/06/2023
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  • A Amazônia é conhecida como uma das áreas de maior biodiversidade do mundo, com importância para os serviços ecossistemas e para o equilíbrio das condições climáticas mundial. Porém, apesar dessa importância, tem enfrentado o aumentado das atividades antrópicas que resultam na perda de biodiversidade. Nos últimos anos, essas explorações aumentaram drasticamente no Brasil, principalmente em função do crescimento das atividades na região associado as políticas ambientais desastrosas adotadas por governos anteriores. Outro ponto que deixa esse cenário ainda mais drástico é que a biodiversidade ainda é subestimada, com muitas espécies desconhecidas, tendo as informações de distribuição espacial e suas relações com as condições ambientais ainda muito limitadas. Essas lacunas dificultam ou impossibilitam o planejamento e estabelecimento de estratégias que mitiguem os impactos ambientais. Diante desse cenário, estudar e aprimorar técnicas que avaliem e monitorem os efeitos causados pelas atividades humanas são essenciais. Uma das ferramentas é o uso de grupos biológicos sensíveis a gradientes de mudanças do uso do solo, como é o caso dos insetos aquáticos da ordem Odonata. Alterações ambientais, mesmo aquelas mais sutis, podem substituir e/ou reduzir a população de determinadas espécies, gerando sinais que são capturados por métricas tradicionais taxonômicas, como a abundância, a riqueza e a composição de espécies. Aqui, buscamos testar tanto essas métricas convencionais de diversidade quanto aquelas envolvendo outras facetas da biodiversidade. Portanto, o objetivo geral foi avaliar os efeitos das atividades antrópicas sobre a diversidade de Odonata e condições ambientais de igarapés da Amazônia Oriental. Para atingir esses objetivos, a tese foi dividida em quatro capítulos cujos objetivos e principais resultados apresentamos abaixo: 1º) No primeiro capítulo nosso objetivo foi compilar e mensurar dados da biologia básica de Odonata, com a finalidade de produzir um banco de traços para ser utilizado em estudos ecológicos, como ocorre no quarto capítulo dessa tese. Levantamos informações para 218 espécies, contemplando 66 traços relacionados a morfologia, comportamento, hábito/habitat (larva e adulto), termorregulação e distribuição geográfica. Identificamos padrões funcionais esperados para as diferentes subordens, bem como evidenciamos uma forte correlação entre os diversos traços funcionais. Por fim, detectamos e discutimos lacunas de informações dentro da literatura disponível. No 2º e 3º capítulo, nossos objetivos foram avaliar, em uma perspectiva regional e local, quais os efeitos ambientais causados pela utilização de estradas de acesso e um mineroduto sobre igarapés amazônicos e se essas alterações foram capazes de interferir na estrutura da comunidade de Odonata. Concluímos que a presença do mineroduto represa o canal de água e fragmenta o fluxo de energia dos igarapés, sendo registrado uma redução no fluxo e maiores proporções de espécies, madeira e macrófitas na região a montante da passagem do mineroduto. Porém, estes efeitos não se mostraram tão severos sobre as comunidades de Odonata. Ressaltamos que os impactos menos acentuados sobre
    Odonata podem ser um reflexo do secular histórico de exploração humana realizado na região, que substituiu as espécies mais sensíveis por generalistas ao longo do tempo, bem como a alta proporção de mata ciliar encontrada dentro dos pontos afetados pelo empreendimento. 4º) No quarto capítulo avaliamos a biodiversidade de Odonata da forma multidimensional (utilizando 12 métricas de 37 biodiversidade) em diferentes usos e coberturas do solo (Floresta, monocultura de palma de dendê, 38 pastagem, mineração, mineroduto e urbano), investigando quais as dimensões e métricas são mais 39 sensíveis ou precisas para mensurar os cenários de alterações antrópicas mais comuns no centro de 40 endemismo de Belém, buscando relacionar os padrões encontrados com variáveis ambientais locais 41 observadas. Nossos resultados evidenciaram uma baixa complementaridade entre as dimensões 42 taxonômicas, funcionais e filogenéticas na biodiversidade de Odonata na Amazônia demonstrando ser 43 adequado utilizar qualquer uma dessas dimensões, mesmo havendo uma pequena perda de informação. 44 Ressaltamos ainda que a conversão de áreas naturais em antropizadas reduzem a variação biológica de 45 Odonata, onde as comunidades pertencentes a zonas urbanas e com efeitos secundários da mineração são 46 as mais drasticamente afetadas. Por fim, evidenciamos que algumas métricas são mais importantes do 47 que outras a depender da comunidade avaliada, sendo a abundância e a riqueza funcional as que devem 48 ser obrigatoriamente contemplados. Com conclusões principais da tese podemos destacadas que ainda 49 existem lacunas de informações dentro da ordem, principalmente relacionadas as informações básicas de 50 larvas e a termorregulação de adultos, o que dificulta ou inviabiliza a progressão de estudos funcionais 51 com o grupo. O mineroduto e as estradas afetam as comunidades de Odonata e as condições ambientais 52 dos igarapés, porém quando comparado com bacias de drenagem que são usadas para atividades 53 antrópicas, as diferenças são minimizadas. Observamos um efeito de fragmentação do fluxo e 54 represamento dos canais que são cortados pelo mineroduto, atribuímos esses resultados a má canalização 55 dos igarapés ao transpor as pontes construídas para acessar a estrutura. Portanto, recomendamos 56 manutenções mais frequente das pontes, bem como a construção de dispositivos que evitem a entrada de 57 sedimentos da estrada e o redimensionamento dos bueiros. Além do mais, evidenciamos que Odonata é 58 sensível a alterações ambientais causadas pelo homem, sendo indicados na avaliação e monitoramento 59 da saúde de ambientes aquáticos na Amazônia. No entanto, ressaltamos que algumas métricas são mais 60 adequadas que outras a depender do tipo de atividade humana que está ocorrendo no local, sendo a 61 abundância de espécies e riqueza funcional indispensáveis a qualquer ambiente.

  • LUANE GABRIELA BOTELHO REBELO
  • TRAJETÓRIA FUNCIONAL DE FLORESTAS SECUNDÁRIAS NA AMAZÔNIA ORIENTAL

  • Data: 29/06/2023
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  • As estratégias ecológicas das espécies estão intimamente ligadas às suas características morfológicas e fisiológicas. Os espectros econômicos da folha e da madeira oferecem informações valiosas sobre as estratégias das plantas, variando desde características aquisitivas a conservativas. A alocação de recursos para os atributos pode refletir em trade-offs ecológicos, assim como podem ser afetados e influenciados por diversos fatores, tais como as propriedades do solo e a dinâmica estrutural das comunidades. Entretanto, ainda existem grandes questões acerca da variação funcional dos atributos ao longo do processo de sucessão florestal. As florestas secundárias, cada vez mais presentes na Amazônia devido á escalada do desmatamento, servem como alternativa para a restauração de ecossistemas, embora não sejam equivalentes às florestas primárias. Portanto, compreender o progresso da recuperação florestal e o funcionamento das comunidades de florestas secundárias é fundamental para o desenvolvimento de estratégias eficazes de restauração em macroescala na Amazônia. Nesse estudo avaliamos a trajetória funcional de florestas secundárias de diferentes idades na região Bragantina, nordeste do estado do Pará. Nós perguntamos: 1) Como os atributos funcionais variam entre as florestas secundárias de diferentes idades; 2) Existem trade-offs ou coordenação na alocação de recursos entre atributos foliares e de madeira? 3) Quais são os efeitos da dinâmica da biomassa aérea e das características edáficas sobre a variação dos atributos funcionais durante a sucessão florestal? Nós avaliamos os atributos de área foliar (LA), área foliar específica (SLA), teor de matéria seca foliar (LDMC) e densidade da madeira (WD). Nossos preditores foram representados pelas taxas de ganho, perda e turnover de biomassa aérea; teor de argila, silte, areia fina, areia grossa, matéria orgânica, fosforo, nitrogênio e pH. A variação observada nos atributos funcionais durante a trajetória sucessional das florestas secundárias não correspondeu inteiramente às nossas expectativas. Observamos maiores valores de SLA e WD em florestas mais antigas em comparação com as mais jovens. A manutenção de elevado SLA nas florestas antigas é um indicativo de retardo na sucessão, característico de florestas onde não ocorreu o desbaste natural das espécies pioneiras, geralmente associadas com paisagens degradadas e com baixa capacidade de regeneração. Além disso, nós observamos relações significativas entre perda e ganho de biomassa, teor de areia no solo e atributos funcionais, esclarecendo as estratégias ecológicas adotadas pelas espécies durante o processo de recuperação de florestas secundárias. O estudo fornece evidências do processo de recuperação em florestas secundárias da Amazônia, destacando sua natureza complexa e em constante mudança, bem como a complexidade das mudanças dos atributos. Esses resultados contribuem para uma melhor compreensão da resiliência exibida por essas florestas e oferecem informações valiosas para o desenvolvimento de estratégias eficazes de restauração na região.

  • LEANDRA ROSE PALHETA DA SILVA
  • EFEITO DO USO DO SOLO E DO HABITAT SOBRE AS ALGAS PERIFÍTICAS EM RIACHOS DA AMAZÔNIA ORIENTAL.

  • Data: 27/04/2023
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  • O desmatamento muda a paisagem, e é o principal fator de perda de habitat e fragmentação florestal, comprometendo ecossistemas aquáticos e terrestres, promovido pelos distintos usos de solo, em atividades antropogênicas (mineração, agricultura, pastagem). O objetivo geral do capítulo 1 desta tese foi avaliar o efeito do impacto do uso do solo e integridade ambiental, incluindo áreas sob impacto de mineração, em comunidades de algas perifíticas em riachos no bioma amazônico. As hipóteses testadas foram i) que os parâmetros físico-químicos da água diferem entre os ambientes preservados e impacto de mineração, com associação positiva dos nutrientes com a densidade de algas; e ii) a densidade de algas é maior em locais com interferência de mineração, enquanto a riqueza menor. Esperamos que locais com interferência de mineração apresentem menor integridade ambiental. Já ambientes preservados são caracterizados por maior heterogeneidade ambiental, e, portanto, diferentes condições e uma maior diversidade de habitats para serem colonizados pelas algas. Também verificamos que a maior riqueza de espécies foi relacionada com maior disponibilidade de nitrato dos riachos, e maior densidade com maior disponibilidade de fósforo total. Os riachos modificados possuem tendência a apresentar maior carga de nutrientes lixiviados devido à perda da vegetação ripária. Nosso estudo contribuiu para o entendimento das mudanças ambientais em riachos amazônicos, e demonstrou que as algas perifíticas são importantes bioindicadoras que respondem às distintas condições ambientais dos habitats, e que a atividade de mineração altera os aspectos físicos dos riachos, a integridade ambiental, e consequentemente, as condições limnológicas. O objetivo geral do capítulo 2 foi avaliar como áreas de interferência de mineração influenciam na diversidade beta de comunidades de algas perifíticas em riachos amazônicos. Nossas hipóteses foram: (i) riachos com interferência de mineração terão menor diversidade beta que os riachos sem interferência (controle). Nossas hipóteses foram baseadas em uma abordagem integrativa considerando que: Esperamos que riachos com uma composição taxonômica mais distinta (ou única) ocorreriam nos ambientes controle, enquanto os riachos sob interferência de mineração apresentariam uma composição taxonômica mais similar; e (ii) a diversidade beta (i.e., LCBD) é relacionada principalmente com variáveis de habitat relacionadas à integridade ambiental dos riachos (e.g., HII e cobertura florestal). Acreditamos que áreas de mineração homogenizam o ambiente, o que tornaria a comunidade menos única e mais homogênea. Nossos resultados demonstraram associações positivas da beta diversidade com as características físicas e físico – químicas dos habitats, e revelamos que os habitats preservados com maior banco de substratos são capazes de contribuir positividade para o aumento da diversidade beta de algas perifíticas em riachos amazônicos.

  • EVERTON CRUZ DA SILVA
  • EFEITO DA MONOCULTURA DE DENDÊ NA INTEGRIDADE AMBIENTAL E SUA INFLUÊNCIA NA DIVERSIDADE DE LIBÉLULAS (ODONATA) EM IGARAPÈS AMAZÔNICOS.

  • Data: 30/03/2023
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  • A expansão das grandes monoculturas sobre as áreas húmidas e um dos principais geradores de impactos sobre a qualidade hídrica atualmente, causando danos irreversíveis a esses ecossistemas de águas doces. Nesse estudo estamos avaliando os efeitos da expansão da palma de dendê sob a qualidade da água e estrutura física dos igarapés amazônicos (ex. cobertura vegetal) e seus efeitos sob a diversidade biótica de adultos de Odonata. Testamos a seguintes hipóteses: i) igarapés que drenam as monoculturas de dendê apresentam uma baixa qualidade da água e estabilidade física; ii) mudanças na qualidade da água e na estrutura física dos igarapés amazônicos afetam negativamente a abundância e riqueza de espécies de Odonata. Foram avaliados 22 igarapés nas áreas de floresta primária (n = 7) e plantações de palma de dendê (n = 15) nos municípios de Acará, Mojú e Tailândia, Pará, Brasil. Os Modelos Lineares Generalizados (GLM) mostraram que as variáveis físico-químicas da água, por exemplo, temperatura d’água, oxigênio dissolvido e turbidez, e de paisagem como: vegetação de 50 e 500 metros afetaram a abundância dos organismos. Por outro lado, nossos resultados sugerem que a temperatura d’água afeta a riqueza dos odonatos amazônicos. Alterações na mata ciliar ou na vegetação do entorno causam efeitos negativos sobre a estrutura física dos riachos o que acaba alterando a qualidade da água. Como consequência dessas interferências antrópicas, temos modificações na abundância e riqueza das comunidades de Odonata. Como medida mitigadora, aconselhamos a revisão do tamanho da vegetação ciliar que é destinada para conservação via legislação ambiental.

  • RAFAEL ANAISCE DAS CHAGAS
  • Avaliação da integridade biótica em estuários: análise cienciométrica e comparação entre tamanhos de malha na avaliação biológica

  • Data: 30/03/2023
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  • A avaliação da condição ecológica do ambiente estuarino é uma prioridade em todo o globo, em função da multitude de serviços ecossistêmicos que ele proporciona. Esta tese tem como objetivo contribuir com o tema a partir de duas abordagens essenciais, divididas em duas sessões. Na primeira sessão da tese, foi realizada uma análise cienciométrica dos estudos sobre avaliação da integridade biótica em estuários. Os resultados indicam que, apesar do crescimento no número de publicações, ainda são poucos pesquisadores atuando com o tema. Os países europeus (principalmente Espanha e Portugal) e os EUA dominam a produção científica, possivelmente em virtude da promulgação de diretrizes de avaliação ambiental proposta nesses países. O autor espanhol Angel Borja desponta como autor de produção científica mais influente, com participação no desenvolvimento dos índices mais aplicados no mundo (AMBI e M-AMBI). Dentre os índices bióticos mais utilizados, destacam-se aqueles que utilizam os macroinvertebrados bentônicos como organismos indicadores dos distúrbios antrópicos. Verificamos que as métricas mais utilizadas nos índices são relacionadas a composição da comunidade (e.g., riqueza, abundância e biomassa), parâmetros abióticos (e.g., salinidade, temperatura) e poluentes (e.g., metais pesados). Os resultados destacam uma preocupação com os aspectos metodológicos utilizados, existindo uma variedade de técnicas, equipamentos e delineamentos amostrais sendo aplicados. Outro ponto que se destaca é a grande lacuna de estudos nos países tropicais, principalmente devido à carência de índices específicos para essa região. Na segunda sessão da tese, foi realizado uma comparação da amostragem feita com diferentes tamanhos de malhas (0,5 mm, 1,0 mm e 2,0 mm) para a coleta da comunidade de macroinvertebrados bentônicos. Os resultados mostraram que, independentemente do tamanho de malha utilizado, as variáveis biológicas mensuradas não mostraram diferenças significativas. Isso permite que em estudos que objetivam a caracterização biológica de habitats bentônicos ou investigações de relações entre os organismos e o habitat pode serem feitas utilizando uma malha de tamanho maior, o que permite uma abordagem mais econômica e feita em menor tempo. No entanto, para avaliações de biodiversidade, o uso de malha de 0,5 mm apresenta melhores resultados, englobando uma maior abundância de indivíduos e riqueza de espécies. As informações apresentadas por esta tese subsidiam e estimulam o desenvolvimento de índices de avaliação específicos para a região tropical, considerando suas particularidades locais. Além disso, indicamos que estudos que objetivam a caracterização biológica de comunidades bentônicas podem ser realizados utilizando um tamanho de malha maior. Mesmo assim, recomendamos que a escolha por um determinado tamanho de malha deve ser avaliada cautelosamente, se baseando nos objetivos específicos de cada estudo.

  • JOSUÉ MAXIMILIANO RESINA PASTORI
  • Complexidade estrutural de corpos de água e diversidade funcional de anuros em uma área urbana no noroeste da Argentina

  • Orientador : LUCIANO FOGACA DE ASSIS MONTAG
  • Data: 30/03/2023
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  • A nível global, a destruição e/ou transformação de habitats é considerada o fator com maior impacto no declínio das espécies de anfíbios. Tornando-os um dos grupos de maior interesse nos esforços de conservação em todo o mundo. Diferentes estudos mostram a importância da diversidade no funcionamento dos ecossistemas; entretanto, entendida simplesmente como o número e a abundância das espécies, não parece ser um fator determinante na manutenção de seus processos e propriedades. Nesse cenário, a diversidade funcional aparece como uma nova abordagem, a qual considera os papéis funcionais que as espécies desempenham nos ecossistemas, por meio da medição de características qualitativas e quantitativas, para diagnosticar e prever seu funcionamento em resposta às mudanças em escala global. Por outro lado, a heterogeneidade ambiental tem sido reconhecida como uma das melhores explicações para a variação na riqueza de espécies, onde ambientes mais complexos permitem a coexistência de um número maior de espécies do que ambientes homogêneos. Nesse estudo, buscamos descrever o efeito do ambiente sobre o número de grupos funcionais dos anuros, além de entender a relação entre a riqueza dos anuros e a complexidade estrutural dos corpos d'água encontrados ao redor da cidade de Salta. Para isso, descrevemos as características funcionais dos anuros, além da complexidade estrutural dos corpos d'água utilizados por eles como núcleos reprodutivos no entorno da cidade de Salta. Avaliamos a relação entre a riqueza de anuros e a complexidade estrutural desses corpos d'água de determinamos os grupos funcionais. Realizamos a amostragem utilizando-se de técnicas de transecções auditivas e de encontros visuais em 19 corpos d'água distribuídos na cidade de Salta, durante o período reprodutivo, comprendido entre outubro de 2021 e março de 2022. Para os traços funcionais levamos em consideracão características morfológicas e de história de vida de cada indivíduo capturado. Com essas informações, determinamos os grupos funcionáis dos anuros. Avaliamos a complexidade estrutural usando seis descritores ambientais. A partir desses descritores, calcularemos um Índice de Complexidade Estrutural para cada corpo d'água. Testaremos a influência da complexidade estrutural dos corpos d'água na riqueza de espécies e no número de grupos funcionáis de anuros por meio de um análise de regressão linear utilizando-se do programa Statistica. Foram registradas 15 espécies de anuros, pertencentes a 5 famílias. Leptodactylus latinasus e Pleurodema borellii foram as espécies mais amplamente distribuída, enquanto Phyllomedusa sauvagii foi a espécie menos amplamente distribuída nos núcleos reprodutivos. A partir da análise de cluster, foram encontrados 6 grupos funcionais, que apresentaram diferenças significativas em três dos sete traços funcionais medidos: o tipo de membranas, o modo reprodutivo e o tipo de pele. Tanto a riqueza de espécies como o número de grupos funcionais por núcleo reproductivo se relacionaram positivamente com o aumento na complexidade estrutural dos corpos de água. Este trabalho representa o primeiro estudo em nível de características funcionais para anuros e um dos poucos em nível de complexidade estrutural de corpos d'água em relação à riqueza de anuros que os utilizam como Núcleos Reprodutivos ao redor da cidade de Salta, e noroeste da Argentina. O Índice de Complexidade Estrutural (IPC) é uma ferramenta eficaz para analisar a influência da complexidade estrutural de corpos d'água utilizados como núcleos reprodutivos por anuros e pode ser utilizado em estudos posteriores como ferramenta para gerar políticas de conservação.

  • BRUNA NASCIMENTO DE OLIVEIRA
  • Áreas prioritárias para a conservação de morcegos (Mammalia: Chiroptera) do Brasil.

  • Data: 28/02/2023
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  • Existem várias ameaças à biodiversidade dos morcegos como a perda de habitat, a caça ilegal, o desmatamento, transformação de áreas naturais para agricultura e agropecuária, produção de energia, construção civil, extração mineral. Todos esses problemas são agravados pelo desconhecimento da biodiversidade existente e de sua distribuição geográfica para os diferentes grupos. O objetivo desse trabalho propõe a avaliar a rede atual de reservas brasileiras para o grupo de morcegos, criar mapas de áreas prioritárias para a conservação dos morcegos, para as guildas tróficas objetivando identificar seus serviços ecossistêmicos e o índice de vulnerabilidade (IUCN), verificar se as UCs e TIs são eficazes, bem como, se a importância delas é consistente entre os biomas. Usamos as ocorrências de espécies (banco de dados da biodiversidade on-line, artigos, grupos de coleta) e usamos as 19 variáveis bioclimáicas para construir os modelos de distribuição potencial das espécies usando o pacote ENMTML. Com os resultados potenciais dos modelos calculamos as métricas de importância, sobrepomos com as atuais Unidades de Conservação e Terras Indígenas no Brasil.

  • NATÁLIA BEATRIZ BARROS SANTOS
  • Construção e validação de um Banco de dados de características funcionais de Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera (EPT) para o monitoramento ambiental em riachos com perda de vegetação ciliar 

  • Data: 28/02/2023
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  • Alterações na paisagem causadas pelo uso da terra tem grande impacto para os ecossistemas aquáticos e modificam fortemente as comunidades biológicas dos riachos. Grandes biomas brasileiros como o Cerrado e a Amazônia têm sofrido severas perdas de seu território em decorrência das transformações do uso da terra e as consequências para as comunidades biológicas ainda precisam ser melhor compreendidas. Insetos das ordens Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera (EPT) compõe um grupo heterogêneo, com uma grande diversidade taxonômica e funcional, amplamente utilizado em estudos ecológicos e de biomonitoramento, podendo responder a mudanças no ambiente. Nesse contexto, o presente trabalho é composto por duas sessões. Na primeira, compilamos informações de características funcionais de Ephemeroptera, Plecoptera e de Trichoptera em estágio larval ocorrentes na Amazônia Brasileira em um banco de dados. A construção deste banco de dados de características funcionais é uma importante base para estratégias de conservação, uma vez que características funcionais de populações e comunidades incorporam diversidade e respostas às condições ambientais. A proposta visa a expansão do conhecimento funcional para EPT e a disponibilização desse banco de dados para outros pesquisadores, o que trará a possibilidade de futuras comparações com bases de dados de outras áreas ou biomas, que por sua vez, permitirá o mapeamento da abordagem funcional dos EPTs nacionalmente ou de grandes regiões. Na segunda sessão, nosso objetivo foi avaliar como a perda da vegetação ciliar e a integridade física do habitat influenciam nas respostas funcionais e taxonômicas de Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera em riachos distribuídos nos biomas brasileiros da Amazônia e do Cerrado. Para isso, testamos duas hipóteses: (i) riachos com maior proporção de vegetação ciliar e maior integridade ambiental, sustentam maior riqueza taxonômica de gêneros de EPT, assim como maior riqueza funcional e maior divergência funcional, e (ii) a fitofisionomia dos riachos amazônicos proporcionam maior riqueza taxonômica, riqueza funcional e divergência funcional em relação aos riachos do Cerrado. Como resultado da sessão um, foram compiladas informações de oito características funcionais, divididos em 31 atributos funcionais para 107 gêneros de Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera ocorrentes na Amazônia Brasileira. O banco de dados tem potencial de agregar positivamente com futuros estudos ecológicos, tanto com comunidades aquáticas, quanto terrestres que dependem diretamente ou indiretamente dessas. Na sessão dois, tivemos como resultado que a perda da vegetação ciliar e da integridade ambiental influenciam nas respostas taxonômicas e na divergência funcional das comunidades de EPT. Por outro lado, esses fatores não foram importantes para explicar a riqueza funcional. Na comparação entre os biomas, a riqueza taxonômica e funcional foi maior para os riachos da Amazônia, porém a divergência funcional foi similar entre os dois biomas. O estudo reforça a importância da integridade dos riachos e da conservação da vegetação ciliar para a manutenção da biodiversidade de comunidades aquáticas.

  • NAYARA LOUBACK FRANCO
  • Macrófitas aquáticas invasoras: avaliação das etapas do processo de invasão e comparação entre ecossistemas tropicais e temperados

  • Orientador : THAISA SALA MICHELAN
  • Data: 28/02/2023
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  • As bioinvasões são um inconveniente de magnitude global. Entender os padrões do processo de invasão, as etapas quais as espécies introduzidas passam e os procedimentos que podem impedir ou diminuir o sucesso de espécies invasoras é fundamental. Uma maneira é o desenvolvimento de revisões sistemáticas, onde podemos encontrar tendências sobre os resultados de pesquisas. Nessa tese desenvolvemos na primeira sessão uma revisão sistemática sobre macrófitas aquáticas invasoras em regiões tropicais e subtropicais, a partir dos resultados obtidos destacamos a importância de estudar a etapa de introdução dessas espécies como uma forma de diminuição de riscos futuros. Os resultados mostram que a maioria dos artigos abordam a etapa impacto e as macrófitas invasoras mais frequentes são Eichhornia crassipes Mart., Hydrilla verticillata (L.f.) Royle e Urochloa arrecta (Hack. ex T.Durand & Schinz) Morrone & Zuloaga.  Na segunda sessão discutimos a hipótese de resistência biótica em relação a invasões biológicas e avaliamos se as regiões tropicais são mais propensas a resistir a espécies invasoras de macrofitas aquáticas do que as regiões temperadas por meio de uma meta-análise. Os resultados indicaram que as diferenças entre os tipos de ecossistemas não impedem a efetividade da resistência biótica e que possivelmente existem outros fatores que influenciam essa resistência.

  • NATHALIA CAROLINA LÓPEZ RODRÍGUEZ
  • VARIAÇÃO DAS CARACTERISTICAS DE HISTÓRIA DE VIDA DOS PEIXES DE RIACHOS DA AMAZÔNIA ORIENTAL E A INFLUÊNCIA AMBIENTAL NAS ESTRATÉGIAS REPRODUTIVAS

  • Data: 27/01/2023
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  • A história de vida de um organismo está representada por um conjunto de características que resultamda forma em que esse organismo aloca recursos para o seu crescimento, o seu desenvolvimento e a sua

    reprodução. O estudo das características de história de vida é uma questão-chave em diversos campos da
    ecologia, devido a que permite descrever as funções das populações e espécies, bem como as demandas
    conflitantes entre essas funções. As características também fornecem uma linguagem comum para
    comparar o funcionamento das populações de diferentes espécies e vários grupos biológicos. Para muitas
    das espécies de pequeno porte que habitam os riachos amazônicos as suas características de história de
    vida ainda não foram descritas, e os seus ambientes estão sendo a cada vez mais ameaçados pela
    destruição dos habitats, poluição e introdução de espécies. Por esse motivo identificar o tipo de
    estratégias reprodutivas que representam a estes grupos de espécies, assim como as respostas
    reprodutivas à variação ambiental permitiriam predizer o comportamento destas populações a estresses
    de origem antropogênico ou natural. No capítulo 1, foram estimadas oito características reprodutivas:
    proporção sexual, tamanho a primeira maturação, índice gonadossomático, duração do período
    reprodutivo, fecundidade, diâmetro do ovócito, tipo de desova e cuidado parental, para caracterizar as
    estratégias reprodutivas de 17 espécies de peixes por meio de uma ordenação. Se evidenciou que algumas
    espécies ocupam os pontos finais das três estratégias que o compõem o modelo continuo de história de
    vida: Oprtunista (Microcharacidium weitzmani e Hyphessobrycon heterorhabdus), Equilibrio
    (Eigenmannia pavulagem e Aequidens tetramerus) e periódico (Astyanax bimaculatus e Moenkhausia
    oligolepis), as outras espécies ocupam um espaço nos gradientes oportunista – periódico (Moenkhausia
    collettii e Bryconops melanurus) e uma grande maioria no gradiente oportunista – equilíbrio
    (Gymnorhamphichthys rondoni, Hypopygus lepturus, Helogenes marmoratus, Copella arnoldi,
    Anablepsoides urophthalmus e Apistogramma gr regani). A fecundidade e o tamanho corporal foram as
    principais características que contribuíram na segregação das espécies, destacando a estratégia
    intermediária entre o gradiente oportunista e de equilíbrio como a mais representativa para as espécies
    analisadas. No capítulo 2, foram avaliadas as características reprodutivas de três espécies de
    gymnotiformes com o fim de detectar se as espécies mais emparentadas manifestam o mesmo conjunto
    de características. Os resultados não mostraram semelhanças entre os atributos entre as espécies, mas
    sim se observaram respostas diferenciadas entre os sexos a algumas variáveis ambientais, explicando em
    maior porcentagem a variação do índice gonadossomático das fêmeas. As fêmeas de
    Gymnorhamphichthys rondoni e Eigenmannia pavulagem responderam às variações mensais da
    condutividade elétrica, enquanto que as fêmeas de Hypopygus lepturus respondem mais aos descritores
    do habitat (velocidade da correnteza e profundidade). No capítulo 3, o conjunto de características
    reprodutivas de H. marmoratus o posicionam em um ponto intermediário entre o gradiente oportunista –
    equilíbrio. Na avaliação da possível influencia do ambiente sobre a atividade reprodutiva da espécie, se
    evidenciou o efeito significativo de um conjunto de variáveis que incluíram a profundidade, a
    condutividade elétrica, os bancos de folhas e a chuva, como os principais responsáveis pela variação
    mensal do índice gonadosomático das fêmeas.

2022
Descrição
  • OSVALDO PIMENTEL MARQUES NETO
  • Efeito das mudanças climáticas na conservação dos primatas ameaçados de extinção no Brasil.

  • Data: 30/08/2022
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  • A biodiversidade global está sob forte ameaça como resultado de atividades humanas insustentáveis, que afetam as funções e serviços ecossistêmicos. Os primatas desempenham um papel significativo na estruturação das florestas e na ciclagem de nutrientes. No entanto, estão entre os animais mais ameaçados do mundo e muitas espécies estão restritas a paisagens antropizadas. Com maior diversidade de primatas neotropicais, o Brasil possui 35 espécies ameaçadas, destacando-se como um dos países prioritários para a conservação de primatas no mundo. Portanto, conhecer a distribuição das espécies é fundamental para identificar as ameaças e planejar estratégias de conservação. Neste trabalho, avaliamos o impacto das mudanças climáticas sobre a distribuição geográfica dos primatas ameaçados de extinção no Brasil, além de identificar a representatividade das espécies nas Áreas Protegidas e a efetividade dessas áreas para a conservação das espécies no presente e no futuro. Para isso, geramos modelos de adequabilidade climáticas de 35 espécies de primatas no cenário atual e futuro (2100). Analisamos através de modelos nulos a eficácia das Áreas Protegidas em reter uma maior riqueza de espécies do que seria esperado ao acaso. Além disso, realizamos uma análise de lacuna sobrepondo as distribuições das espécies, nos diferentes cenários, com a rede de Áreas Protegidas. Nossos resultados mostram que 18 das 35 espécies podem perder área climaticamente adequada no futuro otimista e 31 espécies no futuro pessimista, sendo mais de 25% das espécies podem perder mais de 90% de área até 2100. No geral, apenas 6% a 7,8% das Áreas Protegidas são consideradas efetivas para conservação das espécies de primatas ameaçados. De acordo com as metas de conservação estabelecidas através da análise de lacunas 51% das espécies estão protegidas atualmente pela rede de APs, com uma média de 35% de seu habitas conservados. No futuro, essa meta tente a diminuir para menos de 40% das espécies. Diante disso, o baixo grau de proteção
    associado às perdas de áreas climaticamente adequadas, podem tornar as espécies vulneráveis a extinção no futuro. Por esse motivo, o planejamento de áreas prioritárias para conservação é fundamental para manter o funcionamento dos ecossistemas florestais.

  • LIZIANE VILELA VASCONCELOS
  • Estratégias de plantas para aquisição de recursos em um gradiente climático e edáfico

  • Orientador : GRAZIELLE SALES TEODORO
  • Data: 30/05/2022
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  • As estratégias subterrâneas contribuíram para a evolução dos organismos terrestres devido a diversidade em formas e funções das mesmas, como à aquisição de recursos, tolerância ao estresse ou competitividade, características estas desenvolvidas em associação ao estabelecimento e a proliferação das espécies vegetais. Um fator seletivo é a disponibilidade de nutrientes no solo, que influencia a distribuição das plantas em gradientes e podem afetar a biodiversidade em ecossistemas naturais. Os principais objetivos deste estudo foram a investigação das estratégias morfológicas utilizadas por espécies do gênero Ipomoea (Convolvulaceae) em um gradiente climático em uma região semi-árida e se a ocorrência das espécies foi determinada pelo espaço, e pelas variáveis ambientais; a avaliação da presença de especializações radiculares nos tipos vegetacionais das cangas da Floresta Nacional de Carajás (FLONA Carajás) e do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos (PNCF) para testar se os ambientes rupestres ferruginosos apresentam a maior proporção de espécies com especializações radiculares, devido a disponibilidade nutricional mais depauperada nesses ambientes. Para o desenvolvimento do estudo, foram amostradas duas áreas, sendo uma para o estado da Bahia para estudo com o gradiente climático e a segunda na FLONA Carajás e do PNCF para o gradiente edáfico. Para o estudo no gradiente climático foram avaliadas se 6 variáveis ambientais do WorldClim influenciam os atributos morfológicos (cinco atributos) de 44 espécies de Ipomoea que ocorrem em 170 municípios do estado da Bahia. Para isso, utilizou-se uma combinação de RLQ e Fourth-corner análise e uma ordenação direta do nicho ecológico das espécies a partir da relação dos dados climáticos, com a ocorrência das espécies. Já o estudo do gradiente edáfico, foram inventariadas ca. 6.000 exsicatas herborizadas do Museu Emílio Goeldi (MG), a fim de identificar, descrever e caracterizar a presença ou ausência de raízes com especializações radiculares. Além de realizar uma investigação in situ, onde foram amostradas a vegetação em 48 parcelas que compreendem diferentes fitofisionomias das cangas. Ainda foram avaliados os trabalhos relacionados às especializações radiculares (e.g. cluster roots) em ambientes depauperados nutricionalmente em P (fósforo) no hemisfério sul (América do Sul, África e Austrália), buscando comparar as floras especializadas desses locais. As análises estatísticas utilizadas para testar as hipóteses reacionadas ao gradiente edáfico foram os testes qui-quadrado e Teste T Student (p ≥ 0.05). Dessa forma, irá contribuir para o conhecimento das estratégias ecológicas, por meio da investigação do sistema subterrâneo, adaptações fisiológicas e interações nos gradientes climáticos e edáficos, em condições ambientais peculiares.

  • STEFANY VITORIA SANTOS OLIVEIRA
  • Efeitos de perturbações antrópicas sobre fatores ambientais e espaciais na estruturação de metacomunidades de insetos aquáticos em igarapés na Amazônia Oriental

  • Orientador : RAPHAEL LIGEIRO BARROSO SANTOS
  • Data: 30/05/2022
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  • As pressões antrópicas decorrentes de mudanças no uso do solo têm grande potencial para impactar as dinâmicas de metacomunidades de insetos aquáticos, uma vez que elas alteram a qualidade ambiental dos igarapés, e podem impor barreiras a dispersão. O objetivo deste estudo é avaliar como a estruturação de assembleias de insetos aquáticos (ordens Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera - EPT) em igarapés amazônicos em condições naturais (igarapés controle) e perturbadas por atividades antrópicas (igarapés alterados) é influenciada por características dos habitats fluviais e pela estrutura espacial. Nossas hipóteses são de que em igarapés controle as características do habitat são o principal fator de estruturação das assembleias de EPT, e que em igarapés alterados as características do habitat relacionadas com perturbações antrópicas e a estrutura espacial são os principais fatores de estruturação das assembleias. Foram amostrados 74 igarapés na bacia do Rio Capim, Pará, Brasil, sendo 38 igarapés controle e 36 igarapés alterados. Em cada um deles foram mensuradas variáveis ambientais associados à química da água, hidromorfologia do canal, tipos de sedimentos, vegetação ripária e abrigo para os insetos, além da proporção de usos do solo e as assembleias de EPT. Nossos resultados mostraram que várias características ambientais dos igarapés foram afetadas pelas atividades antrópicas. Os fatores ambientais tiveram maior influência na estruturação das assembleias de EPT do que os outros fatores avaliados, tanto nos igarapés controle quanto nos alterados. A influência do fator espacial foi muito fraca. As assembleias de igarapés alterados foram estruturadas tanto por variáveis ambientais afetadas pelos distúrbios quanto por variáveis sujeitas à variação natural, demonstrando que as assembleias nesses ambientais não são governadas somente pela atuação das alterações ambientais. Nosso estudo demonstra a importância do processo de seleção de espécies em metacomunidades de igarapés amazônicos, e o papel do distúrbio nesse processo.

  • SIDNEY SANTOS PEREIRA
  • Revisão sistemática de protocolos de monitoramento de restauração pós-mineração em florestas tropicais.

  • Data: 30/05/2022
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  • Para a maior parte das regioes tropicais do mundo, nao esta claro como os protocolos de monitoramento de areas mineradas estao sendo estruturados. Revisamos os protocolos aplicados ao monitoramento das acoes de restauracao ecologica de areas mineradas em florestas tropicais. Inventariamos 31 artigos de pesquisa publicados entre os anos de 1990 e 2021, nas bases de artigos Web of Science e Scopus. Por meio de uma analise bibliometrica, construimos um panorama mundial das publicacoes. Analisamos sistematicamente osprotocolos de monitoramento em termos dos indicadores que os compoem, os atributos ecologicos que contemplam, o uso de sitios de referencia, a longevidade do monitoramento e os metodos de restauracao que assistem. Encontramos que a maior parte das atividades restaurativas em areas mineradas reportadas nos artigos se encontram no Brasil e na India. As revistas Restoration Ecology e Ecological Engineering concentram grande parte dos artigos, em sua maioria publicados entre os anos de 2017 e 2021. Em media, cada protocolo usa cerca de tres indicadores, geralmente contemplando processos ecologicos do solo, mas nem todos os protocolos fazem uso de sitios de referencia, alguns usam sitios com o ecossistema natural degradado. O monitoramento e feito por cronossequencias que se estendem por ate 30 anos. Dado o modesto numero de trabalhos identificados e a grande relevancia do tema, esse campo de pesquisa deve continuar crescendo. Sugerimos aos gestores de projetos de restauracao uma divulgacao mais ampla dos resultados do monitoramento, alem da promoção do engajamento ativo para alem do pessoal operacional, com interesses compartilhados nos valores ecologicos e nos servicos ecossistemicos que podem ser proporcionados pela area recuperada.

  • JORGE LUIZ DA SILVA PEREIRA
  • Variáveis Físicas, Químicas e Microbiológica da água de consumo humano no Brasil; Análise cienciométrica de produção científica

  • Data: 28/02/2022
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  • A água é uma substância essencial e de extrema importância à vida, cuja qualidade está diretamente relacionada ao aparecimento de diversas doenças. A qualidade da água fornecida para a população pode ser avaliada por parâmetros físicos, químicos e microbiológicos. Este trabalho objetivou avaliar o aumento do conhecimento sobre o tema qualidade da água para o consumo humano no Brasil, utilizando o método cienciométrico. Realizou-se uma busca sistematizada das informações na base de dados Scielo, Scopus, Web of Science e Google acadêmico, buscando avaliar a qualidade físico, química e microbiológica da água para o consumo humano utilizada no Brasil, através de uma revisão sistemática da literatura. Obtivemos 843 artigos concatenados, destes 62 artigos atingiram critérios de inclusão. Houve investigação à qualidade d´água em 10 fontes de captação, foram registradas 20 espécies de microorganismos na água, sendo 15 espécies de bactérias e seis de protozoários, aonde Escherichia coli, Salmonella spp, e para protozoários Giardia spp foram os mais frequentes. As variáveis que mais favorecem o ambiente para o surgimento dos microorganismos patógenos encontradas nos trabalhos foram: Oxigênio Dissolvido (OD), Potencial hidrogeniônico (pH), Unidade Nefelomêtrica de Turbidez (UNT), Condutividade Elétrica (CE), Temperatura (T) e Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO). A região nordeste apresentou variáveis com maiores valores acima do esperado ou determinado pela resolução do Conama, assim como, o maior número de publicações. Apesar de termos detectado um aumento no número de estudos, questões como aspectos demográficos, condições socioeconômicas e saúde ambiental ainda continuam sem respostas e são questões importantes para serem consideradas em estudos futuros.

  • JUAN MATEO RIVERA PÉREZ
  • Variação temporal de Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera (EPT) com base em sua especificidade ambiental em riachos impactados pela mineração na Amazônia Oriental

  • Data: 28/02/2022
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  • Conhecer a diversidade aquática e entender como as diferentes espécies são distribuídas no tempo e no espaço tem se tornado um dos principais focos de pesquisas em ecologia nas últimas décadas. Isso acontece principalmente em virtude das rápidas mudanças ambientais provocadas pelas atividades antrópicas. Nesse cenário, os insetos aquáticos das ordens Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera (EPT) são utilizadas para o monitoramento das condições ambientais por serem sensíveis às essas mudanças. A intensidade da resposta depende diretamente da amplitude do nicho de cada táxon diante das variabilidades e alterações do habitat. Com o objetivo geral de investigar os efeitos da mineração de Ferro com base na especificidade ambiental de EPT em riachos da Floresta Nacional de Carajás, no Pará ao longo de seis anos, essa dissertação é dividida em dois capítulos. No Primeiro classificamos os táxons de EPT em generalistas e especialistas e avaliamos se a abundância e riqueza estimada desses grupos variam de acordo com o nível de alteração dos riachos impactados por atividades de mineração. No segundo avaliamos a variação espacial e temporal da diversidade beta de EPT generalistas e especialistas. Nos dois estudos foram usados dados de EPT amostrados anualmente em 24 riachos ao longo de seis anos em riachos conservados e impactados pela mineração na Flona de Carajás. Foram coletados 49.922 indivíduos distribuídos em 59 gêneros, dos quais 31 foram classificados como especialistas e 28 como generalistas de habitat. No primeiro capítulo, verificamos que houve efeito negativo da mineração na riqueza estimada e efeito positivo na abundância de gêneros especialistas. Por outro lado, a abundância e a riqueza estimada de generalistas foram influenciados negativamente pelo efeito da mineração. No segundo capítulo não foram encontradas diferenças na composição dos gêneros e nem na heterogeneidade entre os tratamentos. Porém, ao longo do tempo, tanto os generalistas como os especialistas mudaram sua composição. A mineração afeta as comunidades de generalistas e especialistas de EPT, em especial, os especialistas de locais impactados pela mineração que apresentaram aumento em suas abundâncias, possivelmente pela ampliação de habitat disponibilizados pelo processo de homogeneização do habitat. Para os generalistas, a perda de gêneros foi o principal componente na diversidade beta temporal, já os especialistas apresentaram ganhos e perdas de gêneros. Portanto, a mineração afetou as comunidades tanto de grupos generalistas como especialistas ao longo dos anos, apesar de sua especificidade de habitat, apresentando diferentes padrões às mudanças ambientais.

  • MICHEL JACOBY PEREIRA ALVES
  • Fatores determinantes do uso de habitats por mamíferos ungulados (Artiodactyla e Perissodactyla) na Amazônia oriental.

  • Orientador : ANA CRISTINA MENDES DE OLIVEIRA
  • Data: 28/02/2022
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  • O uso do solo por atividades antrópicas em paisagens da Amazônia oriental vem modificando e
    suprimindo os habitats nativos desta região, alterando a dinâmica dos ecossistemas e afetando
    negativamente a biodiversidade. Os mamíferos ungulados herbívoros-frugívoros estão entre os
    grupos de mamíferos mais afetados por estas modificações nos ecossistemas. Através do uso de
    armadilhas fotográficas registramos ungulados e mensuramos a pressão de caça. A partir de imagens
    de satélite avaliamos as características ambientais e pressões antrópicas que podem estar
    influenciando a abundância de anta (Tapirus terrestris), veados (Mazama americana e Mazama
    nemorivaga) e porcos selvagens (Pecari tajacu e Tayassu pecari) em habitats com diferentes níveis
    de perturbação. As espécies apresentaram respostas distintas as variáveis de paisagens e de uso do
    solo. Nosso resultado demonstra que todas as espécies estudadas apresentaram algum grau de
    tolerância a habitats perturbados, exceto habitats de pastagem abandonada e plantação de palma de
    dendê. Também demonstramos que embora as espécies utilizem habitats degradados, elas possuem
    uma alta dependência de habitats florestados.

  • TAINÃ SILVA DA ROCHA
  • EFEITO DA INTEGRIDADE AMBIENTAL NA COMPOSIÇÃO FUNCIONAL DA COMUNIDADE DE ODONATA (INSECTA) EM IGARAPÉS NA AMAZÔNIA ORIENTAL

  • Data: 28/02/2022
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  • As alterações antrópicas de uso ou de cobertura do solo modificam as condições ambientais, afetando a dinâmica das comunidades em especiais de ambientes sensíveis como os aquáticos, que dependem da vegetação ciliar, cujas consequência podem influenciar no comportamento reprodutivo e morfológico de muitas espécies. Nesse contexto, foram avaliados como as características biológicas funcionais da comunidade de adultos de Odonata respondem aos impactos causados pela ação humana em igarapés na Amazônia Oriental, usando características bionômicas como variáveis resposta. As hipóteses para este estudo foram: a) que espécies com proporções maiores de largura da base da asa, tamanho e comprimento do abdômen e tamanho corporal, estejam intimamente ligadas a ambientes alterados; b) ambientes degradados, com baixa cobertura vegetal e com a vegetação ripária alterada, favorecem indivíduos heliotérmicos, devido a sua especificidade de termorregulação. Foram amostrados adultos de Odonata em 98 igarapés preservados e alterados na Amazônia Oriental, utilizando como características funcionais: oviposição, termorregulação e tamanho corporal, e como características morfológicas: largura do tórax, largura da asa na base, comprimento do abdômen e comprimento do tórax. Foram registradas 80 espécies, 48 coletadas em ambiente preservados e 70 em ambientes alterados, destas, 44 indivíduos pertencentes a subordem Zygoptera e 36 pertencentes a subordem Anisoptera. Distribuídas em 16 grupos funcionais e três categorias: presente em todos os ambientes, presente apenas em ambientes preservados, presente apenas em ambientes alterados. Houve variação das características funcionais estudadas entre os ambientes (PerMANOVA; F = 15,655; P < 0,01), com distinção significativa na composição de atributos entre os ambientes estudados. Embora a PerMANOVA não tenha encontrado uma forte relação dos atributos funcionais com o nível de integridade, observa-se na PCoA que, os indivíduos encontrados em áreas alteradas são heliotérmicos, oviposição exofítica, com asa mais larga e com maior tamanho. Indivíduos com menor tamanho corporal e com oviposição endofítica e/ou epifítica, e conformadores termais e endotérmicos são encontrados em áreas preservadas. O presente estudo fornece evidências de que atributos funcionais, são fatores determinantes para a distribuição e para a seleção de quais características morfológicas e funcionais as espécies precisam ter para ocorrer em um determinado ambiente. A qualidade do ambiente, medida pelo índice de integridade ambiental, tem efeito significativo sobre a composição dos grupos funcionais. Onde ambientes alterados favorecem espécies com oviposição exofítica e termorregulação heliotérmica, enquanto em ambientes preservados favorecem indivíduos com oviposição endofítica e epifítica e termorregulação ectotérmica (conformadores termais). Quanto a morfologia, ambientes alterados favorecem indivíduos com tamanhos médios a grande, com maior comprimento de tórax e de abdômen, ambientes preservados podem favorecer espécies menores e/ou especializadas.

  • NAJLA ELISA FERREIRA LIMA
  • Biologia reprodutiva de Tocantinsia piresi (Siluriformes: Auchenipteridae) nos períodos pré e pós barramento do rio Xingu (Pará, Brasil)

  • Data: 25/02/2022
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  • A construção de usinas hidroelétricas vem causando mudanças na dinâmica do pulso natural de inundação dos rios, nas estações hidrológicas e consequentemente na ictiofauna. Um dos principais e maiores afluentes da bacia amazônica é o rio Xingu formado por uma diversidade de microambientes, onde se destaca a região da Volta Grande, onde foi instalada a Usina Hidroelétrica (UHE) de Belo Monte, que em virtude da redução na vazão do rio passou a apresentar um trecho de vazão reduzida (TVR). Constituindo a ictiofauna nesse ambiente está a família Auchenipteridae, na qual encontramos Tocantinsia piresi Miranda Ribeiro, 1920, que possui importância ecológica como dispersora de sementes e econômica na pesca artesanal. Em se tratando das informações sobre os aspectos reprodutivos da ictiofauna em períodos antes e após a instalação da UHE de Belo Monte ainda são escassos. Assim, o objetivo do presente estudo é caracterizar a biologia reprodutiva de T. piresi, provenientes da região da Volta Grande no trecho médio do rio Xingu nos períodos pré e pós barramento. Neste estudo, um total de 229 indivíduos foram coletados entre julho/2012 e janeiro/2014; e um total de 288 indivíduos foram obtidos entre dezembro/2020 e novembro/2021. Foram caracterizadas quatro estações de coletas: vazante, seca, enchente e cheia. Os dados de vazão do rio no período pré barramento foram obtidos através da Agência Nacional de Água (ANA) e no pós-barramento pelo Consórcio Norte Energia. Todos os animais foram mensurados, o sexo e estágios de maturação gonadal foram avaliados e classificados em: imaturo, em maturação, maturo, desovado/espermiado, e repouso (somente para fêmeas). Ao analisar a razão sexual, houve prevalência de fêmeas e a população apresentou um crescimento alométrico positivo seguindo um padrão monofásico em ambos os períodos de estudo. O Índice Gonadossomático (IGS%) e a frequência relativa dos estágios de maturação gonadal indicaram uma reprodução nas estações de seca e enchente e desova parcelada para a espécie. O L50 de T. piresi no período pré barramento foi de 29.49 cm para fêmeas e 33.30 cm para os machos, enquanto no período pós barramento, de 25.12 cm para fêmeas e 26.97 cm para machos. Os dados obtidos revelam alterações nos traços reprodutivos da espécie e sugerem uma plasticidade na capacidade reprodutiva e adaptações às novas condições que foram impostas a fim de se manter no ambiente.

2021
Descrição
  • LUCAS MATEUS DE LIMA MAIA
  • Uso de habitats por morcegos numa paisagem modificada por mineração na Amazônia Oriental.

  • Data: 30/10/2021
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  • O Brasil é o segundo maior exportador de minério do mundo e mineradoras devem restaurar as áreas mineradas e monitorar a biota. Os morcegos formam um grupo apropriado a estudos de alterações ambientais devido à sua riqueza de espécies, hábitos de vida e funções ecológicas. Investigamos o uso de habitats por morcegos numa paisagem modificada por mineração de bauxita na Amazônia oriental. Devido a maior complexidade estrutural e disponibilidade de recursos, remanescentes florestais devem receber mais espécies e com maior frequência que as áreas em restauração. Estabelecemos 18 pontos de amostragem e capturamos morcegos em redes de neblina. A estrutura da paisagem foi avaliada em buffers de 500 m de raio, e a estrutura da vegetação arbórea em parcelas de 1000m2. Para caracterizar os ambientes e comparar o uso da floresta vs áreas em restauração, utilizamos modelos lineares generalizados mistos (GLMMS), com atributos da estrutura da paisagem e da vegetação arbórea como variáveis explicativas, e riqueza de espécies e frequência de captura de morcegos como variáveis respostas. A riqueza de espécies e a composição da assembleia foram comparadas entre os ambientes com curvas de rarefação e análise de ordenação. Foram capturados 943 morcegos pertencentes espécies. Os GLMM mostraram diferença entre as áreas na riqueza de espécies. Os locais que apresentam maior presença de floresta e vegetação mais desenvolvida são mais ricos em espécies. A curva de rarefação não evidenciou diferença na riqueza de espécies de morcegos entre os ambientes. Entretanto, a ordenação revelou diferença na composição das assembleias.

  • RAFAEL LEANDRO CORREA GOMES
  • Estudos sobre longevidade e atividade de forrageio em abelhas nativas sem ferrão amazônicas.

  • Data: 30/06/2021
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  • A longevidade é uma importante característica das operárias que pode refletir o sucesso das colônias na busca por recursos ao longo do tempo. Utilizamos o monitoramento por radio frequência com uso de chips rfid para registrar a entrada e saída de abelhas identificadas desde a emergência dos discos de cria com o objetivo de: verificar a longevidade, idade de início de forrageio, número de voos e tempo total de forrageio que operárias em três colônias da abelha sem ferrão Melipona flavolineata realizaram durante toda sua vida. A longevidade máxima registrada foi de 90 dias enquanto a mínima foi de 14 dias. A idade de início de forrageio registrada variou de 14 a 53 dias. O maior número de voos realizado por uma operária que se tornou forrageira ao longo de sua vida foi 144 vezes em atividade externa que demandou aproximadamente 124 horas de voo. O menor tempo de voo registrado foi de 0,59 horas (dois voos ao longo da vida). O modelo que melhor explicou a longevidade das forrageiras foi representado pela relação positiva com a idade de início de forrageio e número de voos. O maior número de voos foi associado a maiores valores de longevidade, provavelmente devido ao sucesso das abelhas em retornar ao ninho após atividade externa em fontes de recurso seguras e próximas do ninho. O tempo total de forrageio pode ser considerado um melhor proxy da intensidade de atividade externa do que o número total de voos. Mostramos que a longevidade de abelhas é regulada principalmente pela idade de início de forrageio e, o número de voos e tempo de voo, medidas de esforço de forrageio podem refletir também o sucesso da colônia no ambiente. Sugerimoms mais estudos utilizando o tempo de forrageio e número de voos de forma individual como medidas de sucesso das colônias em diferentes tipos de ambiente e sua relação com a longevidade das abelhas.

  • CAMILA FERREIRA LEAO
  • As Mudanças climáticas e os impactos sobre a ocorrência e conservação de carnívoros na Amazônia.

  • Data: 30/03/2021
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  • As mudanças climáticas afetam a biodiversidade de diversas formas, entre elas a distribuição das espécies. Os carnívoros da Amazônia são particularmente vulneráveis, pois possuem requerimentos muito específicos para sua sobrevivência, além disso na Amazônia a velocidade das mudanças é superior à de dispersão das espécies. Analisamos 16 espécies de carnívoros da Amazônia e através de modelos de distribuição de espécies foi possível verificar os efeitos das mudanças climáticas nesses animais até o ano de 2070. Além disso, avaliamos a representatividade das Áreas de Proteção (APs) da Amazônia para essas espécies. Encontramos que a maioria das espécies terá redução em sua distribuição potencial independente de sua capacidade de dispersão, e devido a isso principalmente, as APs perderão representatividade para o grupo. Nosso estudo demonstra a relevância de medidas urgentes para a conservação dos carnívoros na Amazônia, um grupo importante para o funcionamento da comunidade.

  • LUCAS FERREIRA COLARES
  • O papel da raridade e da sensibilidade à perda de habitat nos padrões de extinção funcional de peixes em riachos Amazônicos.

  • Data: 27/02/2021
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  • A perda de habitat é uma das principais ameaças à biodiversidade no Antropoceno, frequentemente culminando na extinção de espécies e mudanças no funcionamento do ecossistema. Quando uma espécie é extinta, o papel que ela desempenhava na manutenção do ecossistema e da comunidade também é extinto, se nenhuma outra espécie desempenhar o mesmo papel. O risco de extinção depende da abundância, distribuição geográfica e sensibilidade ambiental das espécies, e dessa forma, espécies raras em relação a estes três aspectos estão em maior risco de extinção. Além disso, o risco de perda funcional também depende da raridade funcional das espécies, no qual traços funcionais distintos fornecidos por poucas espécies devem estar mais vulneráveis à extinção do que traços suportados por muitas espécies. Para investigar o papel da raridade e da perda de habitat nos padrões de extinção funcional de peixes em riachos Amazônicos, nós desenvolvemos dois estudos, os quais os principais objetivos foram (1) investigar o papel da raridade das espécies na perda de traços funcionais e na raridade funcional das comunidades; e (2) investigar o papel da perda de habitat na perda de traços funcionais e na raridade funcional da comunidade. Para o primeiro estudo, amostramos a comunidade de peixes de 40 riachos pristinos na bacia do rio Capim, Amazônia oriental. Já pro segundo estudo, nós expandimos nossa amostragem para 63 riachos, na mesma bacia, que diferiam em relação ao uso e ocupação da terra, incluindo os 40 riachos pristinos do primeiro estudo. Para os dois estudos, nós atribuímos um traço funcional baseado na proporção de dieta de cada espécie, divido em sete categorias funcionais. Para o primeiro estudo, calculamos a raridade das espécies baseada na abundância local e ocorrência regional das espécies. Desenvolvemos cenários de extinção onde as espécies foram extintas das mais raras para as mais comuns (e vice-versa) e comparamos com cenários aleatórios de extinção. Para o segundo estudo, nós calculamos a integridade de habitat baseada em sete variáveis ambientais mensuradas nos riachos e determinamos a sensibilidade ambiental das espécies através de uma análise de limiares de táxons indicadores (Threshold Indicator Taxa Analysis; TITAN). Determinamos a sensibilidade ambiental das espécies como o mínimo de integridade necessária para que a espécie sobreviva, como retornado pelo TITAN. Posteriormente, nós construímos um modelo aditivo que considerou a raridade das espécies (como abundância e ocorrência) somado à sua sensibilidade ambiental. Dessa forma, nós consideramos espécies raras que só sobrevivem em habitats íntegros como sensíveis, e espécies comuns que conseguem sobreviver em baixa integridade de habitat como tolerantes. Finalmente, desenvolvemos cenários de extinção onde as espécies de peixes foram extintas das mais sensíveis para as mais tolerantes (e vice-versa) e comparamos com cenários aleatórios de extinção. No primeiro estudo, as espécies raras são as mais distintas funcionalmente nas duas escalas. Já no segundo estudo, espécies sensíveis são as mais distintas funcionalmente em escala local, mas em escala regional as espécies tolerantes são mais únicas funcionalmente. Independente da escala, quando espécies raras ou sensíveis são extintas primeiro, o ecossistema sofre uma perda funcional brusca após um limiar de até 15% de espécies extintas, em contraste com espécies comuns e tolerantes, que suportaram a extinção de >80% de espécies até a perda da primeira função. Se espécies raras e sensíveis forem realmente as primeiras a serem extintas após a perda de habitat, então podemos esperar que o ecossistema de riacho amazônico colapse graças à extinção de peixes detritívoros, piscívoros, algívoros e hematófagos, as categorias funcionais com maior risco de extinção nos dois estudos.

  • JORGE FELIPE ABREU COSENZA
  • Efeitos de atividades de subsistência de ribeirinhos sobre a heterogeneidade
    ambiental e a diversidade de insetos aquáticos em diferentes níveis espaciais de
    riachos amazônicos

  • Data: 27/02/2021
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  • Os efeitos deletérios de atividades de larga escala de impacto, como a agricultura, a pecuária
    intensiva, a construção de barragens e a mineração sobre a biodiversidade amazônica têm sido
    constantemente estudados. Por outro lado, os efeitos de atividades de menor escala de impacto são
    negligenciados. Um exemplo são as atividades praticadas por populações tradicionais, como as
    populações ribeirinhas, que vivem há gerações às margens de rios e riachos da bacia amazônica.
    Ainda são poucos os trabalhos que avaliam os efeitos de atividades antrópicas consideradas de menor
    impacto sobre os padrões de diversidade de insetos aquáticos em diferentes escalas espaciais
    utilizando abordagens taxonômicas e funcionais concomitantemente. Assim, avaliamos como
    atividades de subsistência praticadas por ribeirinhos afetam a diversidade alfa e beta taxonômica e
    funcional de insetos aquáticos das ordens Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera - (EPT), em
    diferentes níveis espaciais (entre unidades amostrais de dentro dos riachos e entre riachos). Testamos
    as hipóteses de que (H1) os riachos alterados tem menor heterogeneidade ambiental entre si e
    composição das características ambientais distinta dos riachos controle; (H2) os riachos alterados tem
    menor diversidade alfa taxonômica e funcional do que os riachos controle; (H3) a diversidade beta
    taxonômica e funcional entre unidades amostrais e entre riachos alterados é menor do que entre
    unidades amostrais e riachos controle; (H4) a diversidade beta observada entre unidades amostrais e
    entre riachos alterados é gerada primariamente por diferença de riqueza, enquanto que entre unidades
    amostrais e riachos controle predomina a substituição de espécies/grupos funcionais. Concluímos que
    a perturbação causada pelas atividades de subsistência dos ribeirinhos, especialmente a navegação,
    alterou as características dos habitats e, em certos aspectos, as assembleias de EPT dos riachos da
    região de Caxiuanã. Os padrões de diversidade beta não se alteraram, mas houve perda e aumento de
    abundância de alguns gêneros em decorrência das alterações. Assim, a manutenção da diversidade
    beta não é necessariamente um sinal de alta diversidade e integridade ecológica, pois o aumento da
    variação da composição dessas assembleias pode ser resultado da perda de espécies sensíveis e
    aumento de espécies mais generalistas. A abordagem funcional respondeu de maneira semelhante à
    taxonômica em todos os ambientes e níveis espaciais, o que sugere que esse efeito é depende do grupo
    biológico analisado e do tipo e intensidade de alteração no ambiente. As atividades praticadas pelos
    ribeirinhos alteraram a comunidade local de insetos aquáticos de maneira menos impactante em
    comparação a outras atividades comumente praticadas na Amazônia, como a extração de madeira,
    agricultura, plantação de palma, pastagem e mineração. Para diminuir uma possível perda de espécies
    nos riachos da região, faz-se necessário manter as condições naturais dos habitats, como uma alta
    densidade de cobertura vegetal nas margens, uma grande quantidade de bancos de folhas no leito e
    uma alta frequência de fluxos lentos.

  • JOSINEY FARIAS DE ARAUJO
  • Ecologia funcional e filogenética da vegetação das Cangas de Carajás: Fisionomias, quantidade de habitat e heterogeneidade

  • Data: 26/02/2021
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  • Os estudos em ecologia de comunidades podem proporcionar uma melhor compreensão a respeito dos fatores evolutivos e ecológicos que estão associados a formação de comunidades. A utilização de análises como a estrutura e diversidade filogenética contribuem diretamente para entender os processos de montagem em comunidades a partir dos padrões observados em ocorrências das espécies. Quando os caracteres são conservados em linhagens evolutivas, as análises filogenéticas representam ferramentas poderosas na revelação do agrupamento e superdispersão filogenética na estruturação de comunidades. Enquanto a utilização da estrutura e diversidade funcional oferecem um melhor entendimento em relação às respostas evolutivas das espécies no ambiente. Assim, o objetivo do estudo foi avaliar a estrutura filogenética e funcional das Cangas Ferruginosas na Serra de Carajás, no estado do Pará, visando compreender os processos que organizam esses ecossistemas. As Cangas são ecossistemas que apresentam um conjunto de características ambientais adversas ao desenvolvimento de plantas, mas demostram uma elevada biodiversidade que está submetida a ameaças (e.g. atividade de mineração, pouca extensão espacial, dentre outros), enquadrando-se em áreas prioritárias de conservação. Esses ecossistemas são marcados por pequenas variações ambientais que criam mosaicos de diferentes fisionomias como o Campo Herbáceo com condições ambientais mais severas, tais como solos mais rasos com inundações periódicas e Capão Florestal com condições mais favoráveis, como solos mais profundos. Foram amostradas 48 parcelas com dimensões de 20×10 m em quatro fisionomias: Campo Herbáceo, Campo Arbustivo, Campo Arbustivo dominado por Vellozia e Capão Florestal. Na análise da estrutura e diversidade filogenética foi utilizado o software Phylocom-4.2 para calcular o índice de parentesco líquido (NRI), índice de táxon mais próximo (NTI) e diversidade filogenética (PD) utilizando o modelo nulo sem constrição que mantém a riqueza de cada parcela. Para a estrutura e diversidade funcional foram escolhidas 8 características, sendo elas, a forma de vida, forma de crescimento, área foliar específica, nitrogênio e fósforo foliar, δN15 e δC13 foliar. Para tal, foram produzidas matrizes de características e as análises de diversidade funcional como a riqueza funcional (FRic), dispersão funcional (FDis), regularidade funcional (FEve) e divergência funcional (FDiv) foram realizadas no software R versão 3.6. Enquanto a estrutura funcional foi realizada no software Phylocom-4.2. Em relação a filogenia, os resultados diferiram entre as fisionomias, determinando agrupamentos filogenéticos ao Campo Herbáceo, Campo Arbustivo e Capão Florestal, enquanto o Campo Arbustivo de Vellozia possui uma superdispersão filogenética. Na parte funcional, o Capão Florestal apresentou o maior agrupamento, diferindo das demais fisionomias. O Campo Herbáceo apresentou agrupamento maior quando comparado às fisionomias de Campo Arbustivo e Campo Arbustivo dominado por Vellozia. Assim, neste estudo foram encontradas diferenças significativas entre as fisionomias de Cangas em relação à estrutura filogenética, estrutura funcional, diversidade filogenética e diversidade funcional. Portanto, torna-se indispensável que todo o gradiente ambiental seja preservado para que diferentes processos ecológicos que atuam na formação da comunidade sejam conservados.

  • KAROLINE CHAVES DA SILVA
  • Efeito acumulado de seca e fogo na rebrota e desenvolvimento de espécies vegetais dos campos rupestres.

  • Data: 26/02/2021
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  • As espécies vegetais de áreas montanhosas estão entre as mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas. Com a mudança nos padrões de distribuição de chuvas e nos regimes de incêndios naturais, o alto endemismo destes ecossistemas pode estar ameaçado. Neste estudo, avaliamos a diversidade de respostas ecofisiológicas de seis espécies de plantas de campos rupestres, sendo quatro arbustivas (Campomanesia pubescens, Eremanthus seidelii, Mimosa claussenii e Lessingianthus warmingianus) e duas rosetas (Vellozia intermedia e Vellozia nivea) que foram submetidas à uma seca experimental seguido de fogo. Testamos as seguintes hipóteses: 1- o efeito acumulado do estresse hídrico e fogo causa reduções na biomassa de indivíduos submetidos à seca experimental; 2- plantas sob estresse hídrico reduzem suas reservas de amido e aumentam a concentração de açucares solúveis, apresentando uma rebrota mais lenta; 3- o efeito acumulado de seca e fogo produz um “efeito memória” nas plantas do campo rupestre, mantendo suas taxas de trocas gasosas semelhantes ao longo desses distúrbios. Para simular o evento de seca extrema, realizamos um experimento de exclusão de chuva, constituído por 12 parcelas (4x4 metros), sendo quatro controle e oito de exclusão, durante dezoito meses, em uma área de campo rupestre no Parque Nacional da Serra da Canastra, Minas Gerais, Brasil. Avaliamos o desempenho ecofisiológico das plantas submetidas a condições climáticas contrastantes mediante um conjunto de atributos morfofisiológicos, incluindo: biomassa aérea, carboidratos (carboidratos não-estruturais, açúcares solúveis e amido) e trocas gasosas (condutância estomática, taxa fotossintética e eficiência intrínseca do uso da água). As espécies apresentaram diferentes respostas em relação à seca e rebrota após ao fogo para todas as variáveis analisadas. Mostramos que o efeito acumulado do estresse hídrico seguido de fogo causou reduções na biomassa aérea apenas nos indivíduos de Vellozia nivea submetidos à seca. Também observamos que apenas Eremanthus seidellii diferiu significativamente na concentração de açúcares solúveis encontrado nas raízes dos indivíduos que estavam submetidos à seca. Além disso, mostramos que Campomanesia pubescens, Lessingianthus warmingianus e Mimosa claussenii apresentaram taxas de trocas gasosas (condutância estomática, eficiência intrínseca do uso da água e taxa fotossintética, respectivamente) com características de um efeito memória, demonstrando taxas semelhantes antes e após a ocorrência do fogo, para os indivíduos em condição de seca. Nossos resultados trazem importantes contribuições para entender o funcionamento de ecossistemas sazonais limitados por água e propensos ao fogo, destacando a diversidade de estratégias ecológicas que conferem resiliência ao efeito cumulativo desses distúrbios. Portanto, consideramos que as mudanças climáticas podem influenciar na distribuição e no volume de chuvas ao longo do ano, provocando a intensificação de secas extremas e incêndios naturais nas regiões tropicais.

2020
Descrição
  • CARLINDA RAÍLLY FERREIRA MEDEIROS
  • Padrões de distribuição de macroinvertebrados bentônicos em estuários tropicais: perspectiva para o entendimento taxonômico e funcional de comunidades

  • Data: 30/11/2020
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  • A compreensão dos padrões de diversidade em escalas espaciais e temporais, e dos processos que direcionam a composição e diversidade funcional das comunidades biológicas, proporciona um melhor entendimento sobre a dinâmica dos ecossistemas. Nesse contexto, os ecossistemas estuarinos são modelos ideais para o estudo de padrões biodiversidade, devido à sua condição de interface entre ecossistemas continentais e marinhos, o que possibilita o estudo da diversidade ao longo de gradientes ambientais. Assim, o objetivo geral desta tese foi explorar os padrões de distribuição taxonômica e funcional das comunidades de macroinvertebrados bentônicos de estuários tropicais. O estudo foi realizado em seis estuários, sendo três localizados em uma região tropical típica (Paraíba do Norte, Mamanguape e Passos) e três localizados em uma região semiárida (Tubarão, Galinhos e Casqueira). Em cada estuário, foram amostrados doze pontos distribuídos em quatro zonas estuarinas (ZI, ZII, ZIII e ZIV). Em cada ponto foram coletadas três sub-amostras. A amostragem foi realizada em um período de seca e um de chuva. Esta tese é composta por três seções. Na primeira seção, nosso objetivo foi avaliar o particionamento aditivo da diversidade taxonômica dos estuários tropicais típicos e semiáridos nos componentes α, β e γ. Além disso, a diversidade beta foi dissociada em seus componentes de substituição e diferença de riqueza/abundância utilizando dados de presença e ausência (índice de Jaccard) e abundância relativa (índice de Ružicka). Os resultados deste trabalho demostraram maiores proporções de diversidade β nas maiores escalas espaciais (entre estuários e entre zonas estuarinas). Nos estuários semiáridos, os componentes de diferença de riqueza e substituição de espécies mostraram maior importância relativa nos períodos de chuva e seca, respectivamente. Quando considerados dados de abundância, no geral o componente de diferença de abundância mostrou maior importância relativa em ambos os conjuntos de estuários e períodos sazonais. Não foi observado um padrão claro nos estuários tropicais típicos. Na segunda sessão, nós comparamos o particionamento da diversidade α, β e γ funcional e taxonômico das comunidades de moluscos e poliquetas entre os estuários tropicais típicos e semiáridos. A diversidade beta contribuiu mais para a diversidade gama taxonômica e a diversidade alfa contribuiu mais para a diversidade gama funcional, em ambos os tipos de estuários. Na terceira sessão, avaliamos o aninhamento funcional (traitNODF) da comunidade de poliquetas em função do gradiente de salinidade. Foram considerados apenas os estuários Paraíba do Norte e Mamanguape, e analisados padrões sazonais. Os resultados demonstram uma tendência ao aninhamento funcional da comunidade de poliquetas em relação ao gradiente de salinidade. Os resultados obtidos na presente tese são discutidos considerando aspectos teóricos e aplicados, e podem auxiliar na elaboração de planos de manejo e gestão de estuários tropicais, promovendo a conservação da biodiversidade e de seus serviços ecossistêmicos.

  • FABIELLE MUCIO BANDO
  • O potencial invasor de Urochloa arrecta (Poaceae): o papel dos distúrbios sobre o estabelecimento e o impacto sobre assembleias de macrófitas aquáticas nativas

  • Data: 30/11/2020
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  • Mudanças ambientais alteram a diversidade de espécies porque estas podem não ser capazes de sobreviver sob as novas condições ambientais. O problema é que ações antrópicas têm causado mudanças abruptas na paisagem e levado diversas espécies a extinção em um curto espaço de tempo. Entre as principais ações humanas que afetam a biodiversidade está a introdução de espécies não nativas, principalmente devido a intensificação do comércio, transporte e turismo nas últimas décadas. O estabelecimento de espécies invasoras ameaça a diversidade de espécies nativas especialmente porque aumentam a competição com as espécies, e tendem a extinguir espécies nativas de distribuição restrita. Em ambientes aquáticos, distúrbios como enriquecimento de nutrientes e redução de cobertura vegetal podem aumentar a susceptibilidade do ambiente a invasão e aumentar a chance de estabelecimento de espécies de macrófitas invasoras. Após invadir uma nova área e se estabelecer, a presença de espécies invasoras pode resultar no aumento da similaridade entre assembleias nativas no espaço e no tempo. No Brasil, a espécie de macrófita exótica invasora, Urochloa arrecta (Hack. ex T. Durand & Schinz) Morrone & Zuloaga, espécie nativa da África, é encontrada em zonas litorâneas de ambientes de água doce e ocorre em alta frequência e biomassa em diversos tipos de ambientes aquáticos. Essa tese tem como objetivo testar o efeito de distúrbios sobre o estabelecimento de U. arrecta e o impacto da presença dessa espécie sobre as assembleias de macrófitas nativas. Para isso foi realizado dois trabalhos, no primeiro investigou-se o resultado da interação entre enriquecimento de nutrientes e redução de cobertura vegetal de macrófitas aquáticas sobre o desenvolvimento de U. arrecta (i) em um ambiente com nativas estabelecidas e, (ii) a chegada concomitante de propágulos de U. arrecta e de espécies nativas. No segundo, avaliamos se a presença de U. arrecta aumenta a similaridade entre as assembleias de macrófitas nativas, causando homogeneização biótica taxonômica e de grupos funcionais dessas assembleias, no espaço e no tempo. Os resultados obtidos mostraram que distúrbios severos combinados potencializam as chances de sucesso de estabelecimento em ambientes em que U. arrecta cresceu conjuntamente com as espécies nativas. Além disso, os resultados evidenciaram que a presença de U. arrecta nas assembleias de macrófitas está relacionada a homogeneização biótica tanto espacial quanto temporal de toda a assembleia de macrófitas nativas. Os estudos, tanto do papel dos distúrbios nas invasões biológicas quanto do impacto causado por espécies invasoras são de extrema importância no atual cenário de alterações ambientais mediadas por ações humanas, pois são base para o aprimoramento de medidas de manejo eficientes para a conservação da biodiversidade nativa.

  • YANNE ALVES MENDES
  • ECOLOGIA REPRODUTIVA DE DOIS CICLÍDEOS AMAZÔNICOS EM PERÍODOS PRÉ E PÓS BARRAMENTO

  • Data: 30/09/2020
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  • A instalação de barragens hidrelétricas provoca alterações físicas nos rios, criando ambientes a montante e jusante, e gera consequências na história de vida das espécies, em especial na reprodução de peixes. Nesse contexto, o objetivo desta tese foi analisar a biologia reprodutiva de espécies sedentárias Geophagus argyrostictus, endêmica e Geophagus altifrons, maior abrangência, no trecho
    médio do rio Xingu, em períodos pré (2012-2013) e pós barramento (2018-2019) de acordo com a vazão do rio nas estações de seca e cheia. Assim, esta tese foi organizada em dois capítulos. O primeiro objetivou investigar o efeito da vazão do rio, em períodos pré e pós barramento, sobre a biologia reprodutiva de populações de G. argyrostictus e G. altifrons através dos traços da história de vida das espécies. Os dados revelaram a oscilação da vazão do rio entre os períodos e trechos de estudo, menor em ambos os trechos pós barramento, principalmente à jusante. Em consequência,
    houve interferência negativa nos diferentes traços de história e vida das espécies, como: massa e comprimento das espécies, fator de condição, índice gonadossomatico, frequência de indivíduos imaturos e comprimento da primeira maturidade sexual das espécies, principalmente em G.
    argyrostictus no período pós barramento. O segundo capítulo objetivou descrever a oogênese de G.
    argyrostictus e G. altifrons em períodos pré e pós barramento através da microscopia de luz, eletrônica de varredura e imunoperoxidase para PCNA e vitelogenina. Foi observado que G.
    argyrostictus apresentou oócitos com maiores diâmetros e complexo envoltório folicular mais espessa quando comparado ao G. altifrons. Porém, os oócitos de ambas as espécies foram menores
    no período pós-barramento. Mediante aos resultados observados, os nossos estudos indicam que há um intenso e negativo efeito sobre a reprodução das espécies desde o nível populacional até celular, podendo resultar em processos de extirpação. Assim, ressaltamos fortemente a importância de entender os riscos e desenvolver estratégias para o monitoramento contínuo, sobretudo de espécies
    endêmicas, e desenvolver estratégias para manejo dos peixes em rios com barragem.

  • MILTON JOSE DE PAULA
  • Respostas de vertebrados terrestres de médio e grande porte a pressões antrópicas em três Áreas Protegidas na Amazônia Oriental

  • Data: 31/08/2020
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  • Vertebrados terrestres de médio e grande porte fornecem importantes serviços ambientais em florestas tropicais, contribuindo de forma significativa para a manutenção destes ambientes, sendo consideradas como espécies-chaves. A importante rede de funções ecossistêmicas pode ser comprometida através da defaunação dessas espécies, provocando impactos significativos nas estruturas tróficas do ecossistema. A atividade de caça em florestas tropicais representa uma das mais difundidas ameaças a essas espécies. Entretanto, a caça é uma importante fonte primária de subsistência para as populações humanas nestas regiões, que de maneira geral, são de baixa renda e com pouco acesso aos mercados de carne de animais domésticos. Nesse contexto, a carne de caça pode representar um recurso insubstituível para essas populações. A Amazônia possui a maior diversidade de espécies de vertebrados terrestres do mundo, e retém 52% das florestas tropicais remanescentes, e a Amazônia brasileira responde pela maior área contínua de habitat para essas espécies. Na Amazônia brasileira é estimado que ~23.5 milhões de animais são caçados anualmente pela população rural. Parte dessa população vive em Áreas Protegidas (AP) Federais de uso sustentável, que tem como objetivo conservar a biodiversidade com uso sustentável de seus recursos naturais tradicionalmente utilizados. Mesmo que a atividade de caça represente uma fonte importante e contínua de carne para essa população, seu direito à caça de subsistência é incerto no Brasil, o que frequentemente marginaliza caçadores e suas famílias, e impede o estabelecimento de estratégias e programas de manejo da caça. Aliado a isso, discussões têm sido feitas sobre a capacidade dessa atividade em provocar defaunações nessas AP. Neste contexto, o presente trabalho é composto por três sessões. Na primeira sessão, eu avaliei o potencial de manejo e conservação das espécies de vertebrados de médio e grande porte caçadas pela população tradicional (ribeirinhos) nas Reservas Extrativistas (RE) Rio Iriri e Riozinho do Anfrísio. Os resultados indicaram que a caça praticada não apresentou ameaça às populações das espécies utilizadas, e que essas duas RE apresentam grande potencial para o manejo. Na segunda sessão, eu avaliei a resposta das espécies de mamíferos e aves terrestres de médio e grande porte às ações antrópicas de ribeirinhos na RE Rio Iriri e na Estação Ecológica da (EE) Terra do Meio. Os resultados demostram que as áreas sobre uso dos ribeirinhos retêm todas as espécies analisadas, e indicaram que as abundâncias relativas das espécies não responderam ao nível de pressão antrópica, mesmo para Tayassu pecari, a espécie mais abatida. Na terceira sessão, foram explorados os dados de um estudo com armadilhas fotográficas na EE Terra do Meio. Os resultados mostram que Dayprocta leporina foi a espécie com o maior número de registros, e que não houve tendência de declínio estatisticamente significativa na ocupação de 25 espécies de mamíferos e aves de médio e grande porte analisadas. Extensa área de floresta bem preservada sobre o mosaico de grandes AP e o modo de vida tradicional dos ribeirinhos são indicados como fatores determinantes para estes resultados. Os resultados desta dissertação de doutorado reafirmam a importância das grandes AP para a conservação e manejo sustentável de vertebrados de médio e grande porte em toda a Amazônia.

  • ALEXANDRE SAMPAIO DE SIQUEIRA
  • Do shrimps and aquatic insects have the same patterns and drivers of beta
    diversity in eastern Amazon streams? A spatial hierarchical approach

  • Data: 31/03/2020
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  • Os padrões de distribuição espacial dos macroinvertebrados de riachos, em diferentes escalas
    espaciais, estão geralmente relacionados a processos ambientais e espaciais distintos. Ecólogos
    analisaram o papel das distâncias espaciais e modos de dispersão nos padrões de diversidade beta. O
    presente estudo propôs avaliar os padrões de diversidade beta de metacomunidades aquáticas em duas
    escalas espaciais em riachos na Amazônia Oriental, bem como testar se fatores ambientais e espaciais
    afetaram esses padrões nas assembleias de camarão (Crustacea: Decapoda) e insetos aquáticos
    (ordens Ephemeroptera e Trichoptera - ET). Foram amostrados quinze riachos distribuídos em uma
    bacia amazônica, considerando dois níveis hierárquicos: unidades amostrais (tomadas em segmentos
    de 5m dentro dos riachos) e riachos (150m de comprimento). Particionamos aditivamente a
    diversidade gama para testar a importância relativa de cada nível espacial para a diversidade regional.
    A diversidade beta total (βtotal), em cada nível espacial, foi medida com o índice de Ruzicka e
    decomposta nos componentes de substituição da abundância (βbal) e diferença de abundância (grad),
    para testar quais processos (aninhamento ou substituição) foram predominantes. Para testar se houve
    efeito de distâncias espaciais e variáveis ambientais nas matrizes de diversidade (βtotal, βbal e grad),
    utilizamos regressão múltipla de matrizes de distância (MRM), usando distâncias espaciais e matrizes
    ambientais como preditores. No total, foram coletados 2432 macroinvertebrados, 1387 insetos
    aquáticos (ET) e 1045 decápodes. Nos dois grupos, a diversidade alfa (riqueza média nas unidades
    amostrais) foi menor que o esperado por acaso (propexp > obs > 0,999). A diferença entre as unidades
    amostrais foi semelhante entre os grupos, mas não foi diferente do acaso (p = 0,124 nos decápodes,
    p> 0,9999 no ET). A diferença entre os locais dos riachos apresentou uma maior contribuição para a
    diversidade gama (45,7% em decápodes, 60,5% em ET), significativamente maior do que o esperado
    aleatoriamente (p = 0,003 e p < 0,001, respectivamente). A decomposição da diversidade beta foi
    semelhante nos dois grupos e entre os dois níveis espaciais, com maior contribuição do βgrad,
    revelando um padrão aninhado. Os modelos de MRM mostraram que para ET apenas a
    dissimilaridade do ambiente era importante para explicar a variação na diversidade beta, enquanto
    para camarões as distâncias ambientais e espaciais eram significativas. Concluímos que diferentes
    processos e variáveis ambientais são importantes para explicar a distribuição de ET e camarão, o que
    provavelmente está relacionado aos diferentes modos de dispersão e exigências ambientais dos
    grupos. Portanto, neste estudo avançamos na compreensão dos padrões e fatores da diversidade beta
    de diferentes grupos de macroinvertebrados e os fatores que afetam sua variação em pequenas escalas,
    o que tem implicações importantes para fins teóricos e aplicados.

  • MARIA JOSÉ PINHEIRO ANACLÉTO
  • Influência da heterogeneidade ambiental em padrões de diversidade alfa e beta de insetos aquáticos em riachos amazônicos.

  • Data: 31/03/2020
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  • A heterogeneidade ambiental é um dos principais fatores responsáveis pela estruturação
    das assembleias biológicas em diferentes escalas espaciais. O objetivo geral dessa tese é
    compreender como a heterogeneidade ambiental influencia na distribuição da
    diversidade de insetos aquáticos em riachos amazônicos, tanto em seus componentes
    locais (diversidade alfa), quanto na diferença de composição entre locais (diversidade
    beta). Nesse intuito, essa tese foi estruturada em duas sessões: Na primeira sessão,
    tivemos como objetivo avançar no entendimento da relação entre heterogeneidade
    ambiental e a diversidade beta de insetos aquáticos em diferentes escalas espaciais
    (dentro dos riachos e entre riachos), utilizando diferentes medidas de dissimilaridade
    biológica e modos de selecionar variáveis ambientais. Na segunda sessão, o nosso
    objetivo foi avaliar a congruência entre o estágio larval (aquático) e adultos (aéreo) de
    Trichoptera em termos de estrutura e composição das assembleias, e identificar os
    principais descritores ambientais que estão relacionados à estruturação das assembleias
    na escala local (diversidade alfa) em cada estágio de vida desses organismos. Os
    resultados obtidos nas duas sessões denotam, em primeiro lugar, a importância das
    características ambientais na estruturação de assembleias aquáticas, tanto em seu
    componente local (alfa), quanto em relação à dissimilaridade entre locais (diversidade
    beta). Em segundo lugar, nossos resultados enfatizam o impacto de decisões
    metodológicas e estatísticas na descrição desses padrões (p.ex., escolha da escala
    espacial de análise, escolha da medida de dissimilaridade biológica, escolha das
    métricas ambientais, e também o estágio de vida sendo considerado). Desvendar o papel
    da heterogeneidade ambiental em gerar e manter diversidade em diferentes escalas
    espaciais é essencial no atual cenário de alteração e homogeneização da paisagem
    promovida por atividades antrópicas.

  • FERNANDO ELIAS DA SILVA
  • RECUPERAÇÃO DO CARBONO, DIVERSIDADE E ATRIBUTOS FUNCIONAIS DA VEGETAÇÃO LENHOSA EM FLORESTAS SECUNDÁRIAS NA AMAZÔNIA ORIENTAL

  • Data: 24/03/2020
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  • A conversão de florestas tropicais para outros tipos de uso da terra reduziu substancialmente a quantidade de florestas primárias nas últimas décadas, enquanto o contrário foi observado para florestas secundárias - áreas em regeneração após o desflorestamento. A recuperação de florestas secundárias é complexa e dependente de preditores variados entre as regiões, tais como o clima, solos, fragmentação e cobertura florestal remanescente. O objetivo geral dessa tese foi avaliar a recuperação dos estoques de carbono, diversidade arbórea e atributos funcionais da vegetação lenhosa de florestas secundárias de diferentes regiões na Amazônia Oriental, bem como suas relações com preditores ambientais locais (clima, solos e idade de abandono). No primeiro capítulo, avalio o estoque e as taxas de recuperação do carbono e da diversidade de árvores (riqueza de espécies rarefeita) em florestas secundárias antigas na região Bragantina e as comparo com estimativas para a região Neotropical e Amazônia. Além disso, avalio o histórico climático da região Bragantina e os efeitos de secas severas sobre a recuperação do carbono e na diversidade arbórea. A acumulação média de carbono nas florestas secundárias dessa região foi de 1,08 Mg ha-1 ano-1, enquanto a riqueza rarefeita de espécies foi de 0,21 espécies ano-1. O balanço de carbono e as taxas de crescimento foram menores em períodos mais secos, o que evidencia a vulnerabilidade dessas áreas ao estresse hídrico. Apenas 41,1% do carbono e 56% da diversidade de árvores foram recuperados aos níveis de florestas primárias, com as estimativas indicando um período de 150 anos para a recuperação completa. As taxas de acumulação do carbono das florestas secundárias da região Bragantina foram mais baixas do que as estimadas para a região Neotropical e para a Amazônia, o que reflete o elevado grau de degradação do solo e fragmentação da paisagem. Estes resultados sugerem que é improvável que as florestas secundárias dessa região retornem aos seus níveis originais em escalas de tempo politicamente significativas. No segundo capítulo, avalio a recuperação e as mudanças temporais de atributos funcionais, especificamente da área foliar específica (SLA), densidade da madeira, tamanho da semente e dispersão endozoocórica da vegetação lenhosa e suas relações com preditores ambientais ligados ao clima, solos e idade de abandono de florestas secundárias de diferentes regiões da Amazônia Oriental (região Bragantina, Marabá, Parauapebas e Santarém). As mudanças e a recuperação dos atributos funcionais de árvores em florestas secundárias são variáveis e respondem às variações no clima e solos, o que evidencia o papel da heterogeneidade ambiental durante a recuperação. Nossos resultados sugerem que florestas secundárias em paisagem altamente degradadas podem reduzir sua capacidade de mitigar as mudanças climáticas e de conservar a biodiversidade se forem ultrapassados limiares críticos de desflorestamento e extremos climáticos. Sugerimos que sejam criadas políticas emergenciais para garantir a permanência de florestas secundárias na paisagem, e que ações ativas de recuperação sejam implantadas em regiões críticas para reduzir o tempo de recuperação nessas áreas.

  • RAFAEL COSTA BASTOS
  • Respostas ecológicas de espécies de Odonata (Insecta) a um gradiente de múltiplos usos do solo na Amazônia Oriental

  • Data: 27/02/2020
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  • Vários fatores podem influenciar, juntos ou separadamente, na estruturação das comunidades ao longo do espaço e do tempo, tais como nicho, limite de dispersão e história evolutiva das espécies. Por isso, os fatores ambientais, morfológicos e filogenéticos são enfoques constantes em estudos que abordam ecologia de comunidades. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é avaliar o padrão de resposta de espécies de adultos de Odonata a um gradiente de alteração ambiental na Amazônia, buscando identificar subgrupos de espécies que respondem ao filtro ambiental de forma semelhante. A hipótese do estudo é que os subgrupos de espécies com respostas similares ao gradiente ambiental serão estruturados filogeneticamente e serão morfológicamente mais semelhantes entre si do que com as demais espécies. Foram amostrados Odonata adultos em 98 igarapés distribuídos ao longo da Amazônia, sendo 48 na região de Santarém e Belterra e 50 no município de Paragominas, ambos no estado do Pará, Brasil. Foram utilizados métodos de modelagem de distribuição juntamente com métodos estatísticos para a identificar os subgrupos de espécies com respostas similares, ou seja, as classes latentes. Posteriormente foi analisada a relação entre os padrões de estruturação dessas classes latentes com os fatores morfológicos e filogenéticos das comunidades. Foram amostrados 3.588 indivíduos adultos de Odonata, representando 131 espécies e 49 gêneros. Das espécies amostradas, 34 geraram bons modelos e formaram quatro classes latentes, para cada uma das regiões. Os resultados encontrados demostram que os fatores filogenéticos e morfológicos podem influenciar na estruturação das classes latentes de espécies de Odonata. Contudo, os padrões não foram os mesmos para todas as classes e regiões. Portanto, é provável que a estruturação dessas classes esteja relacionada a processos mais complexos e/ou dinâmicos, não abordados neste estudo, tais como relações intra e/ou interespecífica, adaptação ou até mesmo diferenças no histórico de uso da terra entre as regiões estudadas. Desse modo, estes resultados evidenciam a importância de estudos, mais detalhados, na Amazônia com essa abordagem. Isso pode ajudar na compreensão dos padrões de distribuição/resposta das espécies de Odonata frente às mudanças ambientais ao longo das paisagens em um cenário de múltiplos usos da terra.

  • ANA CAROLINA ENRÍQUEZ ESPINOSA
  • O efeito da heterogeneidade ambiental sobre as mudanças na comunidade de Ephemeroptera em riachos da Amazônia oriental

  • Data: 27/02/2020
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  • A biodiversidade pode ser definida como uma variabilidade entre organismos vivos dos complexos ecológicos dos quais são componentes. O estudo da diversidade beta (variação na composição de espécies entre as comunidades) e funcional (variação das características funcionais das espécies entre as comunidades e funções ecossistêmicas) das comunidades pertentes aos ecossistemas aquáticos pode ajudar a entender como essas comunidades funcionam. Os indivíduos desta ordem são considerados bioindicadores devido a sua sensibilidade às alterações ambientais. Variações na composição das comunidades pode ser causada por diferentes tipos de mudanças ambientais, e uma delas é a mineração. O objetivo do estudo foi avaliar se existe diferenças em vários aspectos da biodiversidadena (diversidade, diversidade beta, diversidade funcional e diversidade beta funcional) da ordem Ephemeroptera entre riachos preservados e alterados por mineração. Para isso, esta dissertação foi dividida em dois capítulos: 1) Beta diversity of Ephemeroptera (Insecta) in Brazilian streams of the eastern Amazon; 2) Redução da heterogeneidade ambiental e turnover funcional de Ephemeroptera (Insecta) em riachos da Amazônia Oriental. Este estudo foi realizado na Flona de Carajás, e as amostragens foram realizadas em três campanhas de coleta durante a estação seca (2015, - 2017). Foram amostrados 24 riachos divididos em dois tratamentos: “preservados” e “alterados”, e registrados no total 2.259 indivíduos (32 gêneros). Os resultados do capítulo 1 demonstraram que os riachos alterados apresentaram maiores valores de Manganês e Ferro na água, o que possivelmente favoreceu táxons adaptados ou tolerantes a habitats de menor qualidade ambiental, sendo os gêneros mais abundantes Miroculis e Farrodes. A diversidade de espécies não diferiu entre os tratamentos, porém a composição de espécies foi distinta entre os dois tratamentos. Dessa forma, os resultados do primeiro capítulo indicaram redução da heterogeneidade ambiental em riachos alterados, e isso afetou a composição dos gêneros. No capítulo 2 observamos um maior aninhamento funcional para riachos alterados e maior turnover funcional em riachos preservados na área de estudo. Um maior aninhamento pode levar a homogenizacao funcional e perda de espécies. Também observamos que o aumento de ferro e turbidez proporcionou aumento de gêneros com brânquia opercular, e que o aumento de manganês total proporcionou diminuição de gêneros da guilda trófica filtrador. Dessa forma, indicamos que as diferenças ambientais entre os riachos alterados e preservados levaram a variação na composição das características funcionais dos organismos, indicando potencial efeito negativo da mineração sob os gêneros de Ephemeroptera na área de estudo.

  • HAILIN CALDERON VACA
  • COEXISTÊNCIA ENTRE ESPÉCIE INVASORA E NATIVA DE PEIXES EM POÇAS DE MARÉ DA ZONA COSTEIRA AMAZÔNICA.

  • Orientador : THAISA SALA MICHELAN
  • Data: 27/02/2020
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  • Estudos sobre padrões de distribuição e coexistência das espécies em comunidades naturais, estão
    ganhando destaque na área de ecologia. Como introdução de espécies invasoras são preocupantes
    na conservação da biodiversidade e veem causando vários efeitos negativos (como a modificação
    na estrutura e composição da comunidade, aumento da competição por recursos e espaço,
    hibridação e transmissão de doenças e interferência nos processos evolutivos) elas podem causar
    prejuízos econômicos e ecológicos. Portanto o objetivo deste estudo foi avaliar se existe a
    coexistência de espécies peixes nativos e invasores que apresentam grande similaridade, tanto
    morfológica quanto no uso de recursos alimentares nas poças de maré da costa norte do Brasil. A
    hipótese desse trabalho é que como a espécie nativa (Bathygobius soporator) e as duas espécies
    invasoras (Butis koilomatodon e Omobranchus punctatus) apresentam características morfológicas
    e hábitos alimentares semelhantes e por isso elas não irão coexistir nas poças de maré, sendo está
    uma estratégia para reduzir a competição entre a nativa e as invasoras. As coletas ocorreram em
    80 poças de marés distribuídas em cinco praias do litoral paraense dentro da Zona Costeira
    Amazônia Brasileira. Os peixes foram capturados com rede de mão, todos os espécimes capturados
    foram fixados em formol 10% e conservados em álcool 70%. Para determinar a coocorrência entre
    as espécies, foram avaliadas possíveis mecanismos que atuam na coexistência da espécie nativa
    com as duas espécies invasoras. Para isso utilizamos uma matriz binária (presença / ausência) para
    estimar a proporção corrigida de ocorrências e testar o grau de associação entre cada espécie
    invasora e espécie nativa, onde utilizou-se os índices de CPOit e do C-score. O resultado do
    trabalho demonstrou um padrão de coocorrência das duas espécies invasoras e espécie nativa nas
    poças, ou seja, elas coocorrem e possivelmente não competem nesse local. Nesse caso, a partilha
    de nicho e os filtros ambientais, são os principais mediadores da coexistência entre as espécies
    nativa e invasoras estudadas, assim assegurando a ocorrências de todas elas nas poças de maré da
    Zona Costeira Amazônica.

  • LIDIA BRASIL SEABRA
  • Efeito de múltiplos usos da terra sobre a diversidade beta funcional de peixes de riachos na Amazônia

  • Data: 27/02/2020
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  • O desmatamento em larga escala resulta em mudanças na paisagem, que também afeta os ecossistemas aquáticos. Essas mudanças estão ligadas a mudanças na estrutura do habitat e ameaçam a estrutura funcional dos organismos. Nosso estudo avalia como diferentes componentes da diversidade beta funcional de peixes de riacho respondem a um gradiente ambiental, avaliando quais são as características funcionais selecionadas ao longo desse gradiente. Coleções biológicas, variáveis ambientais e da paisagem ocorreram nos anos de 2014 e 2015. A estrutura funcional da ictiofauna foi caracterizada por 12 atributos funcionais. A diversidade beta funcional e a substituição de atributos funcionais foram influenciadas por alterações nas condições abióticas e paisagísticas locais causadas por alterações na cobertura florestal, e as características funcionais variaram de acordo com o ambiente. As características associadas à maior cobertura florestal foram relacionadas aos peixes bentônicos, que habitam águas com correntes mais altas, enquanto que em ambientes com menor cobertura, os atributos foram associados aos peixes compactados que preferem habitats com menor velocidade de fluxo. Nossos resultados alertam para a transformação da paisagem em riachos causados pelo uso da terra, portanto, recomendamos a preservação e manutenção de grandes faixas de vegetação ripária de alta qualidade ambiental em projetos de restauração ou conservação de ecossistemas de riachos.

  • DANIELE GOMES RAMOS
  • Distribuição e abundância de primatas em florestas de várzea amazônicas: Efeito de fitofisionomias e do ciclo hidrológico.

  • Data: 31/01/2020
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  • Nas florestas inundáveis de várzea da Amazônia Central, o tempo de inundação, associado a variações no relevo, são fatores limitantes para diversas espécies de árvores, resultando em formações florestais distintas, as fitofisionomias chavascal, várzea baixa e várzea alta. O regime de inundação também pode causar variações espaciais (entre fitofisionomias) e temporais (entre períodos hidrológicos) na riqueza e abundância de primatas nestas florestas. Este estudo visou compreender como a assembleia de primatas responde às variações espaciais e temporais em florestas de várzea da Amazônia Central. Inventariamos os primatas ao longo de nove trilhas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, entre 2008 e 2013 pelo método de transecção linear. Percorremos 414,12 km de trilhas e registramos cinco espécies: guariba-vermelho (Alouatta juara), uacari-branco (Cacajao calvus calvus), sagui-pigmeu (Cebuella pygmaea), macaco- prego (Sapajus macrocephalus) e macaco-de-cheiro-da-cabeça-preta (Saimiri vanzolinii). As maiores densidade e biomassa totais ocorreram na várzea alta, enquanto a menor  densidade ocorreu na várzea baixa e a menor biomassa no chavascal. O macaco-de- cheiro-da-cabeça-preta foi a espécie mais abundante na área de estudo e junto com o  macaco-prego apresentaram as densidades mais homogêneas entre as fitofisionomias. Guariba-vermelho e uacari-branco foram menos abundantes no chavascal, possivelmente por serem animais com dieta mais especializada, e o chavascal possuir menor diversidade florística. Houve também variação de densidade entre os períodos de inundação, indicando migração de indivíduos de áreas mais baixas e afetadas pela inundação para  áreas mais altas e menos afetadas. Todavia, nenhuma espécie apresentou variações significativas de abundância entre os períodos hidrológicos.

  • AMAURI MICHEL JUNGLOS
  • Respostas comportamentais de primatas neotropicais ao odor de onça-pintada (Panthera onca).

  • Orientador : MARIA APARECIDA LOPES
  • Data: 31/01/2020
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  • A percepção da presença de predadores é importante para primatas 12 evitarem locais onde o risco de predação pode ser maior. Avaliamos como 13 primatas neotropicais em cativeiro reagem ao odor de felino. Foram 14 observados 56 indivíduos das espécies Alouatta caraya (n = 18), Aotus 15 infulatus (n = 18) e Saimiri collinsi (n = 20). Cada indivíduo participou em 16 três sessões experimentais de dez minutos, cada vez com um dos 17 estímulos odoríferos apresentado em um palito (sem odor, baunilha, 18 felino). As sessões foram filmadas. As respostas comportamentais foram 19 registradas usando-se o método Animal-Focal e medidas em termos de 20 duração. O comportamento de se afastar do objeto foi maior no 21 tratamento felino nas três espécies. Vocalizar também esteve associado 22 ao odor de felino em S. collinsi. Não observamos diferenças entre os 23 sexos nas respostas ao odor de felino em S. collinsi e A. caraya. Já em A. 24 infulatus, machos ficaram mais ativos e fêmeas mais paradas. Indivíduos 25 de S. collinsi divergiram mais na duração dos comportamentos 26 antipredatórios, quando comparados aos das outras duas espécies. As 27 respostas antipredatórias indicam que mesmo indivíduos nascidos em 28 cativeiro ou resgatados na natureza há um longo tempo, ainda 29 reconhecem o odor de felino como sinal de perigo. Por serem pequenos, 30 diurnos, muito ativos, viverem em grupos numerosos e utilizarem estratos 31 florestais mais baixos, os Saimiri estariam mais expostos a predadores 32 terrestres que os Alouatta e Aotus. Consequentemente, precisam ter 33 comportamentos antipredatórios mais eficientes, incluindo constante 34 estado de alerta e sinalização do risco de predação ao restante do grupo. 35

2019
Descrição
  • TIAGO MAGALHAES DA SILVA FREITAS
  • LACUNAS DE CONHECIMENTO E EVOLUÇÃO DA DIETA DE PEIXES AUCHENIPTERIDEOS (TELEOSTEI: SILURIFORMES)

  • Data: 27/12/2019
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  • A família Auchenipteridae é composta por 125 espécies de bagres distribuídas pela região Neotropical. Esses táxons apresentam uma incrível variabilidade morfológica e de nicho. Nos últimos anos esse grupo de peixes tem despertado grande interesse para pesquisa, como revisões taxonômicas e relações evolutivas, além de estudos autoecológicos (p. ex. aspectos alimentares e reprodutivos). A disponibilidade de informações sobre esses peixes faz da família Auchenipteridae um valioso caso de estudo para investigar diferentes questões ecológicas e evolutivas. Aqui, usamos um abrangente banco de dados taxonômico, distribuição geográfica, dados filogenéticos e de hábitos alimentares das espécies de auchenipterídeos. Realizamos uma série de estatísticas descritivas e analíticas para avaliar: a precisão das identificações taxonômicas desses peixes em repositórios on-line (Seção I), déficit em diferentes áreas do conhecimento (Seção II) e conservação filogenética do nicho trófico (Seção III). Na primeira sessão, evidenciamos um grande nível de imprecisões taxonômicas nos registros de repositórios online. Ressaltamos que tais bancos de dados devem ser utilizados com cautela, pois muitos problemas de imprecisão taxonômica podem estar presentes, o que pode levar os pesquisadores a fornecer uma perspectiva incompleta ou até equivocada das variações no mundo natural. Na segunda seção, nossos resultados mostraram que uma proporção substancial de táxons ainda deve ser descrita; também evidenciamos que os bagres auchenipterídeos permanecem subamostrados ao longo do Neotrópico. Por outro lado, sugere-se uma forte tendência a uma hipótese filogenética robusta dessa família em função do bom acumulo de informações. Já em relação ao atual conhecimento sobre hábitos alimentares dos auchenipterídeos, observamos lacunas notáveis tanto ao nível de gênero quanto de espécies. Por fim, na terceira seção, observamos que a maioria dos hábitos alimentares dos auchenipterídeos é conservada ao longo da filogenia. Porém a reconstrução da dieta do ancestral permaneceu incerta, mas sugerimos que se tratava de um peixe de hábitos onívoros oportunistas. Enfim, destacamos que apesar de inúmeros avanços no conhecimento dos peixes auchenipterídeos, ainda há muito trabalho a ser feito. Reduzir esses déficits exigirá um esforço conjunto de taxonomistas, ecólogos e biogeógrafos. Os resultados obtidos nessa Tese lançaram novas luzes sobre diferentes áreas de conhecimento de peixes auchenipterídeos, uma linhagem relevante entre a fauna de peixes neotropicais.

  • LUIZ HENRIQUE MEDEIROS BORGES
  • O papel de mamíferos de médio e grande porte como modificadores do habitat na Amazônia ocidental

  • Data: 30/10/2019
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  • Mamíferos terrestres de médio e grande porte apresentam ampla diversidade de formas, história de vida, comportamento, fisiologia e ecologia, o que confere a este táxon uma ampla gama de espécies. As diversas espécies de mamíferos são responsáveis por exercer funções importantes em seus ambientes de ocorrência, atuando em serviços como dispersão e predação de sementes, polinização, controle de populações, ciclagem de nutrientes e engenharia do ecossistema. Engenheiros do ecossistema são espécies que pela sua presença e ou atividade alteram o meio biótico e abiótico, modulando e modificando o habitat para outras espécies. A forma como os organismos podem afetar um ao outro são diversas, e ocorre principalmente por meio das interações ecológicas como predação, competição e comensalismo ou facilitação. Os mamíferos podem desempenhar suas funções na engenharia do ecossistema, modificando habitats para outras espécies, como por exemplo o tatu canastra, ou agirem no controle de plântulas alterando o processo de regeneração, influenciando a distribuição e abundância dos indivíduos em diferentes níveis e escalas. Nesse contexto, a presente tese é dividida em duas sessões nas quais avaliamos como médios e grandes mamíferos podem modificar ambientes. Na primeira avaliamos o papel de Priodontes maximus (tatu canastra) como engenheiro do ecossistema em florestas do sudoeste da Amazônia. Nossos resultados mostraram que uma ampla diversidade de vertebrados terrestres é beneficiada pelas tocas de P. maximus. Além disso, identificamos a finalidade com a qual a maioria dos vertebrados utilizam as tocas, mostrando que a interação estabelecida nas tocas é ampla e fortemente conectada, para os mais diversos fins. Na segunda sessão verificamos como mamíferos de médio e grande porte podem interferir no processo de regeneração de clareiras artificiais formadas pela exploração madeireira de baixo impacto no sudoeste da Amazônia. Mensuramos os danos causados em plântulas de clareiras artificiais e ambientes de sub-bosque fechado. Com base nos resultados detectamos que o impacto na mortalidade de plântulas por mamíferos (via pisoteio ou herbivoria) é muito maior em clareiras que em ambientes de sub-bosque fechado, e que a maioria das espécies predadas são aquelas espécies de estágio inicial de sucessão sem valor madeireiro.

  • KAMILA LEÃO LEÃO
  • DESENVOLVIMENTO COLONIAL EM ABELHAS NATIVAS SEM FERRÃO AMAZÔNICAS (APIDAE: MELIPONINI): TAMANHO POPULACIONAL, NUTRIÇÃO E ALOCAÇÃO FENOTÍPICA

  • Data: 30/10/2019
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  • Os meliponíneos ou abelhas sem ferrão compreendem um diverso e abundante grupo de abelhas eusociais, que vivem em colônias perenes e apresentam uma ampla variação quanto às características comportamentais. O objetivo geral desta tese é entender alguns padrões populacionais e de desenvolvimento das espécies de abelhas sem ferrão amazônicas. Na Seção I, avaliamos o tamanho da população em abelhas sem ferrão com o objetivo de determinar o tamanho da colônia de cinco espécies de abelhas sem ferrão amazônicas e entender como outras características da colônia se relacionam com o tamanho da população. Encontramos uma população adulta de 1.046,00 em Melipona flavolineata Friese, 1900, 592,75 em Melipona fasciculata, Smith, 1854, 7.404,00 em Scaptotrigona aff. postica (Latreille, 1807), 2.425,33 em Frieseomelitta longipes (Smith, 1854) e 404,75 em Plebeia minima (Gribodo, 1893). A atividade externa foi a variável que melhor explicou o tamanho da população. Na Seção II investigamos a longevidade de operárias de abelhas sem ferrão alimentadas com dieta à base de soja. Nosso objetivo foi comparar o efeito de uma dieta semiartificial à base de soja versus uma dieta natural sobre a longevidade de operárias adultas de duas espécies de abelhas sem ferrão (Melipona flavolineata Friese, 1900 e Scaptotrigona aff. postica (Latreille, 1807)). Encontramos uma maior longevidade nas operárias que consumiram apenas pólen em comparação com aquelas que consumiram a dieta à base de soja para as duas espécies estudadas. Por fim, Na Seção III avaliamos a alocação fenotípica nas abelhas sem ferrão. Nesse trabalho investigamos a alocação fenotípica como resposta a variações climáticas e ambientais, usando como modelo de estudo a abelha sem ferrão Melipona fasciculata Smith, 1854. Nossos resultados revelam que a alocação fenotípica em M. fasciculata está fortemente associada à variação climática (estação) e não a qualidade do ambiente (local). A produção de rainhas virgens foi influenciada pela estação e o ano (sendo maior na estação seca), mas não pelo local. A produção de machos foi explicada pelas variáveis estação e local e a estação e o ano de coleta exerceram influência sobre a porcentagem de operárias produzidas, apresentando diferença entre anos. Acreditamos que esta tese contribui para o maior entendimento da história natural das abelhas sem ferrão e para o fortalecimento da meliponicultura na região amazônica.

  • GICELLE MARIA FARIAS DA SILVA
  • Ecologia e Reprodução de Macrobrachium amazonicum (Crustacea,
    Palaemonidae) em diferentes sistemas aquáticos

  • Data: 27/09/2019
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  • Macrobrachium amazonicum é uma espécie de camarão endêmico da América do Sul com ampla
    distribuição geográfica e de importância biológica e econômica para a Amazônia. Essas populações
    apresentam variações quanto às características ecológicas, comportamentais e de histórias de vida.
    Contudo, grandes lacunas sobre adaptação do M. amazonicum ao ambiente, relacionados aos fatores
    que subsidiam a sobrevivência/reprodução do animal ainda constituem entraves para o
    entendimento de seu ciclo de vida. O objetivo desta tese foi investigar os efeitos dos ecossistemas
    aquáticos, de estuário e rio, nos traços da história de vida das populações de M. amazonicum. Desse
    modo, esta tese foi organizada em três capítulos. O primeiro objetivou descrever e comparar o
    sistema reprodutor dos morfotipos de machos adultos através da morfometria dos túbulos
    seminíferos, células germinativas, e frequência dessas células nos morfotipos TC (Tranlucent claw),
    CC (Cinamon claw) e GC (Gre en claw) de M. amazonicum. Neste trabalho estabelecemos uma
    nova descrição da espermiogênese para a espécie. O segundo capítulo objetivou descrever se o ciclo
    hidrológico, no estuário e no rio, influenciam nas condições ambientais e nas populações de M.
    amazonicum. Os dados mostraram que o ciclo hidrológico, em cada ambiente, apresenta fatores
    abióticos específicos que interferem na dinâmica de tolerância para a sobrevivência, podendo ser
    fatores limitantes para as alterações nos traços da história de vida de populações de M. amazonicum.
    No terceiro capítulo, o objetivo foi investigar a ocorrência de trade-off entre crescimento e
    reprodução em populações de M. amazonicum, de diferentes sistemas aquáticos. Nesse estudo,
    estabelecemos que em ambientes de rio, M. amazonicum fêmeas não apresentam estágio de repouso
    e há predomínio de machos morfotipo TC, determinando a existência de trade-off entre crescimento
    e a reprodução como estratégia para se manter no ambiente. Nossos dados demonstraram que M.
    amazonicum representa um modelo para estudos sobre a compreensão dos processos em nível
    populacional, comportamental, taxonômico e reprodutivo em diferentes ecossistemas.

  • GILBERTO NEPOMUCENO SALVADOR
  • Barragens de rejeito e seus efeitos sobre a assembleia de peixes

  • Data: 13/09/2019
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  • Considerada um dos principais impactos antrópicos sobre o meio ambiente, a mineração
    apresenta uma séria de atividades que vão desde a extração até o beneficiamento do
    minério. Nesse processo, as barragens de rejeito são construídas para estocar a parte não
    comercial do minério. Impactos ocasionados por esse tipo de empreendimento vão desde
    o seu rompimento, afetando rios inteiros, até impactos mais locais, como a fragmentação
    e a transformação de um ambiente lótico em lêntico. No presente estudo, abordaremos os
    impactos ocasionados por barragens de rejeito, tanto em uma escala de bacia, quanto em
    riachos localizados a montante dessas. Para isso, estruturamos essa tese em três sessões,
    sendo a primeira sessão relacionando o rompimento de uma barragem de rejeitos no
    município de Mariana, sobre a assembleia de peixes do rio Doce, a segunda sessão traz
    um crítica sobre os motivos que levaram ao novo desastre, dessa vez em Brumadinho, e
    a última sessão sobre às alterações ocasionadas pela implementação dessas estruturas nos
    riachos que deságuam no corpo do reservatório. Os estudos foram realizados em três
    áreas, sendo duas na bacia do rio Doce (Sessões 1 e 3), e uma na bacia do rio São
    Francisco (Sessão 2), sudeste do Brasil. Para a primeira sessão, coletas empregando redes
    de emalhar foram realizadas entre os anos de 2006 e 2018. Os tratamentos temporais
    foram definidos levando-se em consideração grandes alterações ambientais na bacia,
    como a construção da uma hidrelétrica e o rompimento da barragem de rejeitos em
    Mariana. Para a segunda sessão, a área de estudo foi definida como a bacia do rio
    Paraopeba, um dos principais afluentes do rio São Francisco. Nessa sessão, levantamos
    os porquês do rompimento de mais uma barragem. Já as coletas da sessão três ocorreram
    em uma área com grande concentração de minas de ferro. Foram selecionados dois
    tratamentos: riachos que deságuam em reservatórios de barragens de rejeito e riachos
    livres desse impacto, considerados tratamento controle. Ao final, conseguimos entender
    como esses empreendimentos afetam a ictiofauna, facilitando o diálogo com a
    conservação das espécies aquáticas em áreas afetadas diretamente pela atividade de
    mineração.

  • OMAR SANTIAGO ERAZO SOTOMAYOR
  • Influência da perturbação ambiental na assembleia de pequenos mamíferos não-voadores, na Amazônia Oriental.

  • Data: 30/06/2019
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  • A perturbação ambiental antropogênica resulta em diferentes modificações estruturais da floresta, que podem gerar alterações nos padrões de composição de espécies, diversidade taxonômica e funcional. Nós avaliamos a influência de áreas sujeitas a níveis de perturbação ambiental, na estrutura e diversidade de assembleias de pequenos mamíferos não voadores na Amazônia oriental. Comparamos comunidades amostradas em três níveis de perturbação ambiental, o interior do fragmento florestal, a borda do fragmento florestal, e a área rural; e suas variáveis ambientais. Utilizando a composição, riqueza e abundância de espécies e seus caracteres funcionais como descritores de assembleias, sob três níveis de perturbação e suas variações ambientais. Ambientalmente as áreas com estrutura florestal (interior e borda) são significativamente diferentes das áreas rurais. A diversidade α (taxonômica e funcional) permaneceu relativamente constante através dos níveis de perturbação ambiental antropogênica. A diversidade β da comunidade respondeu de maneira semelhante, não identificamos um padrão claro em sua composição. Entre os caracteres morfológicos observamos respostas mais sutis da comunidade, pequenos mamíferos caracterizados por uma cauda maior predominam nas áreas de floresta e, aqueles caracterizados por um pé maior predominam nas áreas rurais. Concluímos que os caracteres morfológicos (comprimento da cauda e do pé), são fatores determinantes nos padrões de composição da assembleia dos pequenos mamíferos não voadores e, de sua seleção de habitat em ambientes que enfrentam impactos antrópicos. As alterações e os padrões identificados em nosso estudo são de importância crucial para os planos de manejo e conservação da biodiversidade.

  • ANA PAULA JUSTINO DE FARIA
  • Avaliação da condição ambiental e diversidade de insetos aquáticos de riachos amazônicos submetidos à mútiplos impactos antrópicos

  • Data: 13/06/2019
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  • Os ecossistemas hídricos de água doce são estruturados hierarquicamente na paisagem e podem ser influenciados em diferentes escalas por atividades antrópicas. Na Amazônia, as atividades antrópicas que ameaçam os ecossistemas naturais e a diversidade de espécies estão relacionadas ao uso do solo para a pecuária, plantação de palma e extração de madeira. Esses usos do solo modificam a paisagem e os ecossistemas aquáticos, principalmente com a perda de hábitat físico dos riachos, o que diminui a heterogeneidade ambiental afetando a diversidade de espécies. Nesse contexto, o objetivo geral da tese foi avaliar como atividades antrópicas modificam a estrutura ambiental dos riachos e como essas modificações afetam a distribuição da biodiversidade de insetos aquáticos. A tese foi composta por três sessões. Na primeira, avaliamos a característica e heterogeneidade ambiental, a diversidade alfa e beta de Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera (EPT) em categorias de uso de solo que são dominantes na paisagem amazônica (áreas de exploração de madeira, plantação de oléo de palma e pecuária). Nossos resultados mostraram que a estrutura ambiental local foi alterada pelas categorias de uso do solo e a heterogeneidade ambiental foi maior entre os riachos influenciados por pecuária e riachos controles. A diversidade alfa de EPT foi menor nos riachos influenciados pelas categorias de usos solo e a diversidade beta foi maior entre os riachos influenciados por pecuária e plantação de óleo de palma. Na segunda sessão, avaliamos as influências de preditores ambientais e espaciais na estruturação de metacomunidade de EPT e exploramos a resposta individual dos gêneros aos processos de estruturação da metacomunidade em múltiplas escalas espaciais. Observamos que o descritor espacial explicou 12% da variação total da comunidade, mas 6% foram explicados pelo ambiente espacialmente estruturado. Relações de codependência entre descritores espaciais, variáveis ambientais e gêneros de EPT foram encontradas apenas para Amanahyphes, Anacroneuria, Askola, Americabaetis e Callibaetis. Na terceira sessão, o nosso objetivo foi determinar os limiares de Odonata, Gerromorpha e EPT em gradientes de distúrbio antrópico na escala local e bacia de drenagem. A comunidade de Odonata apresentou uma mudança mais gradual no distúrbio local, mas os distúrbios na drenagem provocaram um pico de mudança acentuada e sincrônica na comunidade. Além disso, a maioria das espécies foi associada ao distúrbio na bacia de drenagem do que ao distúrbio local e os indivíduos foram representados em sua maioria por espécies tolerantes. No limiar comunitário de Gerromorpha e EPT, as espécies sensíveis apresentaram uma mudança acentuada no distúrbio local e na drenagem, ao passo que as espécies tolerantes apresentam uma faixa de mudança nesses gradientes. Gerromorpha teve mais espécies associadas aos gradiente de
    distúrbio local e na drenagem, as quais foram representadas tanto por espécies sensíveis como tolerantes. Por outro lado, EPT apresentou mais espécies sensíveis aos gradientes de distúrbio local e de drenagem, mas duas espécies aumentaram de frequência no distúrbio local e apenas uma no distúrbio de drenagem. Nossos resultados suportam o cenário de que o uso do solo em diferentes escalas espaciais é determinante na estruturação da comunidade de insetos aquáticos.

  • JAMILLE COSTA VEIGA
  • História natural de abelhas nativas sem ferrão (Apidae, Meliponini): biologia reprodutiva, tamanho colonial e genética de populações

  • Data: 13/06/2019
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  • As abelhas sem ferrão (Meliponini), importantes polinizadores nas regiões tropicais, estão sob ameaça devido à perda de habitat e mudanças climáticas, e uso sustentável dessas abelhas pode ser uma potente ferramenta para conservá-las. Contudo, grandes lacunas sobre a sua biologia básica ainda constituem entraves a conservação. O objetivo da tese foi investigar história natural e conservação das populações de abelhas sem ferrão. Na primeira seção, estudamos o ciclo de vida dos machos adultos, e a morfologia da sua cápsual genital, para discutirmos adiante como esses aspectos podem ser fonte de varibilidade intraespecífica nas populações. Na segunda seção, reconstruímos o estado ancestral do tamanho de colônias e testamos sua correlação evolutiva com outros atributos em Meliponini. Nossos resultados sugerem que a variabilidade no tamanho das colônias de Meliponini estão relacionadas a uma flexibilidade em perder ou ganhar complexidade social, subjacente à evolução desse importante atributo ecológico na tribo. Na terceira seção, investigamos como as populações de Jandaíra, Melipona subnitida – um polinizador que enfrenta condições extremas de seca e temperatura -, respondem à perda de hábitat e mudanças climáticas, revelando redução no seu fluxo gênico associado à perda de habitat; e distribuição heterogênea da sua variabilidade adaptativa, indicando adaptações genômicas locais. Considerados em conjunto, nossos estudos convergem para o maior entendedimento da variabilidade intraespecífica e das adaptações morfológicas, comportamentais e genômicas em Meliponini, assim avançando o conhecimento da história natural do grupo, e fornecendo bases para a sua conservação.

  • FERNANDO GERALDO DE CARVALHO
  • Métodos comparativos filogenéticos para avaliar a distribuição de Odonata (Insecta) na Amazônia brasileira

  • Data: 13/06/2019
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  • Em virtude das alterações da paisagem causadas para fins antrópicos, é crescente as perdas da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos na Amazônia brasileira, tornandose indispensável para os ecólogos compreender os fatores que afetam a distribuição das espécies. Pois os processos ecológicos e evolutivos moldam a dinâmica de especiação e extinção das espécies, e assim, determinam a sua distribuição. O objetivo principal foi avaliar a influência dos processos evolutivos sobre a distribuição dos odonatos amazônicos. Para isso, foram compiladas as relações evolutivas já disponíveis na literatura sobre Zygoptera e Anisoptera, complementando e criando uma supertree com as espécies amazônicas. Testamos a hipótese que a modificação do habitat pode levar à perda de espécies especialistas florestais e favorecer espécies especialistas de áreas abertas e ou generalistas de hábitats. No qual, esperamos que nas áreas desflorestadas a comunidade de Odonata seja mais empobrecida taxonomicamente e filogeneticamente do que em áreas florestais. Testamos também se o habitat ancestral dos odonatos amazônicos eram estritamente florestais. Se a transição de habitats abertos para florestais necessitava passar por um estado que ocupe os dois habitas. Testamos também se a evolução do tamanho corporal está correlacionado ao habitat ocupado das espécies. As estimativas apontam que 18% dos gêneros das libélulas amazônicas não estavam nas filogenias fontes. Estima-se também que existam 400 espécies de Odonata amazônicos, porém apenas 1/5 estão disponíveis nas filogenias fontes. A conversão da floresta nativa para uso antrópico afeta a diversidade filogenética de Odonata, pois detectamos um aumento na diversidade filogenética ao longo da transformação ambiental. Porém, a riqueza e abundância taxonômica das espécies não foram afetadas. O ancestral comum dos odonatos amazônicos não seriam de habitat florestal, possivelmente por ter surgido bem antes da floresta amazônica ter essa estrutura que se encontra hoje. Além disso, o grupo precisaria se tornar generalista de hábitats antes de se especializar em algum tipo especifico de ambiente, ou então os indivíduos seriam extintos ao longo das histórias evolutivas. Quando testamos se o tamanho corporal das espécies tinha relação com o habitat ocupado não foi corroborado. Então, sugerimos que os trabalhos futuros incluam informações detalhadas sobre comportamento reprodutivo, temperatura corporal das espécies e temperatura do ar, a fim de elucidar melhor a história evolutiva dos odonatos amazônicos.

  • PAULA CRISTINA RODRIGUES DE ALMEIDA MAUES
  • Efeitos antropogênicos sobre a diversidade de mamíferos de médio e  grande porte na Amazônia Oriental

  • Data: 31/05/2019
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  • Todas as atividades econômicas incentivadas em larga escala na Amazônia  modificam a estrutura dos ecossistemas nativos em diferentes níveis e intensidades,  podendo provocar perdas de biodiversidade. Mas quais as atividades econômicas  incentivadas para a Amazônia são mais degradadoras? É possível traçar um ranking de  intensidade de perda de biodiversidade entre elas? Foi o que respondemos neste trabalho de pesquisa, avaliando os impactos antropogênicos de Exploração Madeireira de Baixo Impacto, Floresta Secundária, Monocultura de Dendê (Elaies guianensis) e Monocultura de Eucalipto, sobre a fauna de mamíferos terrestres de médio e grande porte. As análises foram realizadas de forma pareadas, com áreas de controle de Florestas Primárias adjacentes a cada um dos tratamentos antropogênicos. Analisamos parâmetros da comunidade como riqueza rarefeita, compartilhamento de espécies, abundância e composição de espécies e integridade da comunidade, para comparar entre os diferentes  tratamentos antropogênicos e suas Florestas Primárias pareadas. Através dos nossos resultados foi possível traçar um gradiente de intensidade de impactos entre os tratamentos  analisados. Neste gradiente, o tratamento de Monocultura de dendê (Oil Palm Plantation)  e a Monocultura de Eucalipto (Eucalyptus Plantation) foram considerados mais  depauperados em relação aos tratamentos de Exploração Madeireira de Baixo Impacto  (Logged Forest) e Floresta Secundária (Secondary Forest). No caso de ambas as monoculturas observamos uma perda drástica de biodiversidade. No caso das áreas de  Exploração madeireira de Baixo Impacto, observamos uma provável mudança na capacidade de detecção de algumas espécies, no entanto, não se observa perda de diversidade. Já no caso das Florestas Secundárias o que observamos foi uma substituição  de espécies, sendo que existe uma perda de integridade, mas representada por uma  mudança de composição de espécies em relação às Florestas Primárias controles.

  • JOSE LEONARDO LIMA MAGALHAES
  • Efeitos do regime de inundação e da antropização sobre padrões de diversidade de árvores na floresta de várzea amazônica

  • Data: 29/05/2019
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  • A ocupação européia da Amazônia iniciou-se pelos seus rios e afluentes, pois estes funcionavam como verdadeiros caminhos naturais para acessar as diversas porções desse imenso bioma. Essa maneira de desbravar a Amazônia afetou demasiadamente as florestas inundáveis, pois apesar de terem menor extensão quando comparadas às terras mais altas adjacentes, são ecossistemas com características próprias e possuem espécies adaptadas a pressões de seleção diferenciadas. O regime de alagamento é o principal determinante da biota das planícies inundáveis amazônicas e permeia as interações entre espécies e destas com o meio ambiente. Dentre as florestas inundáveis amazônicas, as florestas de várzea são as mais representativas, caracterizadas por um pulso de inundação em águas ricas de sedimentos e nutrientes que fertilizam o solo, levando à grande produtividade e riqueza de espécies. A soma destas qualidades fundamentais tem atraído populações humanas desde antes da chegada européia que têm utilizado estes ecossistemas para extrair recursos para a sua subsistência. Entretanto, quando observada a grande extensão do seu principal eixo, o Solimões-Amazonas, verifica-se que tanto o alagamento quanto a ocupação humana apresentam muitas variações e especificidades locais ligadas a padrões macroecológicos. Assim, nesta tese pretende-se responder as seguintes perguntas em três capítulos: Capítulo1 - (i) De que maneira o regime de alagamento da floresta na porção leste da bacia, na região próxima ao estuário do rio Amazonas, difere do regime de alagamento nas porções oeste e central? (ii) Estas diferenças de regime associadas a cotas e a duração de alagamento influenciam a distribuição de espécies de árvores amazônicas? Capítulo 2 - (iii) a intensificação da perturbação antropogênica leva à perda de diversidade de espécies, podendo comprometer o funcionamento do sistema e seus serviços ambientais? Capítulo 3 -(iv) diferenças no regime de alagamento e na pressão antropogênica influenciam os padrões da diversidade filogenética? Serão aplicadas métricas novas e tradicionais para avaliar estas relações. A melhor compreensão do funcionamento das florestas de várzea poderá subsidiar planos de manejo visando a conservação e uso sustentável destes ecossistemas altamente dinâmicos, mas que apresentam características ainda pouco conhecidas em toda sua extensão. Para responder nossas perguntas, testamos: (i) quais componentes de alagamento (duração, freqüência e altura da coluna d’água) são importantes para os diferentes regimes de alagamento na região (ii) os efeitos dos regimes de alagamento diários e anuais no processo de filtragem ambiental das espécies arbóreas ocorrentes; (iii) se diferenças nos padrões de diversidade das florestas na várzea podem estar sendo influenciados com maior força por pressões antropogênicas; (iv) se a estrutura filogenética da comunidade de árvores difere conforme o regime de alagamento e o nível atual de antropização, sendo este último suficiente para sobrepor-se ao regime natural de alagamento em determinados locais.

  • FERNANDA DA SILVA SANTOS
  • Padrões de diversidade, ocupação e coexistência de mamíferos terrestres na região Neotropical

  • Data: 10/05/2019
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  • A estrutura de uma comunidade resulta de um fenômeno complexo e dinâmico que envolve características ambientais, fatores espaciais, disponibilidade de recursos alimentares, bem como as interações entre as espécies, seja por competição ou predação. Para investigar parte dos processos que configuram as comunidades animais, esta tese utilizou o grupo dos mamíferos terrestres como modelo. O objetivo principal foi explorar os fatores que influenciam os padrões de diversidade, ocupação e coexistência de mamíferos terrestres na região Neotropical. Para isso, foram utilizados dados provenientes de oito áreas de florestas protegidas, nas quais foi realizado o monitoramento sistematizado de vertebrados terrestres através de armadilhas fotográficas. Os locais de estudo abrangem seis países da região Neotropical (Costa Rica [1], Panamá [1], Equador [1], Peru [2], Suriname [1] e Brasil [2]), os quais possuem diferentes contextos de preservação. Primeiramente, foi estimada a diversidade β entre as oito comunidades de mamíferos terrestres a fim de identificar: quais as áreas e quais as espécies têm maior contribuição para a diversidade β (LCBD e SCBD, respectivamente); se os padrões são explicados pela substituição ou diferença na riqueza de espécies; e quais os fatores influenciam a diversidade β encontrada (LCBD e SCBD). Posteriormente, investigou-se quais os mecanismos que permitem a coexistência de espécies que apresentam grande similaridade, tanto morfológica quanto no uso de recursos alimentares. Assim, utilizou-se os dados de cinco espécies simpátricas de felinos [onça pintada (Panthera onca), onça parda (Puma concolor), jaguatirica (Leopardus pardalis), jaguarundi (Herpailurus yagouaroundi) e gato maracajá (Leopardus wiedii)], que potencialmente ocorrem nas oitos áreas de estudo, para descrever padrões de organização espaço-temporal entre as espécies. Por fim, os dados de uma das áreas foi utilizado para testar a hipótese de que existe uma movimentação sazonal dos mamíferos terrestres, principalmente de espécies frugívoras e granívoras, em resposta às mudanças na disponibilidade de água e de recursos alimentares entre as estações seca e chuvosa em uma floresta de terra firme. Os resultados demonstram que as áreas consideradas fragmentadas apresentam maior contribuição para a diversidade β e que a variação é determinada pela diferença na riqueza de espécies e não pela substituição. Além disso, as espécies que mais contribuíram para a diversidade β entre os sítios foram aquelas com maior variação nas estimativas de abundância. Entre os felinos, o estudo revelou aparente partição espaço-temporal entre a maioria dos pares de espécies analisados, sendo a abundância de presas mais importante na ocorrência e distribuição espacial dos felinos do que as interações entre as espécies. Quanto à sazonalidade, apenas três espécies apresentaram diferença na ocupação entre as estações seca e chuvosa, enquanto as demais espécies analisadas não parecem alterar sua área de uso em função da variação na disponibilidade de água e alimentos. Ao final deste estudo, os resultados fornecem uma ampla caracterização dos mamíferos terrestres que ocorrem na região Neotropical, abordando o estado de conservação, fatores que influenciam a ocorrência, assim como os padrões espaciais e temporais de algumas espécies de felinos ao longo de oito florestas protegidas da região Neotropical.

  • KAUE FELIPPE DE MORAES
  • O efeito das mudanças climáticas sobre as aves endêmicas do centro de
    endemismo Belém

  • Data: 26/04/2019
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  • Nos últimos anos, as emissões de dióxido de carbono têm sido potencializadas por diversos processos
    antrópicos, acarretando em alterações climáticas que ameaçam diretamente a biodiversidade e a
    resiliência dos ecossistemas naturais. Diante desse cenário de mudanças climáticas, as florestas
    tropicais úmidas estão entre as áreas mais impactadas. Dentre os centros de endemismo da Amazônia,
    o Centro de Endemismo Belém (CEB) se encontra na região mais afetada pelo chamado “arco do
    desmatamento” e possui grande concentração de espécies de aves ameaçadas da Amazônia onde 56%
    das espécies de aves endêmicas da região estão sob algum status de ameaça. Visando avaliar o efeito
    das mudanças climáticas e identificar de áreas de refúgios climáticos, uma vez que com as mudanças
    rápidas no clima, as espécies terão a tendência de buscar áreas onde se tenha a conservação de seus
    nichos, os Modelos de Distribuição de Espécies (MDE) vem sendo uma ferramenta amplamente
    utilizada para tentar evitar futuras extinções. Neste trabalho, procurou-se avaliar quais áreas possuem
    adequabilidade climática para a ocorrência dos táxons além de identificar áreas prioritárias para
    conservação de aves do centro de endemismo Belém. Para isso, geramos modelos de adequabilidade
    climática dos táxons alvo nos cenários presente e futuro (ano de 2050), além de identificar as áreas
    que possuem cobertura florestal em ambos os cenários, uma vez que os táxons endêmicos do CEB
    são estritamente florestais. A análise de priorização espacial levou em consideração a adequabilidade
    climática nos cenários presente e futuro, afim de apontar as áreas de refúgios climáticos na região do
    CEB. Os resultados revelam que, ao sobrepor os modelos de distribuição dos táxons com os cenários
    atual e futuro de remanescentes florestais, observa-se uma perda média de 90% de áreas adequadas,
    podendo acarretar na extinção de 43% dós táxons endêmicos do Centro de Endemismo Belém.
    Considerando as análises de priorização, nota-se que as áreas protegidas (AP’s) atuais existentes na
    região protegem cerca de 20% das áreas de ocorrência dos táxons endêmicos e são identificadas como
    áreas de refúgios climáticos. Além das AP’s, existem outras áreas de refúgios climáticos na região
    centro-sul do CEB, porém com baixa conectividade com as áreas protegidas, o que sugere a
    necessidade criação de corredores ecológicos para região para que se tenham populações
    geneticamente viáveis no futuro. Diante do exposto, é notório que as áreas protegidas possuem um
    papel fundamental para conservação das espécies, porém estudos como este são necessários para
    apontar as áreas que podem atender as demandas dos táxons diante do cenário de mudanças
    climáticas.

  • GIOVANNI SAMPAIO PALHETA
  • Desvendando o papel dos fatores ambientais e da capacidade de dispersão em uma metacomunidade de peixes de riachos amazônicos

  • Data: 16/04/2019
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  • A teoria de metacomunidade sustenta que fatores locais e regionais moldam a estrutura de comunidades locais, ajudando a explicar padrões de abundância e distribuição da biodiversidade. Procedimentos de desconstrução de comunidades podem ser úteis no entendimento mais claro da influência desses fatores. Neste estudo, buscamos responder a seguinte pergunta: Como as características de habitats locais e as distâncias espaciais estruturam metacomunidades de peixes em riachos amazônicos? Testamos i) se comunidades de peixes com alta capacidade de dispersão são estruturadas por efeitos de massa, respondendo a variáveis ambientais e espaciais simultaneamente, e ii) se comunidades de peixes com baixa capacidade de dispersão são estruturadas por seleção de espécies, respondendo apenas às variáveis ambientais locais. As coletas de peixes foram realizadas no período seco de 2012 e 2013 em 36 riachos, amostrando um trecho de 150m em cada riacho. Redes de mão foram utilizadas para captura ativa, empregando 6 horas de coleta com dois coletores, seguindo um protocolo padronizado, mensuramos também as variáveis ambientais em cada riacho. Geramos vetores espaciais por meio de uma análise PCNM utilizando uma matriz de distâncias fluviais entre os pontos. Os peixes foram classificados em grupos de alta e baixa capacidade dispersão com auxílio da literatura e opinião de especialistas. Os efeitos das matrizes (ambiental e espacial) sobre a composição das assembleias de peixes foram avaliados através de uma partição de variância (baseada em RDA) e posterior análise de variância. Coletamos 13.975 indivíduos de 53 espécies pertencentes a 20 famílias e sete ordens. Doze espécies foram consideradas com alta capacidade de dispersão, 40 foram consideradas de baixa capacidade e uma indefinida por ser parasita. Verificamos que o grupo de peixes com alta capacidade de dispersão respondeu aos fatores ambientais e espaciais conjuntamente, e o grupo com baixa capacidade de dispersão respondeu apenas aos fatores ambientais. Concluímos que o modo de dispersão dos peixes afetou a estruturação da metacomunidade. Apesar do grupo com alta capacidade de dispersão ter sido afetado pelas distâncias fluviais, em geral, a ictiofauna foi afetada principalmente por características dos habitats locais, concordando com os modelos de metacomunidades esperados (seleção de espécies e efeitos de massa).

               

  • PÂMELA VIRGOLINO FREITAS
  • EFEITO DA SUPRESSÃO FLORESTAL SOBRE A DIVERSIDADE TAXONÔMICA E FUNCIONAL DE PEIXES DE RIACHOS EM UMA ZONA TRANSICIONAL CERRADO-AMAZÔNIA

  • Data: 15/04/2019
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  • A expansão da fronteira agrícola brasileira conhecida como “Arco do Desmatamento” tem afetado intensamente a área de ecótono situada entre os biomas Amazônia e Cerrado nas últimas décadas, graças principalmente ao avanço da agricultura mecanizada. Essa expansão agrícola resulta em diminuição da complexidade estrutural de habitats naturais e diminuição de cobertura vegetal, afetando tanto a riqueza e diversidade de características de comunidades terrestres como aquáticas. As espécies inseridas no meio aquático, em sua maioria, dependem de recursos alóctones provenientes da vegetação do entorno dos corpos d’água, e a remoção desta vegetação acarreta em prejuízos para a biodiversidade. Muitos estudos visam melhor direcionar as respostas biológicas das espécies frente à supressão vegetal, utilizando diversidade taxonômica e diversidade funcional dos organismos em complementariedade. A ictiofauna vem sendo utilizada como bioindicador da qualidade de ecossistemas de água doce, pois conforme a estrutura do ambiente se modifica, a composição taxonômica e funcional de suas comunidades também sofre mudanças. Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo avaliar as respostas taxonômica e funcional de peixes inseridos em riachos de cabeceira sob supressão vegetal, buscando responder às seguintes questões: i) Qual o efeito da diminuição da complexidade de hábitat e da redução da cobertura florestal sobre a diversidade taxonômica e funcional de peixes na escala local e da paisagem? Testando a hipótese de que a diversidade taxonômica e funcional dos peixes será menor em riachos com menores valores de cobertura vegetal e nível de integridade. Os riachos amostrados localizam-se na fazenda Tanguro, no município de Querência, no Estado do Mato Grosso (Brasil). Serão utilizadas porcentagens de cobertura vegetal e pontuações do Índice de Integridade Física de cada riacho como variáveis ambientais preditoras, e a riqueza taxonômica e funcional de peixes como variáveis resposta. A diversidade funcional será obtida através dos atributos funcionais das espécies, sendo estes compostos por dados qualitativos e quantitativos. Serão realizadas regressões múltiplas de modelo stepwise para verificar o efeito das variáveis preditoras sobe as variáveis resposta. Foi coletado um total de 2.945 exemplares de peixes. Até o momento, foram identificadas treze espécies, quatorze gêneros, 6 ordens e dezessete famílias. Sendo a ordem mais representativa a dos Characiformes, com 55,6% dos indivíduos.

  • THAIS SUSANA DE MACEDO PEREIRA
  • Distribuição de botos-do-Araguaia (Inia araguaiaensis) em trechos de rio fragmentados por eventos de seca

  • Orientador : RAPHAEL LIGEIRO BARROSO SANTOS
  • Data: 28/02/2019
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  • Fatores bióticos e abióticos determinam onde as espécies podem permanecer e sobreviver, dessa forma influenciando como as espécies selecionam e usam o habitat. Um componente crucial para promover medidas de conservação de botos-do-Araguaia (Inia araguaiaensis) é determinar as características do habitat que determinam sua distribuição. Esse estudo teve como objetivo investigar se os botos-do-Araguaia selecionam os trechos de rio onde permanecem durante a estação seca, e quais fatores ambientais estariam influenciando nessa seleção. O estudo foi realizado no rio do Coco, um afluente do rio Araguaia, que durante a estação seca fica fragmentado em uma sequência de trechos isolados. Foram amostrados 14 trechos (um total de 53 km de quilômetros percorridos), e em cada um registramos a quilometragem linear, a sinuosidade, a largura, a presença ou ausência de áreas de confluências, a profundidade, atenuação luminosa da água e os tipos de margem. Realizamos levantamentos aéreos através de Drones para a detecção e registro dos botos. Para a análise dos dados foram realizados modelos lineares generalizados (GLM) com o objetivo de verificar a existência de uma relação entre as variáveis ambientais e o número de botos encontrados nos trechos. Registramos um total de 49 botos, e a densidade encontrada foi de 10,42 botos por km² e 0,92 botos por km. Um alto valor de explicação (r2 = 0,95) foi encontrado no modelo que incluiu o comprimento linear do trecho e a porcentagem da vegetação de varjão nas margens. Isso pode indicar que de fato existe uma seleção de habitat por parte dos botos-do-Araguaia: esses animais estão procurando locais maiores, com maior oferta de recursos alimentar e menor propensão à competição intraespecífica. A bacia do Araguaia tem sofrido intenso processo de alterações antrópicas, e alertamos para a necessidade do entendimento do uso do habitat por indivíduos de botos-do-Araguaia para um melhor manejo e a conservação da espécie.

  • TAINA MADALENA OLIVEIRA DE MORAIS
  • PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA EM FLORESTAS AMAZÔNICAS APÓS AS SECAS MEDIADAS PELO EL NIÑO DE 2015-2016

  • Data: 28/02/2019
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  • Eventos climáticos extremos, como a ocorrência de secas severas durante El Niños, estão cada vez mais recorrentes nos ecossistemas tropicais. As secas na Amazônia, em decorrência do forte El Niño 2015-2016, resultaram em aumento considerável das queimadas nas florestas previamente antropizadas e não perturbadas da região. As secas e aumento da incidência de incêndios a elas associados podem promover mecanismos de respostas a diferentes estresses nos ecossistemas florestais, por exemplo, alteração na composição de espécies e em funções ecológicas importantes. A serapilheira é fortemente influenciada pelo clima e desempenha um papel importante nas florestas, incluindo o ciclo de nutrientes e a manutenção da fertilidade dos solos. Assim, possíveis mudanças na produção de serapilheira resultantes de secas e queimadas, podem alterar importantes propriedades e processos florestais. Aqui, estudou-se um dos principais componentes da serapilheira, as folhas, pois estas são consideradas altamente sensíveis as variações ambientais. Avaliou-se um gradiente florestal, que variou de florestas primárias conservadas a florestas exploradas para madeira, florestas queimadas, florestas exploradas e queimadas, bem como florestas secundárias na região de Santarém, leste da Amazônia. As áreas estudadas compreendem 18 parcelas (10 x 250m), sendo que oito dessas parcelas sofreram queimadas durante o El Niño 2015-2016. Seis armadilhas de serapilheira de 50 cm x 50 cm (0,25 m2) foram espaçadas a 50 m de distância ao longo de cada parcela. Foi comparada a produção de serapilheira entre as classes florestais, bem como a relação entre produção de serapilheira, precipitação e temperatura, com dados obtidos através da plataforma CHIRPS. Não foram observadas diferenças significativas na produção de serapilheira entre classes florestais. Entretanto, observou-se que, ao longo do tempo, a produção de serapilheira varia em função da sazonalidade. Verificou-se uma relação significativa entre a produção de serapilheira e o déficit hídrico climatológico (CWD) e uma interação significativa entre classes florestais e CWD. Identificou-se uma resposta diferente de florestas secundárias ao déficit climático em relação a florestas primárias perturbadas e não perturbadas, no qual a produção de serapilheira é menor com a intensificação do déficit hídrico. Esse resultado indica estratégias adaptativas distintas dessas florestas às secas extremas. Em geral, os resultados aqui encontrados sugerem que as florestas amazônicas do leste da Amazônia apresentam certa resiliência às variações climáticas em curso na região. 

  • BRENO RICHARD MONTEIRO SILVA
  • Efeito dos ambientes costeiro e continental na fecundidade de Macrobrachium amazonicum (HELLER, 1862)

  • Data: 27/02/2019
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  • Estudos demonstram que a região amazônica vem sofrendo a forte influência antropogênica e climática que interfere nas condições ambientais. Nos crustáceos as mudanças climáticas podem influenciar o crescimento e a reprodução, pois os padrões da história de vida são influenciados por fatores ambientais e a fecundidade é um importante fator para estimar o potencial reprodutivo e o tamanho do estoque de uma população natural. A espécie Macrobrachium amazonicum apresenta uma ampla distribuição geográfica e plasticidade ecológica e morfológica. Baseado na hipótese que as diferentes condições físicas e químicas do ambiente influenciam nas populações de M. amazonicum, a espécie desencadeia estratégia que provoca a seguinte questão: Quais os principais fatores do ambiente que irão influenciar na fecundidade de M. amazonicum entre as populações de diferentes locais? Desse modo o presente estudo tem objetivo de determinar a influência dos fatores físicos e químicos sobre a fecundidade relativa de populações de M. amazonicum em estuário e reservatório. No período de estudo dados de temperatura, pH, oxigênio dissolvido, salinidade e turbidez da água foram obtidos com auxílio de uma sonda multiparâmetro e a precipitação foi obtido a partir do INMET, 2018 com estabelecimento de quatro períodos sazonais: estiagem, transicional estiagem-chuvoso,chuvoso, transicional chuvoso-estiagem. Um total de 255 fêmeas ovígeras,181 provenientes de ambiente estuário e 75 de reservatório foram coletados para análise da biometria, do número e do tamanho dos ovos ao longo do ano. Os ovos embrionados foram mensurados de acordo com as fases de desenvolvimento. Ao avaliar o efeito das variáveis ambientais sobre as fêmeas ovígeras turbidez e precipitação foram as que mais influenciaram somente no estuário. A relação massa-comprimento das fêmeas foi representada pelas seguintes equações, Mt=0.017xCt2.630 (R² = 0.880) para o estuário e Mt = 0.021xCt2.441 (R² = 0.810) para o reservatório, onde as fêmeas ovígeras no estuário eram maiores e de maior massa em comparação ao reservatório. Na relação entre fecundidade e biometria do animal, de ambos os locais, houve uma correlação positiva alta, tanto entre o comprimento (r=0.788), quanto ao peso (r=0.843) das fêmeas ovígeras, assim como na relação com a morfometria dos ovos. O ambiente de estuário apresentou fêmeas com a maior quantidade de ovos, nos períodos estiagem-chuvoso e chuvoso em relação às fêmeas oriundas do reservatório que apresentou maior fecundidade nos períodos chuvoso-estiagem e estiagem. Em nossos dados observamos quatro estágios de desenvolvimento levando em consideração a presença e o aspecto do olho, e os ovos do reservatório apesar de serem em menor número apresentaram maiores tamanhos em ralação ao estuário. A correlação observada se os fatores físicos e químicos influenciam na fecundidade de M. amazonicum oriundos do estuário foi confirmada, sendo a precipitação e turbidez os fatores que mais contribuíram para o melhor desempenho reprodutivo da espécie no estuário. Em se tratando do reservatório, acreditamos que há uma combinação de todos os fatores ambientais envolvidos promovendo a tolerância do animal para manter o seu ciclo de vida.

  • PAULO TARCISIO DE SOUSA
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    Variação regional nas comunidades de besouros escarabeíneos (Coleoptera: Scarabaeidae) em florestas primárias e secundárias da Amazônia Oriental

  • Data: 27/02/2019
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  • As florestas secundárias tem grande potencial para conservação da biodiversidade em áreas antropizadas nos trópicos. Estes ecossistemas podem reduzir as extinções em massa de espécies associadas a perdas de florestas primárias. Porém, nossa compreensão sobre o papel das florestas secundárias para a conservação da biodiversidade tropical em diferentes contextos regionais, ainda é limitada. Os besouros escarabeíneos (Coleoptera: Scarabaeidae) constituem um grupo de organismos bioindicadores sensíveis à degradação florestal, com ampla utilização em pesquisas ecológicas. Estes insetos apresentam uma relação próxima com a estrutura da vegetação, além de serem muito sensíveis à degradação florestal e apresentarem respostas a distúrbios antrópicos que coincidem com outros grupos da fauna e flora. Este trabalho investigou a diversidade de besouros escarabeíneos em florestas secundárias em três municípios (Bragança, Marabá e Parauapebas), englobando duas diferentes regiões da Amazônia Brasileira (Nordeste e Sudeste do Pará), visando compreender a variação inter-regional e a diferença entre florestas primárias e secundárias. Os besouros foram amostrados com armadilhas de queda, distribuídas ao longo de 20 transectos de 300 m. Foram coletados 678 besouros, pertencentes a 41 espécies, divididas em 14 gêneros. Encontrou-se evidências de que florestas em diferentes regiões do estado do Pará apresentam comunidades de besouros significantemente distintas. Embora a riqueza de espécies nas florestas secundárias tenha sido similar às florestas primárias, a composição de espécies entre as duas classes florestais foi distinta. Das 41 espécies coletadas, 12% foram encontradas somente em Bragança (7% em florestas primárias e 5% em florestas secundárias), 19% somente em Marabá (7% em florestas primárias e 12% em florestas secundárias) e 24% foram encontradas somente nas florestas secundárias de Parauapebas. Finalmente, a idade das florestas secundárias nos três municípios de estudo não foi um fator que explicou mudanças nas comunidades de besouros. Enquanto se destaca o papel insubstituível das florestas primárias para a manutenção da biodiversidade, esse estudo demonstra que as florestas secundárias da Amazônia também apresentam um importante valor de conservação da diversidade de besouros.

  • INGRID SANTOS PALHETA
  • Característica reprodutiva de Ucides cordatus (Brachyura, Crustacea)
    (Linnaeus, 1763) em um estuário amazônico

  • Data: 27/02/2019
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  • Os ecossistemas de manguezal são ricos em biodiversidade porque apresentam características ambientais próprias. Os crustáceos estão entre os grupos de animais mais diversos dos manguezais com plasticidade reprodutiva e estratégias para melhor sucesso da reprodução. Ucides cordatus, é um caranguejo que desempenha serviços ecológicos importantes para manutenção desse ecossistema cuja biologia reprodutiva é estudada, mas com poucas informações sobre o efeito das variáveis ambientais nesse processo. Assim, o objetivo do presente estudo é determinar quais os fatores ambientais que afetam os parâmetros reprodutivos de U. cordatus. A área de estudo foi o manguezal localizada na zona costeira do município de Soure e as coletas foram realizadas entre junho de 2017 a maio de 2018. Temperatura, pH, salinidade, turbidez e concentração de oxigênio dissolvido na água foram obtidos in situ. Pluviosidade e amplitude das marés foram solicitados junto ao CPTEC/INPE. Espécimes adultos com largura da carapaça superior a 45 mm foram capturados, na maré baixa, com auxílio de um pescador. Os animais foram lavados, crioanestesiados, pesados e medidos. Em seguida foram eutanasiados e fragmentos de ovários e testículos foram retirados, fixados em solução de Bouin e processados pela técnica histológica para análise em microscopia de luz. Ainda foi determinado valores de K, IGS e IHS. A relação dos fatores ambientais, períodos sazonais e fases reprodutivas de U. cordatus foram avaliados pela PCA e regressão múltipla linear. Os machos não apresentaram estágios reprodutivos e as fêmeas foram classificados em cinco estágios, repouso, maturação inicial e final, maduro e desovado. Nos machos o valor de K apresentou oscilações entre os períodos sazonais, com possível relação na ecdise e período reprodutivo, enquanto nas fêmeas não houve alteração. Em ambos os sexos os valores de IHS se manteve elevado e o IGS apresentaram oscilações ao longo de todo o período de estudo. Os testes de PCA e regressão múltipla linear nos machos/fêmeas mostram que a reprodução ocorre nos períodos seco e seco-chuvoso / seco-chuvoso e chuvoso, respectivamente. O fato de observarmos nesse estudo animais em desova em períodos mais longos que os estabelecidos por lei sugerem propostas de ajustes legais na adequação do período de defeso que deve abranger de novembro a abril. Assim, esse estudo é um importante modelo na reprodução de U. cordatus em uma área onde as condições ambientais preservadas são influenciadoras no ciclo de vida desta espécie.

  • RICARDO RIBEIRO DA SILVA
  • O papel da evolução do nicho ecológico nos padrões de especiação entre aves com distribuição disjunta Amazônia-Mata Atlântica

  • Data: 26/02/2019
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  • As alterações climáticas que ocorreram durante os ciclos paleoclimáticos no período Quaternário (2 milhões de anos atrás), influenciaram na distribuição geográfica das florestas tropicais úmidas, promovendo uma frequente dinâmica de retrações e expansões das florestas durante os períodos glaciais e interglaciais. Biomas florestais como a Amazônia e a Mata Atlântica, separados pela diagonal de vegetação seca, compartilham diversos grupos biológicos (atualmente disjuntos) que apresentavam distribuição ao longo de conexões espaciais do Quaternário. Ambos biomas possuem padrões climáticos distintos, dando suporte para possíveis modulações de nicho entre espécies disjuntas após eventos paleoclimáticos. Com base neste contexto, o presente trabalho possui como objetivo avaliar o padrão de distribuição do nicho ecológico entre espécies de aves que apresentam distribuição disjunta Amazônia – Mata Atlântica, considerando se o tempo de divergência entre as populações pode ter influenciado na modificação dos nichos ecológicos das populações amazônicas e atlânticas de cada espécie. Foi utilizado análises de sobreposição de nicho e modelagem de nicho ecológico para avaliar o efeito de eventos biogeográficos históricos da América do Sul sobre as espécies avaliadas. Modelou-se 37 espécies de aves com distribuição disjunta Amazônia – Mata Atlântica, utilizando quatro diferentes algoritmos de aprendizagem automática, baseados em presença e pseudo-ausências. Para medição da sobreposição de nicho foi realizado uma PCA calibrada em todo espaço ambiental do estudo e calculado através da métrica D de Schoener a sobreposição de nicho, avaliando a hipótese de evolução ou conservação de nicho (testes de similaridade, equivalência, expansão, estabilidade e não preenchimento). Os resultados mostraram que a maioria dos modelos de distribuição das 37 espécies foi capaz de predizer reciprocamente áreas que se aproximam da sua atual distribuição geográfica e áreas climaticamente adequadas em toda Amazônia e Mata Atlântica. Foi observado uma baixa sobreposição de nicho, entre as populações do estudo. Contudo, verificou-se que para a maioria das espécies os testes de similaridade de nicho apresentaram valores que indicam uma sobreposição maior do que o esperado pelo acaso. Verificou-se que a maioria das populações que são consideradas como subespécies já reconhecidas possuem baixa sobreposição em conjunto de nichos heterogêneos e não equivalentes, refletindo em um indício de adaptação a nichos com condições ambientais diferentes entre elas. Estas populações possuem histórico de divergência filogenética durante o Plioceno e o Pleistoceno, similar a vários grupos biológicos. Dentre elas, Antrostomus sericocaudatus e Cercomacroides laeta apresentaram ausência total de sobreposição de nicho entre as populações disjuntas, reforçado pelos resultados de expansão e similaridade de nicho. Nossos resultados condizem com estudos realizados com diferentes grupos biológicos que discutem a distribuição potencial entre espécies disjuntas e a conservação ou evolução do nicho entre espécies com populações disjuntas na Amazônia e na Mata Atlântica. Contudo, a baixa ou a ausência da sobreposição de nicho foi observada principalmente nas espécies que possuem uma maior diversidade filogenética que condiz com eventos climáticos presentes no Pleistoceno, durante o Quaternário.

  • JOAS DA SILVA BRITO
  • PAPEL DA COMPLEXIDADE DE HABITAT DE MACRÓFITAS, ESPAÇO E AMBIENTE SOBRE LARVAS E ADULTOS DE ODONATA (INSECTA)

  • Data: 21/02/2019
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  • O objetivo do estudo foi avaliar o papel da complexidade de habitat de macrófitas, espaço e ambiente sobre a diversidade de larvas e adultos de Odonata. Nossas hipóteses são: 1) a complexidade de habitat será o principal preditor e terá ação diferente sobre as fases de vida da ordem Odonata, ou seja, a parte emersa terá maior influência sobre os adultos e a submersa sobre as larvas; 2) o espaço será o segundo preditor mais importante agindo sobre as assembleias, pois pode influenciar a dispersão de ambas as fases. Foram amostradas 48 unidades amostrais na baía da Flona de Caxiuanã.  Foram coletadas 13 espécies de adultos, 19 gêneros de larvas e 11 espécies de macrófitas. A pRDA indicou que a complexidade de habitat foi o preditor mais influente sobre as larvas (R²=0.15; p=0.048), mas avaliando os componentes desse preditor a maior influência foi da complexidade emersa e não da submersa, corroborando parcialmente a hipótese 1. O espaço não foi o segundo preditor e também não exerceu influência significativa sobre as fases de vida, não confirmando a hipótese 2. O ambiente não exerceu influência significativa sobre nenhuma das fases. O fato da complexidade média de habitat emerso ter sido mais importante preditor das larvas pode estar relacionado à seleção de sítios de oviposição, feitas pelas fêmeas adultas, cujo objetivo seria de aumentar as chances de sobrevivência das larvas, desde a eclosão até o seu desenvolvimento. Já os machos territorialistas protegem estes locais visando aumentar suas chances de cópulas. A estruturação física fornecida pelas macrófitas teve papel importante sobre a fase larval de Odonata, futuras abordagens ecológicas em escala espacial mais ampla podem ter maior poder explicativo sobre adultos, bem como um maior refinamento na mensuração de complexidade de habitat submerso pode fornecer resultados mais robustos sobre a relação da ordem com macrófitas aquáticas. 

2018
Descrição
  • ANDRE DAS NEVES CARVALHO
  • Fatores determinantes para a ocorrência e coexistência de onça pintada (Panthera onca) e onça parda (Puma concolor) na Amazônia Oriental

  • Orientador : ANA CRISTINA MENDES DE OLIVEIRA
  • Data: 30/12/2018
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  • A Amazônia é considerada como bioma de grande relevância para a conservação da onça pintada e da parda, porém a degradação ambiental avança cada vez mais, principalmente, sobre a sua porção Oriental. Apesar da influência antrópica, onças ainda ocorrem nesta porção do bioma amazônico e entender quais são os fatores que determinam a ocorrência desses animais é de grande relevância para a conservação. Utilizamos Modelos Lineares Generalizados (GLM) para identificar quais variáveis antrópicas e naturais estariam influenciando a ocorrência e coexistência de onças na Amazônia Oriental. A onça pintada teve influência positiva da porcentagem de floresta primária e agropecuária, enquanto que a porcentagem de floresta degradada teve relação negativa. A onça parda teve como única variável explicativa a altitude, ressaltando a sua plasticidade ambiental. A coexistência das onças é favorecida pela porcentagem de floresta primárias e desfavorecida pela porcentagem de agropecuária. Nossos resultados demonstram a importância da manutenção de floresta primárias para a conservação das espécies de onça em ambientes antropizados. Áreas de floresta preservada tem capacidade de fornecer os subsídios necessários para a coexistência desses animais, enquanto que áreas degradadas incentivam esses animais a procurarem áreas alternativas e, consequentemente, aumentam a probabilidade de conflitos.

  • FLAVIA ALESSANDRA DA SILVA NONATO
  • A HETEROGENEIDADE DE BANCOS DE MACRÓFITAS AQUÁTICAS E A DIVERSIDADE DE PEIXES EM UMA RIA FLUVIAL AMAZÔNICA

  • Data: 30/11/2018
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  • Nos ecossistemas de água doce, a heterogeneidade do habitat pode ser fornecida por espécies de macrófitas com diferentes formas estruturais, que vão desde espécies submersas livres até espécies enraizadas. Estudos têm mostrado que os bancos de macrófitas, em regiões tropicais, sustentam uma rica fauna associada de peixes, por servirem como substrato para desovas, alimento e refúgio contra a predação. O presente trabalho tem por objetivo avaliar o efeito da heterogeneidade dos bancos de macrófitas aquáticas sobre a diversidade taxonômica e funcional de peixes, partindo da hipótese de que o aumento da heterogeneidade afetará positivamente a diversidade taxonômica e funcional de peixes, influenciando nos padrões de diversidade e distribuição das espécies. A coleta foi realizada em 34 pontos na baía dos botos e na foz do rio Pracupi no baixo rio Anapu, Pará. Em cada ponto foi disposto um quadrado de PVC (1x1m) aleatoriamente sobre o banco de macrófitas, e foi mensurado a riqueza e a porcentagem de cobertura de cada espécie dentro do quadrado. Logo após, foi usada uma armadilha para captura da ictiofauna, confeccionada do mesmo tamanho do quadrado, com uma rede de malha (1mm) com um 1,50 m de comprimento, fechado de todos os lados e no fundo. A armadilha foi passada sob o banco de macrófitas e puxado logo em seguida. Para investigar a relação entre a heterogeneidade e a diversidade taxonômica e funcional de peixes utilizamos regressões lineares onde a heterogeneidade foi usada como variável preditora e a diversidade taxonômica (riqueza e abundância das espécies) e diversidade funcional como variáveis respostas. Para avaliar o efeito da heterogeneidade dos bancos de macrófitas sobre a distribuição das espécies de peixes utilizamos a Análise de Coordenadas Principais. A diversidade funcional foi medida através do Índice médio ponderado pela comunidade. Foram identificadas 16 espécies de macrófitas aquáticas e 21 espécies em 10 famílias de peixes nos 34 pontos amostrais. A espécie de peixe mais abundante foi Hemigrammus ocellifer, com 25 indivíduos (23,1%) seguida de Laimosemion strigatus com 12 indivíduos (11,1%). O resultado da regressão linear somente foi significativo entre a heterogeneidade dos bancos de macrófitas sobre dois traços dos atributos funcionais, ambos ligados a locomoção dos peixes, o índice de compressão do pedúnculo caudal e o aspecto proporcional da nadadeira peitoral. Nossos resultados demonstram que a associação entre a heterogeneidade fornecida pelos bancos de macrófitas é importante para os indivíduos de peixes, pois quanto mais aumenta a heterogeneidade nos bancos, maior é a associação com espécies de peixes que possuem capacidade de manobra, uma vez que essas espécies conseguem nadar entre as estruturas das macrófitas. Dessa forma, podemos observar que a heterogeneidade fornecida pelas macrófitas aquáticas, apesar de não afetar a riqueza e abundância de peixes, tem importância para diferentes espécies de peixes, mas principalmente, para aquelas que utilizam e dependem desses bancos como refúgio.

  • JOÃO LUCAS DA SILVA GONÇALVES
  • O efeito da cheia sobre a distribuição e padrões de coocorrência de peixes de riachos em um sistema de ria-fluvial na Amazônia Oriental

  • Orientador : THAISA SALA MICHELAN
  • Data: 26/02/2018
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  • Dentre as diferentes abordagens nos estudos da ecologia de comunidades, as inferências sobre a relação não aleatória da distribuição espacial como causa dos padrões de coocorrência das espécies, vem tomando destaque nas últimas décadas em abordagens de metacomunidades. O objetivo deste trabalho é avaliar os efeitos da cheia e das características do habitat nos padrões de coocorrência dos peixes de riachos no baixo Anapu, avaliando a existência de diferenciação deste padrão para espécies de peixes bentônicas e pelágicas. Testaremos a hipótese de que as espécies de peixes pelágicas, com maior capacidade natatória, e assim, maior poder de migração, apresentam padrões aleatórios de coocorrência, por sua vez as espécies de bentônicas com alta especificidade ao habitat e baixa capacidade de migração, mostrarão padrões não aleatórios. O trabalho foi desenvolvido em 33 riachos, com características peculiares, localizados na Floresta Nacional de Caxiuanã, no Baixo rio Anapu (Pará, Brasil). As coletas ocorreram em dezembro de 2010, período de seca, e abril e maio de 2011, período de cheia. Em cada riacho foram aferidas oito variáveis ambientais em três pontos equidistantes e coleta da ictiofauna foi realizada com rede de mão. Para determinar quais variáveis ambientais foram mais correlacionadas com a abundância das espécies foi utilizada uma Análise de Redundância (RDA) com os dados de habitat para os dois períodos hidrológicos. A fim de verificar a existência de padrões não aleatórios de coocorrência das espécies durante os dois períodos hidrológicos (seca e cheia), foi utilizado o índice de C-Score (C). Nossos resultados demonstraram a importância das variáveis físico-químicas nos padrões de distribuição de espécies de peixes de riachos na Amazônia Oriental, no qual as variáveis, como pH, temperatura e oxigênio dissolvidos foram a mais importantes no período da seca e somente a temperatura foi importante para o período de cheia. Os padrões de coocorrência para espécies de peixes de riachos suportam nossa hipótese de que espécies de peixes pelágicas, com maior capacidade natatória, e assim, maior poder de migração, mostram padrões aleatórios de coocorrência, por outro lado, as espécies bentônicas com alta especificidade ao habitat e baixa capacidade de migração, geralmente mostram padrões não aleatórios, sendo isso somente comprovado no período de seca.

2017
Descrição
  • FACUNDO ALVAREZ
  • Clima, solo e água: importância de variáveis ambientais na determinação da distribuição de peixes de rios e riachos amazônicos

  • Data: 31/08/2017
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  • Estimar as distribuições espaciais das espécies é um dos principais objetivos da macroecologia, ainda mais quando os esforços amostrais não conseguem atingir os conhecimentos demográficos das espécies alvo. Neste sentido os modelos de distribuição de espécies (MDE) permitem aproximar o nicho fundamental das espécies a
    partir da extrapolação de variáveis preditoras. A bacia Amazonas-Tocantins está caracterizada por uma forte dinâmica ambiental que condiciona de forma diferencial a ictiofauna regional à diferentes escalas espaciais. Devido à percepção diferencial dos hábitats por parte das espécies foram incorporadas nos modelos quatro espécies de rio, Ageneiosus inermis, Acestrorhynchus falcatus, Pygocentrus nattereri e Plagioscion squamosissimus e quatro de riachos, Crenuchus spilurus, Helogenes marmoratus, Helogenes marmoratus e Trichomycterus hasemani. Os objetivos do trabalho foram: (i) Determinar qual conjunto de variáveis preditoras permitem obter melhores representações espaciais para as espécies de rios e riachos empregando MDE e, (ii)
    Avaliar o poder preditivo de MaxEnt para gerar MDE de rios e riachos empregando diferentes conjuntos de variáveis preditoras. Os registros espaciais que apresentaram autocorrelação espacial foram processados a partir do pacote spThin. Para caracterizar a dinâmica ambiental foram incorporados 78 variáveis divididas em três tratamentos: PCA1 (variáveis climáticas), PCA2 (variáveis climáticas, declividade e fluxo acumulado) e PCA3 (variáveis climáticas, declividade, fluxo acumulado, topográficas e edáficas). Foi empregado o software MaxEnt, configurado a partir do pacote ENMeval. Dois aspectos podem ser observados nos resultados, para espécies de rios a incorporação de variáveis hidrológicas, topográficas e edáficas permite obter representações mais precisas e restritas espacialmente do que somente empregando variáveis climáticas. E em segundo lugar, independente da complexidade dimensional do sistema, MaxEnt permite obter MDEs com alto poder preditivo tanto para espécies de rios como para espécies de riachos. No caso de espécies de rios os preditores macroscópicos (variáveis climáticas - PCA1) permitiram representar seus requisitos ambientais e suas amplas distribuições espaciais. Enquanto que, variáveis climáticas, hidrológicas, topográficas e edáficas (PCA3) atuaram como filtros ambientais restringindo as distribuições espaciais de ambas às espécies de rios e riachos. A complexidade dimensional do sistema não afeta a capacidade de representação espacial de Maxent, observando que, no caso de espécies de riachos MaxEnt mostrou maior capacidade de representação espacial.

  • ANA PAULA FERREIRA DANIN
  • ECOLOGIA POPULACIONAL DE Clibanarius symmetricus (ANOMURA:

    DIOGENIDAE) EM UMA PRAIA EXPOSTA DA COSTA AMAZÔNICA

    BRASILEIRA

  • Data: 06/06/2017
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  • Os ermitões pertencentes a infraordem Anomura utilizam conchas de

    gastrópodes como forma de proteção do abdômen e ocupam uma grande

    variedade de hábitats marinhos. Clibanarius symmetricus é comumente

    encontrada na zona entremarés e em águas rasas. Publicações referentes a

    ecologia populacional desta espécie foram realizadas principalmente em praias

    subtropicais brasileiras. O presente estudo analisou aspectos da estrutura e

    dinâmica populacional, produção secundária e a utilização de conchas de uma

    população de C. symmetricus habitando um afloramento rochoso de uma praia

    arenosa exposta dissipativa do litoral Amazônico. Para essa finalidade, coletas

    mensais foram realizadas entre outubro 2015 e setembro 2016 ao longo de três

    transectos perpendiculares a linha d’água. Estimativas do crescimento individual

    de von Bertalanffy, da taxa de mortalidade e da produção secundária foram

    obtidas com a rotina ELEFAN, o método da curva de captura convertida para o

    comprimento (ambos do pacote FISAT) e o método da taxa de crescimento

    específica em massa, respectivamente. A densidade diferiu entre as duas

    estações, sendo maior no período seco. A presença de juvenis e fêmeas

    ovígeras durante todo ano reforça o padrão de reprodução contínua nesta

    latitude. Dimorfismo sexual em relação ao tamanho também foi detectado. Os

    parâmetros de crescimento (L∞ e K) foram geralmente menores que os de

    populações subtropicais e similares entre machos e fêmeas, assim como ocorreu

    para a taxa de renovação (P/B). A concha do muricídeo Thaisella coronata foi a

    mais ocupada pelos ermitões e as regressões entre os parâmetros

    morfométricos das conchas dessa espécie e C. symmetricus sugerem uma

    melhor adequação para os machos.

  • RAPHAEL DE VASCONCELOS NUNES
  • Efeitos do manejo do açaí (Euterpe oleracea Mart.) sobre a avifauna em áreas de várzea

    estuarina na Amazônia

  • Orientador : MARIA APARECIDA LOPES
  • Data: 30/05/2017
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  • As ações humanas e o uso de recursos naturais, ao remover espécies

    vegetais, recursos alimentares ou alterar a estrutura do ambiente, pode ter efeitos

    indiretos em comunidades de animais. O crescente manejo do açaí (Euterpe oleracea)

    na Amazônia vem alterando as florestas de várzea, com a substituição de florestas por

    áreas de cultivo, causando empobrecimento florístico. Neste artigo investigamos os

    efeitos do manejo desta espécie sobre a estrutura da comunidade de aves. Não

    verificamos mudanças na abundância, riqueza e diversidade de aves nas áreas

    submetidas ao manejo de açaí, mas houve alteração da composição da comunidade,

    sendo esta mais homogênea nas áreas manejadas. Verificamos também um efeito

    sinergético do manejo do açaí com outras atividades antrópicas, e uma tendência à perda

    de riqueza de espécies nas áreas manejadas. Os efeitos do manejo de açaí sobre a fauna

    ainda são difíceis de detectar, mas podem surgir a longo prazo, e nossos resultados

    apontam para a homogeneização e perda de espécies em áreas submetidas a intenso

    manejo, ocasionando o empobrecimento da avifauna.

  • CAIO CRISLEY MOURA SOARES
  • Variabilidade na composição de espécies de assembleias de palmeiras

    em uma paisagem na Amazônia Oriental

  • Orientador : MARIA APARECIDA LOPES
  • Data: 31/03/2017
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  • Contextualização: Grandes rios na Amazônia restringem a distribuição de

    espécies, inclusive de palmeiras. Palmeiras respondem a variações ambientais

    e uma relação positiva entre heterogeneidade ambiental e diversidade beta é

    frequente. Porém mecanismos como efeito de massa e limitação de dispersão

    podem obscurecer essa relação.

    Objetivos: Avaliar se a composição de espécies e a diversidade beta de

    palmeiras diferem entre as margens do rio Tocantins, e se a heterogeneidade

    ambiental afeta a diversidade beta.

    Métodos: Amostramos a assembleia de palmeiras pelo método da transecção

    linear em 24 sítios, 12 em cada margem do rio. Examinamos a composição de

    espécies com uma PCoA. Medimos a diversidade beta através do teste de

    múltiplos dispersores, avaliamos sua diferença entre margens através do teste

    de homogeneidade de dispersões e sua relação com a heterogeneidade

    ambiental com uma regressão simples.

    Resultados: Apesar de compartilharem 20 das 21 espécies registradas, a

    composição diferiu entre as margens. Porém a variabilidade na composição

    (diversidade beta) não variou entre as margens. Não houve relação entre

    heterogeneidade ambiental e diversidade beta.

    Conclusões: A composição de espécies dos sítios diferiu entre margens, mas

    não a diversidade beta, o que pode estar relacionado com efeito de massa, no

    caso de espécies muito abundantes, e com barreira à dispersão no caso de

    espécies raras.

  • INGRID NAZARE GARCIA ROSARIO
  • ASPECTOS ECOEPIDEMIOLÓGICO ASSOCIADOS À FAUNA FLEBOTOMÍNICA DE UM FRAGMENTO FLORESTAL URBANO, NO MUNICÍPIO DE BELÉM, PARÁ, BRASIL

  • Data: 31/03/2017
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  • Os flebotomíneos são insetos vetores de doenças, sendo responsáveis pela transmissão a animais e humanos de inúmeras enfermidades sendo a principal delas as leishmanioses. O presente estudo avaliou os aspectos ecoepidemiologicos da fauna flebotomínica em um fragmento florestal na área urbana no município de Belém (PA). De dezembro de 2015 a novembro de 2016 foram realizadas coletas mensais de flebotomíneos no fragmento florestal e no peridomicílio das residências próximas, com o auxilio de armadilha luminosa do tipo CDC. Coletou-se um total de 4070 flebotomíneos, com identificação de dois gêneros e 24 espécies. A espécie predominante foi Lutzomyia (Tricopygomyia) longispina (32,16%), seguida por Lutzomyia (Evandromyia) infraspinosa (21,72%). Os estimadores de riqueza indicaram que o esforço amostral foi satifastório para a área estudade. Não houve uma relação significativa entre a precipitação acumulada e a temperatura quando analisada com a abundância de flebotomíneos, apenas a Umidade Relativa do Ar apresentou uma relação negativa sobre o número de exemplares coletados. E quando relacionados às variáveis climáticas com a riqueza de espécies, apenas a precipitação acumulada mensal apresentando uma relação negativa sobre a riqueza de espécies capturadas. Na análise da distribuição vertical o número de espécimes de flebotomíneos capturados ao nível do solo foi significativamente maior do que na copa, onde no solo foram encontradas 21 espécies, sendo quatro delas exclusivas deste estrato: e 20 espécies na copa, com três ocorrendo exclusivamente da copa. Foram encontradas quatro espécies com importância epidomiológica, sendo: Lutzomyia (Nyssomyia) flaviscutellata, Lutzomyia (Psychodopygus) ayrozai, Lutzomyia (Psychodopygus) paraensis e Lutzomyia (Nyssomyia) antunesi. As fêmeas avaliadas por PCR foram negativas para Leishmania spp. E a grande maioria das fêmeas ingurgitadas analisadas costuma se alimentar de mamíferos. O conhecimento da fauna em área de preservação sob intensa influencia antrópica, pode auxiliar no entendimento da relação entre as espécies e o grau de preservação de uma área, e também no conhecimento de espécies que podem desempenhar papel efetivo na transmissão de agentes patogênicos ao homem e animais.


  • DIEGO GARCIA CORDEIRO SOUZA
  • Ecologia populacional de Ocypode quadrata (Brachyura: Ocypodidae) em uma praia arenosa exposta de macromaré da costa amazônica do Brasil

  • Data: 28/03/2017
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  • Este trabalho propõe-se a analisar aspectos da ecologia populacional de caranguejos da espécie Ocypode quadrata (Brachyura: Ocypodidae) em uma praia arenosa exposta, dissipativa e de macromaré situada no nordeste do estado do Pará, Brasil, no período de um ano. A população foi amostrada por métodos indiretos (contagem e mensuração de tocas) e diretos (escavação das tocas e análise dos indivíduos). Analisa-se a variação na abundância das tocas ao longo do tempo e em função de variáveis ambientais relevantes em ambientes de praia e na região (propriedades do sedimento, precipitação, temperatura do ar e água do mar, salinidade). Descreve-se a zonação a partir da distribuição das tocas segundo a distância da linha de maré alta. Dados de tocas também são aplicados na estimação de parâmetros de crescimento individual da população. Estimam-se a taxa de ocupação das tocas, razão sexual e relação entre diâmetro da toca e medidas dos indivíduos (largura, comprimento e largura da carapaça). Houve diferença significativa na abundância entre as duas estações amazônicas, sendo maior na estação chuvosa (0,78 ± 0,24 tocas.m-1) que na de estiagem (0,37 ± 0,13 tocas.m-1). Houve influência significativa apenas da precipitação de tamanho do grão do sedimento. A população se encontra praticamente restrita ao supralitoral da praia. Os parâmetros de crescimento individual estimados (L=53,36 mm, K=0,76 yr-1, t0=0,014 yr, Φ=3,34) descrevem curva com bom ajuste à progressão temporal das coortes. A ocupação das tocas variou entre 12,5% a 28,7%. A razão sexual manteve equilíbrio na estação chuvosa, com mudança para predominância de machos na estiagem. O diâmetro das tocas relacionou-se sobretudo com a largura da carapaça. Essas informações elucidam o comportamento de populações de caranguejos ocipodídeos em ambientes amazônicos de macromaré. Quando comparadas com dados de outras regiões, fornecem insights sobre tendências latitudinais de parâmetros populacionais. 

  • REGINALDO HAROLDO MEDEIROS MOREIRA JUNIOR
  • Avaliação preliminar da população de botos-do-Araguaia (Cetacea: Iniidae: Inia araguaiaensis Hrbek et al., 2014) no baixo rio Tocantins, Amazônia Orienta

  • Data: 08/03/2017
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  • O estudo teve como objetivos estimar a abundância e o tamanho da área de

    vida de botos-do- Araguaia (Inia araguaiaensis), caracterizar seu habitat, e descrever

    seu uso do habitat no baixo rio Tocantins, Amazônia Oriental. Os dados foram

    coletados em novembro de 2015 e março de 2016. Quando avistados os botos eram

    contados e fotografados, sua localização era registrada e eram mensurados

    parâmetros ambientais. A abundância foi estimada através de um método de

    marcação e recaptura aliado à foto-identificação e a área de vida, pelo método do

    polígono convexo e pelo estimador de densidade Kernel. Modelos Lineares

    Generalizados foram usados para avaliar os padrões de uso de habitat dos botos.

    Foram observados dois animais solitários e agregações de até oito indivíduos (6,43 ±

    1,13 indivíduos). Foram identificados 13 indivíduos e estimados um total de 18 botos

    na área. A área de vida e área nuclear estimadas foram de até 14,55 km² e 5,25 km²,

    respectivamente. Uma alta frequência de registros ocorreu em frente ao mercado de

    Cametá, que foi a única métrica ambiental com efeito significativo no uso do habitat

    (GLM, z = 2,79; p &lt; 0,01). A alta frequência está associada ao provisionamento de

    alimentos aos botos no mercado.

  • DIEGO FERNANDES GOMES PEREIRA
  • FILTROS AMBIENTAIS DETERMINANDO CARACTERES FUNCIONAIS DE COMUNIDADES DE ODONATA

  • Data: 07/03/2017
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  • A distribuição de espécies pode ser afetada pela disponibilidade de ambientes que se encaixam dentro do limite de variação do seu nicho e pela interação com outras espécies. Modificações no ambiente, especialmente os de origens antrópicas, são cada vez mais comuns, e a modificação de habitat resultante dessas atividades é considerada uma das principais causas de extinções de espécies. Ecossistemas aquáticos são considerados um dos mais vulneráveis do globo em virtude de sua dependência da paisagem circundante e da rede de drenagem. No entanto, a resposta das espécies a essas alterações não é aleatória, podendo seguir padrões que são dependentes de funcionalidade ou da morfologia especifica de cada táxon. O objetivo deste trabalho foi avaliar se os fatores ambientais funcionam como filtro para o estabelecimento de espécies de Odonata por meio de seus caracteres funcionais e morfológicos, testando as hipóteses de que: a) o ambiente funciona como um filtro sobre as espécies, por meio da facilitação ou impedimento de caracteres e b) que devido aos requerimentos de termorregulação e reprodução, indispensáveis para a colonização e manutenção da população, a largura do tórax e o tipo de oviposição serão as variáveis biológicas mais afetadas. Para isso, amostramos 97 igarapés na Amazônia oriental, distribuídos em um gradiente de condições ambientais que contempla desde áreas totalmente preservadas a muito modificadas pela pecuária e agricultura. Foram utilizados seis caracteres funcionais (comprimento total, comprimento da asa, largura da asa, largura do tórax, comprimento do abdome e categoria de oviposição) e sete variáveis ambientais (índice de integridade ambiental, oxigênio dissolvido, temperatura da água, cobertura de dossel, cobertura de macrófitas, pH e condutividade). Para avaliar se as variáveis ambientais influenciam as comunidades de Odonata, utilizamos uma combinação de análises RLQ e Fourth Corner, na qual avaliamos as relações de sete variáveis. Dentre as variáveis ambientais estudadas, o Índice de Integridade Ambiental apresentou o maior efeito sobre a comunidade de Odonata, tendo relação negativa com a largura da asa, largura do tórax e de oviposição exofítica, e relação positiva com oviposição endofítica. Cobertura de macrófitas foi a segunda variável ambiental mais representativa, apresentando relação negativa com comprimento do abdome e positiva com oviposição exofítica e largura do tórax. Os resultados mostram que ambientes poucos preservados facilitam a ocorrência de organismos com tórax largo e a substituição da categoria de oviposição endofítica pela exofítica. Uma vez que impactos normalmente não modificam a riqueza de libélulas, apenas sua composição, tais resultados indicam que ocorre favorecimento de grupos com estes caracteres, tais como a família Libellulidae, em detrimento de outras famílias e grupos (especialmente de Zygoptera), o que pode resultar em homogeneização da comunidade e perda filogenética e funcional. A preservação de ambientes prístinos é, portanto, indispensável para manter a diversidade de Odonata, sendo a melhor maneira de conservar os muitos grupos ecofisiológicos e comportamentais da ordem. A resposta das comunidades de libélulas, direcionada por caracteres morfológicos e comportamentais, elucida padrões de respostas ecológicas, e a incorporação de hábitos de oviposição em políticas de conservação da ordem se apresenta indispensável para torná-las mais adequadas, pois são críticos para a manutenção de populações e colonização de novos locais.

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