Dissertações/Teses

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2024
Descrição
  • IAN SILVEIRA POMPEU
  • A psicologia aristotélica na Ética Nicomaqueia: a formação do raciocínio prático a partir da apreensão dos fins e da deliberação dos meios

  • Data: 05/04/2024
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  • A presente dissertação visa investigar a formação do raciocínio prático na psicologia aristotélica tomando como base a Ética Nicomaqueia, mas não deixando de considerar referências a outras obras, as quais, e função da relação entre as ciências em Aristóteles, servem como fundamento para o desenvolvimento de uma resposta ao problema central. Para isso no capítulo I, são apresentadas as condições de possibilidade de uma ciência sobre a alma humana, o que exige (1.1) entender a definição aristotélica de ciência; (1.2) o fundamento sobre o qual todas as ciências teóricas estão baseadas; e (1.3) os fundamentos específicos da psicologia. Nessa exposição, recorreu-se à explicação do Princípio de Contradição presente no livro IV da Metafísica, à noção polissêmica de ousia e como os seus princípios – forma e matéria – relacionam-se com o estudo da alma humana. Em seguida, no capítulo II, aprofundou-se no estudo da alma humana entendida como forma segundo (2.1) a metodologia apresentada no De Anima; (2.2) a investigação das operações anímicas; e (2.3) a conexão com as virtudes ao modo exposto na Ética Nicomaqueia. Por fim, no capítulo III, adentrou-se no silogismo prático como conjugação do conhecimento acerca dos fins e da deliberação quanto aos meios através (3.1) da situação do problema no âmbito acadêmico com a contribuição de Elizabeth Anscombe; (3.2) da avaliação crítica da resposta de Jessica Moss ao problema do modo de apreensão e da natureza dos primeiros princípios práticos e da defesa da apreensão noética-experiencial em função de sua abrangência; e (3.3) do cotejamento de leituras a respeito do objeto da phronesis e da apresentação da especificação dos fins gerais enquanto interpretação proposta.

  • FRANCISCO DE PAULA SANTANA DE JESUS
  • CIÊNCIA, CONHECIMENTO E NATURALISMO NA FILOSOFIA DE NIETZSCHE

  • Orientador : ROBERTO DE ALMEIDA PEREIRA DE BARROS
  • Data: 08/03/2024
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  • Esta dissertação tem como objetivo investigar, discutir e interpretar a questão do conhecimento na filosofia de Nietzsche. Para tanto, partimos do pressuposto que o filósofo tematiza o conhecimento e a ciência a partir de uma perspectiva naturalista ao destacar seus elementos meta-epistemológicos (como as influências biológicas, ou os compromissos sub-reptícios com valores morais). Nesse sentido, o recurso às ciências naturais serve ao filósofo como subsídio para uma investigação não metafísica a respeito das maneiras humanas de cognição. Importante, então, ressaltar os paralelos existentes entre a interpretação nietzschiana e os estudos de autores com os quais Nietzsche entrou em contato, como Mach, Boscovich e Ribot, o que demanda o estudo de fontes como recurso metodológico para determinarmos o sentido da noção de conhecimento na filosofia de Nietzsche. Assim, nossa pesquisa procura 1) esboçar uma história da noção de conhecimento a partir de O nascimento da tragédia; para, em seguida, 2) apresentar as perspectivas naturalistas do conhecimento; e, por fim, 3) interpretarmos como teriam se formado os principais modelos científico-filosóficos (o socrático e o sofístico) a partir da psicologia filosófica nietzschiana

2023
Descrição
  • BRUNO JOSÉ BEZERRA RIBEIRO
  • O sentido do belo para conversão em Plotino

  • Data: 29/11/2023
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  • A tradição neoplatônica tem como seu principal expoente Plotino, cujo legado abrange um vasto campo de pesquisa situado entre os séculos II e III. Plotino proporciona ao Ocidente uma herança de escritos nos quais interpreta toda a tradição helênica. Através dessa imersão no espírito grego, o filósofo oferece um testemunho de vida e pensamento dedicados à contemplação da verdade. De certa forma, Plotino pretende explicitar a relação entre o ser humano e o divino, retomando os elementos da tradição platônica. Esta investigação tem como objetivo refletir e compreender o sentido da beleza na filosofia de Plotino, e como ele se relaciona com o projeto contemplativo-dialético presente nas Enéadas. Para abordá-la, analisaremos a filosofia plotiniana em um duplo movimento que corresponde à ideia descendente de precessão e ao movimento ascendente de conversão pela contemplação. À medida que nossa investigação revelar a beleza inteligível segundo Plotino, compreenderemos de que maneira a alma se percebe em um caminho de ascensão, de tal modo que o mundo, os pensamentos e as obras humanas são envoltos no sentido inerente do Belo.

  • LÍLIAN GABRIELA RODRIGUES LOBATO
  • VULNERABILIDADE, LUTO E INTERDEPENDÊNCIA: reflexões críticas ao individualismo neoliberal a partir de Judith Butler

  • Orientador : LOIANE DA PONTE SOUZA PRADO VERBICARO
  • Data: 23/10/2023
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  • A presente dissertação propõe-se a investigar a crítica à moral neoliberal de responsabilização individual formulada pela filósofa estadunidense Judith Butler a partir do conceito de vulnerabilidade primordial — dimensão de nossa existência atravessada por ambivalências com forte potencial exploratório, mas que fundamenta as condições de possibilidades para nossa sobrevivência física, psíquica e social. Para alcance do referido objetivo, este percurso articula-se em torno de duas principais discussões, a saber: 1) a relação do ideal neoliberal de autossuficiência com a indução política de precariedade e distribuição desigual do luto público e 2) o potencial ético-político do luto público para proteção dos elos de interdependência, enfraquecidos pela moralidade neoliberal. No primeiro momento, evidenciamos como o neoliberalismo é uma racionalidade que modela o Estado, a sociedade e a nossa própria subjetividade em conformidade com o imperativo do mercado, esvaziando o estado de bem estar social e o sentimento de solidariedade coletiva, aprofundando ainda, a vulnerabilidade de sujeitos historicamente subalternizados através de políticas de precarização que atribuem valoração diferenciada à vida e resultam em uma comoção seletiva diante da morte. Aqui, elucidamos como o luto opera como descritor da inteligibilidade da vida, subvertendo o entendimento comumente difundido de que o valor da vida reside desde o nascimento. No segundo momento, evidenciamos como a experiência da perda nos desperta para a opacidade e despossessão, inerentes à nossa relacionalidade constitutiva, estremecendo a fantasia de um sujeito autônomo e com pleno domínio sobre si. Diante do recrudescimento de agendas neoliberais experimentadas nas democracias ocidentais, pretendemos pensar os limites e possibilidades da proposição de Butler para uma ética da vulnerabilidade com vistas à proteção dos elos de interdependência. Espera-se que esta pesquisa possa fortalecer a construção de narrativas que alarguem a nossa capacidade imaginativa diante do niilismo neoliberal.

  • JULIANA PANTOJA MACHADO
  • O FUNDAMENTO RACIAL NA CONSTITUIÇÃO DO SELF: análise crítica em Seyla Benhabib e Sueli Carneiro

  • Data: 11/09/2023
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  • O presente trabalho busca analisar a concepção de self que baseia a teoria do universalismo interativo de Seyla Benhabib, demonstrando que muito embora construa novas categorias para interpretar de maneira mais completa e complexa a teoria do universalismo, o faz com ênfase na questão de gênero, descuidando, no entanto, de outro marcador social: a raça, fundante do constitutivo do self para Sueli Carneiro (2023). A dissertação se propõe a cruzar a potência reflexiva dessas duas filósofas, buscando complementação à reformulação proposta por Benhabib ao entender que é necessário fomentar um universalismo diferente daquele proposto pelas teorias tradicionais que invariavelmente afastam as mulheres da sua formulação crítica, ao não considerarem todo o universo de particularidades que as atravessam, excluindo igualmente a tematização de assuntos que são demasiadamente importantes para esse grupo de sujeitos. Assim, pensar criticamente o universalismo requer mais do que uma análise a respeito do sistema sexo/gênero como constituintes do ser, razão pela qual torna-se incompleta uma análise constitutiva que tangencia a raça, ao formular uma crítica a esse sistema. Tratar de maneira insuficiente o racismo no modo como se constrói a estrutura e a institucionalização da formação subjetiva, atrasa a transformação. Nesse parâmetro, o dispositivo de racialidade se desdobra em contornos de interesse para a Sueli Carneiro a ser estudado em interlocução com o biopoder, através do diálogo com Foucault e, também, com o epistemicídio, centrando-se a raça na formação do self.

  • AILTON DOS SANTOS SIQUEIRA
  • Uma análise do método de conjecturas e refutações popperiano e de sua aplicação ao ensino da filosofia na educação básica

  • Data: 26/04/2023
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  • O objetivo deste trabalho é examinar se o método de conjecturas e refutações, que Popper propõe para a ciência pode ser aplicado ao ensino da Filosofia na educação básica, mais especificamente nos níveis fundamental e médio. Trata-se de uma problemática relacionada à educação e em particular à forma de se ensinar Filosofia. Entretanto, tal questão não está desvinculada de sua teoria da ciência. Nossa pretensão é mostrar que tal método, com algumas adaptações, pode ser um procedimento eficaz para suscitar a reflexão filosófica, na medida em que possibilita não apenas a problematização, mas também a discussão crítica das soluções propostas pelos filósofos. Em nossa análise, procuramos evidenciar que Popper critica e recusa a indução como método da ciência e propõe como alternativa, o de conjecturas e refutações. Elucidamos a natureza de tal procedimento e suas etapas.  Posteriormente, procuramos destacar algumas reflexões do filósofo sobre a pedagogia de modo a respaldar nossas reflexões sobre a temática. Apresentamos, também, algumas propostas de aplicação das ideias de Popper à educação, como as de Bedoya e Duque (2019), que acreditam que o emprego do método de conjecturas e refutações na educação possibilita a formação de alunos que tenham consciência de que a ciência não é infalível e evidenciam como tal procedimento, pode melhorar o aprendizado em geral. Outra proposta, objeto de nossa análise, foi a de Oliveira (2008), que procura mostrar como a epistemologia popperiana pode fomentar uma abordagem falibilista no ensino das ciências. Examinamos, ainda, as sugestões de Segre (2009) para que se utilize o racionalismo crítico popperiano na didática acadêmica, como alternativa ao ensino dogmático e autoritário praticado no ensino universitário. E por fim, mostramos como o método proposto por Popper, pode ser aplicado ao ensino da Filosofia na educação básica.

  • FLADERNY MARQUES DOS SANTOS
  • A RELIGIÃO NOS LIMITES DA CRÍTICA KANTIANA DA RAZÃO

  • Data: 18/04/2023
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  • Nosso propósito, na presente Dissertação, tem como núcleo analisar a temática do Mal radical (radikales Böse). Essa temática, conforme veremos, tem suas implicações com a filosofia prática de Kant, sobretudo após o filósofo ter consumado a formulação do Projeto Crítico (Projeto que envolve as três Críticas). Tais implicações antecedem o exame da temática realizada na obra de A religião nos limites da simples razão (1793). Em assim sendo, o referido vínculo está exposto de modo direto nessa obra, mas nela não é esgotado. Portanto, em nosso exame, inicialmente, interessa-nos discorrer sobre os elementos principais da argumentação kantiana, os quais são como que condições necessárias e alargam o horizonte em que a temática religiosa conjugada à concepção do Mal recebe o destaque merecido no panorama da filosofia transcendental. A noção de Mal radical não deve ser resumida como uma tese religiosa ou antropológica, assim, a nossa pesquisa vai argumentar que o trabalho de Kant na Religião está de acordo com as suas obras anteriores sobre moralidade.

  • RENAN SANTOS DOS SANTOS
  • SAPIENTIA ET BEATITUDO: O humano como imago Dei em santo Agostinho

  • Data: 13/04/2023
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  • O tema da felicidade já havia sido abordado pelos filósofos antigos, mas no novo mundo cristão que surgia devemos atentar para as peculiaridades, pois na idade média possuía-se dois vocábulos para designar a palavra felicidade, uma destas expressões era o vocábulo felicitas que indicava prosperidade e fecundidade e o outro termo era o vocábulo beatitudo que implicava na bem-aventurança, na posse do verdadeiro absoluto, representando uma espécie de felicidade “eterna”, ou “última”, ou “final”, assumindo a ideia de “perfeição” – a igreja apropriou-se do vocábulo de origem grega makaría, eudaimonia e se concretizou na beatitudo (felicidade), dando-lhe um além do religioso que lhe era próprio, um sentido além disso cristão, por pensar o fim último da felicidade como comunhão (união íntima) com um Deus pensado agora como dom e, consequentemente, concebido agora como plenitude da bondade. Defenderemos que, de acordo com Agostinho, a felicidade implica em comunhão com aquilo que se deseja enquanto bem para si e para os outros, de modo que o indivíduo se afasta da miséria, pois, como poderia ser feliz aquele que vive diante daquilo que é temporalmente irrealizável para o outro e para si, por si mesmo, o homem sábio é aquele que reconhece sua natural debilidade, de sua fraqueza. Porém, o distúrbio da ordem original nos conduz a viver diante do irrealizável, visto que sua vontade se dirige apenas as coisas impossíveis e incompatíveis com a sua natureza. Esta é a posição defendida pelo jovem Agostinho. Por conseguinte, neste trabalho buscaremos apresentar todo este itinerário do humano para a felicidade destacando o papel que a sabedoria desempenha na configuração do homem como imagem de Deus na trajetória do pensamento agostiniano.

2022
Descrição
  • RONALD VALENTIM GOMES SAMPAIO
  • Estoicismo imperial e estética da existência em A hermenêutica do sujeito, de Michel Foucault

  • Data: 21/12/2022
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  • Em seus últimos estudos, Michel Foucault (1926-1984) se debruçou sobre a questão do cuidado de si, retornando à Antiguidade Clássica para (re)pensar a ética moderna nos termos de uma ontologia crítica do momento presente. Foucault  nos revela que o processo de subjetivação do indivíduo clássico, na tomada de uma posição ética, caminha na direção de uma estética da vida. Os fundamentos para essa assertiva serão encontrados na leitura e interpretação atenta dos filósofos antigos, sobretudo das  principais obras de Sêneca (Séc. I d. C), Epiteto (Séc. I d. C) e Marco Aurélio (Séc. II d. C), conhecidos como filósofos do estoicismo romano imperial, encarando-as como dotadas de função “etopoiética”, isto é, função transformadora do sujeito que as examina. Não obstante ter tratado das práticas éticas dos antigos em outros trabalhos (livros, entrevistas e conferências), é em Hermenêutica do sujeito (1981-1982) que Foucault apresenta, passo a passo, todo o labor da filosofia antiga, a partir da identificação das “práticas de si”, “técnicas da existência” e “cuidado de si”, na elaboração de um modo de vida pautado em escolhas pessoais capazes de engendrar um estilo de vida como “obra de arte”. Assim, a ética que Foucault extrai dos antigos é uma verdadeira estética da existência, uma liberdade possível no fazer-se existir.

  • VICTOR HUGO AMARO MORAES DE LIMA
  • A SUSPENSÃO DA EMPIRIA - ESTUDOS SOBRE A PSICOLOGIA DA PROPAGANDA FASCISTA NOS ANOS 1940: Filosofia, Psicanálise e Pesquisa Empírica em Theodor Adorno

  • Data: 14/12/2022
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  • O objetivo desta dissertação é explorar os estudos elaborados pelo Instituto de Pesquisas Sociais sobre o antissemitismo nos anos 1940, com um enfoque nos textos de Theodor W. Adorno sobre a propaganda fascista. Busca-se por meio de três eixos os desdobramentos possíveis na temática específica da propaganda fascista, para relacioná-los de acordo com o sentido geral que as mesmas possuem na obra de Adorno. O primeiro eixo refere-se a importância histórica da pesquisa empírica no cenário intelectual dos anos iniciais da Teoria Crítica ainda em Frankfurt, explorando as primeiras tentativas de projetos e compreensões sobre o tema, e de analisar como a experiência norte-americana de pesquisa afetou o pensamento Adorno sobre tal questão. O segundo eixo se refere a importância da teoria psicanalítica no pensamento de Adorno em suas pesquisas empíricas e teóricas, formalizando uma interpretação que demonstre a ligação entre psicanálise, filosofia e sociologia em seu pensamento, almejando entrelaçar suas principais inflexões teóricas, e como estas se organizam nestas três áreas distintas. E o terceiro eixo busca realizar uma subsequente leitura e interpretação dos textos decorrentes do financiamento da AJC ao Instituto em referência à pesquisa sobre o antissemitismo: “Antissemitismo e propaganda fascista” “Elementos do Antissemitismo” e “Padrão de Propaganda Fascista”, discutindo como os conceitos de Adorno para o problema do ódio aos judeus se desenvolveram ao mesmo tempo em que uma pesquisa empírica e teórica foi realizada entre os anos 43-44, data da escrita dos Elementos do Antissemitismo e da sua participação no projeto empírico, buscando elaborar como a interpretação sociológica de Adorno media o problema da teoria e da empiria pelo prisma de uma teorização crítica da sociedade.

  • ROBENARE MARQUES DOS SANTOS CONCEICAO
  • FRIEDRICH NIETZSCHE E JOHN COLTRANE: A manifestação das pulsões Apolíneo e Dionisíaco na improvisação musical do Jazz.

  • Data: 27/10/2022
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  • Esta pesquisa tem por objetivo mostrar, através da análise abordada em O Nascimento da Tragédia, que a improvisação musical praticada na música instrumental de orientação jazzística é passível de ser pensada como o resultado do emparelhamento das pulsões apolínea e dionisíaca, apontando uma zona de convergência entre Nietzsche e o Jazz. Friedrich Nietzsche é o autor principal a ser pesquisado a partir de sua obra O Nascimento da Tragédia. Ela inaugura um vasto legado que vai perdurar nas décadas seguintes do séc. XIX, marcando o início de um filosofar sem precedentes e o ponto de partida de sua filosofia. Logo, o estudo e a pesquisa a serem apresentados neste trabalho dissertativo, foram os resultados das reflexões em torno da primeira obra publicada do filósofo alemão. No entanto, além de O Nascimento da Tragédia, incluiu-se ao referencial bibliográfico deste trabalho as demais obras de Nietzsche, entre elas: Os Escritos Preparatórios: O Drama Musical Grego, Sócrates e a Tragédia e A Visão Dionisíaca do Mundo; Richard Wagner em Bayreuth; Ecce Homo; A Gaia Ciência; Humano, Demasiado Humano; Crepúsculo dos Ídolos; O Caso Wagner e Nietzsche contra Wagner, além das anotações e as cartas em que Nietzsche trata da música, ademais far-se-á a consulta de trabalhos dissertativos de pesquisadores que se dedicaram ao estudo filosófico sobre a relação entre a filosofia de Nietzsche e a música. Portanto, pretende-se expor uma análise de uma das obras jazzísticas mais importantes na historiografia do jazz – A Love Supreme, gravada em 1964 por John Coltrane, com a finalidade de ser envolvida nesta pesquisa para descrever a relação entre as pulsões geradoras da arte, para, a partir da relação descrita, ser possível de observar uma convergência entre o pensamento de Nietzsche sobre a arte e o artista da antiga tragédia grega com John Coltrane e seu processo criativo musical. Desse modo, além de Friedrich Nietzsche, como interlocutor no estudo e reflexão filosófica na música, é importante mostrar um panorama histórico do saxofonista John Coltrane, conhecido mundialmente nos anos 60 do séc. XX e de grande influência na geração de músicos de jazz que vieram posteriormente e por sua influência na estruturação da improvisação musical. A metodologia a ser utilizada nesta pesquisa é a de abordagem exploratória, por buscar aproximar-se com o fenômeno identificado: a relação entre o pensamento filosófico abordado por Friedrich Nietzsche no Livro O Nascimento da Tragédia e a Improvisação Musical aplicada na música instrumental de orientação jazzística, levando a conhecer mais a seu respeito e, dessa forma, contribuir no desenvolvimento de conceitos e ideias no campo da filosofia, estética e música. Tendo como coleta de dados o levantamento das obras já referenciadas, inserindo-se à exploração do fenômeno a leitura de seus estudiosos como Fernando de Moraes Barros, O Pensamento Musical de Nietzsche; Henry Burnett em seu livro Nietzsche, Adorno e um pouquinho de Brasil e Cinco Prefácios para Cinco Livros Escritos, além de leitura e análise de artigos científicos, trabalhos de dissertação e teses doutorais.

  • SUELLEN LIMA DE BRITO
  • ÉTICA DO DIÁLOGO E O PRINCÍPIO POLÍTICO DO COMUM

  • Data: 16/09/2022
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  • O presente estudo tem como objetivo analisar a ética do diálogo proposta pelo filósofo judeu Martin Buber (1923) e o princípio político do comum, formulado pelos autores Pierre Dardot e Christian Laval (2017), como alternativa, para compreender a problemática das relações na sociedade neoliberal contemporânea. Buber em sua obra principal intitulada Eu e Tu (1923), apresenta as duas palavras-princípios que fundamentam nossa existência e são inerentes à condição humana, a saber: o Eu-Tu e o Eu-Isso. A primeira apresenta-se como um relacionamento dialógico, um encontro entre dois seres mutuamente, em caráter ontológico e o segundo como um relacionamento monológico, baseado em experiências, utilização e o uso dos indivíduos como meros objetos, com um caráter objetivante. Dessa forma, se o mundo do Isso predominar e orientar as formas dos homens relacionarem-se levam estes à perdição, pois tais homens perdem-se em seu interior, ou seja, desvinculando-os drasticamente das relações interpessoais no círculo da convivência dialógica, ocasionando uma profunda perda do sentimento de comunidade, solidariedade, com relações mercantilizadas e impessoais. Considerando esse cenário, o princípio político do comum mostra-se como uma alternativa ao sistema neoliberal de controle, por tratar-se de um princípio político cuja racionalidade é coletiva, anticapitalista, uma esfera social comum e pertencente a todos, onde não há a descaracterização da humanidade dos homens. Nesse sentido, o princípio político do comum une-se a perspectiva buberiana contra as forças do sistema neoliberal. A partir desse diagnóstico, nosso objetivo é elucidar a necessidade de resgatar a dialogicidade das relações na contemporaneidade buscando caminhos possíveis para uma sociedade saudável e humanizada, propondo como alternativa a inspiração da ética do diálogo formulada por Martin Buber juntamente com o princípio político do comum, formulado pelos autores Pierre Dardot e Christian Laval, como uma nova racionalidade anticapitalista mundial onde o imaginário social é uma realidade de práticas coletivas, opondo-se, portanto, a racionalidade neoliberal que mantém seu sistema à custa de uma vivência descaracterizada em nome do sucesso do capital, onde explora, instiga e legitima um sentimento de competição em detrimento da solidariedade e do companheirismo aprofundando o individualismo contemporâneo. Este estudo implica relacionar autores pertencentes a tradições filosóficas distintas por meio de análises de caráter exploratório, filosófico e bibliográfico para demonstrar que diferente do neoliberalismo, a ética do diálogo e o princípio político do comum aspiram para uma vivência saudável e dialógica.

  • MILENE DAYANA PAES LOBATO
  • Arthur Schopenhauer e o medo da morte

  • Data: 30/06/2022
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  • Tudo o que se conhece no mundo fenomênico são formas de objetivação da Vontade. A Vontade é tratada por Schopenhauer como cega, arbitrária, tirânica e brutal, sendo responsável por todo o sofrimento da vida. Dentre os diversos medos e temores existenciais, a morte é o maior entre eles, a ideia de finitude é o que mais aterroriza o ser humano. Sabendo disso, Arthur Schopenhauer desenvolveu um pensamento filosófico acerca da morte que fornece uma resposta possível para a referida aflição comum à humanidade. Morte e vida seriam partições do mesmo ciclo no qual existem dois extremos de não-ser: o antes da vida e o pós-morte. Se a vida e a morte formam uma unidade, o que faz o indivíduo temer a morte, porém, não a vida (na mesma intensidade)? O pensamento schopenhaueriano mostra que deveriam da mesma forma temer a vida, visto que ela pode ser ainda pior. A morte para o sujeito é apenas um cessar da consciência, que é somente resultado da vida orgânica e não a causa dela. A falta de consciência da morte e a mera consciência do presente (nunc stans) tem como consequências angústias e frustrações de não conseguir alcançar a eternidade. Sendo assim, o presente trabalho problematiza a “filosofia da morte” em Schopenhauer e a relação com a indestrutibilidade do nosso ser-em-si. Busca indicar possibilidades de amenização do medo da morte através de duas vias: a do autoconhecimento enquanto Vontade (metafísico/conhecimento) e a da busca de uma vida mais suportável e menos infeliz possível (eudemonológica). Assim, percebendo-se enquanto constituinte de um ser-em-si que é impossível de ser aniquilado com a morte, ou aceitando a impossibilidade de uma vida ausente de dores, Schopenhauer mostra vias diretas para a possível superação e amenização do medo de morrer – e de diversos outros medos existenciais.

  • IVAL DE ANDRADE PICANCO NETO
  • A Recepção de Franz Kafka no Pensamento Político de Hannah Arendt

  • Data: 08/06/2022
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  • Esta pesquisa busca analisar a recepção da obra do escritor judeu Franz Kafka no pensamento político de Hannah Arendt, uma vez que as menções ao autor e aos seus escritos ocorrem em diferentes momentos na obra da pensadora: em Entre o passado e o futuro (1961 – 1968), A vida do espírito (1977) e em ensaios como Franz Kafka: a Revaluation (1944), O judeu como pária (1944) e o ensaio sobre Walter Benjamin (1968). Partiremos do entendimento de que nos diversos momentos em que Kafka surge nas obras de Arendt é para, de alguma forma, elucidar o contexto contemporâneo de perplexidade decorrente da ruptura com a tradição, portanto pretendemos responder a seguinte questão: qual a profundidade desta recepção de Kafka para o pensamento político de Arendt, qual o significado de sua presença e o contexto em que ele surge nas obras da autora? Uma vez que Arendt vê no escritor um representante da tipificação do pária, o pária exemplar, como homem de boa vontade, que, por meio de sua figura e seus escritos, ilustra as diferentes faces e camadas da fragmentação contemporânea.

  • MARJORE MARIANA LIMA LACERDA
  • O fr. 16 de Safo de Lesbos e o Banquete de Platão: a relação entre eros e beleza

  • Data: 19/04/2022
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  • Procuraremos mostrar ao longo desta dissertação que a concepção de eros e de beleza (to kalon), assim como a relação entre esses dois elementos, estão presentes nos materiais poéticos mais antigos gregos, tais quais os fragmentos de Safo de Lesbos, poeta mélica arcaica. Dessa maneira, ao analisarmos o seu Fr. 16, pontuaremos de que modo a concepção erótica se coaduna com a visão tradicional para, enfim, acentuarmos que o diálogo Banquete platônico, ao trazer à baila a conexão de eros com a beleza, resgata temas retratados na tradição, voltando-os, porém, para a filosofia.

  • LEANDRO JOSE DOS PASSOS DIAS
  • Ciência e Ética em Karl Popper

  • Data: 24/03/2022
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  • Os estudos mais tradicionais acerca da filosofia de Popper têm se concentrado em aspectos de sua teoria da ciência ou de sua filosofia política, ou então em estabelecer elos de ligação entre essas duas vertentes de seu pensamento. Mais recentemente, surgiram novos estudos que têm se direcionado para uma nova hermenêutica que procura evidenciar que a ética está na raiz de sua filosofia. Nosso trabalho, pressupondo que há uma ética na base de seu pensamento, pretende analisá-la sob uma perspectiva mais específica, a da própria ciência. Nesse sentido investigaremos a seguinte questão: podemos afirmar que a concepção de ciência de Popper envolve uma dimensão ética? Ou melhor, há uma relação entre ciência e ética no pensamento do filósofo?  Iremos considerar que sua concepção de ciência pressupõe uma ética, que se manifesta, em suas pretensões de demarcar a ciência, nos princípios que a norteiam e nas responsabilidades que ele imputa aos cientistas. Nossa análise da questão pretende, partir do próprio racionalismo popperiano, que ele considera como fruto de uma decisão ética. Nesse sentido pretendemos analisar o seu caráter, distingui-lo de outras formas de racionalismo, contrapô-lo ao irracionalismo e trazer à tona seus fundamentos éticos tendo por base os estudos de Kiesewetter, Artigas e Oliveira. E também, estabelecer suas relações com a ética. Elucidados esses aspectos característico do racionalismo de Popper, procuraremos evidenciar de que forma a ética se faz presente em sua concepção de ciência.  Iremos mostrar que o filósofo ao propor seu critério de cientificidade e complementá-lo com certas regras metodológicas, deixa transparecer que a adoção de tais regras envolve decisões dos cientistas pautadas em valores e que geram certos compromissos éticos. Pretendemos mostrar também, que a ética se faz presente nos princípios éticos que norteiam a ciência, como falibilidade, discussão sensata, busca da verdade, honestidade e que tais princípios estão intimamente relacionados à ideia de autocrítica e de tolerância. E por fim, iremos ainda tratar das responsabilidades éticas dos cientistas, dando ênfase, as ciências aplicadas. Iremos mostrar que Popper propõe uma nova ética para a ciência tendo por base o juramento de Hipócrates.

  • DIARLENE DA SILVA DUARTE
  • O conceito de trágico na Dialética do Esclarecimento

  • Data: 18/03/2022
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  • A pesquisa empreendida tem como objetivo analisar o conceito de trágico segundo a perspectiva dos autores Theodor Adorno e Max Horkheimer. O estudo possui como referência a obra Dialética do Esclarecimento cuja teoria é absolutamente pertinente para interpretação da história da razão, bem como para o contexto e a condição humana na atual sociedade. Sendo assim, a análise pretende compreender as perspectivas de Adorno e Horkheimer quando analisam a ausência do trágico partindo do pressuposto que o processo de esclarecimento foi o principal motivo que conduziu a perda da tragicidade no período contemporâneo. Para tanto, inicialmente propõe-se compreender a relação entre mito e tragédia no período clássico enquanto momento embrionário das tragédias gregas e a base do pensamento trágico. Por conseguinte, intenciona analisar de modo mais específico o processo de esclarecimento a partir do embate dialético entre o pensamento iluminista de Immanuel Kant e a teoria crítica de Adorno e Horkheimer possibilitando, posteriormente, compreender a relação entre esclarecimento e mito. Enfim, o estudo considera pertinente a crítica acerca dos operadores da Indústria cultural e suas implicações para o espectador. Dessa maneira, o esclarecimento mostrou-se não somente ser a causa principal da anulação do trágico no mundo contemporâneo, mas, sobretudo, também evidencia a anulação do próprio sujeito.

  • BENEDITO DA CONCEIÇÃO MONTEIRO NETO
  • DA EPISTEMOLOGIA MODERNA À EPISTEMOLOGIA COMPLEXA DE EDGAR MORIN: REPERCUSSÕES SOBRE O HUMANISMO

  • Data: 08/03/2022
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  • Nosso objetivo, no presente trabalho, dedica-se a demonstrar os principais elementos epistemológicos da complexidade elaborado por Edgar Morin em contraste geral com os princípios do método moderno de Descartes. Partimos das seguintes questões norteadoras: como ocorre a passagem do conhecimento ordenado moderno para o conhecimento organizado complexo e de que maneira esses conhecimentos culminam em uma concepção de humanismo? A hipótese que defendemos é que os princípios da complexidade de Morin são expostos como um diálogo crítico sobre as limitações do método moderno, apontando de que modo este último repercute de forma ambivalente na ciência e na sociedade a título de um humanismo degenerado e de um humanismo regenerado. Metodologicamente, dissertamos, em primeiro lugar, sobre a concepção da ciência e do método na modernidade, iniciando pelos argumentos que precedem e formulam a organização de um método quantitativo do conhecimento, tendo como eixo central as contribuições de Descartes em suas principais obras (1952). A segunda parte do texto volta-se para a concepção de ciência e método segundo as contribuições da epistemologia da complexidade, proposta por Edgar Morin (1996, 2011, 2015, 2016), onde apresentamos as principais inteligibilidades da sua teoria: o princípio dialógico, o princípio recursivo, o princípio hologramático. Na terceira e última parte do texto, fazemos o cotejo entre o pensamento complexo e a modernidade tomando por base o conceito do humanismo. Inicialmente, expomos a leitura da modernidade pela complexidade, destacando a categoria de racionalização. Em seguida, explanamos o modo como método moderno repercute na contemporaneidade com o advento da ecologia da ação. Por último, apresentamos uma reconstrução de um método e de um conhecimento alternativo, capaz de lidar com as incertezas culminando com a proposta de uma regeneração o humanismo.

  • JONAS MATHEUS SOUSA DA SILVA
  • ALEGRIA E POBREZA NAS REPRESENTAÇÕES SANFRANCISCANAS DE DANTE E GIOTTO

  • Data: 22/02/2022
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  • Parte-se, no primeiro capítulo, de cunho historiográfico e filológico, de uma apresentação positiva do século XIII na Itália e do contexto do mecenato, passando por um status quaestionis sobre estética medieval e S. Boaventura, no qual se apresenta as suas obras Itinerarium Mentis in Deum, o argumento central da De Triplici Via, alias Incendium Amoris e o contexto histórico da Legenda Sancti Francisci, para evidenciar a recepção desses escritos em Giotto e Dante. A seguir, apresenta-se a historiografia sobre S. Francisco em Le Goff e em Auerbach; averigua-se o que seja alegria e pobreza nos Escritos de S. Francisco e nas Fontes Franciscanas; vai-se à análise de M. Cacciari sobre as ocorrências de tais conceitos nas representações sanfrancicanas de Dante e de Giotto e chega-se à reflexão do motivo da cruz como ponto de intercessão da pobreza e da alegria. O capítulo seguinte discorre sobre a recepção da figura de S. Francisco na Commedia de Dante e sobre a novidade dessa representação. Expõe-se a biografia de Dante no seu contexto político; segue-se para a apresentação de aspectos da literatura dantesca conforme o intelectual italiano Francesco de Sanctis, na sua História da literatura italiana; evidencia-se a representação de S. Francisco na Commedia, sobretudo em Paradiso XI, e se conclui com a reflexão sobre o motivo da cruz nessa obra. O ultimo capítulo trata da representação de S. Francisco nos 28 afrescos de Giotto no ciclo da Basílica Superior de Assis. Nele se ressalta a biografia de Giotto no seu contexto cultural; averigua-se na representação pictórica de S. Francisco no mencionado ciclo giottesco, as representações dos motivos de alegria e pobreza e a presença do motivo da cruz; culmina-se com hermenêuticas desses motivos nos afrescos do ciclo: Francisco escuta o crucifixo de São Damião, o Natal em Greccio e, a recepção dos estigmas.

2021
Descrição
  • RENAN FERREIRA DA SILVA
  • Protágoras e a paidéia como possibilidade de conhecimento para além da techné

  • Data: 17/12/2021
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  • Pretende-se de maneira geral com a presente pesquisa tratar do sofista Protágoras como figura de grande importância para a história da filosofia a partir de sua atividade pedagógica no período áureo de século V a.C. na antiga Grécia. Os acontecimento de ordem econômica e sobretudo política em Atenas, são a base essencial que possibilitaram o surgimento do movimento sofista na pólis grega e tem-se na imagem de Protágoras, como o primeiro e notável representante do movimento, um sentido de revaloração à cultura e ao pensamento grego tradicional, pelo qual o sofista aplicou o seu plano de ensinamentos. A notoridade de Protágoras está, nesse sentido, no que mais o sofista se dedicou em sua pedagogia: relativizar os valores tradicionais e as ideias de natureza absoluta segundo os princípios da filosofia antiga, particularmente com Sócrates, Platão e Aristóteles. De maneira específica, busca-se uma possibilidade de conhecimento para além da techné grega, quando Protágoras busca, em suma, por um processo educativo de reavaliação que tem em grande medida a razão e a crítica, uma formação no sentido humanístico e não meramente técnico, pelas quais os cidadãos estavam inseridos nas escolas tradicionais com o ensino da música, da ginástica, da literatura etc. Acredita-se que Protágoras vai além desse padrão de ensinamentos em busca de uma formação integral, quando, além de uma capacitação para a atuação nas diligências da pólis – maior, porém, não a única atividade do sofista - os cidadãos atenienses estariam entregues às instruções de natureza humana no sentido mais amplo. Dessa maneira, tenta-se, sobretudo através de comentadores da história da filosofia, ressaltar o sofista Protágoras como perspectiva de uma figura que leva a um conhecimento para além dos limites da techné grega.

  • VICTOR LUCAS SILVA DA CONCEIÇÃO DE SOUZA
  • A origem do mal como ruptura da lei natural nas Leis de Platão

  • Data: 27/09/2021
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  • O escopo principal desta pesquisa é verificar o argumento platônico acerca da origem do mal apresentado nas Leis, livro X, bem como a alma cósmica que rege todo o universo e a sua relação com o intelecto humano. O trabalho busca argumentar sobre da existência de uma lei natural anterior às leis humanas positivadas e quais as consequências advindas da não observância da lei natural pelos seres humanos no agir moral. Parte-se da hipótese de que a origem do mal, em Platão, se dá na ruptura da relação entre o agir ético e a lei natural. Para isso, será exposto como Platão, no Timeu, justifica cosmologicamente a criação do corpo e da alma do mundo pelo demiurgo, bem como se dá a origem do homem e a sua relação ética com o cosmos. Em seguida, será abordado como Platão, nas Leis, defende a existência de um nous cósmico (887c-899d) apresentando os argumentos da alma como causa primeira (896a6-8), do movimento e do automovimento (895b1), bem como a precedência lógica da alma sobre o corpo (893b) e a hipótese levantada por Platão acerca da alma má e do seu alcance cósmico.

  • JEAM CARLOS ANDRADE LOPES
  • O conflito entre razão e paixão em Medeia sob a perspectiva aristotélica das paixões

  • Data: 10/09/2021
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  • O presente trabalho pretende interpretar o conflito entre logos e pathos, na protagonista Medeia da obra em questão, a partir da teoria aristotélica das paixões. Na Retórica das Paixões, a cólera é definida como o desejo de vingar-se que envolve tristeza e desprezo em relação a determinada pessoa. Para Aristóteles, o colérico acha agradável pensar que se poderá obter o que deseja, sendo assim, ele tem esperança de a vingança dar certo, pois anseia algo possível. Se tomarmos Medeia por um momento, veremos que essa definição se encaixa: ela sente desprezo por Jasão, e ao mesmo tempo deseja incansavelmente vingar-se, tanto que acha uma solução plausível, ainda que extrema e injustificável – a de matar os próprios filhos – a fim de satisfazer a emoção sentida, a cólera, que de maneira alguma é irracional, ou desumana, tal qual se presumiu por muito tempo entre os autores. Ao tentarmos responder à questão que nos inquieta, por mais que ela nos leve a  focar na capacidade mais específica humana, isto é, a que distingue-o dos demais animais: a atividade racional, que permite ao indivíduo refletir sobre suas vontades e desejos antes de bem agir em sociedade, de modo algum salientamos, ou nos guiaremos, por qualquer autor que coloque as emoções como fontes de irracionalidade, porque, afinal, elas podem ser sinalizadores inteligentes de que algo precisa ser alterado no comportamento, tanto daquele que sente a afecção, como naquele que pode ter motivado o surgimento da afecção. Sendo assim, longe de imputar uma visão anacrônica à obra de Eurípedes, ofereceremos, nesse trabalho, uma leitura que tem seu olhar primário na Retórica das paixões de Aristóteles, dado que para seu estudo sobre as emoções, o filósofo resgata elementos do trágico: a vulnerabilidade humana frente a fortuna. Do mesmo modo, trabalharemos com a Ética a Nicômaco com o intuito de mostrar, tendo embasamento em Nussbaum principalmente, que o modo de viver fundamentado na racionalidade e no equilíbrio das emoções, pode ser a saída dada por Aristóteles para subtrair ou minimizar o poder da fortuna na vida do ser humano.          

  • FLAVIO DE LIMA CORDEIRO FILHO
  • A PARRESÍA NOS CURSOS DE FOUCAULT DE 1982-1984: ÉTICA, POLÍTICA E ESTÉTICA

  • Data: 01/09/2021
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  • A obra de Michel Foucault (1926-1984) é detentora de uma grande envergadura conceitual, perpassando desde de temas como Loucura, Poder e chegando até seu debate sobre a Verdade. O foco desta dissertação será seus escritos finais, referentes aos anos de 1982 a 1984, visto que é dentro dos cursos ministrados no Collège de France onde Foucault trabalhará de forma mais específica noções de ética, estética e verdade. Michel Foucault realiza uma retomada a antiguidade clássica, contudo tal retorno tem em vista um conceito em específico: parresía. Parresía é traduzido por Foucault como “coragem da verdade”, “fala-franca”, “dizer tudo”, porém o foco da análise do filósofo francês se dará como tal conceito encontra-se profundamente vinculado com o fazer filosófico da antiguidade, perpassando desde das consequências políticas do uso da parresía, a construção de um éthos, este por sua vez atriculado com uma estética do “dizer-verdadeiro”. Foucault mostrará que a preocupação com a Verdade não diz respeito somente ao debate epistemológico entre verdade versus falsidade, ou seja, não é do interesse do filósofo francês entrar na discussão do que faz um discurso e/ou conhecimento ser verdadeiro. Foucault quer investigar o que faz do sujeito alguém que diz a verdade e como ele é reconhecido como aquele que porta um discurso verdadeiro. Percebemos que há em Foucault uma preocupação da verdade enquanto formadora do sujeito, como o falar franco é influência na formação de um sujeito? Com isso Foucault afirma que irá deixar de lado as “estruturas epistemológicas” para se preocupar com a analise das “formas aletúrgicas” do ato de proferir a verdade. Foucault irá realizar a diferenciação do “conhece-te a ti mesmo” e o “cuida-te de ti mesmo” ambos formulações socráticas, contudo como cada uma irá desenvolver e formular doutrinas distintas na história da filosofia, enquanto a primeira irá se deter um desenvolvimento mais epistemológico/metafísico da filosofia socrática, a segunda irá se ater a um modo de vida, ou seja, uma ética socrática. Contudo Foucault aponta condições para se efetivar a parresía, além da necessidade de falar tudo, há a urgência de ser um discurso totalmente vinculado com o pensamento daquele que fala, logo não sendo uma fala meramente artificial. Por isso o filósofo francês afirma que a parresía não é uma mera adequação fala e pensamento, como fazem os mestres, é necessário assumir uma espécie de risco vital, que irá ferir e irritar o outro, chegando ao ponto de uma violência extrema, logo se correndo o risco de perder o vínculo com o outro. Por isso é importante ressaltar a essencial diferença entre a retórica e a parresía, colocando as duas atitudes em formas diametralmente opostas, enquanto uma é um discurso sem vínculo nenhum com o interlocutor e com aquilo que está sendo pronunciado, a parresía é ligação entre os interlocutores, ligação tão forte que abre precedentes a rejeição, punição e vingança daquele que disse a verdade.

  • GEORGE LUCAS DA SILVA DOS SANTOS
  • “A VISIBILIDADE É UMA ARMADILHA”: VIGILÂNCIA E PRÁTICAS DO VISÍVEL EM MICHEL FOUCAULT

  • Data: 01/09/2021
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  • O presente trabalho pretende investigar de que modo surge, a partir do século XIX com o advento da sociedade industrial e do poder disciplinar, um tipo de visibilidade específica que Foucault vai chamar, em Vigiar e Punir, de panóptica, e que possui como função primordial a vigilância dos corpos individualizados dos sujeitos nos seus diversos espaços de efetivação (prisão, escola, fábrica, etc). Tal visibilidade se constitui como uma prática do visível, isto é, uma técnica pela qual o poder se exerce, tal como as práticas penais ou práticas do saber, que variam historicamente de acordo com a época observada: assim, no antigo regime havia uma prática do visível condizente com o poder soberano, ou seja, uma visibilidade espetacular, cerimonial e ostensiva. Por sua vez, a vigilância panóptica é essencialmente ligada ao poder disciplinar e a forma como a disciplina organiza, distribui e separa os corpos na sociedade industrial que se instaura com a ascensão da burguesia como classe dominante, e sua necessidade de transformar os corpos em forças produtivas docilizadas. Nossa trabalho por tanto parte dessa afirmação de que as práticas do visível, tanto quanto outras formas de tecnologias políticas, possuem sua especificidade e irredutibilidade, mas também suas conexões e complementaridades com o regime de poder em voga em seu período, o que nos leva a estudar a visibilidade de cada período descrito por Foucault, demonstrando que não há somente o panóptico como forma do visível, mas também outras formas de visibilidade. Nossa problemática é, portanto, a seguinte: como e por quê a vigilância panóptica se estabeleceu como hegemônica na sociedade disciplinar?

  • LAYS ALVAREZ DE SOUZA
  • Duas concepções de individualidade em Rousseau

  • Data: 29/07/2021
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  • O objetivo deste trabalho é analisar duas formas de tratamento distintas sobre a noção de individualidade na vida social segundo Rousseau: positiva e negativa. Nossa hipótese é que, no estado de natureza, o caráter individual da ação do homem pode ser pensado de forma positiva, já que se trata, nesse ponto, de cuidar da sua autoconservação em um domínio regido basicamente pelos instintos. O que nos permitirá fazer essa leitura serão os atributos que Rousseau confere na descrição do homem natural, tomando como ponto de partida um sentido de individualidade referente à sua ação voltada para si mesmo que é independente e instintiva. A fonte privilegiada, embora não exclusiva, para o desenvolvimento dessa primeira análise será o Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade Entre os Homens (1755). Na mudança da forma de vida humana, passando das condições naturais às sociais, a proposta idealizada de Rousseau no contexto de uma organização social legítima, adota o interesse comum como predominante. Nesse caso, a ação individual pode ser negativa, na medida em que partimos do conflito que se estabelece entre os interesses privados e públicos na ação do homem. A segunda concepção de individualidade é baseada na subjetividade de cada indivíduo no estado social e o conflito natural que surge nesta condição entre os instintos e a razão, o individualismo e o bem comum. A fonte principal ao esclarecimento dessa segunda concepção será o Do contrato social (1762).

  • GEOVANE BARRETO DA FROTA
  • A LIBERDADE COMO CONCEITO POLÍTICO COM BASE EM A CONDIÇÃO HUMANA DE HANNAH ARENDT

  • Data: 01/07/2021
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  • Este trabalho apresenta como tese central a possibilidade de abordar a liberdade política em Hannah Arendt como pensada a partir de A Condição Humana. Com efeito, o desenvolvimento dessa pesquisa tem como base os elementos do pensamento de Arendt ligados a esse conceito e como eles são abordados nas obras dessa pensadora. Assim, o objetivo desse trabalho consiste em através da análise de obras e comentadores, esclarecer a importância do conceito de liberdade política em Arendt. Afinal, qual a importância de A Condição Humana para o conceito de liberdade desenvolvido no pensamento político de Hannah Arendt? Esse questionamento provoca uma reflexão sobre elementos centrais do pensamento político de Arendt e a divergência entre teóricos que os estudam. Entre tantos comentadores destaco Dana Villa por possibilitar responder os questionamentos que motivam esse trabalho e apresentar uma visão conciliadora entre as distintas interpretações sobre o pensamento político dessa pensadora.

  • ANDREA COSTA CRISPINO
  • Kant, Goethe e a Teoria da Natureza

  • Orientador : PEDRO PAULO DA COSTA COROA
  • Data: 29/06/2021
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  • O ponto inicial para nossa pesquisa foi a indicação de Cassirer a respeito de um contraste evidente a entre a aproximação das concepções de natureza de Goethe e Kant, pretendida pelo poeta. O interesse em identificar uma ligação entre esses dois grandes personagens da cultura alemã se deve ao registro feito por Johann Eckermann em Conversações com Goethe, quando este afirma que não conhecia nada a respeito da teoria kantiana antes de escrever seu ensaio A metamorfose das plantas. Apesar disso, e o fato dessa obra ter sido publicada em 1790, mesmo ano em que aparece a Crítica do Juízo, Goethe entende que há uma base teórica comum entre seu estudo botânico e, principalmente, a segunda parte da terceira crítica. O contraste a que Cassirer se refere é indicado pela influência da matemática e da teoria newtoniana (mecânica clássica) no pensamento de Kant, e a contraposição de Goethe tanto com a matemática quanto com a teoria física de Newton. A questão é: de qual consideração sobre a natureza podemos indicar um elo de ligação entre a obra crítica de Kant – Crítica da Razão Pura e Crítica do Juízo – e as obras científicas e literárias de Goethe, de modo que pretensão filosófico-científica do autor de Fausto seja justificável? Como aproximar duas teorias que apresentam contraposição fundamental? Teria Goethe feito uma leitura parcial da obra kantiana, sem considerar o enorme peso da influência newtoniana? Qual a abertura que há, na obra teórica de Kant sobre a natureza, que permita uma compreensão não exclusivamente objetivo-mecanicista, de base matemática? Estas são questões centrais que norteiam o problema levantado pela nossa proposta de pesquisa. Mas não queremos nos limitar a estes questionamentos de ordem mais geral. No decorrer da nossa exposição, tentaremos aclarar como seria possível a resolução dessas dificuldades, visto que Goethe estava longe de ser apenas um intelectual diletante, pouco informado sobre os assuntos de que trata com tanto interesse, como é o caso da sua obra científica, considerada, segundo sua própria declaração, mais importante do que sua obra literária.

  • WESLEY LEITE FEITOSA
  • Os “bons europeus” e a “nova síntese” no pensamento nietzschiano

  • Data: 26/04/2021
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  • A presente dissertação consiste em uma análise hermenêutico-filológica a respeito dos desdobramentos filosóficos de Nietzsche sobre o conceito de “bom europeu” enquanto questão fundamental em sua tarefa de superação da moral. O termo “bom europeu” ocorre em dois períodos distintos de pensamento na obra de Nietzsche. A primeira menção está presente em seus textos intermediários (1876-1882), no qual o autor discorre sobre o problema da linguagem, da metafísica e da cultura. Nesta ocasião, o filósofo discute sobre a formação do sujeito e os processos de coerção do indivíduo na cultura que condicionam o pensamento e o comportamento humano. Esta abordagem suscita em seu pensamento a necessidade da elaboração de uma tarefa de superação da moralidade/tradição, sobre o qual o conceito de “espírito livre” é formulado. Os conceitos de “espírito livre” e “bom europeu” são associados enquanto sinônimos na fase intermediária de seu pensamento, o segundo termo enfatiza a necessidade de distanciamento e superação das pátrias e discute sobre o nacionalismo alemão do século XIX. Em seus textos tardios (1883-1889), o conceito de “bom europeu” é reintroduzido em um novo contexto em que o autor desenvolve sua crítica à moral e superação da visão etnocêntrica no pensamento moderno europeu. Desta forma, Nietzsche estabelece níveis hierárquicos de visão e superação, quais sejam: 1. Europeu; 2. Supraeuropeu; 3. Oriental; 4. Grego. O supraeuropeu é um conceito que designa um nível perspectivo de visão segundo o qual a própria Europa deve ser superada. Nessa perspectiva o indivíduo não deve ser apenas supranacional, como também, supraeuropeu, na pretensão de sobrelevação de seu horizonte europeu e alcance de uma visão mais ampla acerca da construção cultural do Ocidente. Porém, para isso é necessário levar esta tarefa adiante. O autor na tentativa de extinguir sua parcialidade ocidental propõe a visão oriental da Europa através do conceito supra-asiático. O nível asiático representa um nível mais elevado de superação da moral europeia em relação supraeuropeu, este conceito caracteriza uma objeção mais radical ao Ocidente e seus valores enquanto consequência cultural da Europa. Com intenção à esta proposta, finalmente o pensador destaca a fundamentação grega como modelo teórico para os chamados “europeus do futuro” no denominado ideal grego. Este representa, em sua tarefa, uma visão de superação mais elevada que os demais níveis anteriores e caracteriza sua visão cosmopolita da cultura europeia, pela síntese cultural que esta simboliza. A partir dessa perspectiva, Nietzsche descreve um processo contínuo de superação segundo procedimentos atávicos e de diferenciação sobre o qual seja possível o surgimento de uma “nova síntese” cultural, linguística e fisiológica.

2020
Descrição
  • ALCIONE SANTOS DE SOUSA
  • ESTÉTICA E POLÍTICA NAS CARTAS DE FRIEDRICH SCHILLER

  • Data: 26/11/2020
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  • A finalidade da nossa pesquisa é analisar a combinação dos elementos da estética e os
    elementos que são próprios da moral ou política, tal como isso é feito por Friedrich Schiller
    em suas Cartas sobre estética, traduzidas no Brasil, em uma versão mais recente como: A
    Educação estética do homem numa série de cartas. Para realizar nossa intenção, faremos,
    inicialmente, uma exposição tentando mostrar como podemos reconhecer na tradição
    filosófica a preocupação com esse tipo de temática, o que nos faz remontar aos gregos.
    Desse modo, é com os tragediógrafos que reconhecemos a associação da tragédia com a
    polis, em um horizonte que vincula arte e a política como fundadora da formação moral do
    homem grego, propiciando mais tarde, nas Cartas de Schiller, o debate sobre a condição de
    nosso conhecimento no âmbito da estética e da moral. Como podemos ver, ao analisarmos
    a questão da compatibilidade ou complementariedade entre os domínios da arte e da moral
    (política), sob a ótica do autor das Cartas ao propor que a reciprocidade entre os dois
    impulsos - o sensível e o racional, unifica-se no homem. Notaremos que esta possibilidade
    é o que faz Schiller a propor a primazia da educação estética para uma formação moral com
    vista à política mais natural, ou sem saltos, da humanidade. Segundo Schiller, cabe a
    cultura estética promover o enobrecimento do caráter, já que as tentativas da razão,
    isoladamente, não apresentam resultados tão satisfatórios para o homem moderno. O que
    ocasiona a formação do Estado estético, por meio da qual podemos encontrar a ideia de
    humanidade perfeita - como outrora já esteve presente entre os gregos. De tal modo, o
    homem educado, esteticamente, consegue vencer a condição de sua natureza, pela
    exigência da razão, mas, sem perdê-la completamente de vista, pois essa apenas cede lugar
    à lei moral, como uma espécie de jogo entre esses dois domínios. A beleza como liberdade
    no fenômeno, é o que sustenta e dá prova que a moral é símbolo do bem – conforme à
    natureza – liberdade. É nesse sentido que as Cartas de Schiller são fundadas na ideia de
    que a beleza busca promover o acordo entre razão e sensível, unificadas no homem, e faz
    deste um ser completo, como sua natureza mista. Assim, Schiller estabelece uma educação
    moral do homem iniciada pela liberdade da arte servindo, assim, à finalidade política.

  • ADAM AUGUSTO SILVA E SILVA
  • Senso comum e ciência em Popper

  • Data: 25/11/2020
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  • O objetivo da presente pesquisa é investigar as relações entre senso comum e ciência no pensamento de Popper. O problema de nossa pesquisa se apresenta quando Popper nega o ideal de episteme ao definir a ciência pelo seu caráter negativo, a falseabilidade. Ou seja, sua ideia de que a ciência é conhecimento falível e passível de erro se choca com as defendidas pela tradição epistemológica que a concebe como um saber fundamentado, certo e demonstrado. Assim, ao negar características positivas, tradicionalmente reconhecidas como próprias da ciência, a posição de Popper nos suscita a seguinte questão: Qual o status que ele reserva a ciência, se não a identifica com a episteme? Em outras palavras, ao negar o ideal de episteme, Popper estaria reduzindo a ciência a doxa ou ao senso comum? A presente pesquisa será norteada pela hipótese de que Popper está longe de reduzir a ciência a doxa ou ao senso comum, pois ele muito embora veja certas proximidades entre elas, reconhece que a ciência vai além do senso comum. Assim, de modo a evidenciarmos a posição de Popper face a problemática delineada pretendemos, primeiramente analisar, como as relações entre senso comum e ciência tem sido tratada por filósofos desde a antiguidade, como Platão e Aristóteles e, também, mais contemporaneamente, por Bachelard. Posteriormente, pretendemos mostrar que, contrariamente, a esses filósofos que veem a doxa e a episteme, ou senso comum e a ciência como formas de conhecimentos distintas, Popper estabelece relações muito próximas entre ambos, mas não reduz a ciência ao nível do senso comum, na medida que a concebe como senso comum esclarecido.

  • MAURÍCIO SÉRGIO BORBA COSTA FILHO
  • A máquina antropológica entre antropogênese e antropocentrismo: uma leitura crítica de Giorgio Agamben a partir de uma perspectiva multiespecífica da biopolítica

  • Data: 07/10/2020
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  • No presente trabalho buscamos investigar a atualidade da ideia da máquina antropológica do humanismo, como proposta por Giorgio Agamben na obra L'aperto: l’uomo e l'animale, aos contornos do atual panorama político. Este conceito, que compreende o conjunto de discursos e práticas que constroem o que nós entendemos por humano (e humanidade) em contraposição ao animal (e à animalidade) numa lógica dual de inclusão e exclusão, produz modelos de antropogênese que ressoam gravemente na vida política das sociedades ocidentais. Apesar de entendermos que tal terminologia sintetiza com sucesso este conjunto heterogêneo de práticas, argumentaremos que, para que ela seja efetivamente uma ferramenta conceitual utilizável, precisamos situá-la não só no âmbito de uma crítica ao humanismo, mas também no contexto maior de uma visada não-antropocêntrica da problematização da política. Neste sentido, iremos “profaná-la” e voltá-la contra o próprio pensamento político de Agamben, o que, desde as discussões e revisões críticas que as Humanidades vêm experimentando diante da ciência do fato do Antropoceno (ou melhor, do Capitaloceno: o fato do homem – capitalista – ter se tornado um agente geológico e inaugurado um ponto de virada em direção a um tempo cada vez mais intenso de devastação e extinção de diferentes formas de vida), implicará numa dupla consequência: em contraposição ao antropocentrismo que informa a compreensão do político de Agamben, proporemos um pensamento das políticas do vivente (consequência ético-política)  e uma perspectiva multiespecífica da biopolítica (consequência crítico-descritiva).

  • RAFAEL SIQUEIRA MONTEIRO
  • Confissão, sujeito e verdade em Michel Foucault

  • Data: 22/06/2020
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  • Este trabalho analisa a maneira pela qual Foucault articulou os conceitos confissão, sujeito e verdade em seus escritos de 1979 a 1984. Essa periodização marca o deslocamento teórico realizado por nosso autor a partir do curso Do governo dos vivos; deslocamento que colocará no centro de suas pesquisas a relação sujeito e verdade no ocidente. E, é justamente nesse momento que a confissão se tornou fundamental na relação sujeito e verdade enquanto uma forma específica de manifestar a verdade e de construir subjetividades. Essa investigação sobre como o sujeito se relacionou com a verdade no decorrer da história ocidental fez com que Foucault se lançasse em dois novos espaços de pesquisa, a saber: a filosofia antiga e o cristianismo primitivo. A problemática desta pesquisa está vinculada a compreensão de como se efetivou a articulação dos conceitos confissão, sujeito e verdade no último Foucault. Para responder a essa problemática, propomos os seguintes objetivos específicos: identificar a verdade como centro das atenções de Foucault a partir de 1979; abordar alguns aspectos da leitura foucaultiana do pensamento filosófico antigo e do cristianismo primitivo no que tange a relação confissão, sujeito e verdade; e analisar a relação confissão, sujeito e verdade em Michel Foucault no período de 1979 a 1984. Considerando a especificidade da pesquisa em filosofia este trabalho adotou como metodologia a pesquisa teórico-bibliográfica. Esse tipo de metodologia é a mais apropriada à pesquisa filosófica, pois permite ao pesquisador ter acesso à produção de conhecimento acerca de um tema a partir da leitura dos textos do próprio filósofo e, também, com o auxílio da bibliografia secundária de comentadores. Esta pesquisa nos permitiu, portanto, constatar que Foucault ao articular os conceitos confissão, sujeito e verdade a partir do pensamento filosófico antigo e do cristianismo primitivo colocou em relevo duas experiências profundamente distintas entre si: a renúncia do sujeito por meio da verdade confessada e a constituição de um sujeito livre por meio da verdade.

  • EDILSON MIRANDA JUNIOR
  • NIETZSCHE E A METAFORICIDADE DA LINGUAGEM EM “VERDADE E MENTIRA NO SENTIDO EXTRAMORAL” 

  • Data: 01/06/2020
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  • Esta dissertação tem por objetivo discutir a metaforicidade da linguagem no texto “Verdade e Mentira no Sentido Extra-Moral”, de Friedrich Nietzsche. De um lado, apresenta-se a perspectiva de que a linguagem é absolutamente metafórica, tendo-se com isso a consequência de que é impossível falar dela mesma sem cair em um discurso autodestrutivo. Por outro lado, existe a perspectiva de que a linguagem só é metafórica relativamente e que é possível, portanto, encontrar uma coerência interna no texto. Para fazer um balanço das duas perspectivas, é necessário analisar bibliograficamente as influências sobre Nietzsche na feitura do texto, bem como situar a relevância do mesmo na filosofia nietzschiana como um todo.

     

  • DIEGO FERNANDO PEREZ BURGOS
  • LA POLÍTICA DE LOS SIN PARTE: Una lectura desde Jacques Rancière de las iniciativas políticas y artísticas de las Madres de Soacha en Colombia  

  • Data: 17/02/2020
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  • El pensamiento de Jacques Rancière ofrece un amplio arsenal de herramientas conceptuales para pensar los diversos escenarios en los que se producen iniciativas que desafían el poder dominante.  Así, se propone analizar las acciones del colectivo de víctimas Madres de Soacha en Colombia, a partir de los diversos horizontes que posee la acción política (igualdad, subjetivación, disenso, etc.) según Rancière, con el objetivo de comprender cómo este movimiento de madres propicia nuevas formas de recomponer el sentido de la memoria en la sociedad colombiana. Para lograr este propósito, se realiza una reconstrucción del concepto de política en Rancière, movilizando nociones como los sin parte, igualdad, disenso, subjetivación y reparto de lo sensible, tomando como hilos conductores de su argumentación política los efectos de la afirmación de la igualdad y la dimensión sensible de la experiencia política. En otro momento, se describen las particularidades del conflicto armado en Colombia y de una de sus expresiones mas atroces: los falsos positivos. Entonces, se realiza un recorrido por las motivaciones, procedimientos y tipos de victimas que ha generado estos crimines, para enseguida revisar el caso concreto de los falsos positivos de la ciudad de Soacha y las manifestaciones de aquellos familiares, que, bajo el mote de Madres de Soacha, han decidido asumir un camino de reivindicaciones y exigencias para no dejar el asesinato de sus hijos en la impunidad. Por último, se establecen algunos encuentros entre el pensamiento de Rancière y las acciones de las Madres de Soacha. De este modo, se busca actualizar y potenciar, algunas referencias respecto al trabajo y la identidad de las Madres de Soacha (en tanto que, excluidas, movimiento social y victimas) para visibilizar su horizonte de acción en torno a la reconfiguración de la memoria en la sociedad colombiana. 

2019
Descrição
  • MARCO ANTONIO CORREA BEZERRA
  • SOBERANIA E GOVERNAMENTALIDADE: FOUCAULT, LEITOR DE ROUSSEAU 

  • Data: 10/09/2019
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  • O objetivo geral desse trabalho é mostrar de que forma a concepção jurídica-legal do poder no século XVIII possibilitou a ampla compreensão do termo governamentalidade, pois as estratégias políticas estavam direcionadas ao controle da população tal como exposto no curso “Segurança, Território, População”, ministrado por Michel Foucault no Collège de France, em 1977-1978. Para realizar tal intento, partiremos da confrontação crítica que Foucault estabelece com a ideia do poder soberano no interior do chamado Estado Moderno em Jean-Jacques Rousseau. A partir desse enfoque pretendemos indicar, inicialmente, que o filósofo genebrino ao escrever o verbete Economia Política na Enciclopédia (1755) tem a finalidade de apresentar a necessidade de uma gestão econômica e administrativa sobre os bens e a vida das pessoas, em seguida, registra a obra Do Contrato Social (1762) como extensão lógica dos seus dois ensaios. Dessa maneira, Rousseau visa legitimar o comportamento dos integrantes da sociedade, e para isso, o cidadão precisa delegar seu poder individual e particular em direção a uma vontade geral. No curso acima referido, Foucault critica, exatamente, essa noção de soberania, pois o francês identifica que há um corpo intermediário [governo] equipado com um aparato jurídico que se torna na prática uma gestão governamental camuflada cujas ferramentas principais são os dispositivos de segurança para regulamentar a população. Essa ideia de um governo como governo da população utiliza técnicas de poder, isto é, aparelhos tecnológicos para normatizar os membros desse Estado ao desenvolver um método controlador sob a aparência de um discurso em prol do bem-estar da população.

  • FELIPE SAMPAIO DE FREITAS
  • BIOPOLÍTICA EM MICHEL FOUCAULT: DA INDIVIDUALIZAÇÃO DO SUJEITO À GOVERNAMENTALIDADE DA POPULAÇÃO.

  • Data: 29/08/2019
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  • Biopolítica é um assunto complexo, que percorre os mais variados âmbitos acadêmicos: da medicina social ao direito, da economia política à estatística, etc. Esta pesquisa se caracteriza a partir do estudo do itinerário que este termo/conceito tem, na obra do filósofo francês contemporâneo Michel Foucault (1926-1984). Busca, através da análise de seus cursos e obras, elucidar os variados momentos em que o assunto se configura e reconfigura, na chamada “analítica do poder”, fase política da obra do francês e, inclusive, aponta seus “alargamentos teóricos”. A biopolítica seria um tema ainda atual? Como, na obra de Michel Foucault, os estudos a respeito do poder, em sua relação com a verdade, sofrem um “alargamento teórico” e por quê? São estas as principais indagações que irão nortear nossa caminhada pelas veredas filosóficas de Michel Foucault. É claro, quando possível, irão ser apresentados recortes de momentos atuais que ilustrem, exemplifiquem e ressignifiquem a biopolítica para, assim, atestarmos sua atualidade nos debates em filosofia política.

  • PAULO UIRIS DA SILVA GOMES
  • A leitura epistemológica popperiana da filosofia teórica kantiana

  • Data: 21/08/2019
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  • O objetivo geral desse trabalho é analisar a leitura que Popper faz da filosofia teórica kantiana e discutir seu caráter e seus problemas. A interpretação popperiana de Kant reflete a relevância e influência que o filósofo prussiano exerceu sobre o seu pensamento, Popper reconhece em diversas obras a contribuição de Kant para a estruturação de sua teoria da ciência. No entanto, ao mesmo tempo em que enaltece a filosofia kantiana, também a critica em diversos pontos, considerando-se um kantiano não-ortodoxo. À vista disso, o problema central dessa pesquisa é: como Popper compreende a filosofia teórica de Kant? E, além disso, quais são os méritos, dificuldades e problemas dessa leitura? Nossa hipótese é que Popper lê a filosofia teórica de Kant de modo epistemológico e não-ortodoxo, atribuindo a Kant problemas de sua própria filosofia e o interpretando à luz de seu próprio holofote, o “Kant popperiano” possui ideias, problemas e erros distintos do Kant que escreveu a Crítica da razão pura. Inicialmente, pretende-se caracterizar a leitura popperiana de Kant como epistemológica e, por isso, próxima da tradição neokantiana de Marburgo. Em seguida, pretende-se reconstruir analiticamente a leitura popperiana dos problemas que Popper considera como originariamente kantianos: o problema da indução e o problema da demarcação. Por fim, pretende-se avaliar criticamente a leitura popperiana, discutindo as suas limitações e possibilidades.

  • CARLOS HENRIQUE HILDEBRANDO DOS SANTOS
  • Arte e Natureza na Teoria estética de Theodor W. Adorno

  • Data: 05/08/2019
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  • Na presente pesquisa investigamos qual a importância que a categoria estética do belo natural possui para uma teoria das obras de arte no âmbito da Teoria estética de Theodor Adorno. Para tanto, de antemão, é necessário chamarmos atenção para o fato de que sua estética filosófica não pode ser considerada como reflexões desvinculadas das obras as quais ele se manteve atento. Por exemplo, talvez seja impossível para alguém estudar as reflexões adornianas sobre música sem levar em consideração as contradições latentes das composições de Schönberg ou de Stravinsky, tal como Adorno demonstrou em sua Filosofia da nova música. Assim, ao nos debruçarmos em uma pesquisa sobre os conceitos dialéticos que mais nos instigam na sua obra publicada postumamente, observamos a necessidade de não perdermos de vista que suas reflexões estéticas não são desvinculadas do próprio objeto de interpretação, ou seja, as próprias obras de arte. Nesse sentido, dentre as inúmeras produções artísticas as quais se tornaram objeto de reflexão na estética filosófica adorniana, entendemos que a obra literária de Kafka, enquanto momento singular dessas reflexões, representa para Adorno as contradições latentes dos elementos que surgiam como o novo na arte. Mas condicionar uma obra literária que pode ser interpretada de diversas formas e por diferentes autores, apenas pela teoria de um único filósofo poderia representar até mesmo um ato contrário à própria estética filosófica adorniana. Deste modo, é importante indagar: como seria possível fazer uma pesquisa vinculando a categoria estética do belo natural em Adorno e a obra literária de Kakfa sem que, com isso, percamos de vista ora as reflexões daquele e, ao mesmo tempo, não reduzindo a obra deste último a um único modelo de pensamento? O caminho que adotaremos para responder essa questão se inscreve naquilo que durante as pesquisas vem sendo evidenciado como característica central da estética adorniana, a saber, a primazia do objeto. Assim, muito mais do que ler a obra de Kafka à luz da Teoria estética de Adorno, como muito se costuma fazer ao vincular uma teoria a um objeto, gostaríamos de em um puro abandonar-se à coisa, ou seja, na leitura dos romances kafkianos, vislumbrar alguns elementos do próprio modelo estético filosófico adorniano, sobretudo, a categoria estética do belo natural, deixando claro que nossas intenções não se inserem em pretensões de esgotar a obra kafkiana. Com isso, garantiremos a primazia do objeto artístico, demonstrando que as obras de arte não podem ser enquadradas de modo totalizante por qualquer modelo de pensamento, mesmo uma teoria estética. Considerações como estas, são caras ao próprio horizonte filosófico de Adorno.

  • ELIAS DE NAZARÉ MORAES
  • A noção de poder no curso A coragem da verdade, de Foucault

  • Data: 27/05/2019
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  • No seu último curso, A coragem da verdade, Michel Foucault nos apresenta uma concepção de poder marcado pelas práticas de parresía e do “cuidado de si” (epiméleiaheautoû), que se desloca da concepção genealógica onde o poder aparece como relações de forças, passa pela confissão e chega à parresía. Deste modo, o filósofo analisa o sujeito que diz suas verdades, se constitui a partir de si e na relação com o outro, que se expõe parresiasticamente seja na democracia, na autocracia ou pelo estilo de vida cínica e busca mudar suas práticas e valores através de tecnologias de si, fazendo de sua vida uma estética da existência. A problematização das práticas de si no campo ético-político permite uma abertura de si como resistência aos assujeitamentos do poder moderno e a elaboração de uma ética do próprio sujeito. Assim sendo, a dissertação tem como objetivo compreender a noção de poder no curso mencionado e seus possíveis deslocamentos em relação ao seu período genealógico.

  • BRAYAN LEONARDO LEÓN SÁENZ
  • PASIÓN Y RAZÓN: SOLUCIÓN AL PROBLEMA DE LA DESOBEDIENCIA EN EL LEVIATÁN

  • Data: 01/04/2019
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  • Frente a una nueva formulación de una problemática de la desobediencia en la filosofía del Leviatán de Thomas Hobbes, un estudio de la primera parte de dicha obra busca elementos que puedan enfrentar el problema de la posibilidad de la desobediencia racional y todo lo que implica para la teoría política que encierra dicho texto. Haciendo un análisis de la ley natural, la teoría de la autorización, pero principalmente de la descripción de una teoría de la acción racional, este trabajo muestra la imposibilidad de la desobediencia racional; además, aquellos pasajes que sugieren dicha posibilidad no acaban con el absolutismo que caracteriza la filosofía de Hobbes. La teoría de la acción racional se convierte en una guía para una lectura que busca establecer la teoría política como una consecuencia de la descripción de la naturaleza humana.

  • MARCOS FELIPE ALONSO DE SOUZA
  • O Conceito Kantiano de Paz Perpétua sob a Perspectiva Cosmopolita Contemporânea

  • Data: 15/03/2019
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  • Dentro de um contexto de incertezas morais e de crises humanitárias internacionais que caracterizam tão bem nosso século, buscar uma compreensão acerca dos males que assombram o homem torna-se relevante, bem como buscar uma solução que traga, se não a erradicação, ao menos a amenização das dores que as crises trazem como consequência. Kant, em Paz Perpétua (Zum Ewigen Frieden), está pensando em uma solução para a pacificação de conflitos internacionais e nos traz lições valiosas sobre as relações políticas e humanas. Kant nos apresenta dois temas fundamentais no contexto de nossa contemporaneidade: o multilateralismo e a alteridade. O primeiro, baseado na concepção de uma confederação de Estados para a paz e a segunda concepção, baseia-se na hospitalidade do estrangeiro, uma ideia de direito de cidadania universal. Nesse sentido, o objetivo desta pesquisa é analisar o conceito de paz de Kant dentro da função do Estado que ele desenvolveu, relacionando-o à [des]ordem cosmopolita contemporânea. Finalmente, tentamos responder à problemática questão sobre o papel do Estado no pensamento de Kant para a construção da paz e descobrir se esse conceito ainda permanece atual diante dos conflitos internacionais contemporâneos. De fato, existe uma possibilidade de alcançarmos a paz a partir das lições de Kant, desde que busquemos mais cooperação entre as nações e respeitemos as diferenças de identidade entre os homens, dois pontos fundamentais já desenvolvidos por Kant quando discutiu os elementos definitivos para o constructo da paz. É uma concepção de paz que está inserida em sua filosofia do direito e do seu pensamento político, e que está diretamente relacionada à sua crítica da razão prática.

  • ARNIN ROMMEL PINHEIRO BRAGA
  • A Questão da Finitude nos Escritos de Heidegger de 1927-1930: Transcendência, Mundo e Liberdade

  • Data: 12/03/2019
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  • A problemática da finitude como o horizonte de manifestação do Ser é uma das principais temáticas dentro do pensamento de Heidegger. No entanto, ela ganha aspectos novos e evolui a cada etapa do pensamento deste autor, o que dificulta o exercício de tratar este tema desde uma visão totalizante de sua filosofia. Neste sentido, esta pesquisa busca abordar a questão da finitude a partir da etapa do pensamento heideggeriano conhecida como a “Metafísica do Dasein”, ou seja, desde os escritos imediatamente posteriores a publicação de Ser e Tempo (1927) e anteriores a obra Essência da Verdade (1930), mais precisamente nas obras Os Problemas Fundamentais da Fenomenologia (1927), As Fundações Metafísicas da Lógica (1928) e A Essência do Fundamento (1929). Visto que são nestes escritos onde Heidegger começa a abordar a questão da compreensão do Ser na finitude de uma maneira mais radical do que a proposta anteriormente em Ser e Tempo. Em outras palavras, Heidegger promove um movimento reflexivo de radicalização da estrutura fundamental da “preocupação” (Sorge), que o leva ao deslocamento da questão do sentido do Ser na finitude do âmbito estrito do ser-aí entendido como “ser-para-a-morte” (Sein-zum-tode), para uma reflexão mais profunda a partir dos conceitos de Transcendência, Mundo e Liberdade do Dasein. Esta radicalização inaugura uma série de questões entre as quais está inserida a pergunta primordial desta pesquisa: como Heidegger radicaliza o problema da finitude como horizonte de compreensão do Ser a partir da transcendência do Dasein, do fenômeno mundo e da liberdade do ser-aí? A explicitação conceitual destes três termos nucleares da “Metafísica do Dasein” – Transcendência, Mundo e Liberdade – revelará as condições de possibilidade para o desvelamento do ser dos entes a partir da compreensão do Ser, na qual não se recorre mais a uma esfera além (Deus, por exemplo) ou em contraposição ao ente (relação sujeito-objeto), mas que se fundamenta no horizonte da finitude garantido pela estrutura ontológica fundamental de “ser-no-mundo”.

2018
Descrição
  • WALLACE ANDREW LOPES RABELO
  • A objetividade do conhecimento e a deposição do sujeito na epistemologia de Popper

  • Data: 04/09/2018
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  • O objetivo do presente trabalho consiste em investigar como é possível o conhecimento objetivo para Popper e esclarecer o porquê do sujeito não possuir um papel relevante no processo de conhecimento. A concepção popperiana se afasta da tradição epistemológica, que valoriza o sujeito no processo de conhecimento, entndida pelo filósofo como subjetivista, face a sua objetivista. Nesse sentido, pretendemos mostrar que sua concepção de conhecimento objetivo está alicerçada em uma teoria dos três mundos, a qual se mostra fundamental para a compreensão da mesma, pois é justamente no mundo três que estão os produtos do sujeito, ou seja, o conhecimento objetivo. Iremos mostrar que este mundo trêds é linguístico, destacando a importância da linguagem para que o conhecimento se objetive. Um aspecto que pretendemos analisar diz respeito a objetividade científica, uma vez que Popper, além do conhecimento objetivo de um modo geral, trata em suas obrsa de uma dimensão mais específica referente à ciência. Pretendemos esclarecer as condições lógico-empíricas e, também, sociais que possibilitam o debate e a crítica às teorias produzidas e, consequentemente, a objetividade científica. Por fim, iremos apresentar as críticas de Thomas Kuhn à concepção de objetividade popperiana. Como o filósofo não faz uma crítica direta à forma como popper concebe a mesma, destacaremos suas objeções ao falsificacionismo de Popper e, também, suas considerações acerca de fatores subjetivos que influenciam o processo de escolhas de teorias, comprometendo assim a objetividade científica. 

  • YASMIN PIRES FERREIRA
  • Silêncio e Abertura na Arte Contemporânea: reflexões  a partir de Heidegger

  • Data: 28/03/2018
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  • Partindo do lugar que o silêncio ocupa no pensamento de Martin Heidegger, como elemento capaz de suscitar percepções diferenciadas do mundo, esta pesquisa pretende alavancar uma discussão acerca da utilização do silêncio como fator de abertura na arte contemporânea. Acredita-se que, na peculiaridade da sua existência em um cenário dominado pela técnica, o silêncio possa provocar uma genuína experiência no público. Isto posto, para alcançar seus objetivos, o trabalho irá situar o silêncio enquanto uma forma autêntica de manifestação da linguagem em Heidegger, e também trará para análise a compreensão de John Cage acerca do mesmo, dado o seu caráter paradigmático e a sua relevância no contexto das artes contemporâneas. Por fim, serão analisadas obras que corroborem a proposta exposta, em uma aproximação com as noções de abertura e experiência na arte.

  • FRANK ALEXANDRE ROSA FREITAS
  • A "cultura de si" em Foucault

  • Data: 26/03/2018
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  • Partindo dos últimos trabalhos de Michel Foucault, nos deparamos com uma virada significativa em sua filosofia, através do estudo da noção grega do cuidado de si. Noção essa que, segundo Pierre Hadot, teria sido atraída por alguns aspectos de sua abordagem em relação a filosofia antiga como exercícios espirituais. A partir dessa nova perspectiva Foucault pensa o sujeito que constrói a si mesmo a partir de exercícios, práticas e técnicas de si. Consecutivamente, esta dissertação tem como objetivo analisar a “Cultura de Si” que é amplamente trabalhada e pesquisada por Foucault, em seus últimos trabalhos, e principalmente a partir da Hermenêutica do Sujeito, curso de 1982; além da História da Sexualidade II e III e outros textos correlatos de aspectos da ética antiga. Portanto partimos da análise da cultura de si feita por Foucault até as convergências e divergências criticamente empreendidas por Hadot. Para finalmente chegarmos, no capitulo III de nossa dissertação, para compreendermos como Foucault analisa a cultura de si após o curso de 1982. O que muda nos cursos posteriores. O que muda nos dois últimos volumes da História da sexualidade em relação à Hermenêutica do Sujeito. Também, a questão da atualidade da cultura de si e sua relação com as práticas sociais atuais para a possibilidade de uma estética da existência será objeto de investigação. Voltamo-nos então a questão de se haveria ou não em Foucault esta proposta de reatualização de uma ética antiga, buscando refletir sobre as maneiras em que seja possível entender, através do olhar que ele dirigiu a antiguidade, uma arte de viver.

  • ANDRÉ DIOGO SANTOS DA SILVA
  • A tensão entre proximidade e distância no segundo momento do pensamento de Nietzsche

  • Data: 22/03/2018
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  • As reflexões sobre a proximidade e a distância ocorrem, principalmente, no segundo momento do pensamento de Nietzsche (1876 a 1882), na medida em que ele desenvolve, por volta de 1879, a ideia de “doutrina das coisas mais próximas”, e, alguns anos depois, em 1882, a noção de “distância artística”. Entretanto, neste período ele também critica a ideia de oposição, dado que este conceito alude a uma filosofia metafísica. Outro conceito encontrado na filosofia nietzschiana que expressaria também uma relação entre antagonismos é a ideia de tensão, que reflete uma maior dinamicidade. Sendo assim, o problema da presente pesquisa consiste na seguinte questão: seria possível qualificar a relação entre os conceitos de proximidade e distância, identificados em obras pertencentes ao segundo momento dos escritos de Nietzsche, como uma tensão, e não apenas uma oposição (em face da crítica do filósofo a esta ideia)? A partir deste problema geral, foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos: 1. Delimitar a especificidade da tensão, principalmente a partir da comparação com os conceitos de oposição e antagonismo; 2. Caracterizar a proximidade através da ideia da “doutrina das coisas próximas” e de outras ideias afins, principalmente nos dois volumes de Humano, demasiado humano e em Aurora; 3. Encontrar vestígios do conceito de distância nos escritos nietzschianos, destacando-se A Gaia Ciência, obra que contém reflexões sobre a “distância artística”; 4. Justificar uma tensão entre os conceitos anteriores, identificando textos onde Nietzsche sugere esta relação (e não uma oposição) entre proximidade e distância. Desenvolveu-se estes quatro objetivos através de uma metodologia bibliográfica e histórico-filológico, atentando-se, principalmente, à análise dos escritos de Nietzsche no segundo momento de sua produção intelectual. Como um dos resultados da presente investigação, destaca-se aquele que aponta que a tensão entre proximidade e distância em Nietzsche é observada de forma mais intensa, primeiramente, no âmbito do conhecimento – em que o pensador precisa ora se aproximar do objeto, ora se distanciar da sua busca apaixonada pelo conhecimento – e, a seguir, na esfera da amizade – que difere de um simples “amor ao próximo” pois, em uma elevada amizade, o indivíduo é capaz, também, de se distanciar do seu amigo.

  • CAROLINE SOARES DE ARAUJO
  • A natureza e o caráter das leis naturais em Popper

  • Data: 15/03/2018
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  • Popper apresenta, ao longo de uma série de obras e artigos, diferentes caracterizações das leis naturais. Inicialmente, o filósofo define tais leis como enunciados estritamente universais, que, por conta das suas propriedades lógicas, são falseáveis. Em um segundo momento, Popper, a partir das críticas de William Kneale, passa a enfatizar o caráter necessário das leis da natureza. O objetivo desta pesquisa é determinar se as duas caracterizações apresentadas por Popper referentes às leis naturais são divergentes ou se são complementares e se há contradição entre uma dessas concepções e a teoria da ciência estabelecida pelo filósofo. Dessa forma, o problema desta pesquisa estrutura-se em torno da caracterização popperiana das leis naturais e do conceito de necessidade física, em aparente contradição com a natureza falseável que o filósofo atribui a essas leis em obras anteriores ao debate com Kneale. Defendemos a hipótese de que, a ideia de leis como enunciados que expressem necessidade só aparentemente contradiz o falsificacionismo e o conjecturalismo popperiano, na verdade, ela complementa a caracterização inicial de leis como enunciados estritamente universais, sendo consistente, da forma em que foi formulada, com o restante da teoria da ciência proposta pelo filósofo.

  • RAFAEL ANTONIO ZUNIGA MEJIA
  • Hacia una reflexion ontologica del Arte Moderno Hondureño: una vision desde la Filosofia de Arthur C. Danto

  • Data: 13/03/2018
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    Se buscará entender como fueron los orígenes del arte moderno de Honduras analizando la obra de los artistas más renombrados. Para ello, se utilizará la filosofía y visión estética de Arthur C. Danto con el fin de realizar una ontología del arte hondureño que permita establecer como este se ha ido desarrollando. El objetivo es reflexionar sobre el tipo de lenguaje utilizado por los artistas contemporáneos de Honduras, clasificando la obra de estos temporalmente e identificando cada uno de los estilos propuestos desde la pintura de representación mimética, la pintura abstracta, la instalación y el arte objeto.

  • ALINE BRASILIENSE DOS SANTOS BRITO
  • As representações inconscientes e o Eu penso em Kant

  • Data: 10/01/2018
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  • Esta pesquisa tem por objetivo analisar o conceito de representações inconscientes em Kant e sua relação com o conceito de apercepção transcendental, ou o Eu penso. A existência de um gênero próprio de representações, as inconscientes, são apontadas em várias obras de Kant, dentre as quais se podem citar a Antropologia de um ponto de vista pragmático e a Crítica da razão pura. São representações das quais se pode destacar na filosofia de Kant dois aspectos principais, sendo o primeiro a amplitude, pois elas abarcam o campo teórico, prático e estético, e o segundo a positividade, no sentido de desempenharem um papel positivo tanto na produção do conhecimento, quanto nos demais processos mentais – no estético e no moral. Entretanto, quando considerado o conceito de inconsciente frente ao princípio da apercepção transcendental, surge uma problemática: como afinal, compreender a existências de tais representações na filosofia de Kant, se o Eu penso implica em uma referência necessária de toda representação à consciência? Kant é mesmo enfático ao afirmar que, se as representações não se referem a este princípio, elas não são nada para um sujeito (Crítica da razão pura, B131). Com efeito, com vistas a tentar fornecer uma solução a tal problemática, partiremos de três hipóteses relevantes sobre a questão. A primeira delas é a tese de Locke, segundo a qual as representações inconscientes não são admitidas pelo fato de indicarem uma contradição à consciência de si mesmo, afinal, frente a um eu que nem sempre possui consciência de seus atos, pode-se dizer que há certa indeterminação quanto à identidade deste eu. A segunda é a tese de Heidemann (2012), de acordo com a qual a representação inconsciente encontra-se dividida em duas espécies, onde somente uma delas, as representações unconscious by degrees, referem-se à apercepção transcendental. Por fim, a terceira tese é a de La Rocca (2007), com a qual concordamos em grande parte, pela qual se compreende o princípio da apercepção transcendental sempre como uma possibilidade estrutural, não a título de uma efetividade em termos psicológicos – ser consciente ou inconsciente –, mas de uma estrutura lógica que diz respeito à forma pela qual a representação precisa se referir.

2017
Descrição
  • FABRICIO COELHO DE SOUSA
  • A dimensão fenomenológica da linguagem como possibilitadora do ser-aí historial

  • Data: 11/08/2017
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  • A questão da linguagem nos anos de 1932 a 1934 emerge como uma questão urgente de fundação e, porque não dizer, de redirecionamento do pensamento de Heidegger. O filósofo sente a necessidade de fundamentar sua fenomenologia com um novo viés metodológico que permita uma visualização do contexto e asseguramento das bases em que o ser-aí se encontra, a saber, em um contexto de já sendo um-com-outro. Este contexto de já ser-um-com-outro em nenhum momento terá importância secundária em relação a linguagem, mas terá que ser desdobrado em seus pormenores para a assunção da própria linguagem enquanto força motriz do pensamento heideggeriano nesses anos.Para tanto, Heidegger, na preleção de verão de 1934 intitulada “Lógica como o Questionamento da Essência da Linguagem, inicia fazendo uma análise do que seja a essência da linguagem e chega a conclusão de que não alcançaremos esta essência se compreendermos  linguagem somente enquanto uma exposição do modus operandi do pensamento : lógica. A essência da linguagem brota da essência do ser do ser humano enquanto ser histórico.Linguagem surge como medida dos limites mais internos  da constituição do ser-aí enquanto ser-um-com-outro,ou para ser ainda mais condizente com as pretensões de Heidegger,os limites mais internos do ser-aí historial constituído enquanto Volk. Nesse contexto, linguagem é mais que um mero instrumento á disposição do homem. Pelo contrário, linguagem é aquilo que primeiro dispõe o ser do homem no mundo, abrindo-lhe a possibilidade de estar em meio aos entes, dando-lhe compreensibilidade das relações em que está inserido. Devemos entender linguagem não enquanto um dispositivo lógico-gramátical de articulação de palavras ,mas sim no sentido fenomenológico enquanto um organizador primário que possibilita sentido as relações entre os entes e seres-aí.

  • PAULO ROBERTO FREITAS ARAUJO
  • A crítica de Hume ao ceticismo pirrônico na obra Investigação Sobre o Entendimento Humano e a crítica contemporânea ao pirronismo de Sexto Empírico

  • Data: 11/08/2017
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  • Nosso objetivo com este trabalho é desenvolver uma exposição da crítica que David Hume lança contra os céticos pirrônicos na obra Investigação Sobre o Entendimento Humano. Apresentamos a exposição de Sexto Empírico do Livro I de suas Hipotiposes Pirrônicas para ver aí por qual argumento Sexto defende, ao pirrônico, uma vida sem crenças. Então cotejamos o trabalho de Sexto com, principalmente, as conclusões do debate travado entre Michael Frede e Miles Burnyeat sobre a possibilidade de o pirrônico ser coerente com seu pirronismo, i. é, o modus vivendi pirrônico, adoxastōs. Por fim, faremos algumas incursões sobre os problemas ligados à crítica de Hume, se interpretou equivocadamente o ceticismo pirrônico, e se assim o fez, em que sentido? E, por fim, esboçaremos qual o alvo de Hume ao lançar essa crítica, i. é, que funções cumpre no contexto de sua obra.

  • RAFAEL DAVI MELEM DA COSTA
  • Amor, beleza e reminiscência: sobre a educação erótico-filosófica da alma no Fedro de Platão

  • Data: 11/08/2017
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  • Nossa pesquisa procura explicitar de que maneira podemos reconhecer no diálogo Fedro, de Platão, a proposta de uma educação erótico-filosófica da alma (psiche), em que a associação entre amor (eros), beleza (kalon) e reminiscência (anamnesis) serve de base para a harmonização do psiquismo a partir de uma contribuição ativa das dimensões não-reflexivas da alma, junto ao intelecto, em busca da excelência (arete) e felicidade (eudaimonia) humanas.

  • CAMILA DE SOUZA DA SILVA
  • Filosofia e drama em Platão: elementos das Bacantes no Banquete

  • Data: 03/07/2017
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  • É comum falarmos que o discurso filosófico de Platão é apresentado, ao longo de seus diálogos, indiretamente, razão pela qual temos que filtrá-lo ou mesmo abstraí-lo de um quadro dramático complexo que não só o acompanha como lhe dá uma forma toda própria. Esse fato costuma ter como consequência uma duplicidade e até mesmo uma ambiguidade no modo de abordagem da obra do filósofo. Uma dessas abordagens é a que busca nos diálogos, principalmente, o que ele possui de “discurso literário”; a outra, por sua vez, procura corresponder ao que chamam de leitura “puramente analítica” dos textos. Nossa intenção nesta Dissertação é acolher e redimensionar ambas as perspectivas, sem que tenhamos que escolher entre uma e outra dessas formas de leitura, pois a nosso ver a integração das mesmas é um fator essencial para a compreensão do pensamento de Platão. Esperamos, com isso, manter em equilíbrio a relação entre a forma dramática dos diálogos e seu conteúdo filosófico. Apoiados nessa perspectiva, temos por objetivo investigar a relação necessária entre a filosofia e o drama, uma vez que ambas são elementos constitutivos e indissociáveis na obra de Platão. Nossa estratégia para melhor explorar esse tema é propor uma relação entre o Banquete, de Platão (concentrando nossa atenção no famoso diálogo entre Sócrates e Alcibíades) e as Bacantes, de Eurípides (destacando o modo como aí se constrói o personagem Dioniso). O que deve resultar daí é a percepção de que, em ambos os casos, a questão central é a ambivalência da natureza humana, ora regida pelo logos, ora dominada pelas paixões. E a nosso ver, não é apenas o interesse antropológico que une Platão e Eurípides, afinal, a utilização de elementos dramáticos pelo filósofo é uma prova da recepção crítica dos mesmos na construção dos diálogos, o que nos permite contestar aqueles que veem em sua reflexão sobre a poesia um afastamento que não dá margens a nenhuma conciliação.

  • MATHEUS JORGE DO COUTO ABREU PAMPLONA
  • Entre sátiros e silenos: ou a dimensão trágica da filosofia no Banquete de Platão

  • Data: 01/06/2017
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  • Procuraremos demonstrar como a atividade filosófica, ao ser definida negativamente no Banquete em função daquilo que ela não é e nem poderá ser, traz consigo um aspecto marcadamente trágico. Entretanto, se na tragédia ática o conflito trágico instituía-se principalmente a partir da diferença insuperável entre o humano e o divino, em Platão, ao contrário, tal conflito é de tal modo laicizado a ponto de concebermos, por meio de uma paideia filosófica, a possibilidade de vencer-se as vicissitudes do destino ou do que quer que transcenda as capacidades humanas. O fracasso desta tarefa sim, resulta fatalmente em tragédia. 

  • RONNEY ALANO PINTO DOS REIS
  • O lugar do poeta Eurípides na primeira estética de Nietzsche: tensões e ambiguidades na recepção da tragédia grega

  • Data: 22/05/2017
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  • Em seu primeiro livro, Nietzsche ensejou tocar nos temas mais candentes de seu tempo, entre os quais se encontra o problema da ciência como modelo de apreciação da vida, cujo reflexo mais significativo se expressa na figura do homem teórico – fruto do racionalismo oriundo da metafísica socrático-platônica. Embalado por suas esperanças de renovação das artes germânicas, o filósofo procurou na Grécia uma espécie de contramodelo. Tal empreendimento exigiu todo um estudo a respeito da origem e declínio da arte trágica no qual Eurípides ocupa um papel de destaque. Assim, buscamos refazer este percurso em torno do “Nascimento da Tragédia” de modo a pensar o poeta, para além do lugar comum (quase sempre ligado a uma cerrada crítica), também como uma possível e importante referência para aquele momento, pondo em evidencia as tensões e ambiguidades em torno da interpretação nietzschiana da tragédia. Neste sentido, nossa pesquisa pretende apresentar os deslocamentos teóricos operados pela filosofia trágica do jovem Nietzsche, de maneira a apontar para as bases com que ele lança sua própria proposta estética fundada na metafísica de artista. Na sequência, defendemos que Eurípides ocupa um lugar dentro do projeto nietzschiano de um antiplatonismo. Por fim, analisamos as máscaras ou facetas do tragediógrafo com e para além da crítica de Nietzsche.

  • PAULO HENRIQUE PINHEIRO DA COSTA
  • Michel Foucault: a dimensão política do cuidado de si

  • Data: 15/05/2017
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  • Nos últimos trabalhos de Michel Foucault, nos deparamos com uma virada significativa em sua filosofia, através do estudo da noção grega do “cuidado de si” (epiméleia heautou).A partir dessa nova proposta, o filósofo pensa o sujeito que constrói a si mesmo, que regra suas condutas, que transforma-se através de exercícios, práticas e técnicas de si. Ao mesmo tempo, estabelece um importante desdobramento, ao possibilitar a problematização das questões éticas e politicas do nosso presente. Desse modo, a presente dissertação tem por objetivo estudar a relação, necessária e fundamental, entre o “cuidado de si” e as práticas sociais e políticas.

  • CLAUDIO TOBIAS AKIM SANTOS
  • Kant e a refutação do idealismo nas edições A e B da CRP: aporia ou solução ao idealismo?

  • Data: 10/05/2017
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  • O presente trabalho se preocupa com a Refutação do idealismo proposta por Kant na Crítica da Razão Pura, aonde pretendemos, inicialmente, por meio de uma análise crítica e conceitual que o assunto exige, abordar as questões que Kant levanta contra o idealismo cético, e, também, nos posicionar quanto a suficiência da prova proposta por Kant como solução do problema da real existência dos objetos fora da consciência, tanto no Quarto paralogismo (edição A), quanto na Refutação do idealismo (edição B). Posteriormente vamos mostrar que os argumentos do Quarto paralogismo da edição A juntamente com a Refutação do idealismo da edição B, são suficientes para a refutação do cético e finalmente provam a real existência dos objetos externos.

  • JEANDERSONN PEREIRA DE SOUSA
  • O belo e o sublime em Kant nas fases pré-crítica e crítica: ruptura ou continuidade?

  • Data: 17/04/2017
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  • O objetivo deste estudo é investigar os conceitos do belo e do sublime em Kant por meio do confronto entre duas obras da sua filosofia estética: uma do período pré-crítico, as Observações sobre o sentimento do belo e do sublime de 1764, e a outra do período crítico, a Crítica da Faculdade de Julgar de 1790. A questão central que se pretende investigar nesta pesquisa é a seguinte: há ruptura ou continuidade conceitual na reflexão de Kant sobre o belo e o sublime nestas duas obras pertencentes a períodos distintos da sua filosofia? O caminho seguido para esclarecer este problema foi dividido em três etapas: 1) analisar e discutir como os conceitos do belo e do sublime se constituem na obra da fase pré-crítica; 2) examinar e dissertar como os conceitos do belo e do sublime se constituem na obra da fase crítica; 3) Identificar e apresentar, as semelhanças e as dessemelhanças, no tratamento da matéria nas duas obras em particular. Ao final deste estudo, defender-se-á aqui a tese de que, apesar da subjetividade aparecer no primeiro escrito e ser parte essencial no segundo escrito, por caracterizar o fundamento de determinação no sujeito por meio do sentimento de prazer e desprazer, o cotejo entre os dois escritos considera haver uma ruptura, muito mais que uma continuidade, no modo de Kant pensar os conceitos do belo e do sublime nas referidas obras. 

  • ELZANIRA ROSA MELLO MOREIRA
  • A BANALIDADE DO MAL E A FACULDADE DE PENSAR: POLÍTICA E ÉTICA NAS REFLEXÕES DE HANNAH ARENDT

  • Data: 07/04/2017
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  • Esse trabalho apresenta a compreensão de Hannah Arendt acerca do mal, e sua conexão com as faculdades de pensar e julgar, que ganharam um novo impulso por ocasião do julgamento do nazista Adolf Eichmann. A partir das reflexões sobre o problema do mal, Arendt volta-se para as atividades do espírito, suscitando questões acerca do pensamento, relacionados ao fenômeno do mal. Na análise de Arendt o pensamento tem como atividade a busca por significados e sua finalidade é a comunicação consigo mesmo. Afastando-se da ortodoxia dos textos Kantianos, em suas investigações sobre o juízo, Arendt depreende no juízo estético de Kant a condição política do juízo. Em interlocução constante com a obra de Kant, Arendt se ocupa de vários conceitos constantes na Crítica da Faculdade do Juízo, obra que considera abrigar a filosofia política de Kant. Hannah Arendt reinterpreta a faculdade do juízo no sentido de demonstrar sua função política, que serve aos cidadãos para distinguir o certo do errado. A obra kantiana nos permite a compreensão da percepção e do movimento interpretativo de Arendt. Por meio da análise das reflexões de Hannah Arendt buscamos compreender a percepção da autora acerca do funcionamento da faculdade de pensar e julgar os fatos políticos.

  • RAMON CORREA DA COSTA
  • Nietzsche e o "grande estilo" em Crepúsculo dos Ídolos

  • Data: 29/03/2017
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  • A noção de “grande estilo”, desenvolvida ao longo da vida produtiva de Nietzsche, será um elemento fundamental para os projetos de maturidade do filósofo, sobretudo, a transvaloração de todos os valores, objetivo maior da obra Crepúsculo dos Ídolos. Em uma situação de decadência da cultura moderna, diagnosticada pelo filósofo, ele convida a um “esforço de guerra”, uma luta a ser travada ante o que está posto: os valores da décadence. Nietzsche, assim, na maturidade, assume essa “missão” acenando para a possibilidade de uma saída do estado decadente e, nesta direção, aponta para determinados “tipos” de constituição “saudável”, “homens de força”, “robustos”, até mesmo “épocas, ambientes e culturas fortes”, todos formando indicativos importantes para a fundamentação da noção de “grande estilo”. Esta noção, referida pelo filósofo alemão em vários momentos e por diferentes obras, demanda um mapeamento das especificações essenciais em que ela é enunciada, possibilitando, assim, acompanhar sua dinâmica em meio a rupturas, decepções, perda dos projetos filosóficos e estéticos, que marcam a vida de Nietzsche. Assim procedendo, acreditamos ter a possibilidade de uma compreensão abrangente, descobrindo o “lugar”, o “peso” e a importância dessa noção no conjunto da filosofia nietzschiana.

2016
Descrição
  • GEOVANI PANTOJA PARENTE
  • Filosofia da Arte e Estética em Hegel

  • Data: 15/12/2016
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  • Nossa intenção, neste estudo, é indicar o lugar em que se insere o questionamento sobre a arte desenvolvido no interior do Idealismo Alemão, tendo como base, para isso, a compreensão de Hegel sobre todo esse processo e sua atitude diante do discurso tradicional sobre a arte e as tentativas feitas, em sua época, de oferecer um fundamento sólido aos debates em torno da questão do Belo e do Ideal artístico. Uma característica importante nesse processo é o fato dele envolver problemas que afetam não só o novo conteúdo filosófico fundamental, mas a própria nomenclatura no interior do qual esse objeto deve ser buscado. Dificuldade que resiste até hoje quando tentamos determinar o que é propriamente “estética” e o que vem a ser, também em sentido próprio, “filosofia da arte”. O fato é que, encontrando-se diante das circunstâncias históricas que envolvem a consolidação da estética como disciplina e como uma parte autônoma da filosofia, o testemunho de Hegel se mostra imprescindível ao assunto, pois, para melhor se orientar relativamente a essas questões ele procura crítérios objetivos de delimitação de seu assunto, coisa que se propõe fazer tendo em vista as objeções que na época são feitas à ideia de que é possível uma abordagem filosófica da arte.

  • LUAN JOSÉ SILVA REMIGIO
  • O conceito de psicologia em Humano, demasiado humano I

  • Data: 14/12/2016
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  • O presente trabalho tem como objetivo explorar o conceito de psicologia tal como apresentado em Humano, demasiado humano. A formulação deste conceito encontra-se intimamente ligada ao projeto filosófico nietzscheano de filosofia histórica inaugurado em 1878. Este empreendimento tem como objetivo criticar a filosofia tradicional a partir do conhecimento científico, que volta a ser valorizado. A psicologia elaborada por Nietzsche distancia-se daquela elaborada pela metafísica, pois o filósofo parte de pressupostos diferentes da tradição ao rejeitar a dualidade corpo/alma e a supremacia do inteligível sobre o sensível, ao atribuir importância maior ao sensível. Importantíssimo, também, é a amizade iniciada com Paul Rée que apresentará os moralistas franceses do século XVII e XVIII ao filósofo alemão. O duque de La Rochefoucauld, um desses pensadores franceses, é fundamental para suas “observações psicológicas”, assim como os estudos sobre fisiologia, intensificados a partir de então. Sendo assim, a análise psicológica é necessária para denunciar os ideais, teóricos, práticos e estéticos como ficções humanas, demasiadas humanas.

  • ALLAN DIEGO DE ARAUJO
  • Antagonismos e Proximidades entre a Filosofia de Nietzsche e a Filosofia de Platão

  • Data: 09/11/2016
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  • Este trabalho procura apontar, dentre inúmeras, algumas proximidades existentes entre Nietzsche e Platão. Apesar dos antagonismos existentes, podemos encontrar na interlocução Nietzsche/Platão algumas semelhanças. Voltado contra a metafísica europeia, Nietzsche descobre cada vez mais a filosofia platônica para além das dicotomias socráticas, ou seja, Platão para além do platonismo. A fim de compreender a relação Nietzsche/Platão na sua face crítica — a “transvaloração de todos os valores” como “inversão do platonismo” — este trabalho mostra, através da crítica ao igualitarismo e da crítica à democracia, o quanto Platão é, para Nietzsche, uma fonte contínua de inspiração em seu combate ao platonismo vulgar da tradição ocidental.

  • THIAGO MOURA LEDO
  • Paisagem e retrato: pintura e filosofia em Humano, demasiado humano de Nietzsche

  • Data: 30/09/2016
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  • Qual a orientação filosófica que Nietzsche se emprega em Humano, demasiado humano, quando ele faz as seguintes considerações: "Os filósofos costumam se colocar diante da vida e da experiência como se fosse uma pintura desdobrada de uma vez por todas, como a pintura de um evento?" No segundo volume da mesma obra há outro aforismo num direcionamento tangencial: "Todos os pensadores (filósofos, escritores, etc.)" são pensadores-pintores (Maler-Denker) que pintaram suas vidas, e alguns ainda se impuseram, numa ânsia desmedida, a "tarefa absurda" de pintar 'a' vida". Como caracterizar sua postura depois disso? Filosofia e Pintura estabelecem uma relação que amadureceu no oportuno contexto de Humano, demasiado humano, mas que advém de "tentativas preparatórias", como o esboço de retratos dos filósofos em A filosofia na era trágica dos gregos, e ainda reflete posteriormente nas "Autobiografias filosóficas", os Prefácios de 86 e Ecce homo e além disso, podem ser compreendidos por retratos filosóficos. Aqui e importante ressaltar que o horizonte de atividades deste trabalho se limita ao período "aforismático-imagético" das obras de Nietzsche, isto é, seu chamado contexto "intermediário-positivista". Propõem-se dois caminhos para fundamentar esta relação entre Filosofia e Pintura: 1) a necessidade de contextualização fundamentada na filosofia histórica, 2) junto ao movimento de individuação, que não perfaz uma unidade, porém que continuamente se transfigura. Busca-se explicar como contextualização e individuação, isto é, paisagemretrato são métodos da pintura que Nietzsche aplicou em filosofia, de tal maneira que ambos sintetizam os problemas do devir ou do sentido histórico na filosofia nietzschiana.

  • LÍVIA COUTINHO DA PONTE
  • Nietzsche e Platão: uma relação ambígua e antinômica

  • Data: 28/09/2016
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  • A presente dissertação visa desenvolver uma interpretação acerca da forma como o pensamento de Nietzsche é desenvolvido ocupando-se polemicamente com a filosofia de Platão, partindo da análise dos escritos daquele, publicados e póstumos, à luz de posicionamentos de intérpretes que conferem ênfase a esse registro embativo como chave para uma compreensão mais completa da filosofia nietzschiana. A pertinência desta pesquisa reside no fato de que as tensões recorrentes nos escritos de Nietzsche com Platão, com Sócrates enquanto personagem principal dos Diálogos e com os sistemas que Nietzsche denomina “platonismo” e “socratismo” servem de mote e elemento de concretização de seu pensamento, seja em âmbito crítico, seja propositivamente. O principal alvo desses antagonismos é uma concepção de ciência e de filosofia gerada na antiguidade com o exsurgimento do logos que culminou na hegemonia do caráter normativo da razão, tanto universal quanto instrumental. Por isso, é particularmente importante entender em que medida a relação de Nietzsche com Sócrates e Platão oscila entre o fascínio e a negação desdenhosa, à partir de uma crítica genealógica às figuras pessoais dos dois atenienses na forma de uma reconstrução provocativa das condições culturais e individuais a partir das quais seus pensamentos irradiaram. Para tanto, pretende-se analisar: (i) a distinção entre Platão e Platonismo ao longo do pensamento de Nietzsche, especialmente em Além do bem e do mal, Humano demasiado humano I, Fragmentos póstumos da metade dos anos 1880, e preleções sobre Platão ofertadas no período da Basileia e relação dessa distinção com a antimetafísica de Nietzsche; (ii) a forma como Nietzsche lidou com a chamada “questão socrática” e a recepção dos diálogos platônicos pela tradição, além da associação de Sócrates com a dissolução do pensamento trágico, este último aspecto mormente mediante a análise do Nascimento da tragédia e da Filosofia na era trágica dos gregos; e, por fim, (iii) os aspectos em que Nietzsche conecta-se a um modelo dialético e literário-filosófico tipicamente platônico.

  • HÉDEN SALOMÃO SILVA COSTA
  • Michel Foucault articula os conceitos de Governo Econômico de População e Biopolítica Liberal e Neoliberal

  • Data: 31/08/2016
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  • No Curso denominado Nascimento da Biopolítica de 1978-79 proferido por Michel Foucault no Collège de France, o mesmo investiga os conceitos de governo econômico de população e biopolítica liberal e neoliberal. Sob esse aspecto, quando Foucault apresenta ao “grande público” no Collège de France o conceito de biopolítica, tal conceito levou aproximadamente duas décadas para poder ser compreendido pelo público e por outros autores. Ora, é importante identificarmos que no último capítulo da História da Sexualidade I, e na Aula de 17 de Março de 1976, proferido por Foucault no outro Curso intitulado Il faut défendre la société (1997a) – o conceito de biopolítica já era amplo e de extrema importância para ser compreendido em relação a esta nova tecnologia de racionalização que aparece sobre os corpos. Então, dentro da perspectiva da biopolítica e governo econômico de população, será se já se ampliou um estudo consistente a respeito da transformação entre uma biopolítica liberal que se estrutura dentro de um mercado de troca e a neoliberal que se moldura em um empreendimento do próprio indivíduo como empresário de si mesmo? Neste caso, pretendemos investigar esta transformação a partir do contexto político, econômico, social, biológico e filosófico dentro da perspectiva do Estado moderno.

  • ELDER SOUZA DO NASCIMENTO
  • A reestruturação kuhniana da tese da incomensurabilidade nos escritos pós-estrutura

  • Data: 31/08/2016
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  • O presente trabalho tem por objetivo analisar a tese da incomensurabilidade entre tradições paradigmáticas separadas por uma revolução, tal como é apresentada por Kuhn em sua principal obra A estrutura das Revoluções científicas, como também as mudanças que a mesma sofreu nos escritos posteriores do filósofo. O problema que norteará nossa investigação tem como foco principal esclarecer quais às razões que levarão Kuhn a reestruturar a sua concepção acerca da incomensurabilidade em seus estudos pós-Estrutura. No nosso entender as razões que levaram Kuhn a mudança de posicionamento em sua abordagem da referida tese, são decorrentes das críticas que ele sofreu em 1965, por ocasião do Colóquio Internacional de Filosofia da Ciência. Dentre as críticas que são analisadas neste trabalho, destacam-se as feitas por Popper, que vê na tese da incomensurabilidade a defesa de um relativismo, como também, as críticas de Lakatos, que acusa Kuhn de ser o defensor do irracionalismo no âmbito da ciência. Sustentamos que o filósofo reestrutura a tese da incomensurabilidade, em seus escritos pós-Estrutura, a fim de esclarecer os pontos problemáticos destacados por seus críticos. Consideramos que a sua nova posição, na qual defende a incomensurabilidade local, é mais consistente e coerente que a anterior, pois assegura a comunicabilidade e a possibilidade de escolha entre paradigmas rivais, superando assim as acusações de relativismo e irracionalismo. No intuito de apresentar uma possível solução ao problema delineado, o trabalho se desenvolverá em três capítulos. No primeiro apresentaremos uma análise completa de como Kuhn concebe a tese da incomensurabilidade em sua obra A estrutura das Revoluções científicas. No segundo capítulo, destacaremos os aspectos problemáticos da tese que levaram o filósofo a ser acusado de defender o irracionalismo e o relativismo nas ciências. Por fim, no terceiro capítulo, procuraremos desenvolver Kuhn, em seus pós-escritos, irá procurar superar os problemas inerentes a sua tese da incomensurabilidade recorrendo à filosofia da linguagem.

  • REGINA LÚCIA DE CARVALHO NERY
  • Os dois momentos da Aufklärung em Kant 

  • Data: 29/08/2016
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  • Esta dissertação de mestrado tem por objetivo apresentar o que é o Esclarecimento (Aufklärung) para Kant, como ele o concebe ao distingui-lo em teórico (intelectual) e prático (moral) e como produz a unidade desses dois momentos da Aufklärung. Para tanto, fundamenta-se no opúsculo Resposta à pergunta: Que é “Esclarecimento? Nas Críticas e em outras obras que tratam do tema, bem como em alguns de seus intérpretes: Ernest Cassirer, Michael Foucault e Rubens Rodrigues Torres Filho, apresentando a dissertação em três capítulos: no primeiro, o conceito moderno de esclarecimento em Kant, abordando, em linhas gerais, o contexto moderno e as influências que Kant recebeu desse contexto, do Iluminismo inglês, de Newton e Hume e do Iluminismo francês, de Rousseau, reconhecidas por Kant como decisivas na direção de seu pensamento e de sua compreensão do Esclarecimento (Aufklärung); no segundo, a concepção de Esclarecimento (Aufklärung) em teórico, nas obras Crítica da Razão Pura, Prolegômenos e Os Progressos da Metafísica, e, prático, na Crítica da Razão Prática e Fundamentação da Metafísica dos Costumes; e, no terceiro, a unidade desses dois momentos da Aufklärung em Kant.

  • RAUL REIS ARAÚJO
  • Nietzsche, Kafka e o niilismo: entre filosofia e literatura

  • Data: 03/06/2016
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  • A pesquisa procura analisar o termo filosófico niilismo na obra de Nietzsche, desde sua origem até suas vertentes no pensamento maduro do autor. Entendendo o processo da decadência como niilista, Nietzsche coloca Sócrates como o primeiro pensador da décadence, que seria perpetuada até a modernidade pelo cristianismo, tornando o tipo escravo como o homem modelo. Esboçamos a maneira como Nietzsche pretende superar esse homem, através da superação dos valores que o cultivam, procurando um novo estado fisiopsicológico mais saudável ao homem. Para isso Nietzsche coloca a vontade de poder como o centro da transvaloração, e os artistas como os mais capazes de criar algo, em detrimento de não se rebaixarem e se resignarem ao valor dado pela moral vigente. Na modernidade a burocracia ganha destaque no funcionalismo público, o que leva Nietzsche a critica-la como mais um meio de nivelamento e empobrecimento da vida. Kafka então surge em nosso trabalho como a ponta de lança de tudo o que Nietzsche compreendeu de sua época, o seu diagnóstico dos próximos duzentos anos são ilustrados através das obras de Kafka, que caracteriza o homem como o ser adoecido pelos valores que lhe são impossíveis de serem vividos ou literalmente levados a cabo. Para isso todo o entendimento da fisiologia do artista segundo Nietzsche nos leva a uma compreensão e interpretação da obra de Kafka para além de sua época. 

  • JULIE CHRISTIE DAMASCENO LEAL
  • Nietzsche e a questão do corpo na modernidade

  • Data: 30/03/2016
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  • A presente pesquisa visa desenvolver uma interpretação acerca da concepção de corpo em Nietzsche, levando em conta o viés perspectivista e a dimensão instintiva do todo corpóreo, bem como a multiplicidade de forças inerentes à investigação do corpo. Tendo em vista que, de acordo com a assimilação de Nietzsche, a noção de corpo coloca-se enquanto fio condutor de suas elucubrações, sobretudo porque a retomada de tal questão se demonstra pertinente para se pensar o corpo no decurso do pensamento ocidental, desde a concepção dos gregos antigos, passando pelo socratismo estético, platonismo e moral cristã, até a modernidade e suas reverberações no que tange ao processo do niilismo. Posto isso, é particularmente importante empreender uma crítica da má compreensão do corpo erigida pela filosofia tradicional, sem deixar de ressaltar a apropriação do platonismo pela moral cristã, que resultou na depreciação do corpo e degenerescência dos instintos e impulsos corpóreos mais vitais, tornados doentes, fato este que concorreu ao adoecimento e apequenamento do homem na modernidade. Para tanto, pretende-se analisar a noção de corpo atravessada pelas valorações instituídas, tanto de ordem estética, quanto moral, cultural e filosófica, especialmente nos textos O nascimento da tragédia, Humano Demasiado Humano, Além de bem e mal, Genealogia da Moral e Assim falou Zaratustra, basilares para situar a questão do corpo nas dimensões que possibilitaram sua ascensão e decadência. Destarte, a pesquisa demonstra-se relevante uma vez que possibilita o aprofundamento em uma questão que se coloca de forma latente no contexto do pensamento ocidental: a noção de corpo, tida, a partir do viés proposto pelo filósofo alemão, como campo de forças e conflito na modernidade.

2015
Descrição
  • RICARDO PONTIERI AUGUSTO
  • Foucault leitor de Kant: da Antropologia à Aufklärung

  • Data: 30/11/2015
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  • A proposta é abordar três perspectivas de leituras da obra de Kant adotadas por Foucault. Entre 1961 a 1969 ele pesquisa arqueologicamente os saberes do homem que emergiram a partir do século XVIII e no campo da filosofia analisa a relação entre o Projeto Crítico e a gênese e estrutura da Antropologia de Kant ressaltando a confusão posterior entre o empírico e o transcendental em Ciências Humanas posteriores nas quais o homem moderno é princípio explicativo e fundamento teórico. Entre 1970 e 1978, Foucault estende genealogicamente suas investigações arqueológicas às relações de poder. No campo da filosofia estuda o deslocamento e articulação realizados por Kant entre o Projeto Crítico e a Aufklärung a partir da nova atitude crítica do homem moderno que procura constituir-se enquanto sujeito autônomo. A nova atitude percebida por Kant em sua atualidade seria, segundo Foucault, semelhante à  apontada por ele em suas investigações genealógicas das transformações das relações de poder nos processos de governamentalização surgidos com os estados territoriais na Europa. As novas relações procuravam governar as condutas dos indivíduos que resistem e desenvolvem uma atitude crítica. Da década de 70 em diante, Foucault alinha-se a uma das duas tradições filosóficas inauguradas por Kant quando analisa a Aufklärung : – a ontologia crítica de nós mesmos. A questão epistemológica-transcendental «O que posso saber?», que abre o projeto Crítico, é deslocada para as questões  histórico-ontológicas aparentemente contraditórias: “quem somos nós em nossa atualidade?” ou “o que é este acontecimento?”, iniciando assim uma nova ontologia que é simultaneamente uma atitude ética.

  • SANDRO MELO BATALHA CARDOSO
  • O Dionisíaco em Nietzsche: da "metafísica de artista" à "fisiologia da arte"

  • Data: 26/11/2015
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  • O dionisíaco é uma das noções que pode facilitar uma compreensão acurada sobre a estética nietzschiana. Nestes termos, ao considerar as ferramentas conceituais oferecidas pela “metafísica de artista” e pela “fisiologia da arte” como particularmente relevantes para um debate sobre o tema, o presente trabalho detém como principal objetivo pesquisar os modos como a noção do dionisíaco é abordado no decurso do pensamento filosófico de Nietzsche, mais especificamente na passagem da “metafísica de artista” à “fisiologia da arte”. Em um primeiro momento, é destacada a relação entre a concepção do Uno-primordial, o Romantismo, a filosofia trágica e o dionisíaco presente na primeira fase da filosofia nietzschiana. Em seguida, são apresentadas e debatidas consideráveis observações sobre o lugar do dionisíaco na tragédia grega, culminando em um rearranjo teórico sobre a noção do dionisíaco: a concepção monista de Dioniso e a ideia do êxtase como condição necessária a toda arte. Por sua vez, são indicadas e sustentadas relevantes apreciações sobre a “fisiologia da arte” nietzschiana. Por um lado, é destacada a possibilidade de uma transfiguração artística da realidade através da intensificação do sentimento de potência, por outro, é indicado os sintomas da arte décadence. Tal linha de investigação conduz à conclusão de que o dionisíaco é essencial para Nietzsche desenvolver sua concepção sobre a arte trágica fundamentada na “metafísica de artista”, assim como, é indispensável em suas considerações estéticas que aparecem em seu projeto de uma “fisiologia da arte”.

  • ALBERTO OLIVEIRA ALCOLUMBRE
  • Platão e Diderot: a crítica ao artista

  • Data: 05/11/2015
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  • O objetivo deste trabalho é, como o próprio texto indica, apresentar a crítica ao artista empreendida por Platão e Diderot. A despeito de Platão desferir sua crítica à poesia em A República dentro de um contexto ético-político; e Diderot, por sua vez, em O Paradoxo sobre o Comediante, dentro de um registro estético, observa-se um posicionamento análogo dos dois filósofos no tocante ao tema. Dentre muitos pontos análogos observados entre eles, concentramos nosso olhar em dois deles que nos pareceu fundamentais às referidas críticas: as noções de páthos e de ideal. Tanto em Platão quanto em Diderot observa-se que a figura do artista é sempre pensada em relação com essas noções. Embora, à primeira vista, sejamos tentados a concluir que, nessa relação, o ideal apresenta-se como um antípoda das paixões, percebe-se mais atentamente, que estas oscilam: ora figuram como um empecilho, ora, como uma referência positiva dentro das respectivas críticas; a chave para apaziguar esse conflito será a temperança (sophrosýne). Diante disso, nos propomos, com esse trabalho, investigar e explicitar essa relação cambiante que se encontra de forma análoga nos referidos filósofos.   

  • ARTHUR MARTINS CECIM
  • Arte e intuição intelectual em Schelling

  • Data: 03/11/2015
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  • O objetivo desta dissertação é investigar a relação entre arte e intuição intelectual em Schelling a partir da perspectiva das preleções da Filosofia da arte e do Sistema do idealismo transcendental. Dentro do conceito de filosofia da arte como construção do absoluto na forma da arte, pretendemos analisar a importância da absolutez da exposição simbólica para a objetividade das Ideias da filosofia. Assim, pelo lado desse modo absoluto de exposição, a arte pode realmente exibir os arquétipos da filosofia em um objeto concreto. Pelo lado da intuição, como nos mostra a sexta parte do Sistema do idealismo transcendental, isso significa que a produção da intuição estética é a única forma de objetivação da intuição intelectual, a qual permanece dubitável nas esferas teórica e prática por não haver objetos na experiência que correspondam ao objeto inteligível dessa intuição nesses dois âmbitos. 

  • RONEY LOPES BRITO
  • O que é compreensão na hermenêutica filosófica de Hans-Georg Gadamer

  • Data: 29/10/2015
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  • O objetivo é mostrar que Heidegger não se propõe a defender uma filosofia subjetiva pura, marcada pelo solipsismo e apartada da história. Gadamer busca reabilitar uma subjetividade que é determinada e marcada por seu mundo. O mundo relatado por Gadamer é mediado historicamente e interpretado através da linguagem. O grande esforço gadameriano é o de superação da filosofia marcada pela subjetividade (pura) com a proposta de uma hermenêutica filosófica que busca reabilitar a tradição e os seus pré-conceitos, onde o sujeito é de fato sujeito.

  • ISABELLA VIVIANNY SANTANA HEINEN
  • A crítica da modernidade em Nietzsche: o último homem e o tipo escravo

  • Data: 12/03/2015
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  • A presente pesquisa aspira desenvolver uma possibilidade de interpretação da modernidade através da perspectiva do último homem de Nietzsche e sua reverberação no tipo escravo. Tendo em vista que, segundo a assimilação de Nietzsche da modernidade, esta traduziria o momento de ininterruptas relações constituídas principalmente através dos juízos valorativos. Diante do exposto, coloca-se em foco a motivação para essa pesquisa: investigar de que forma o último homem apresentado em Assim falou Zaratustra efetiva uma linha filosófica que adota sua prática em um tipo moderno e, por isso mesmo gregário, tomando forma cabal na figura do escravo de Nietzsche, na A genealogia da moral? Para tanto, pretende-se analisar a noção de modernidade enquanto processo de igualação (nivelamento) do homem, a partir de seus textos capitais, a saber, Para além do bem e do mal, cuja obra Nietzsche procura de modo detalhado mostrar o rosto da modernidade e sua constituição decadente. Do mesmo modo, na sua obra A genealogia da moral, faz todo um estudo da procedência e das forças que estão em jogo na fomentação e constituição dos valores. Dessa maneira, a pesquisa torna-se importante não só por desenvolver uma análise teórica conceitual do autor, que apresenta elementos teóricos e filosóficos que ajudam a pensar as questões da modernidade, mas também por querer aprender com Nietzsche que a tarefa do pensamento é um exercitar a crítica, bem como a criação de outras posturas interpretativas diante do mundo.

2014
Descrição
  • DIEGO GESSUALDO SABÁDO DE SOUZA
  • Transcendência, liberdade e mundo: como Heidegger estrutura o Ser-aí a partir destes conceitos no final dos anos 20

  • Data: 05/12/2014
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  • O objetivo da presente dissertação é apontar como Martin Heidegger apresenta, e seus textos do final dos anos 20, os conceitos de Transcendência, liberdade e mundo, e como, a partir destes conceitos, ele estrutura o Ser-aí. A tematização desta obra fundamenta-se mais precisamente nos textos Introdução a Filosofia, Essência da Liberdade Humana e Fundamentação Metafísica da Lógica, fazendo algumas incursões no texto Conceitos Fundamentais de Metafísica: mundo finitude e solidão e aludindo por vezes a Ser e Tempo. Nestas cinco obras de Heidegger encontramos uma estruturação do Ser-aí onde Liberdade e Transcendência aparecem como a essência e o fundamento mesmo deste ente, o Ser-ai, como um ser-no-mundo formador de mundo.

    Nosso projeto dividisse em três momentos, no capítulo 1 apresentamos como o conceito de transcendência perpassa o final dos anos 20, no capítulo 2 o conceito e as tematizações de Heidegger sobre a liberdade são atreladas a conceito de transcendência, e por fim, no capítulo 3, a compreensão heideggeriana de mundo é apresentada completando a estruturação do Ser-aí como ser-no-mundo, a partir do entrelaçamento e da co-pertencencia de mundo e transcendência no ultrapassamento de si e do mundo, e por sua vez de co-pertencencia de mundo e liberdade, na medida em que transcendência e liberdade são apresentadas por Heidegger como fundamentos de possibilidade de existência do Ser-aí como um estar aí no mundo como ser-no-mundo, na clareira do ser, como guardião e formados do mundo.

  • CHARLESTON SILVA DE SOUZA
  • Heidegger e a metafísica do Dasein: o acontecimento irruptivo da transcendência em meio ao ente na totalidade

  • Data: 04/12/2014
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  • O presente trabalho objetiva delinear os momentos nos quais o problema da transcendência ganha uma caracterização mais precisa no interior do pensamento de Martin Heidegger. A ideia de ultrapassamento do ente em direção ao Ser que acompanha continuamente o Dasein no relacionar-se com o ente, isto é, a transcendência, não serve para qualificar isto que ultrapassa o homem (Deus, por exemplo), mas bem um ultrapassamento próprio ao homem mesmo. Quando Heidegger, ao expor sua interpretação do conceito aristotélico sobre o tempo, afirma que “o tempo é aquilo que se acha mais além, analogamente se dá uma interpretação e acepção correspondente ao sentido do Ser, isto é, uma caracterização transcendental, na qual esta é compreendida como “além de”. O acompanhamento analítico do conceito de transcendência será realizado em dois momentos centrais. Primeiramente, mostrar-se-á como esta problemática aparece à luz da tematização da temporalidade. Heidegger esboça um nexo entre temporalidade e transcendência, na medida em que o ser-no-mundo é o fenômeno no qual se anuncia originariamente em que medida o Dasein é, segundo sua essência, para além de si. Além do mais, Visto que objetivamos mostrar como surge o projeto de uma metafísica do Dasein no interior do projeto filosófico heideggeriano, torna-se necessária a compreensão de que a protagonização referente ao problema da transcendência mostra-se como uma das características fundamentais deste projeto. No final, mostrar-se-á como esta “fenomenologia da transcendência”, levada a termo, finalmente, pelo fio condutor dos problemas do fundamento e da liberdade, tenta evidenciar a metafísica como acontecimento fundamental no Dasein.

  • FRANCISCO LOBO BATISTA
  • Nietzsche e Fernando Pessoa: um diálogo trágico entre Filosofia e Literatura

  • Data: 24/11/2014
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  • O presente estudo busca aproximar dois dos maiores criticos da modernidade, Nietzsche e Fernando Pessoa, a partir de temas que lhe são comuns e, em termos gerais, propõe um diálogo entre filosofia e arte, mais precisamente, entre filosofia e literatura. A partir da bibliografia consultada, podemso adiantar que Pessoa fora um nietzchiano involuntário que buscou an crpitica à subjetividade, na compreensão metafórica da linguagem e an imagme da criança, a superaçaõd a metafísica. Por essa via, Nietzsche, nuam perspectiva deleuziana, trabalhou com diversos personagens conceituais e, embora não de forma tão radical quanto Pessoa, pensou a partir de diversos heterônimos.

  • VICTOR MORAES CARDOSO
  • Os princípios e limites metafísicos do Estado Jurídico em Kant

  • Data: 11/11/2014
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  • A presente dissertação configura-se em pesquisa bibliográfica de cunho analítico, crítico e reflexivo sobre o universo que engloba os princípios e limites metafísicos do Estado Jurídico em Kant, o qual aborda os fundamentos racionais, enquanto arquétipos imutáveis e universais, do Estado Jurídico, a partir daquilo que Immanuel Kant leciona em sua Doutrina do Direito. Com essa diretriz e considerando as equivocadas interpretações dos princípios fundamentais do Direito, preliminarmente, esboçam-se algumas concepções destoantes da mencionada obra, as quais são rechaçadas no transcurso desta dissertação. Em seguida, explana-se a função exercida pela razão nos usos teorético e prático, com o fito de fixar o locus ocupado por um Sistema Moral na Filosofia Prática. Sistema esse constituído por duas subdivisões, quais sejam a Ética e o Direito.  Assim, estabelece-se o Direito como uma ciência prática, apresentando seu conceito. E ainda, discute-se o tema da liberdade, o qual permeia todo caminho trilhado no desenvolvimento, sua relação com a razão prática, bem como a distinção que há entre vontade e arbítrio. Essas considerações permitem, posteriormente, caracterizar o Direito, porém, sem olvidar de distingui-lo da Ética. Explica-se, também, o princípio e a lei universal do Direito enquanto critérios de legitimação e de justiça, princípio e lei esses que se referem à liberdade do arbítrio, dentro da qual a coação se apresenta como elemento integrante. A imputabilidade é outra questão abordada, a qual pressupõe a ideia de liberdade, cuja ausência destituiria o Direito de todo sentido. Deste modo, segue-se ao Direito Privado, discutindo-o até se chegar ao seu postulado, segundo o qual é possível ter direito sobre qualquer objeto exterior ao arbítrio. Examina-se, outrossim, os institutos do Direito Privado, a dizer, o Direito Real, o Direito Pessoal e o Direito Pessoal de caráter Real. Adentra-se, em seguida, no Direito Público, apresentando o Estado Jurídico como garantidor de direitos que lhe são pré-existentes. Nessa esteira, passa-se às condições formais desse Estado, quais sejam a tripartição dos Poderes e suas relações. Outros pontos ligados ao Estado Jurídico são, também, enfrentados, como a cidadania e sua relação aos poderes estatais, o pretenso direito de revolução, o dever de reforma da Constituição Civil, o Direito de Punir. Vale ressaltar que tentamos superar uma dificuldade que não é solucionada em nenhum escrito consultado – a responsabilidade dos agentes públicos. Não obstante, a forma do Estado Jurídico é, igualmente, abordada. Ademais, tecem-se algumas linhas aos direitos individuais e sociais e sua relação aos fundamentos do Direito. Enfim, depois de todo percurso trilhado, infere-se que Estado Jurídico é um dever imposto pela razão prática - um fim em si mesmo que decorre de princípios metafísicos - únicos que podem nos oferecer um modelo imutável e insubstituível de Estado.

  • RONALDO LUIZ SILVA DO NASCIMENTO
  • A genealogia filosófica em Nietzsche e Foucault

  • Data: 09/06/2014
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  • O presente trabalho tem como objetivo fazer uma abordagem aproximativa do processo de constituição da genealogia filosófica na obra de Nietzsche, procurando mostrar que, se a genealogia é nela apresentada como procedimento de análise da teoria da vontade de potência, algumas de suas características já se encontram prefiguradas em obras que antecederam o aparecimento dessa teoria. Nesse caso, partindo-se de uma abordagem delimitadora da Segunda Intempestiva: das vantagens e desvantagens da história para a vida e de Humano Demasiado Humano I e II, pontuando a teoria da vontade de potência e analisando a Genealogia da Moral, quer-se apresentar um possível percurso da constituição da genealogia nietzscheana. Em um segundo momento, tratamos da interpretação aproprativa que Michel Foucault fez da genealogia de Nietzsche, destaca-se que a bordagem de Foucault dessa genealogia é não apenas versátil como esclarecedora desse aspecto da filosofia de Nietzsche, ainda que se distancie das intenções que hierarquizadoras da análise genealógica do autor de Zaratustra.

  • LIVIA MARIA ARAUJO NORONHA DE OLIVEIRA
  • Ciência, religião e ilusão no discurso freudiano: uma leitura filosófica de O Futuro de uma Ilusão
  • Data: 04/06/2014
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  • Em sua obra de 1927, O futuro de uma ilusão, Freud tenta de uma maneira geral fundamentar a função das crenças religiosas no psiquismo humano e desmitificá-las como capazes de apreender a realidade. Para ele, a origem psíquica das ideias religiosas é a ilusão, que está profundamente ligada com a repressão dos desejos humanos e a negação dos mesmos, que se dá na civilização. Freud não pretende examinar o valor da verdade das doutrinas religiosas, mas afirma que elas, em sua natureza psicológica, não passam de ilusões. Trata-se de ajustar-se à realidade com objetivo da busca da felicidade. Para ele tal tarefa deve ser fruto da ciência, não da religião. Freud ressalva que a religião é apenas uma etapa do processo evolutivo humano. Nota-se que Freud foi amplamente influenciado pelo forte valor que o positivismo possuía em sua época. Assim, defendia que a única maneira de se chegar à verdade era através da racionalidade. Nosso trabalho pretende, portanto, analisar o discurso cientificista freudiano, na sua relação com a religião compreendida como ilusão, a partir de uma leitura filosófica de O futuro de Uma Ilusão e levando sempre em consideração a influência dos ideais iluministas sobre o pensamento de Freud e sua obra.
  • JOSIMAR DE ANDRADE MENDES
  • Do juízo de reflexão como condição para a compreensão do conceito de filosofia em Kant
  • Data: 09/05/2014
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  • O objetivo geral de nossa pesquisa consiste averiguar, no interior das obras de Kant, mais especificamente nas Introduções à Crítica do Juízo – com ênfase na Primeira delas – a relação que acreditamos existir entre os juízos-de-reflexão e a liberdade do pensamento que, segundo nosso entendimento, é justamente o que caracteriza a essência da própria filosofia trancendental. Para tanto, nossa pesquisa desmembrar-se-á em três momentos que julgamos necessário: primeiro, trataremos da importância histórica e conceitual da Primeira Introdução e do motivo pelo qual esta obra foi considerada por muitos estudiosos de grande valia para a compreensão das questões apresnetadas no corpo da Crítica do Juízo; segundo, compreender sob que condições o juízo de reflexão estão eles mesmos fundamentados no interior do ssitema kantiano e a razão de sua inaplicabilidade ao conhecimento, seja da natureza seja da ação moral, ao mesmo tempo em que nos permite pensar nossas afecções e, portanto, ajuizar sobre representações, independente de qualquer relação lógico-conceitual; terceiro, tentar identificar em outros escritos de Kant a relação existente entre metafísica e filosofia pura, tentando entender por que elas, apesar de não se constituírem como uma doutrina no sistema da filosofia, são indispensáveis para a constituição e a validade de todo nosso conhecimento objetivo acerca da natureza.
  • FRANCIVONE RODRIGUES DA SILVA
  • Autoridade e autoritarismo em Max Horkheimer
  • Data: 14/04/2014
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  • A presente dissertação se concentra na análise do estudo de Max Horkheimer sobre o problema da autoridade e do autoritarismo presente no ensaio "Autoridade e família" de 1936. A presença constante deste fenômeno no convívio social é tratada por Horkheimer dentro de uma visão dialética e totalizante da história da sociedade ocidental. A visão do pensador frankfurtiano possui forte influência do pensamento de Hegel, Marx e Freud na compreensão da relação entre indivíduo e sociedade. Para elucidar melhor estes conceitos, fez-se necessário um sobre a questão econômica como forte elo de ligação nas relações humanas, assim como, um estudo sobre o caráter coercitivo inerente à formação do ser social. A tomada de consciência sobre a presença da autoridade e do caráter autoritário é uma das exigências que leva o homem a saber enfrentá-las, visto que jamais serão extintas.
2013
Descrição
  • SUZANE DA SILVA ARAUJO
  • Sentimento e subjetividade em Rousseau e nos primeiros românticos alemães.
  • Data: 27/09/2013
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  • O objetivo desta dissertação é estabelecer as relações existentes entre Rousseau, Kant e os primeiros românticos alemães. A partir da perspectiva estabelecida pela Terceira Crítica, de Kant, nos voltaremos para as obras de Rousseau e do Romantismo (particularmente, as de Novalis e Schlegel) para extrair delas dois conceitos fundamentais, o de sentimento e o de subjetividade. Acreditamos, assim, poder esclarecer, por meio das próprias obras de Rousseau e dos primeiros românticos, o autêntico significado das noções de sentimento e de subjetividade, de modo a não só recuperar o verdadeiro valor filosófico de tais obras, mas, sobretudo, para mostrar o uso consciente delas na determinação de suas posturas frente ao pretenso “racionalismo” dominante no pensamento moderno.
  • JOEL NERES TORRES
  • SOFRIMENTO, CONHECIMENTO DE SI E CORPO EM SCHOPENHAUER
  • Data: 25/09/2013
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  • Esta pesquisa busca explicar em que consiste o fundamento do sofrimento para a filosofia de Schopenhauer, especialmente segundo sua obra magna O mundo como vontade e como representação, partindo de uma concepção de natureza que espelha a Vontade em sua contradição consigo mesma, percorrer seus graus de objetivação até chegar ao “ápice” que se apresenta na consciência humana, e, através dela, compreender que o conhecimento, produzido como um apêndice para servir de auxílio na complexidade inerente a esta consciência, na realidade se comporta como um “parasita” trazendo, assim, pela via da individualidade e do corpo, uma consciência de ansiedade e impotência. Busca-se explorar o porquê da limitação desse conhecimento teórico frente a vontade e, pelo sentido contrário, explicitar a sentimentalidade, enquanto via de acesso a essa vontade, no corpo, torna-se como uma saída possível para a percepção de si, a qual, se for trabalhada em conjunto com o conhecimento teórico, oferece uma “melhor consciência” frente ao inexorável sofrimento.
  • ÉLIDA TEIXEIRA SOARES
  • O conceito de Ontologia no livro IV da Metafísica de Aristóteles

  • Orientador : PEDRO PAULO DA COSTA COROA
  • Data: 04/09/2013
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  • A ontologia é um domínio que abrange toda a história da filosofia conhecida, desde os gregos até pensadores contemporâneos importantes, como Martin Heidegger e sua ontologia do Dasein. Mas, assim como cada sistema filosófico parece ser diferente um do outro, ao tentarmos conceituar a ontologia, surge uma certa confusão, afinal, como vemos em Heidegger, ele entende que na história da filosofia aconteceu o esquecimento do ser, ou seja, do próprio objeto da ontologia, na forma em que esta foi concebida. E um dos alvos da crítica de Heidegger ao esquecimento do ser é Aristóteles, como também Kant procura fazer correções ao sistema categorial com o qual as coisas são determinadas. Por essa razão, estamos propondo estudar o conceito de ontologia em Aristóteles, concentrando nossa análise no que ele diz sobre esta epistéme no Livro IV da sua obra Metafísica. Nosso objetivo, com essa proposta é saber se é possível encontrar em Aristóteles uma definição precisa de ontologia que nos guie no estudo dessa parte da filosofia.

  • WENDEL DE HOLANDA PEREIRA CAMPELO
  • A Fundamentação da Ciência da Natureza Humana de David Hume: Uma epistemologia experimental
  • Data: 30/08/2013
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  • A ciência da natureza humana é o projeto de Hume que concerne à toda sua filosofia –estética, ética, política, teoria do conhecimento, história, economia, filosofia da religião, etc. – coisa de que jamais poderíamos dar conta, dado a natureza do trabalho de mestrado. Por isso, contentamo-nos em falar apenas da fundamentação da ciência da natureza humana, referente à investigação acerca da origem das ideias e operações do entendimento, ou da investigação sobre as causas e os poderes ocultos do entendimento humano, com base no método experimental. A questão a que o nosso trabalho visa a lançar luz é precisamente esta: o que é uma ciência da natureza humana baseada no método experimental? Essa será, pois, a nossa tarefa adiante. Julgamos que, a partir de uma abordagem holística e científica da mente humana, Hume tenta explicar a natureza dos poderes ou faculdades intelectuais, sobretudo suas limitações e sua fragilidade. Sendo, pois, a base da ciência do homem o método experimental, o qual, por sua vez, tem o seu fundamento sólido na experiência e na observação, então é preciso perguntar: como e em que medida o uso de tal método tornou-se imprescindível à filosofia moral – isto é, às questões filosóficas de modo geral – e que tangem à ciência da natureza humana? Compreender isso é compreender a etapa inicial do projeto filosófico humiano, ou seja, o estudo do entendimento humano que, por sua vez, subdivide-se em dois momentos, a saber: (1) A ciência da mente, pela qual Hume mostra as limitações de nossas faculdades e poderes intelectuais e (2) o ceticismo que é, pois, as consequências desse estudo, a constatação da fragilidade e das limitações do entendimento humano. Nesse sentido, sentimo-nos livres para falar de algumas reflexões tanto do Tratado quanto da primeira Investigação, muitas vezes de maneira indistinta, tentando ressaltar que tais obras, quando comparadas, podem revelar o amadurecimento de um mesmo projeto filosófico que é a ciência da natureza humana. E este é exatamente o fio condutor de nossa pesquisa: como uma ciência da natureza humana é projetada por Hume e em que medida é possível falar do amadurecimento de seus propósitos? Com este exame inicial, poderemos responder alguns problemas acerca da visão pela qual Hume foi falsamente apontado como um cético radical. Apresentaremos por que a crítica sobre a sua “teoria das ideias” elaborada pelos filósofos do senso comum não considera importantes pontos de sua ciência da mente, gerando muitos mal-entendidos na posteridade. Em suma, no Capítulo 1 deste trabalho, examinaremos o que seria o projeto filosófico de Hume e, por meio desse exame, tentaremos apresentar, no Capítulo 2, as bases em que essa ciência da mente construída por Hume está sustentada. No capítulo 3, mostraremos que a interpretação cético-destrutiva da posteridade está equivocada, na medida em que desconsidera os meios que Hume encontrou à sua fundamentação da ciência da natureza humana
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