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TIAGO MAGALHAES DA SILVA FREITAS
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LACUNAS DE CONHECIMENTO E EVOLUÇÃO DA DIETA DE PEIXES AUCHENIPTERIDEOS (TELEOSTEI: SILURIFORMES)
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Data: 27/12/2019
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A família Auchenipteridae é composta por 125 espécies de bagres distribuídas pela região Neotropical. Esses táxons apresentam uma incrível variabilidade morfológica e de nicho. Nos últimos anos esse grupo de peixes tem despertado grande interesse para pesquisa, como revisões taxonômicas e relações evolutivas, além de estudos autoecológicos (p. ex. aspectos alimentares e reprodutivos). A disponibilidade de informações sobre esses peixes faz da família Auchenipteridae um valioso caso de estudo para investigar diferentes questões ecológicas e evolutivas. Aqui, usamos um abrangente banco de dados taxonômico, distribuição geográfica, dados filogenéticos e de hábitos alimentares das espécies de auchenipterídeos. Realizamos uma série de estatísticas descritivas e analíticas para avaliar: a precisão das identificações taxonômicas desses peixes em repositórios on-line (Seção I), déficit em diferentes áreas do conhecimento (Seção II) e conservação filogenética do nicho trófico (Seção III). Na primeira sessão, evidenciamos um grande nível de imprecisões taxonômicas nos registros de repositórios online. Ressaltamos que tais bancos de dados devem ser utilizados com cautela, pois muitos problemas de imprecisão taxonômica podem estar presentes, o que pode levar os pesquisadores a fornecer uma perspectiva incompleta ou até equivocada das variações no mundo natural. Na segunda seção, nossos resultados mostraram que uma proporção substancial de táxons ainda deve ser descrita; também evidenciamos que os bagres auchenipterídeos permanecem subamostrados ao longo do Neotrópico. Por outro lado, sugere-se uma forte tendência a uma hipótese filogenética robusta dessa família em função do bom acumulo de informações. Já em relação ao atual conhecimento sobre hábitos alimentares dos auchenipterídeos, observamos lacunas notáveis tanto ao nível de gênero quanto de espécies. Por fim, na terceira seção, observamos que a maioria dos hábitos alimentares dos auchenipterídeos é conservada ao longo da filogenia. Porém a reconstrução da dieta do ancestral permaneceu incerta, mas sugerimos que se tratava de um peixe de hábitos onívoros oportunistas. Enfim, destacamos que apesar de inúmeros avanços no conhecimento dos peixes auchenipterídeos, ainda há muito trabalho a ser feito. Reduzir esses déficits exigirá um esforço conjunto de taxonomistas, ecólogos e biogeógrafos. Os resultados obtidos nessa Tese lançaram novas luzes sobre diferentes áreas de conhecimento de peixes auchenipterídeos, uma linhagem relevante entre a fauna de peixes neotropicais.
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LUIZ HENRIQUE MEDEIROS BORGES
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O papel de mamíferos de médio e grande porte como modificadores do habitat na Amazônia ocidental
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Data: 30/10/2019
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Mamíferos terrestres de médio e grande porte apresentam ampla diversidade de formas, história de vida, comportamento, fisiologia e ecologia, o que confere a este táxon uma ampla gama de espécies. As diversas espécies de mamíferos são responsáveis por exercer funções importantes em seus ambientes de ocorrência, atuando em serviços como dispersão e predação de sementes, polinização, controle de populações, ciclagem de nutrientes e engenharia do ecossistema. Engenheiros do ecossistema são espécies que pela sua presença e ou atividade alteram o meio biótico e abiótico, modulando e modificando o habitat para outras espécies. A forma como os organismos podem afetar um ao outro são diversas, e ocorre principalmente por meio das interações ecológicas como predação, competição e comensalismo ou facilitação. Os mamíferos podem desempenhar suas funções na engenharia do ecossistema, modificando habitats para outras espécies, como por exemplo o tatu canastra, ou agirem no controle de plântulas alterando o processo de regeneração, influenciando a distribuição e abundância dos indivíduos em diferentes níveis e escalas. Nesse contexto, a presente tese é dividida em duas sessões nas quais avaliamos como médios e grandes mamíferos podem modificar ambientes. Na primeira avaliamos o papel de Priodontes maximus (tatu canastra) como engenheiro do ecossistema em florestas do sudoeste da Amazônia. Nossos resultados mostraram que uma ampla diversidade de vertebrados terrestres é beneficiada pelas tocas de P. maximus. Além disso, identificamos a finalidade com a qual a maioria dos vertebrados utilizam as tocas, mostrando que a interação estabelecida nas tocas é ampla e fortemente conectada, para os mais diversos fins. Na segunda sessão verificamos como mamíferos de médio e grande porte podem interferir no processo de regeneração de clareiras artificiais formadas pela exploração madeireira de baixo impacto no sudoeste da Amazônia. Mensuramos os danos causados em plântulas de clareiras artificiais e ambientes de sub-bosque fechado. Com base nos resultados detectamos que o impacto na mortalidade de plântulas por mamíferos (via pisoteio ou herbivoria) é muito maior em clareiras que em ambientes de sub-bosque fechado, e que a maioria das espécies predadas são aquelas espécies de estágio inicial de sucessão sem valor madeireiro.
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KAMILA LEÃO LEÃO
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DESENVOLVIMENTO COLONIAL EM ABELHAS NATIVAS SEM FERRÃO AMAZÔNICAS (APIDAE: MELIPONINI): TAMANHO POPULACIONAL, NUTRIÇÃO E ALOCAÇÃO FENOTÍPICA
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Data: 30/10/2019
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Os meliponíneos ou abelhas sem ferrão compreendem um diverso e abundante grupo de abelhas eusociais, que vivem em colônias perenes e apresentam uma ampla variação quanto às características comportamentais. O objetivo geral desta tese é entender alguns padrões populacionais e de desenvolvimento das espécies de abelhas sem ferrão amazônicas. Na Seção I, avaliamos o tamanho da população em abelhas sem ferrão com o objetivo de determinar o tamanho da colônia de cinco espécies de abelhas sem ferrão amazônicas e entender como outras características da colônia se relacionam com o tamanho da população. Encontramos uma população adulta de 1.046,00 em Melipona flavolineata Friese, 1900, 592,75 em Melipona fasciculata, Smith, 1854, 7.404,00 em Scaptotrigona aff. postica (Latreille, 1807), 2.425,33 em Frieseomelitta longipes (Smith, 1854) e 404,75 em Plebeia minima (Gribodo, 1893). A atividade externa foi a variável que melhor explicou o tamanho da população. Na Seção II investigamos a longevidade de operárias de abelhas sem ferrão alimentadas com dieta à base de soja. Nosso objetivo foi comparar o efeito de uma dieta semiartificial à base de soja versus uma dieta natural sobre a longevidade de operárias adultas de duas espécies de abelhas sem ferrão (Melipona flavolineata Friese, 1900 e Scaptotrigona aff. postica (Latreille, 1807)). Encontramos uma maior longevidade nas operárias que consumiram apenas pólen em comparação com aquelas que consumiram a dieta à base de soja para as duas espécies estudadas. Por fim, Na Seção III avaliamos a alocação fenotípica nas abelhas sem ferrão. Nesse trabalho investigamos a alocação fenotípica como resposta a variações climáticas e ambientais, usando como modelo de estudo a abelha sem ferrão Melipona fasciculata Smith, 1854. Nossos resultados revelam que a alocação fenotípica em M. fasciculata está fortemente associada à variação climática (estação) e não a qualidade do ambiente (local). A produção de rainhas virgens foi influenciada pela estação e o ano (sendo maior na estação seca), mas não pelo local. A produção de machos foi explicada pelas variáveis estação e local e a estação e o ano de coleta exerceram influência sobre a porcentagem de operárias produzidas, apresentando diferença entre anos. Acreditamos que esta tese contribui para o maior entendimento da história natural das abelhas sem ferrão e para o fortalecimento da meliponicultura na região amazônica.
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GICELLE MARIA FARIAS DA SILVA
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Ecologia e Reprodução de Macrobrachium amazonicum (Crustacea, Palaemonidae) em diferentes sistemas aquáticos
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Data: 27/09/2019
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Macrobrachium amazonicum é uma espécie de camarão endêmico da América do Sul com ampla distribuição geográfica e de importância biológica e econômica para a Amazônia. Essas populações apresentam variações quanto às características ecológicas, comportamentais e de histórias de vida. Contudo, grandes lacunas sobre adaptação do M. amazonicum ao ambiente, relacionados aos fatores que subsidiam a sobrevivência/reprodução do animal ainda constituem entraves para o entendimento de seu ciclo de vida. O objetivo desta tese foi investigar os efeitos dos ecossistemas aquáticos, de estuário e rio, nos traços da história de vida das populações de M. amazonicum. Desse modo, esta tese foi organizada em três capítulos. O primeiro objetivou descrever e comparar o sistema reprodutor dos morfotipos de machos adultos através da morfometria dos túbulos seminíferos, células germinativas, e frequência dessas células nos morfotipos TC (Tranlucent claw), CC (Cinamon claw) e GC (Gre en claw) de M. amazonicum. Neste trabalho estabelecemos uma nova descrição da espermiogênese para a espécie. O segundo capítulo objetivou descrever se o ciclo hidrológico, no estuário e no rio, influenciam nas condições ambientais e nas populações de M. amazonicum. Os dados mostraram que o ciclo hidrológico, em cada ambiente, apresenta fatores abióticos específicos que interferem na dinâmica de tolerância para a sobrevivência, podendo ser fatores limitantes para as alterações nos traços da história de vida de populações de M. amazonicum. No terceiro capítulo, o objetivo foi investigar a ocorrência de trade-off entre crescimento e reprodução em populações de M. amazonicum, de diferentes sistemas aquáticos. Nesse estudo, estabelecemos que em ambientes de rio, M. amazonicum fêmeas não apresentam estágio de repouso e há predomínio de machos morfotipo TC, determinando a existência de trade-off entre crescimento e a reprodução como estratégia para se manter no ambiente. Nossos dados demonstraram que M. amazonicum representa um modelo para estudos sobre a compreensão dos processos em nível populacional, comportamental, taxonômico e reprodutivo em diferentes ecossistemas.
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GILBERTO NEPOMUCENO SALVADOR
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Barragens de rejeito e seus efeitos sobre a assembleia de peixes
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Data: 13/09/2019
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Considerada um dos principais impactos antrópicos sobre o meio ambiente, a mineração apresenta uma séria de atividades que vão desde a extração até o beneficiamento do minério. Nesse processo, as barragens de rejeito são construídas para estocar a parte não comercial do minério. Impactos ocasionados por esse tipo de empreendimento vão desde o seu rompimento, afetando rios inteiros, até impactos mais locais, como a fragmentação e a transformação de um ambiente lótico em lêntico. No presente estudo, abordaremos os impactos ocasionados por barragens de rejeito, tanto em uma escala de bacia, quanto em riachos localizados a montante dessas. Para isso, estruturamos essa tese em três sessões, sendo a primeira sessão relacionando o rompimento de uma barragem de rejeitos no município de Mariana, sobre a assembleia de peixes do rio Doce, a segunda sessão traz um crítica sobre os motivos que levaram ao novo desastre, dessa vez em Brumadinho, e a última sessão sobre às alterações ocasionadas pela implementação dessas estruturas nos riachos que deságuam no corpo do reservatório. Os estudos foram realizados em três áreas, sendo duas na bacia do rio Doce (Sessões 1 e 3), e uma na bacia do rio São Francisco (Sessão 2), sudeste do Brasil. Para a primeira sessão, coletas empregando redes de emalhar foram realizadas entre os anos de 2006 e 2018. Os tratamentos temporais foram definidos levando-se em consideração grandes alterações ambientais na bacia, como a construção da uma hidrelétrica e o rompimento da barragem de rejeitos em Mariana. Para a segunda sessão, a área de estudo foi definida como a bacia do rio Paraopeba, um dos principais afluentes do rio São Francisco. Nessa sessão, levantamos os porquês do rompimento de mais uma barragem. Já as coletas da sessão três ocorreram em uma área com grande concentração de minas de ferro. Foram selecionados dois tratamentos: riachos que deságuam em reservatórios de barragens de rejeito e riachos livres desse impacto, considerados tratamento controle. Ao final, conseguimos entender como esses empreendimentos afetam a ictiofauna, facilitando o diálogo com a conservação das espécies aquáticas em áreas afetadas diretamente pela atividade de mineração.
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OMAR SANTIAGO ERAZO SOTOMAYOR
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Influência da perturbação ambiental na assembleia de pequenos mamíferos não-voadores, na Amazônia Oriental.
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Data: 30/06/2019
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A perturbação ambiental antropogênica resulta em diferentes modificações estruturais da floresta, que podem gerar alterações nos padrões de composição de espécies, diversidade taxonômica e funcional. Nós avaliamos a influência de áreas sujeitas a níveis de perturbação ambiental, na estrutura e diversidade de assembleias de pequenos mamíferos não voadores na Amazônia oriental. Comparamos comunidades amostradas em três níveis de perturbação ambiental, o interior do fragmento florestal, a borda do fragmento florestal, e a área rural; e suas variáveis ambientais. Utilizando a composição, riqueza e abundância de espécies e seus caracteres funcionais como descritores de assembleias, sob três níveis de perturbação e suas variações ambientais. Ambientalmente as áreas com estrutura florestal (interior e borda) são significativamente diferentes das áreas rurais. A diversidade α (taxonômica e funcional) permaneceu relativamente constante através dos níveis de perturbação ambiental antropogênica. A diversidade β da comunidade respondeu de maneira semelhante, não identificamos um padrão claro em sua composição. Entre os caracteres morfológicos observamos respostas mais sutis da comunidade, pequenos mamíferos caracterizados por uma cauda maior predominam nas áreas de floresta e, aqueles caracterizados por um pé maior predominam nas áreas rurais. Concluímos que os caracteres morfológicos (comprimento da cauda e do pé), são fatores determinantes nos padrões de composição da assembleia dos pequenos mamíferos não voadores e, de sua seleção de habitat em ambientes que enfrentam impactos antrópicos. As alterações e os padrões identificados em nosso estudo são de importância crucial para os planos de manejo e conservação da biodiversidade.
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ANA PAULA JUSTINO DE FARIA
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Avaliação da condição ambiental e diversidade de insetos aquáticos de riachos amazônicos submetidos à mútiplos impactos antrópicos
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Data: 13/06/2019
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Os ecossistemas hídricos de água doce são estruturados hierarquicamente na paisagem e podem ser influenciados em diferentes escalas por atividades antrópicas. Na Amazônia, as atividades antrópicas que ameaçam os ecossistemas naturais e a diversidade de espécies estão relacionadas ao uso do solo para a pecuária, plantação de palma e extração de madeira. Esses usos do solo modificam a paisagem e os ecossistemas aquáticos, principalmente com a perda de hábitat físico dos riachos, o que diminui a heterogeneidade ambiental afetando a diversidade de espécies. Nesse contexto, o objetivo geral da tese foi avaliar como atividades antrópicas modificam a estrutura ambiental dos riachos e como essas modificações afetam a distribuição da biodiversidade de insetos aquáticos. A tese foi composta por três sessões. Na primeira, avaliamos a característica e heterogeneidade ambiental, a diversidade alfa e beta de Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera (EPT) em categorias de uso de solo que são dominantes na paisagem amazônica (áreas de exploração de madeira, plantação de oléo de palma e pecuária). Nossos resultados mostraram que a estrutura ambiental local foi alterada pelas categorias de uso do solo e a heterogeneidade ambiental foi maior entre os riachos influenciados por pecuária e riachos controles. A diversidade alfa de EPT foi menor nos riachos influenciados pelas categorias de usos solo e a diversidade beta foi maior entre os riachos influenciados por pecuária e plantação de óleo de palma. Na segunda sessão, avaliamos as influências de preditores ambientais e espaciais na estruturação de metacomunidade de EPT e exploramos a resposta individual dos gêneros aos processos de estruturação da metacomunidade em múltiplas escalas espaciais. Observamos que o descritor espacial explicou 12% da variação total da comunidade, mas 6% foram explicados pelo ambiente espacialmente estruturado. Relações de codependência entre descritores espaciais, variáveis ambientais e gêneros de EPT foram encontradas apenas para Amanahyphes, Anacroneuria, Askola, Americabaetis e Callibaetis. Na terceira sessão, o nosso objetivo foi determinar os limiares de Odonata, Gerromorpha e EPT em gradientes de distúrbio antrópico na escala local e bacia de drenagem. A comunidade de Odonata apresentou uma mudança mais gradual no distúrbio local, mas os distúrbios na drenagem provocaram um pico de mudança acentuada e sincrônica na comunidade. Além disso, a maioria das espécies foi associada ao distúrbio na bacia de drenagem do que ao distúrbio local e os indivíduos foram representados em sua maioria por espécies tolerantes. No limiar comunitário de Gerromorpha e EPT, as espécies sensíveis apresentaram uma mudança acentuada no distúrbio local e na drenagem, ao passo que as espécies tolerantes apresentam uma faixa de mudança nesses gradientes. Gerromorpha teve mais espécies associadas aos gradiente de distúrbio local e na drenagem, as quais foram representadas tanto por espécies sensíveis como tolerantes. Por outro lado, EPT apresentou mais espécies sensíveis aos gradientes de distúrbio local e de drenagem, mas duas espécies aumentaram de frequência no distúrbio local e apenas uma no distúrbio de drenagem. Nossos resultados suportam o cenário de que o uso do solo em diferentes escalas espaciais é determinante na estruturação da comunidade de insetos aquáticos.
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JAMILLE COSTA VEIGA
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História natural de abelhas nativas sem ferrão (Apidae, Meliponini): biologia reprodutiva, tamanho colonial e genética de populações
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Data: 13/06/2019
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As abelhas sem ferrão (Meliponini), importantes polinizadores nas regiões tropicais, estão sob ameaça devido à perda de habitat e mudanças climáticas, e uso sustentável dessas abelhas pode ser uma potente ferramenta para conservá-las. Contudo, grandes lacunas sobre a sua biologia básica ainda constituem entraves a conservação. O objetivo da tese foi investigar história natural e conservação das populações de abelhas sem ferrão. Na primeira seção, estudamos o ciclo de vida dos machos adultos, e a morfologia da sua cápsual genital, para discutirmos adiante como esses aspectos podem ser fonte de varibilidade intraespecífica nas populações. Na segunda seção, reconstruímos o estado ancestral do tamanho de colônias e testamos sua correlação evolutiva com outros atributos em Meliponini. Nossos resultados sugerem que a variabilidade no tamanho das colônias de Meliponini estão relacionadas a uma flexibilidade em perder ou ganhar complexidade social, subjacente à evolução desse importante atributo ecológico na tribo. Na terceira seção, investigamos como as populações de Jandaíra, Melipona subnitida – um polinizador que enfrenta condições extremas de seca e temperatura -, respondem à perda de hábitat e mudanças climáticas, revelando redução no seu fluxo gênico associado à perda de habitat; e distribuição heterogênea da sua variabilidade adaptativa, indicando adaptações genômicas locais. Considerados em conjunto, nossos estudos convergem para o maior entendedimento da variabilidade intraespecífica e das adaptações morfológicas, comportamentais e genômicas em Meliponini, assim avançando o conhecimento da história natural do grupo, e fornecendo bases para a sua conservação.
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FERNANDO GERALDO DE CARVALHO
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Métodos comparativos filogenéticos para avaliar a distribuição de Odonata (Insecta) na Amazônia brasileira
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Data: 13/06/2019
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Em virtude das alterações da paisagem causadas para fins antrópicos, é crescente as perdas da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos na Amazônia brasileira, tornandose indispensável para os ecólogos compreender os fatores que afetam a distribuição das espécies. Pois os processos ecológicos e evolutivos moldam a dinâmica de especiação e extinção das espécies, e assim, determinam a sua distribuição. O objetivo principal foi avaliar a influência dos processos evolutivos sobre a distribuição dos odonatos amazônicos. Para isso, foram compiladas as relações evolutivas já disponíveis na literatura sobre Zygoptera e Anisoptera, complementando e criando uma supertree com as espécies amazônicas. Testamos a hipótese que a modificação do habitat pode levar à perda de espécies especialistas florestais e favorecer espécies especialistas de áreas abertas e ou generalistas de hábitats. No qual, esperamos que nas áreas desflorestadas a comunidade de Odonata seja mais empobrecida taxonomicamente e filogeneticamente do que em áreas florestais. Testamos também se o habitat ancestral dos odonatos amazônicos eram estritamente florestais. Se a transição de habitats abertos para florestais necessitava passar por um estado que ocupe os dois habitas. Testamos também se a evolução do tamanho corporal está correlacionado ao habitat ocupado das espécies. As estimativas apontam que 18% dos gêneros das libélulas amazônicas não estavam nas filogenias fontes. Estima-se também que existam 400 espécies de Odonata amazônicos, porém apenas 1/5 estão disponíveis nas filogenias fontes. A conversão da floresta nativa para uso antrópico afeta a diversidade filogenética de Odonata, pois detectamos um aumento na diversidade filogenética ao longo da transformação ambiental. Porém, a riqueza e abundância taxonômica das espécies não foram afetadas. O ancestral comum dos odonatos amazônicos não seriam de habitat florestal, possivelmente por ter surgido bem antes da floresta amazônica ter essa estrutura que se encontra hoje. Além disso, o grupo precisaria se tornar generalista de hábitats antes de se especializar em algum tipo especifico de ambiente, ou então os indivíduos seriam extintos ao longo das histórias evolutivas. Quando testamos se o tamanho corporal das espécies tinha relação com o habitat ocupado não foi corroborado. Então, sugerimos que os trabalhos futuros incluam informações detalhadas sobre comportamento reprodutivo, temperatura corporal das espécies e temperatura do ar, a fim de elucidar melhor a história evolutiva dos odonatos amazônicos.
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PAULA CRISTINA RODRIGUES DE ALMEIDA MAUES
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Efeitos antropogênicos sobre a diversidade de mamíferos de médio e grande porte na Amazônia Oriental
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Data: 31/05/2019
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Todas as atividades econômicas incentivadas em larga escala na Amazônia modificam a estrutura dos ecossistemas nativos em diferentes níveis e intensidades, podendo provocar perdas de biodiversidade. Mas quais as atividades econômicas incentivadas para a Amazônia são mais degradadoras? É possível traçar um ranking de intensidade de perda de biodiversidade entre elas? Foi o que respondemos neste trabalho de pesquisa, avaliando os impactos antropogênicos de Exploração Madeireira de Baixo Impacto, Floresta Secundária, Monocultura de Dendê (Elaies guianensis) e Monocultura de Eucalipto, sobre a fauna de mamíferos terrestres de médio e grande porte. As análises foram realizadas de forma pareadas, com áreas de controle de Florestas Primárias adjacentes a cada um dos tratamentos antropogênicos. Analisamos parâmetros da comunidade como riqueza rarefeita, compartilhamento de espécies, abundância e composição de espécies e integridade da comunidade, para comparar entre os diferentes tratamentos antropogênicos e suas Florestas Primárias pareadas. Através dos nossos resultados foi possível traçar um gradiente de intensidade de impactos entre os tratamentos analisados. Neste gradiente, o tratamento de Monocultura de dendê (Oil Palm Plantation) e a Monocultura de Eucalipto (Eucalyptus Plantation) foram considerados mais depauperados em relação aos tratamentos de Exploração Madeireira de Baixo Impacto (Logged Forest) e Floresta Secundária (Secondary Forest). No caso de ambas as monoculturas observamos uma perda drástica de biodiversidade. No caso das áreas de Exploração madeireira de Baixo Impacto, observamos uma provável mudança na capacidade de detecção de algumas espécies, no entanto, não se observa perda de diversidade. Já no caso das Florestas Secundárias o que observamos foi uma substituição de espécies, sendo que existe uma perda de integridade, mas representada por uma mudança de composição de espécies em relação às Florestas Primárias controles.
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JOSE LEONARDO LIMA MAGALHAES
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Efeitos do regime de inundação e da antropização sobre padrões de diversidade de árvores na floresta de várzea amazônica
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Data: 29/05/2019
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A ocupação européia da Amazônia iniciou-se pelos seus rios e afluentes, pois estes funcionavam como verdadeiros caminhos naturais para acessar as diversas porções desse imenso bioma. Essa maneira de desbravar a Amazônia afetou demasiadamente as florestas inundáveis, pois apesar de terem menor extensão quando comparadas às terras mais altas adjacentes, são ecossistemas com características próprias e possuem espécies adaptadas a pressões de seleção diferenciadas. O regime de alagamento é o principal determinante da biota das planícies inundáveis amazônicas e permeia as interações entre espécies e destas com o meio ambiente. Dentre as florestas inundáveis amazônicas, as florestas de várzea são as mais representativas, caracterizadas por um pulso de inundação em águas ricas de sedimentos e nutrientes que fertilizam o solo, levando à grande produtividade e riqueza de espécies. A soma destas qualidades fundamentais tem atraído populações humanas desde antes da chegada européia que têm utilizado estes ecossistemas para extrair recursos para a sua subsistência. Entretanto, quando observada a grande extensão do seu principal eixo, o Solimões-Amazonas, verifica-se que tanto o alagamento quanto a ocupação humana apresentam muitas variações e especificidades locais ligadas a padrões macroecológicos. Assim, nesta tese pretende-se responder as seguintes perguntas em três capítulos: Capítulo1 - (i) De que maneira o regime de alagamento da floresta na porção leste da bacia, na região próxima ao estuário do rio Amazonas, difere do regime de alagamento nas porções oeste e central? (ii) Estas diferenças de regime associadas a cotas e a duração de alagamento influenciam a distribuição de espécies de árvores amazônicas? Capítulo 2 - (iii) a intensificação da perturbação antropogênica leva à perda de diversidade de espécies, podendo comprometer o funcionamento do sistema e seus serviços ambientais? Capítulo 3 -(iv) diferenças no regime de alagamento e na pressão antropogênica influenciam os padrões da diversidade filogenética? Serão aplicadas métricas novas e tradicionais para avaliar estas relações. A melhor compreensão do funcionamento das florestas de várzea poderá subsidiar planos de manejo visando a conservação e uso sustentável destes ecossistemas altamente dinâmicos, mas que apresentam características ainda pouco conhecidas em toda sua extensão. Para responder nossas perguntas, testamos: (i) quais componentes de alagamento (duração, freqüência e altura da coluna d’água) são importantes para os diferentes regimes de alagamento na região (ii) os efeitos dos regimes de alagamento diários e anuais no processo de filtragem ambiental das espécies arbóreas ocorrentes; (iii) se diferenças nos padrões de diversidade das florestas na várzea podem estar sendo influenciados com maior força por pressões antropogênicas; (iv) se a estrutura filogenética da comunidade de árvores difere conforme o regime de alagamento e o nível atual de antropização, sendo este último suficiente para sobrepor-se ao regime natural de alagamento em determinados locais.
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FERNANDA DA SILVA SANTOS
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Padrões de diversidade, ocupação e coexistência de mamíferos terrestres na região Neotropical
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Data: 10/05/2019
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A estrutura de uma comunidade resulta de um fenômeno complexo e dinâmico que envolve características ambientais, fatores espaciais, disponibilidade de recursos alimentares, bem como as interações entre as espécies, seja por competição ou predação. Para investigar parte dos processos que configuram as comunidades animais, esta tese utilizou o grupo dos mamíferos terrestres como modelo. O objetivo principal foi explorar os fatores que influenciam os padrões de diversidade, ocupação e coexistência de mamíferos terrestres na região Neotropical. Para isso, foram utilizados dados provenientes de oito áreas de florestas protegidas, nas quais foi realizado o monitoramento sistematizado de vertebrados terrestres através de armadilhas fotográficas. Os locais de estudo abrangem seis países da região Neotropical (Costa Rica [1], Panamá [1], Equador [1], Peru [2], Suriname [1] e Brasil [2]), os quais possuem diferentes contextos de preservação. Primeiramente, foi estimada a diversidade β entre as oito comunidades de mamíferos terrestres a fim de identificar: quais as áreas e quais as espécies têm maior contribuição para a diversidade β (LCBD e SCBD, respectivamente); se os padrões são explicados pela substituição ou diferença na riqueza de espécies; e quais os fatores influenciam a diversidade β encontrada (LCBD e SCBD). Posteriormente, investigou-se quais os mecanismos que permitem a coexistência de espécies que apresentam grande similaridade, tanto morfológica quanto no uso de recursos alimentares. Assim, utilizou-se os dados de cinco espécies simpátricas de felinos [onça pintada (Panthera onca), onça parda (Puma concolor), jaguatirica (Leopardus pardalis), jaguarundi (Herpailurus yagouaroundi) e gato maracajá (Leopardus wiedii)], que potencialmente ocorrem nas oitos áreas de estudo, para descrever padrões de organização espaço-temporal entre as espécies. Por fim, os dados de uma das áreas foi utilizado para testar a hipótese de que existe uma movimentação sazonal dos mamíferos terrestres, principalmente de espécies frugívoras e granívoras, em resposta às mudanças na disponibilidade de água e de recursos alimentares entre as estações seca e chuvosa em uma floresta de terra firme. Os resultados demonstram que as áreas consideradas fragmentadas apresentam maior contribuição para a diversidade β e que a variação é determinada pela diferença na riqueza de espécies e não pela substituição. Além disso, as espécies que mais contribuíram para a diversidade β entre os sítios foram aquelas com maior variação nas estimativas de abundância. Entre os felinos, o estudo revelou aparente partição espaço-temporal entre a maioria dos pares de espécies analisados, sendo a abundância de presas mais importante na ocorrência e distribuição espacial dos felinos do que as interações entre as espécies. Quanto à sazonalidade, apenas três espécies apresentaram diferença na ocupação entre as estações seca e chuvosa, enquanto as demais espécies analisadas não parecem alterar sua área de uso em função da variação na disponibilidade de água e alimentos. Ao final deste estudo, os resultados fornecem uma ampla caracterização dos mamíferos terrestres que ocorrem na região Neotropical, abordando o estado de conservação, fatores que influenciam a ocorrência, assim como os padrões espaciais e temporais de algumas espécies de felinos ao longo de oito florestas protegidas da região Neotropical.
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KAUE FELIPPE DE MORAES
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O efeito das mudanças climáticas sobre as aves endêmicas do centro de endemismo Belém
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Data: 26/04/2019
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Nos últimos anos, as emissões de dióxido de carbono têm sido potencializadas por diversos processos antrópicos, acarretando em alterações climáticas que ameaçam diretamente a biodiversidade e a resiliência dos ecossistemas naturais. Diante desse cenário de mudanças climáticas, as florestas tropicais úmidas estão entre as áreas mais impactadas. Dentre os centros de endemismo da Amazônia, o Centro de Endemismo Belém (CEB) se encontra na região mais afetada pelo chamado “arco do desmatamento” e possui grande concentração de espécies de aves ameaçadas da Amazônia onde 56% das espécies de aves endêmicas da região estão sob algum status de ameaça. Visando avaliar o efeito das mudanças climáticas e identificar de áreas de refúgios climáticos, uma vez que com as mudanças rápidas no clima, as espécies terão a tendência de buscar áreas onde se tenha a conservação de seus nichos, os Modelos de Distribuição de Espécies (MDE) vem sendo uma ferramenta amplamente utilizada para tentar evitar futuras extinções. Neste trabalho, procurou-se avaliar quais áreas possuem adequabilidade climática para a ocorrência dos táxons além de identificar áreas prioritárias para conservação de aves do centro de endemismo Belém. Para isso, geramos modelos de adequabilidade climática dos táxons alvo nos cenários presente e futuro (ano de 2050), além de identificar as áreas que possuem cobertura florestal em ambos os cenários, uma vez que os táxons endêmicos do CEB são estritamente florestais. A análise de priorização espacial levou em consideração a adequabilidade climática nos cenários presente e futuro, afim de apontar as áreas de refúgios climáticos na região do CEB. Os resultados revelam que, ao sobrepor os modelos de distribuição dos táxons com os cenários atual e futuro de remanescentes florestais, observa-se uma perda média de 90% de áreas adequadas, podendo acarretar na extinção de 43% dós táxons endêmicos do Centro de Endemismo Belém. Considerando as análises de priorização, nota-se que as áreas protegidas (AP’s) atuais existentes na região protegem cerca de 20% das áreas de ocorrência dos táxons endêmicos e são identificadas como áreas de refúgios climáticos. Além das AP’s, existem outras áreas de refúgios climáticos na região centro-sul do CEB, porém com baixa conectividade com as áreas protegidas, o que sugere a necessidade criação de corredores ecológicos para região para que se tenham populações geneticamente viáveis no futuro. Diante do exposto, é notório que as áreas protegidas possuem um papel fundamental para conservação das espécies, porém estudos como este são necessários para apontar as áreas que podem atender as demandas dos táxons diante do cenário de mudanças climáticas.
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GIOVANNI SAMPAIO PALHETA
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Desvendando o papel dos fatores ambientais e da capacidade de dispersão em uma metacomunidade de peixes de riachos amazônicos
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Data: 16/04/2019
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A teoria de metacomunidade sustenta que fatores locais e regionais moldam a estrutura de comunidades locais, ajudando a explicar padrões de abundância e distribuição da biodiversidade. Procedimentos de desconstrução de comunidades podem ser úteis no entendimento mais claro da influência desses fatores. Neste estudo, buscamos responder a seguinte pergunta: Como as características de habitats locais e as distâncias espaciais estruturam metacomunidades de peixes em riachos amazônicos? Testamos i) se comunidades de peixes com alta capacidade de dispersão são estruturadas por efeitos de massa, respondendo a variáveis ambientais e espaciais simultaneamente, e ii) se comunidades de peixes com baixa capacidade de dispersão são estruturadas por seleção de espécies, respondendo apenas às variáveis ambientais locais. As coletas de peixes foram realizadas no período seco de 2012 e 2013 em 36 riachos, amostrando um trecho de 150m em cada riacho. Redes de mão foram utilizadas para captura ativa, empregando 6 horas de coleta com dois coletores, seguindo um protocolo padronizado, mensuramos também as variáveis ambientais em cada riacho. Geramos vetores espaciais por meio de uma análise PCNM utilizando uma matriz de distâncias fluviais entre os pontos. Os peixes foram classificados em grupos de alta e baixa capacidade dispersão com auxílio da literatura e opinião de especialistas. Os efeitos das matrizes (ambiental e espacial) sobre a composição das assembleias de peixes foram avaliados através de uma partição de variância (baseada em RDA) e posterior análise de variância. Coletamos 13.975 indivíduos de 53 espécies pertencentes a 20 famílias e sete ordens. Doze espécies foram consideradas com alta capacidade de dispersão, 40 foram consideradas de baixa capacidade e uma indefinida por ser parasita. Verificamos que o grupo de peixes com alta capacidade de dispersão respondeu aos fatores ambientais e espaciais conjuntamente, e o grupo com baixa capacidade de dispersão respondeu apenas aos fatores ambientais. Concluímos que o modo de dispersão dos peixes afetou a estruturação da metacomunidade. Apesar do grupo com alta capacidade de dispersão ter sido afetado pelas distâncias fluviais, em geral, a ictiofauna foi afetada principalmente por características dos habitats locais, concordando com os modelos de metacomunidades esperados (seleção de espécies e efeitos de massa).
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PÂMELA VIRGOLINO FREITAS
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EFEITO DA SUPRESSÃO FLORESTAL SOBRE A DIVERSIDADE TAXONÔMICA E FUNCIONAL DE PEIXES DE RIACHOS EM UMA ZONA TRANSICIONAL CERRADO-AMAZÔNIA
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Data: 15/04/2019
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A expansão da fronteira agrícola brasileira conhecida como “Arco do Desmatamento” tem afetado intensamente a área de ecótono situada entre os biomas Amazônia e Cerrado nas últimas décadas, graças principalmente ao avanço da agricultura mecanizada. Essa expansão agrícola resulta em diminuição da complexidade estrutural de habitats naturais e diminuição de cobertura vegetal, afetando tanto a riqueza e diversidade de características de comunidades terrestres como aquáticas. As espécies inseridas no meio aquático, em sua maioria, dependem de recursos alóctones provenientes da vegetação do entorno dos corpos d’água, e a remoção desta vegetação acarreta em prejuízos para a biodiversidade. Muitos estudos visam melhor direcionar as respostas biológicas das espécies frente à supressão vegetal, utilizando diversidade taxonômica e diversidade funcional dos organismos em complementariedade. A ictiofauna vem sendo utilizada como bioindicador da qualidade de ecossistemas de água doce, pois conforme a estrutura do ambiente se modifica, a composição taxonômica e funcional de suas comunidades também sofre mudanças. Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo avaliar as respostas taxonômica e funcional de peixes inseridos em riachos de cabeceira sob supressão vegetal, buscando responder às seguintes questões: i) Qual o efeito da diminuição da complexidade de hábitat e da redução da cobertura florestal sobre a diversidade taxonômica e funcional de peixes na escala local e da paisagem? Testando a hipótese de que a diversidade taxonômica e funcional dos peixes será menor em riachos com menores valores de cobertura vegetal e nível de integridade. Os riachos amostrados localizam-se na fazenda Tanguro, no município de Querência, no Estado do Mato Grosso (Brasil). Serão utilizadas porcentagens de cobertura vegetal e pontuações do Índice de Integridade Física de cada riacho como variáveis ambientais preditoras, e a riqueza taxonômica e funcional de peixes como variáveis resposta. A diversidade funcional será obtida através dos atributos funcionais das espécies, sendo estes compostos por dados qualitativos e quantitativos. Serão realizadas regressões múltiplas de modelo stepwise para verificar o efeito das variáveis preditoras sobe as variáveis resposta. Foi coletado um total de 2.945 exemplares de peixes. Até o momento, foram identificadas treze espécies, quatorze gêneros, 6 ordens e dezessete famílias. Sendo a ordem mais representativa a dos Characiformes, com 55,6% dos indivíduos.
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THAIS SUSANA DE MACEDO PEREIRA
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Distribuição de botos-do-Araguaia (Inia araguaiaensis) em trechos de rio fragmentados por eventos de seca
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Orientador : RAPHAEL LIGEIRO BARROSO SANTOS
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Data: 28/02/2019
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Fatores bióticos e abióticos determinam onde as espécies podem permanecer e sobreviver, dessa forma influenciando como as espécies selecionam e usam o habitat. Um componente crucial para promover medidas de conservação de botos-do-Araguaia (Inia araguaiaensis) é determinar as características do habitat que determinam sua distribuição. Esse estudo teve como objetivo investigar se os botos-do-Araguaia selecionam os trechos de rio onde permanecem durante a estação seca, e quais fatores ambientais estariam influenciando nessa seleção. O estudo foi realizado no rio do Coco, um afluente do rio Araguaia, que durante a estação seca fica fragmentado em uma sequência de trechos isolados. Foram amostrados 14 trechos (um total de 53 km de quilômetros percorridos), e em cada um registramos a quilometragem linear, a sinuosidade, a largura, a presença ou ausência de áreas de confluências, a profundidade, atenuação luminosa da água e os tipos de margem. Realizamos levantamentos aéreos através de Drones para a detecção e registro dos botos. Para a análise dos dados foram realizados modelos lineares generalizados (GLM) com o objetivo de verificar a existência de uma relação entre as variáveis ambientais e o número de botos encontrados nos trechos. Registramos um total de 49 botos, e a densidade encontrada foi de 10,42 botos por km² e 0,92 botos por km. Um alto valor de explicação (r2 = 0,95) foi encontrado no modelo que incluiu o comprimento linear do trecho e a porcentagem da vegetação de varjão nas margens. Isso pode indicar que de fato existe uma seleção de habitat por parte dos botos-do-Araguaia: esses animais estão procurando locais maiores, com maior oferta de recursos alimentar e menor propensão à competição intraespecífica. A bacia do Araguaia tem sofrido intenso processo de alterações antrópicas, e alertamos para a necessidade do entendimento do uso do habitat por indivíduos de botos-do-Araguaia para um melhor manejo e a conservação da espécie.
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TAINA MADALENA OLIVEIRA DE MORAIS
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PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA EM FLORESTAS AMAZÔNICAS APÓS AS SECAS MEDIADAS PELO EL NIÑO DE 2015-2016
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Data: 28/02/2019
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Eventos climáticos extremos, como a ocorrência de secas severas durante El Niños, estão cada vez mais recorrentes nos ecossistemas tropicais. As secas na Amazônia, em decorrência do forte El Niño 2015-2016, resultaram em aumento considerável das queimadas nas florestas previamente antropizadas e não perturbadas da região. As secas e aumento da incidência de incêndios a elas associados podem promover mecanismos de respostas a diferentes estresses nos ecossistemas florestais, por exemplo, alteração na composição de espécies e em funções ecológicas importantes. A serapilheira é fortemente influenciada pelo clima e desempenha um papel importante nas florestas, incluindo o ciclo de nutrientes e a manutenção da fertilidade dos solos. Assim, possíveis mudanças na produção de serapilheira resultantes de secas e queimadas, podem alterar importantes propriedades e processos florestais. Aqui, estudou-se um dos principais componentes da serapilheira, as folhas, pois estas são consideradas altamente sensíveis as variações ambientais. Avaliou-se um gradiente florestal, que variou de florestas primárias conservadas a florestas exploradas para madeira, florestas queimadas, florestas exploradas e queimadas, bem como florestas secundárias na região de Santarém, leste da Amazônia. As áreas estudadas compreendem 18 parcelas (10 x 250m), sendo que oito dessas parcelas sofreram queimadas durante o El Niño 2015-2016. Seis armadilhas de serapilheira de 50 cm x 50 cm (0,25 m2) foram espaçadas a 50 m de distância ao longo de cada parcela. Foi comparada a produção de serapilheira entre as classes florestais, bem como a relação entre produção de serapilheira, precipitação e temperatura, com dados obtidos através da plataforma CHIRPS. Não foram observadas diferenças significativas na produção de serapilheira entre classes florestais. Entretanto, observou-se que, ao longo do tempo, a produção de serapilheira varia em função da sazonalidade. Verificou-se uma relação significativa entre a produção de serapilheira e o déficit hídrico climatológico (CWD) e uma interação significativa entre classes florestais e CWD. Identificou-se uma resposta diferente de florestas secundárias ao déficit climático em relação a florestas primárias perturbadas e não perturbadas, no qual a produção de serapilheira é menor com a intensificação do déficit hídrico. Esse resultado indica estratégias adaptativas distintas dessas florestas às secas extremas. Em geral, os resultados aqui encontrados sugerem que as florestas amazônicas do leste da Amazônia apresentam certa resiliência às variações climáticas em curso na região.
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BRENO RICHARD MONTEIRO SILVA
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Efeito dos ambientes costeiro e continental na fecundidade de Macrobrachium amazonicum (HELLER, 1862)
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Data: 27/02/2019
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Estudos demonstram que a região amazônica vem sofrendo a forte influência antropogênica e climática que interfere nas condições ambientais. Nos crustáceos as mudanças climáticas podem influenciar o crescimento e a reprodução, pois os padrões da história de vida são influenciados por fatores ambientais e a fecundidade é um importante fator para estimar o potencial reprodutivo e o tamanho do estoque de uma população natural. A espécie Macrobrachium amazonicum apresenta uma ampla distribuição geográfica e plasticidade ecológica e morfológica. Baseado na hipótese que as diferentes condições físicas e químicas do ambiente influenciam nas populações de M. amazonicum, a espécie desencadeia estratégia que provoca a seguinte questão: Quais os principais fatores do ambiente que irão influenciar na fecundidade de M. amazonicum entre as populações de diferentes locais? Desse modo o presente estudo tem objetivo de determinar a influência dos fatores físicos e químicos sobre a fecundidade relativa de populações de M. amazonicum em estuário e reservatório. No período de estudo dados de temperatura, pH, oxigênio dissolvido, salinidade e turbidez da água foram obtidos com auxílio de uma sonda multiparâmetro e a precipitação foi obtido a partir do INMET, 2018 com estabelecimento de quatro períodos sazonais: estiagem, transicional estiagem-chuvoso,chuvoso, transicional chuvoso-estiagem. Um total de 255 fêmeas ovígeras,181 provenientes de ambiente estuário e 75 de reservatório foram coletados para análise da biometria, do número e do tamanho dos ovos ao longo do ano. Os ovos embrionados foram mensurados de acordo com as fases de desenvolvimento. Ao avaliar o efeito das variáveis ambientais sobre as fêmeas ovígeras turbidez e precipitação foram as que mais influenciaram somente no estuário. A relação massa-comprimento das fêmeas foi representada pelas seguintes equações, Mt=0.017xCt2.630 (R² = 0.880) para o estuário e Mt = 0.021xCt2.441 (R² = 0.810) para o reservatório, onde as fêmeas ovígeras no estuário eram maiores e de maior massa em comparação ao reservatório. Na relação entre fecundidade e biometria do animal, de ambos os locais, houve uma correlação positiva alta, tanto entre o comprimento (r=0.788), quanto ao peso (r=0.843) das fêmeas ovígeras, assim como na relação com a morfometria dos ovos. O ambiente de estuário apresentou fêmeas com a maior quantidade de ovos, nos períodos estiagem-chuvoso e chuvoso em relação às fêmeas oriundas do reservatório que apresentou maior fecundidade nos períodos chuvoso-estiagem e estiagem. Em nossos dados observamos quatro estágios de desenvolvimento levando em consideração a presença e o aspecto do olho, e os ovos do reservatório apesar de serem em menor número apresentaram maiores tamanhos em ralação ao estuário. A correlação observada se os fatores físicos e químicos influenciam na fecundidade de M. amazonicum oriundos do estuário foi confirmada, sendo a precipitação e turbidez os fatores que mais contribuíram para o melhor desempenho reprodutivo da espécie no estuário. Em se tratando do reservatório, acreditamos que há uma combinação de todos os fatores ambientais envolvidos promovendo a tolerância do animal para manter o seu ciclo de vida.
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PAULO TARCISIO DE SOUSA
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Variação regional nas comunidades de besouros escarabeíneos (Coleoptera: Scarabaeidae) em florestas primárias e secundárias da Amazônia Oriental
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Data: 27/02/2019
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As florestas secundárias tem grande potencial para conservação da biodiversidade em áreas antropizadas nos trópicos. Estes ecossistemas podem reduzir as extinções em massa de espécies associadas a perdas de florestas primárias. Porém, nossa compreensão sobre o papel das florestas secundárias para a conservação da biodiversidade tropical em diferentes contextos regionais, ainda é limitada. Os besouros escarabeíneos (Coleoptera: Scarabaeidae) constituem um grupo de organismos bioindicadores sensíveis à degradação florestal, com ampla utilização em pesquisas ecológicas. Estes insetos apresentam uma relação próxima com a estrutura da vegetação, além de serem muito sensíveis à degradação florestal e apresentarem respostas a distúrbios antrópicos que coincidem com outros grupos da fauna e flora. Este trabalho investigou a diversidade de besouros escarabeíneos em florestas secundárias em três municípios (Bragança, Marabá e Parauapebas), englobando duas diferentes regiões da Amazônia Brasileira (Nordeste e Sudeste do Pará), visando compreender a variação inter-regional e a diferença entre florestas primárias e secundárias. Os besouros foram amostrados com armadilhas de queda, distribuídas ao longo de 20 transectos de 300 m. Foram coletados 678 besouros, pertencentes a 41 espécies, divididas em 14 gêneros. Encontrou-se evidências de que florestas em diferentes regiões do estado do Pará apresentam comunidades de besouros significantemente distintas. Embora a riqueza de espécies nas florestas secundárias tenha sido similar às florestas primárias, a composição de espécies entre as duas classes florestais foi distinta. Das 41 espécies coletadas, 12% foram encontradas somente em Bragança (7% em florestas primárias e 5% em florestas secundárias), 19% somente em Marabá (7% em florestas primárias e 12% em florestas secundárias) e 24% foram encontradas somente nas florestas secundárias de Parauapebas. Finalmente, a idade das florestas secundárias nos três municípios de estudo não foi um fator que explicou mudanças nas comunidades de besouros. Enquanto se destaca o papel insubstituível das florestas primárias para a manutenção da biodiversidade, esse estudo demonstra que as florestas secundárias da Amazônia também apresentam um importante valor de conservação da diversidade de besouros.
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INGRID SANTOS PALHETA
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Característica reprodutiva de Ucides cordatus (Brachyura, Crustacea) (Linnaeus, 1763) em um estuário amazônico
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Data: 27/02/2019
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Os ecossistemas de manguezal são ricos em biodiversidade porque apresentam características ambientais próprias. Os crustáceos estão entre os grupos de animais mais diversos dos manguezais com plasticidade reprodutiva e estratégias para melhor sucesso da reprodução. Ucides cordatus, é um caranguejo que desempenha serviços ecológicos importantes para manutenção desse ecossistema cuja biologia reprodutiva é estudada, mas com poucas informações sobre o efeito das variáveis ambientais nesse processo. Assim, o objetivo do presente estudo é determinar quais os fatores ambientais que afetam os parâmetros reprodutivos de U. cordatus. A área de estudo foi o manguezal localizada na zona costeira do município de Soure e as coletas foram realizadas entre junho de 2017 a maio de 2018. Temperatura, pH, salinidade, turbidez e concentração de oxigênio dissolvido na água foram obtidos in situ. Pluviosidade e amplitude das marés foram solicitados junto ao CPTEC/INPE. Espécimes adultos com largura da carapaça superior a 45 mm foram capturados, na maré baixa, com auxílio de um pescador. Os animais foram lavados, crioanestesiados, pesados e medidos. Em seguida foram eutanasiados e fragmentos de ovários e testículos foram retirados, fixados em solução de Bouin e processados pela técnica histológica para análise em microscopia de luz. Ainda foi determinado valores de K, IGS e IHS. A relação dos fatores ambientais, períodos sazonais e fases reprodutivas de U. cordatus foram avaliados pela PCA e regressão múltipla linear. Os machos não apresentaram estágios reprodutivos e as fêmeas foram classificados em cinco estágios, repouso, maturação inicial e final, maduro e desovado. Nos machos o valor de K apresentou oscilações entre os períodos sazonais, com possível relação na ecdise e período reprodutivo, enquanto nas fêmeas não houve alteração. Em ambos os sexos os valores de IHS se manteve elevado e o IGS apresentaram oscilações ao longo de todo o período de estudo. Os testes de PCA e regressão múltipla linear nos machos/fêmeas mostram que a reprodução ocorre nos períodos seco e seco-chuvoso / seco-chuvoso e chuvoso, respectivamente. O fato de observarmos nesse estudo animais em desova em períodos mais longos que os estabelecidos por lei sugerem propostas de ajustes legais na adequação do período de defeso que deve abranger de novembro a abril. Assim, esse estudo é um importante modelo na reprodução de U. cordatus em uma área onde as condições ambientais preservadas são influenciadoras no ciclo de vida desta espécie.
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RICARDO RIBEIRO DA SILVA
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O papel da evolução do nicho ecológico nos padrões de especiação entre aves com distribuição disjunta Amazônia-Mata Atlântica
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Data: 26/02/2019
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As alterações climáticas que ocorreram durante os ciclos paleoclimáticos no período Quaternário (2 milhões de anos atrás), influenciaram na distribuição geográfica das florestas tropicais úmidas, promovendo uma frequente dinâmica de retrações e expansões das florestas durante os períodos glaciais e interglaciais. Biomas florestais como a Amazônia e a Mata Atlântica, separados pela diagonal de vegetação seca, compartilham diversos grupos biológicos (atualmente disjuntos) que apresentavam distribuição ao longo de conexões espaciais do Quaternário. Ambos biomas possuem padrões climáticos distintos, dando suporte para possíveis modulações de nicho entre espécies disjuntas após eventos paleoclimáticos. Com base neste contexto, o presente trabalho possui como objetivo avaliar o padrão de distribuição do nicho ecológico entre espécies de aves que apresentam distribuição disjunta Amazônia – Mata Atlântica, considerando se o tempo de divergência entre as populações pode ter influenciado na modificação dos nichos ecológicos das populações amazônicas e atlânticas de cada espécie. Foi utilizado análises de sobreposição de nicho e modelagem de nicho ecológico para avaliar o efeito de eventos biogeográficos históricos da América do Sul sobre as espécies avaliadas. Modelou-se 37 espécies de aves com distribuição disjunta Amazônia – Mata Atlântica, utilizando quatro diferentes algoritmos de aprendizagem automática, baseados em presença e pseudo-ausências. Para medição da sobreposição de nicho foi realizado uma PCA calibrada em todo espaço ambiental do estudo e calculado através da métrica D de Schoener a sobreposição de nicho, avaliando a hipótese de evolução ou conservação de nicho (testes de similaridade, equivalência, expansão, estabilidade e não preenchimento). Os resultados mostraram que a maioria dos modelos de distribuição das 37 espécies foi capaz de predizer reciprocamente áreas que se aproximam da sua atual distribuição geográfica e áreas climaticamente adequadas em toda Amazônia e Mata Atlântica. Foi observado uma baixa sobreposição de nicho, entre as populações do estudo. Contudo, verificou-se que para a maioria das espécies os testes de similaridade de nicho apresentaram valores que indicam uma sobreposição maior do que o esperado pelo acaso. Verificou-se que a maioria das populações que são consideradas como subespécies já reconhecidas possuem baixa sobreposição em conjunto de nichos heterogêneos e não equivalentes, refletindo em um indício de adaptação a nichos com condições ambientais diferentes entre elas. Estas populações possuem histórico de divergência filogenética durante o Plioceno e o Pleistoceno, similar a vários grupos biológicos. Dentre elas, Antrostomus sericocaudatus e Cercomacroides laeta apresentaram ausência total de sobreposição de nicho entre as populações disjuntas, reforçado pelos resultados de expansão e similaridade de nicho. Nossos resultados condizem com estudos realizados com diferentes grupos biológicos que discutem a distribuição potencial entre espécies disjuntas e a conservação ou evolução do nicho entre espécies com populações disjuntas na Amazônia e na Mata Atlântica. Contudo, a baixa ou a ausência da sobreposição de nicho foi observada principalmente nas espécies que possuem uma maior diversidade filogenética que condiz com eventos climáticos presentes no Pleistoceno, durante o Quaternário.
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JOAS DA SILVA BRITO
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PAPEL DA COMPLEXIDADE DE HABITAT DE MACRÓFITAS, ESPAÇO E AMBIENTE SOBRE LARVAS E ADULTOS DE ODONATA (INSECTA)
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Data: 21/02/2019
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O objetivo do estudo foi avaliar o papel da complexidade de habitat de macrófitas, espaço e ambiente sobre a diversidade de larvas e adultos de Odonata. Nossas hipóteses são: 1) a complexidade de habitat será o principal preditor e terá ação diferente sobre as fases de vida da ordem Odonata, ou seja, a parte emersa terá maior influência sobre os adultos e a submersa sobre as larvas; 2) o espaço será o segundo preditor mais importante agindo sobre as assembleias, pois pode influenciar a dispersão de ambas as fases. Foram amostradas 48 unidades amostrais na baía da Flona de Caxiuanã. Foram coletadas 13 espécies de adultos, 19 gêneros de larvas e 11 espécies de macrófitas. A pRDA indicou que a complexidade de habitat foi o preditor mais influente sobre as larvas (R²=0.15; p=0.048), mas avaliando os componentes desse preditor a maior influência foi da complexidade emersa e não da submersa, corroborando parcialmente a hipótese 1. O espaço não foi o segundo preditor e também não exerceu influência significativa sobre as fases de vida, não confirmando a hipótese 2. O ambiente não exerceu influência significativa sobre nenhuma das fases. O fato da complexidade média de habitat emerso ter sido mais importante preditor das larvas pode estar relacionado à seleção de sítios de oviposição, feitas pelas fêmeas adultas, cujo objetivo seria de aumentar as chances de sobrevivência das larvas, desde a eclosão até o seu desenvolvimento. Já os machos territorialistas protegem estes locais visando aumentar suas chances de cópulas. A estruturação física fornecida pelas macrófitas teve papel importante sobre a fase larval de Odonata, futuras abordagens ecológicas em escala espacial mais ampla podem ter maior poder explicativo sobre adultos, bem como um maior refinamento na mensuração de complexidade de habitat submerso pode fornecer resultados mais robustos sobre a relação da ordem com macrófitas aquáticas.
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