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BARBARA LEAL RODRIGUES
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Feminismo do extremo Norte: trajetórias e reivindicações do Departamento Paraense pelo Progresso Feminino (Belém-PA, 1931-1937)
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Data: 15/12/2023
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A dissertação visa analisar as trajetórias e as reivindicações do Departamento Paraense pelo Progresso Feminino (DPPF), em Belém, entre 1931 a 1937. Em específico, tem como argumento central a formação e a caracterização de um feminismo extremo-nortista, a partir da diversidade e das particularidades do grupo e das suas integrantes. Compreendê-lo em sua complexidade, a partir das estratégias empregadas, dos desafios enfrentados e das diversidades internas, além de problematizar os temas propagados e os direitos pleiteados. Filial Estadual no Pará da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), organização feminista do Rio de Janeiro, o grupo paraense apresentou características semelhantes da instituição matriz e singularidades locais, de acordo com as experiências e as oportunidades vivenciadas, definidoras de um Feminismo do Extremo Norte. O período demarca os anos de maior atividade e publicidade do Departamento, desde sua fundação em 1931 até a reestruturação política com a instalação do Estado Novo, em 1937, onde ocasionou o enfraquecimento e o esvaziamento das mobilizações feministas nacionais. Dessa forma, têm-se em perspectiva as movimentações do DPPF em múltiplos âmbitos, nacional/local e individual/coletivo. Como representante estadual da FBPF, o Departamento Paraense estava em constante comunicação com a matriz e direcionava suas ações às campanhas nacionais, com destaque para os momentos de reformulação legislativa, na ampliação e na consolidação dos direitos às mulheres: o Código Eleitoral (1932) e a Assembleia Nacional Constituinte (1933/1934). Em contrapartida, conciliava com suas atividades e demandas locais, na consolidação e propagação do feminismo em Belém, pelos meios de comunicação – jornais e rádio – e pelas tentativas de articulações sociopolíticas, com grupos filantrópicos, operários e políticos. Nesses momentos, utilizavam- se de inúmeras estratégias para conseguir o almejado e enfrentavam dificuldades oposicionistas, identificadas como antifeministas. Em paralelo, ressalta-se a individualidade das integrantes, tanto por meios das cartas escritas, quanto por suas atuações feministas, políticas e profissionais, principalmente nas áreas educacionais e artísticas. Tais questões tornam-se intrínsecas à coletividade, ao reivindicarem pela tríade do feminismo – voto, educação e trabalho – atrelado com suas demandas e outros eixos pleiteados; demonstrando a diversidade feminista, na composição de suas associadas, nas temáticas requeridas e nos conflitos vivenciados.
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LUCILVANA FERREIRA DOS SANTOS BARROS
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ENTRE A NAÇÃO E A REGIÃO: OS INSTITUTOS HISTÓRICOS E GEOGRÁFICOS DO PARÁ E DO AMAZONAS NA ESCRITA DA HISTÓRIA DO BRASIL A PARTIR DA AMAZÔNIA (1917-1953)
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Data: 15/12/2023
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Esta tese de doutorado busca analisar a atuação dos Institutos Históricos e Geográficos do Pará e Amazonas e de seus membros na construção do campo historiográfico da Amazônia e sua integração à História do Brasil no contexto de 1917 a 1953, com vistas a compreender as intenções, estratégias e o contexto histórico em que esse campo funcionou, sobretudo na relação região e nação. Investigamos, a partir das revistas dos Institutos Históricos, estatutos, atas, cartas, correspondências, artigos de jornais, relatórios e os anais dos Congressos de História Nacional realizados pelo IHGB, obras, capítulos e artigos, a atuação dos institutos históricos e seus historiadores na construção do campo historiográfico regional. Teórico-metodologicamente, esta tese se baseia na teoria dos campos de Pierre Bourdieu, especialmente o conceito de Campo Intelectual e sua articulação com o Campo do Poder. A concepção de campo historiográfico aqui utilizada serve para designar um espaço relativamente autônomo, um microcosmo dotado de suas próprias leis, formado por sujeitos e instituições envolvidos em uma zona de forças e lutas, cujas disputas por lugares e saberes ocorrem nessa zona. Assim, duas questões se sobressaem: qual o papel dos institutos históricos e geográficos da Amazônia e de seus historiadores na elaboração de uma história regional? E mais, qual a relação entre a região (amazônica) e a nação (brasileira) a partir da historiografia produzida angularmente a partir da Amazônia? A leitura inicial dos documentos e o aparato teórico e metodológico nos possibilitaram compreender a construção de um regionalismo histórico, disseminado por meio das publicações, do envio e recebimento de correspondências, participações em eventos, entre outros mecanismos, que privilegiavam acontecimentos, personagens e narrativas da história da Amazônia, especialmente as origens da região, as efemérides locais, regionais e nacionais, a biografia de nomes considerados exemplares, a economia amazônica, a história das cidades e dos estados, a cultura e a terra da Amazônia, dentre outros. A argumentação principal desta tese volta-se para demonstrar que a partir da formação de um campo historiográfico regional não ocorreu um processo de fechamento desse campo em torno da história da Amazônia, mas sim um processo de escrita da História do Brasil a partir da Amazônia. Assim, esta tese busca demonstrar que a História do Brasil não foi escrita unicamente sobre os desígnios do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), mas foi também escrita a partir dos espaços regionais a partir da zona de contato entre a instituição matriz e suas congêneres, sobretudo em função das lutas de representações e negociações da intricada relação entre região e nação, vista a partir da historiografia.
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FLAVIO WILLIAM BRITO MATOS
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A FORMAÇÃO DA ARENA E DO MDB PARAENSES: cultura política e Ditadura Militar na Amazônia (1964 – 1970)
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Data: 14/12/2023
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O objetivo desta dissertação é compreender – a partir das trajetórias político-partidárias – como se formaram e constituíram os quadros políticos da Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) no Pará. Dois eixos norteiam a análise dessa trajetória: o conceito de cultura política empregado pelo historiador Rodrigo Motta e o discurso sobre o lócus onde ocorre essa atuação política, a Amazônia. O recorte temporal da pesquisa se inicia com a derrocada do governo democrático em 1964, ainda em um ambiente pluripartidário, e se encerra com os efeitos do Ato Institucional no 5, momento no qual se decretou o fechamento da Assembleia Legislativa do Estado do Pará. Utilizou-se de uma gama variada de fontes documentais escritas e orais, em especial os Anais da Assembleia Legislativa, os jornais da Biblioteca Pública Arthur Viana e as informações do Serviço Nacional de Informações ora depositados no Arquivo Nacional. Como conclusos desse trabalho, ressalta-se a continuidade nos arranjos políticos antes e após o golpe, mesmo por parte dos militares teoricamente recém-chegados à política. Destaca-se a atuação da classe política na construção do consenso social em torno dos Governos Militares. E, por fim, apresenta-se a hipótese do discurso sobre a Amazônia enquanto meio para compreensão nas negociações e acomodações políticas no âmbito do estado.
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MARCOS DA SILVA VALADARES
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LUZES E SOMBRAS NA BELLE ÉPOQUE: PERCURSOS E DESIGUALDADES SOCIOESPACIAIS NA ILUMINAÇÃO ELÉTRICA EM BELÉM (1893-1912)
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Orientador : FRANCIANE GAMA LACERDA
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Data: 12/12/2023
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Os percursos da implantação da iluminação elétrica em Belém-PA nos permitem compreender a urbanização da capital paraense na virada do século XIX para o XX e as conexões da Amazônia com empresas internacionais responsáveis pelo serviço. A aliança em prol de anseios reformistas estabelecida entre a classe política local e os setores aburguesados da cidade, norteia os fatos aqui analisados entre as discussões que antecederam o projeto de iluminação elétrica em 1894 e a fase de expansão do serviço, a inserção do transporte elétrico e o consumo de produtos elétricos e de eletricidade. A presente dissertação de Mestrado, analisa sob uma perspectiva da História Social e História Vista de Baixo, as crises do serviço de eletricidade implantado entre os anos de 1896 e1900; suas articulações para a troca de contrato em 1905; e por fim, as consequências desencadeadas por essa abrupta metamorfose nas ruas e casas iluminadas. Desse modo, por meio de documentos dos governos estadual e municipal, bem como de jornais paraenses discute-se a instalação e os usos da eletricidade, bem como as denúncias e reclamações acerca do controverso e icônico processo de eletrificação da cidade de Belém, no contexto da economia da borracha amazônica.
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JOAO AUGUSTO DA SILVA NETO
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O meio-tom do sensível: criação, crítica e relações artísticas na pintura de Manoel Santiago (1920-1938)
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Data: 07/12/2023
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A tese discute a arte do pintor amazonense Manoel Santiago e a crítica artística sobre suas obras. A abordagem pretendida está diretamente ligada aos desdobramentos teórico-metodológicos referentes às experiências de críticos e artistas, bem como as suas diferentes demandas, apropriações e entendimentos sobre a arte. Nesses termos, é feita uma análise das condições de criação artística de Santiago a partir de seu entendimento sobre arte e de suas interações sociais e artísticas durante sua atuação no Rio de Janeiro entre os anos 1920 e 1938. Várias críticas publicadas em jornais, livros e revistas são analisadas com o objetivo de compreender as interações do pintor e a percepção sobre suas obras, com destaque para a relação entre sensibilidade e os usos da cor. É defendida a tese de que a ideia sobre arte e o processo de criação artística de Santiago se desenvolveu a partir de interesses e relações dentro dos mundos da arte, nos quais tanto o próprio pintor quanto os críticos colaboraram para construir determinada imagem e reputação artística.
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MARCOS RODRIGO DA CONCEICAO NASCIMENTO
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O HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JOÃO DE BARROS BARRETO: UMA HISTÓRIA DE INOVAÇÃO E ENSINO PARA A SAÚDE (1976-1990)
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Data: 05/12/2023
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Esta dissertação possui como objetivo construir a história hospitalar da instituição, Hospital Universitário João de Barros Barreto, evidenciando que o longo processo históricoque caracterizou sua criação e institucionalização estevepermeado pelo diálogo entre a história das ciências médicas, a história das instituições, e a história das políticas de saúde, no contexto da política governamental de integração da Amazônia à economia nacional e internacional, que caracterizou o período da ditadura civil-militar no Brasil (1964-1985). Nos dois capítulos que compõem a dissertação, em fase de qualificação, foi analisado o processo social de atuação da instituição de saúde, o Hospital Universitário João de Barros Barreto, no desenvolvimento do ensino, da pesquisa e na extensão, na área da assistência e educação médica na Amazônia paraense, do século XX.Nosso interesse residiu em demonstrar através dos questionamentos lançados do presente ao passado do HUJBB enquanto instituição, oacompanhamentoda construção, as mudanças e as continuidades no campo científico, médico, político e social, que se desenrolaram durante o contexto tratado, porque o hospital tratou-se de um instrumento de política que contemplou as propostas de interesse e discursos contidos nos planos de integração da Amazônia aos planos nacionais de desenvolvimento. A partir do período da Redemocratização até o tempo presente, o HUJBB pode ser considerado o resultado dos projetos passados de cunho político e social (alguns ainda em vigor como o SUS), que desenrolaram-se para os campos científicos e de interesse das políticas de atendimento à saúde, segundo os parâmetros nacionais e mundiais.
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FELIPE WILLIAM DOS SANTOS SILVA
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Pelos campos, matas, ilhas, sertões, rios e baías: a espacialidade das povoações do Diretório dos Índios e as dinâmicas territoriais na capitania do Maranhão (1757-1774)
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Data: 13/11/2023
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A presente pesquisa tem como foco discutir as dinâmicas espaciais na Capitania do Maranhão, através das experiências das fundações de Vilas e Lugares de Índios, política decorrente do Diretório, implantado na Capitania a partir de 1757. O reaproveitamento da malha eclesiástica para a implementação de novos núcleos coloniais inaugurou um outro momento na organização territorial, na medida em que o rastro das Vilas e Lugares perseguiram os dois lados da fronteira da Capitania do Maranhão, a oeste, com o rio Turiaçu, e a leste, com o Parnaíba. Neste sentido, advoga-se a perspectiva de que o Maranhão entre os anos de 1757 e 1774 verificou uma posição ambígua quanto à sua situação geográfica, pois ao mesmo tempo que pertencia jurisdicionalmente à Capitania do Grão-Pará, igualmente se constituía como uma passagem para o Piauí, este representando um caminho para o Estado do Brasil pelos sertões. Em conjunto com as ilhas, as baías, os sertões, as matas e os campos, que igualmente constituíam-se em nós territoriais, as Vilas e Lugares se constituíram em vetores da expansão colonial em direção aos sertões do Piauí, logrando conexões não apenas com o Estado do Grão-Pará e Maranhão, mas igualmente com o Estado do Brasil. Sendo assim, a hipótese central deste trabalho consiste em mostrar que as lógicas espaciais, tendo como polos de irradiação as Vilas e Lugares, resultaram das experiências históricas vivenciadas no cotidiano dos próprios núcleos, na qual engendraram-se indígenas, diretores, militares e administradores coloniais, revelando-se as dinâmicas territoriais um fator de conflito que permite revelar diversos interesses.
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TUNAI REHM COSTA DE ALMEIDA
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DA NÉVOA FLAMENGA À CLARIDADE TROPICAL: PERCURSOS E PINCEIS DE GEORGES WAMBACH NA AMAZÔNIA EM TEMPOS DE GUERRA E PAZ (1939 – 1965)
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Data: 23/10/2023
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Esta tese tem como finalidade pensar a narrativa tecida por meio das telas de Georges Wambach, o “pintor andarilho”, sobre sua vida e carreira quando de sua passagem em solo brasileiro, destacando sua estada em Belém. O recorte cronológico adotado se inicia com a chegada do artista no país, em 1935, até o ano de seu falecimento em 1965. As imagens – tomadas como objeto central e principal documentação – produzidas por ele (e sobre ele), não se apresentam em um percurso linear e estritamente cronológico, foram traçando o caminho e as problematizações sugeridas ao longo da pesquisa. O Atlas Mnemosyne, desenvolvido por Aby Warburg, serviu como referência para analisar as possibilidades que o tema ofereceria, dessa maneira, as imagens são tomadas como dotadas de significados e representações, conectando-se entre si e contando uma história que, com o apoio da literatura e dos jornais da época, além da documentação do poder público, permitiram o acompanhamento da recepção dos trabalhos de Georges Wambach, de seus jogos de interesses, de suas relações e das tensões desenvolvidas ao longo de sua trajetória no Brasil e na Amazônia.
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CAROLINA FERREIRA BARBOSA
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TRABALHADORES DOS CASTANHAIS DO SUDESTE PARAENSE NOS PROCESSOS JUDICIAIS ENTRE 1960-1980.
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Data: 05/10/2023
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A floresta, com toda a sua riqueza e complexidade, desempenha um papel central nesta história. É nesse ambiente que os personagens deste relato emergem: trabalhadores e trabalhadoras, empregadores, fazendeiros, donos de terras, juízes e juízas. Todos eles contribuem para a construção desta pesquisa, que se desenvolve através de uma análise minuciosa de processos judiciais trabalhistas advindos dos castanhais do Sudeste do Pará, na Amazônia Oriental, entre as décadas de 1960 e 1980. Temos por objetivo compreender as relações de trabalho na região, com base na documentação jurídica disponível no Centro de Referência em História e Memória do Sudeste do Pará, compreendendo um total de 70 processos trabalhistas, 68 processos possessórios e 15 autos de reclamação, provenientes do Centro de Memória da Amazônia (CMA), localizado em Belém do Pará. Ao todo, essas fontes documentais somam um conjunto de 153 processos judiciais, que oferecem base para a pesquisa e análise das relações de trabalho e questões de posse na região do Sudeste do Pará, na Amazônia Oriental. O foco recai sobre homens e mulheres que vivenciaram e moldaram suas vidas laborais, buscando amparo e justiça no sistema judiciário diante das complexas relações trabalhistas que enfrentaram. Os documentos analisados trazem nomes, lugares, datas, e principalmente histórias inteiras de indivíduos e comunidades, marcadas pelas peculiaridades da vida na floresta. As informações presentes nesses registros são inestimáveis, fornecendo percepções sobre conflitos, negociações e estratégias utilizadas diante do Tribunal de Justiça do Estado do Pará. O estudo é embasado em inúmeras questões que norteiam a análise, retratando apenas uma entre as diversas histórias vividas na floresta, um ambiente que passou por transformações ao longo do tempo. Neste estudo ressaltamos a importância de preservar e valorizar as histórias de homens e mulheres que moldaram suas vidas e relações de trabalho na floresta. Buscamos dar voz a esses protagonistas e entender as nuances e desafios de suas experiências, contribuindo para uma compreensão mais ampla da história social e econômica do Sudeste do Pará e da Amazônia. Dentre os resultados, destacamos que o papel da lei, embora significativo, frequentemente não se mostrava totalmente eficaz em corrigir as injustiças que permeavam o cenário. Isso realça a crucialidade de levar em conta as particularidades locais e as práticas enraizadas ao examinar a história e a dinâmica do trabalho nos castanhais do Sudeste do Pará.
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ELIS NEGRAO BARBOSA MONTEIRO
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FAZENDAS CAPAZ E UBÁ: REFLEXÕES HISTÓRICAS ACERCA DA VIOLÊNCIA NO CAMPO E A DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS NO ESTADO DO PARÁ (1977-1985)
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Data: 04/10/2023
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Esta dissertação de mestrado tem como principais objetivos refletir sobre os conflitos pela terra, a violência no campo, a luta pela reforma agrária e pelos Direitos Humanos no estado do Pará. Para isto, pontuarei como estudos de caso, o conflito ocorrido na Fazenda Capaz (1976) e a chacina ocorrida na fazenda Ubá (1985). Dois casos emblemáticos de lutas pela terra que contaram com o engajamento de movimentos sociais, sindicatos e entidades de apoio aos trabalhadores rurais como a SDDH, a CPT e a FASE. Dentre estas entidades, darei um pouco mais de ênfase à atuação da Sociedade Paraense de Direitos Humanos (SDDH), entidade que assumiu no Pará um destacado papel em defesa da reforma agrária, os direitos humanos e contra a violência sofrida pelos trabalhadores do campo e da cidade. Os conflitos no campo ainda fazem parte do cenário violento no campo paraense, e suas origens são resultantes de uma construção social e política conturbada e violenta. Compreender os processos que envolveram e resultaram nos embates ocorridos nos dois estudos de caso que integram este estudo, auxilia também o entendimento de uma série de outros conflitos de origens e consequências semelhantes, bem como a formação e fortalecimento de movimentos sociais que agiam e agem em prol da garantia dos direitos humanos no campo.
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MARIA DA PAZ CORREA SAAVEDRA
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INDÍGENAS, QUILOMBOLAS E TERRITÓRIOS DE EXCEÇÃO - OS MEGAEMPREENDIMENTOS DA DENDEICULTURA NA AMAZÔNIA: expropriações e relações de poder no Alto do Vale do rio Acará no município de Acará/PA (1980-2021)
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Data: 26/09/2023
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Na área rural da Amazônia paraense, territórios são apropriados para os interesses do grande capital sem identificação com o entorno em que se estabelecem, configurando o crescimento da insegurança territorial em função de grandes empreendimentos, culminando com cercamentos, cerne da expropriação de comunidades tradicionais, tornando explícitas as contestações à institucionalização de reconhecimento étnico contemplado em instrumentos normativos e, contribuindo para a permanência do processo histórico de invisibilização de populações que pleiteiam direitos territoriais. Neste trabalho, utilizando a memória oral como elemento principal da metodologia, pretende-se buscar, apresentar e referendar as lutas cotidianas, os campos de atuação, as resistências e vivências bem como a luta política que na atualidade famílias autoidentificadas como quilombolas e indígenas experimentam ao narrar a usurpação de seus territórios e as situações de conflito desencadeadas pelo plantation do dendê da empresa Agropalma S. A., no Vale do Alto rio Acará, no município do Acará/PA. As evidências históricas e as narrativas construídas em torno de um pertencimento étnico indicam a constituição de territorialidades especificas, indicadoras de uma existência coletiva. Os registros orais recorrem à memória para detalhar fatos que imprimem formas materiais e simbólicas ao território, traçando uma estreita relação entre memória e território, já que, nestes, estão gravadas as imagens fortes dos lugares. Ainda que se apresentem no presente, todas essas questões são profundamente históricas e objetivam contribuir para os estudos da historiografia regional, em especial, estudos sobre comunidades tradicionais no estado do Pará.
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WELLINGTON JHEMERSON COSTA DA CONCEIÇÃO
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A Luta pela Reforma Agrária no Sudeste Paraense nas páginas do jornal O Grito da PA 150: Terra e Liberdade (1980-1987)
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Data: 22/09/2023
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O objetivo desta dissertação de mestrado foi analisar a luta pela reforma agrária no sudeste paraense, tendo como fonte principal o jornal O Grito da PA 150: Terra e Liberdade. O jornal alternativo era editado pela Diocese de Marabá (PA) entre 1980 e 1987, sendo uma das principais vozes nesse período de informação, mobilização e formação política dos trabalhadores rurais. Por conta do seu conteúdo em favor da reforma agrária durante o processo de transição da ditadura militar (1964-1985) para a Nova República do país, O Grito da PA 150 acabou despertando o ódio e a perseguição de fazendeiros, jagunços, autoridades civis e militares que atuavam na região. No entanto, isso não impediu que o jornal alternativo continuasse divulgando os conflitos e mobilizasse os camponeses em campanhas pela reforma agrária, nas Assembleia do Povo de Deus, Associações de Bairros, CEB’s, Oposições Sindicais e nos partidos de oposição à ditadura. Além de analisar o jornal O Grito da PA 150 e a bibliografia especializada sobre o tema, outras fontes de interesse para o desenvolvimento da pesquisa foram inseridas, como as fontes hemerográficas (jornais e revistas), a documentação produzida pelo Serviço Nacional de Informações (SNI), documentos judiciários, boletins, cartilhas, atas de reuniões, cartas e relatos orais.
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JERUSA BARROS MIRANDA
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Igreja e Abolição: o lugar da crítica liberal à Igreja e sua representação no processo abolicionista na Amazônia (1860-1889).
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Data: 21/09/2023
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Minha intensão neste trabalho é compreender como as disputas travadas na sociedade brasileira do século XIX geraram discursos de defesa ou ataque entre campos litigantes. Entendendo-as dentro de um cenário político nacional com um poder monárquico que buscava afirmar-se enquanto nação, relacionando-se com grupos e partidos políticos que também buscavam seus espaços de poder. Essa disputa também pode ser percebida através da relação com os principais assuntos que estavam sendo discutidos amplamente na sociedade do Oitocentos, e como, a partir deles, cada grupo foi construindo um ideal sobre seus adversários. No século XIX, os debates eram gerados a partir da relação de proximidade ou distância entre abolicionismo, liberalismo e ultramontanismo. Neste sentido, percebi que os políticos do Partido Liberal construíram um discurso moral sobre a Igreja Católica. Colocaram-na como ausente do processo abolicionista e conivente com o sistema escravista. A construção desse discurso de omissão do catolicismo na libertação dos escravos acabou lançando uma cortina de dificuldade para a percepção de que, para além da instituição religiosa, parte do clero seja ultramontano ou não, se posicionou contra a escravidão na Província do Grão-Pará e em outras partes do Brasil. De certo, que foi uma relação diferente dos abolicionistas. Mas, precisamos entendê-las dentro do seu espaço e do seu tempo para compreender a complexidade daquela sociedade. Seja pelo prisma ultramontano conservador ou pelo prisma dos abolicionistas radicais da segunda metade do século XIX. Por fim, busquei mostrar como as críticas liberais tecidas contra a Igreja Católica, eram políticas e não de cunho moral. E estavam dentro de um contexto de disputa por espaços de poder entre campos adversários. E mais, como a historiografia do século XX absorveu as perspectivas e visões de mundo dos escritores e políticos liberais do século XIX sobre a participação da Igreja Católica no processo de emancipação da mão de obra cativa negra sem levar em consideração tais contendas.
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LETICIA PEREIRA BARRIGA
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O QUADRILÁTERO CABANO E AS CABANAGENS NOS SERTÕES DA AMAZÔNIA: GUERRA, ÍNDIOS, RIOS E MATAS (1790-1841)
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Data: 18/09/2023
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Este estudo compreende a participação indígena na Cabanagem. A partir de uma narrativa histórica, esta tese se propõe a entender a guerra cabana que se fez nos sertões da Amazônia partir do protagonismo indígena em torno das ações de três etnias, os Mura, os Munduruku e os Mawé. Habitantes e senhores de uma imensa área, interflúvio dos rios Madeira, Tapajós e Amazonas, estes indígenas imprimiram suas marcas culturais, com suas artes de guerra e interesses próprios, conduzindo as batalhas cabanas no interior da província para rumos cada vez mais radicalizados, conformando seu território em um Quadrilátero Cabano. Por meio de um conhecimento ancestral da floresta, os indígenas souberam atuar de forma imperativa, determinando, em grande medida os avanços e reveses da luta cabana. Nesse sentido, dentro de um arranjo cronológico, a tese desenvolve sua narrativa sustentando seu principal argumento que, a Cabanagem perdurou tanto tempo, levando a um processo de difícil resolução por seu nível de radicalização pela efetiva participação indígena. Ao longo dos oito capítulos a tese se fundamenta, mostrando como as ações indígenas à partir da segunda metade do século XVIII, mas sobretudo 1790, e nas duas primeiras décadas do século XIX, passaram por um processo de reelaboração quanto às suas formas de se contrapor ao projeto colonial. Desse modo, na década de 1830, por uma radicalização de suas ações, romperam com as vias institucionais para a resolução de questões, decidindo-se pela luta armada, protagonizando-se na guerra civil que se instalou no Grão-Pará. Utilizando-se do método do paradigma indiciário e a metodologia da Etno-História, localizamos por meio dos vestígios deixados na documentação a evidência indígena nas Cabanagens que se fizeram nos sertões da Amazônia.
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REGINA CELIA CORREA BATISTA
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Gente, natureza e colonização: fabricação e comércio de madeiras na capitania do Grão-Pará (1755-1808).
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Data: 15/09/2023
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O potencial da vasta cobertura florestal do Estado do Grão-Pará e Maranhão, região que abarca a maior parte do território da atual Amazônia brasileira, gerou interesse desde cedo ao colonizador europeu. A partir de meados do século XVIII a documentação do período registra uma intensa atividade de produção de madeiras na capitania do Grão-Pará, produzidas em fábricas instaladas nas proximidades dos rios Moju, Acará, Igarapé-Miri, Abaetetuba, Barcarena, vila do Conde, Maguari e Caraparú. Apesar de percebida desde cedo, o tema ainda tem sido pouco visitado pela historiografia. Esse estudo busca analisar essa intensa fabricação de madeiras na capitania e sua intrínseca participação no processo de colonização. Argumentamos que a atividade madeireira favoreceu o processo de colonização na capitania do Grão-Pará, sendo evidente a sua utilização no abastecimento dos Arsenais Reais da Marinha e do Exército na Corte, bem como esteve presente nos diversos aspectos da vida dos moradores como na construção de casas, móveis e embarcações, principal meio de circulação de pessoas e mercadorias naquele período.
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BRUNO CARLOS OLIVEIRA NEVES
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A "MÁQUINA PARA O MELHORAMENTO DA NAVEGAÇÃO" DE JOÃO FRANCISCO DE MADUREIRA PARÁ: A engenhosa história de uma fraude (1825-1832),
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Data: 14/09/2023
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O presente trabalho tem por objetivo compreender e elucidar o processo de fabricação da “Máquina para o Melhoramento da Navegação” do inventor paraense João Francisco de Madureira Pará sob a ótica da cartografia das controvérsias e da Teoria Ator-Rede. Tendo como fio condutor os escritos publicados por Madureira Pará, tornando assim o inventor o protagonista deste trabalho. E buscando cartografar a rede sociotécnica que se formou ao redor da sua “Máquina” inicialmente em Portugal, mas com maior ênfase no período em que trabalhou no seu invento no Rio de Janeiro, entre os anos de 1825 e 1832, este trabalho leva em consideração o contexto social e político nos dois reinos, os interesses particulares e o entendimento científico do inventor, da época e a formação dos grupos antagônicos que, por conta da descoberta de novas fontes, nos obrigou a fazer uma revisão da trajetória de vida de Madureira Pará. Dessa forma, e com uma análise mais criteriosa dos seus escritos, acabamos por descobrir que o “engenhoso inventor”, como era considerado por alguns historiadores e pesquisadores, foi, na realidade, um plagiador, um ladrão de ideias, um falsificador de documentos e alguém que, por meio de uma fraude muito bem elaborada, enganou o governo imperial do Brasil, em especial o Imperador Pedro I, com a promessa de uma “máquina de navegação revolucionária” que nunca existiu. A descrição das controvérsias nas quais o “inventor” esteve envolvido nos permitiu não somente a descoberta da fraude, mas também nos mostrou a partir da sua relação com os diferentes contextos políticos, sociais e culturais, como o Primeiro Reinado lidava com questões relacionadas ao desenvolvimento científico do Império que, sendo ainda pautado por antigos alvarás publicados por D. João VI, não conseguiu perceber que Madureira Pará, munido de todas as suas mentiras, foi realmente muito “engenhoso”, exceto para fabricar o seu “grande invento”.
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MARIA ROSA CUNHA DA COSTA
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ABREM-SE AS CORTINAS: Arte, Política e Teatro Experimental na Trajetória do Grupo Cena Aberta em Belém (1976-1990)
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Data: 12/09/2023
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Esta pesquisa se propõe a compreender o teatro experimental contemporâneo em Belém, a partir da experiência de formação do grupo Cena Aberta, durante a década de 1970 até o final dos anos 80, do século XX. Marcado pela forte expressão corporal em cena, o grupo Cena Aberta encontra-se dentro de um recorte temporal de discussões, movimentos e pressões pelo fim da ditadura. Sendo assim, buscou-se descortinar o “não dito” deste movimento cênico e perceber as relações entre o teatro e a sociedade, distanciando-se de abordagens dicotomizadas. O teatro, nesta investigação, emerge como uma arte subjetiva de representação e ressignificação da própria sociedade. A narrativa foi construída com as memórias orais, escritas e imagéticas do grupo Cena Aberta, transitando pela construção, amadurecimento e luta política desse grupo que marcou a história do teatro experimental em Belém. Para isto, buscou-se dialogar com conceitos da memória, da cultura e da arte como modos de vida em sua totalidade, além de perceber as redes e práticas coletivas dos “mundos da arte “presentes no grupo, para só assim, compreender como o Cena Aberta se configurou como um espaço de luta política da categoria do teatro experimental.
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ELISÂNGELA SOCORRO MACIEL SOARES
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ENTRE O TIBRE E O AMAZONAS: A ROMANIZAÇÃO SERPENTEIA A
IGREJA DE MANAUS (1916-1958)
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Data: 11/09/2023
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A tese intitulada “Do Tibre ao Amazonas: a romanização serpenteia a Igreja de Manaus (1916-1958)” apresenta um resgate histórico da trajetória da Diocese/Arquidiocese de Manaus, partindo da inquietação da relação Igreja/Estado, das ações do Episcopado e do Laicato durante a segunda e a terceira fases do processo de romanização, projeto que ganhou mais força durante o Papado dos Pios, aqui enfatizado nos governos de Pio XI (1922-1939) e Pio XII (1939-1958). As ações romanizantes são aqui visualizadas, em três capítulos, na administração do Episcopado dirigente da Igreja de Manaus, nas suas três fases diocesanas, sendo a primeira apresentada de forma introdutória, e na primeira fase arquidiocesana: Dom José Lourenço da Costa Aguiar (1894-1905) e Dom Frederico Benício de Sousa Costa (1907-1913), a primeira Fase do Episcopado; Dom João Irineu Joffily e Dom Frei Basílio Manuel Olímpio Pereira (1926-1941), a segunda Fase do Episcopado; Dom João da Mata Andrade e Amaral (1941-1948) e Dom Alberto Gaudêncio Ramos (1949-1952), a terceira Fase do Episcopado; sendo este último elevado a Arcebispo pela mesma bula de elevação de Manaus a Arquidiocese, em 1952, constituindo a primeira fase arquidiocesana, até o início de 1958. O último capítulo, traz a outra face eclesiástica da Diocese/Arquidiocese, em consonância com o Episcopado e com as diretrizes da Santa Sé, o laicato, que assume um protagonismo diferenciado nesse período recortado pela tese, e, que no casso da Igreja de Manaus, foi dado visibilidade, para as duas de maior atuação: a Pia União das Filhas de Maria, com liderança expressiva de 1913 até a década de 1930; e a Ação Católica, que assumiu a liderança das associações católicas desta década em diante, e com seus setores atingindo diversas instâncias da sociedade. Assim, as duas faces eclesiais que compõem a Igreja de Manaus, são apresentadas historicamente, dentro do recorte, da problematização e do contexto trazidos por esta tese.
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RAFAEL ROGERIO NASCIMENTO DOS SANTOS
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"Melhores mestres ...": saberes indígenas e ciência colonial no Vale Amazônico (século XVIII).
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Data: 05/09/2023
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Essa tese analisa os papéis que os povos indígenas do Vale Amazônico exerceram na circulação/construção do conhecimento, durante a segunda metade do século XVIII,encarando-os como sujeitos que estiveram envolvidos ativamente nesse processo, considerando-os protagonistas históricos. Demonstro, por meio da documentação, que seus conhecimentos fizeram parte da constituição das ciências naturais em construção naquele período, e, como, em grande parte, seus saberes foram apropriados pela ciência moderna então em construção. Aponto sobre como a ideia “Ciência” sofreu uma inflexão na historiografia e passou a englobar povos nativos ao redor do mundo considerando suas contribuições para o conhecimento em distintos tempos e contextos. Apresento e analiso fontes que me permite inserir os povos indígenas no Vale Amazônico na história do conhecimento científico ocidental.
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SANDRA LETICIA MAGALHAES GAUDENCIO
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DE PROFESSORES CIVIS A OFICIAIS MILITARES: EXPERIÊNCIAS SOCIAIS DA FORMAÇÃO DE MILITARES TEMPORÁRIOS PARA O MAGISTÉRIO DA FORÇA AÉREA BRASILEIRA (2011-2019)
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Data: 31/08/2023
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Esta dissertação analisa o processo de contratação temporária de professores como Oficiais Militares, considerando as demandas voltadas para o ensino básico numa estrutura militarizada. O objetivo é compreender o processo de formação e atuação dos oficiais militares temporários convocados para o quadro de ensino (magistério e pedagogia) da Força Aérea Brasileira – FAB, entre os anos de 2011 e 2019, no Colégio Tenente Rêgo Barros (CTRB). Assim sendo relevante compreender o cotidiano da formação desses Oficiais temporários, “os cotonetes” e a dinâmica de um “espírito militar” cujo alcance era determinado pelas relações sociais internas. As hipóteses levantadas são que as diversas experiências dos sujeitos sociais, homens e mulheres que atuavam nessa área perpassaram por estranhamentos, resistências, mediações, conflitos que se iniciam desde o processo de seleção até a atuação no CTRB. No que se refere às fontes, ressalta-se a relevância da oralidade a partir da utilização da técnica de entrevistas, autorizadas e gravadas através de google meet, feitas com os Oficiais temporários, suas memórias e esquecimentos, assim como, documentos oficiais, jornais, revistas e fotografias. Buscar-se-á compreender o processo de entrada dos professores civis em 2011 que se tornaram militares temporários e são profissionais da área de Ensino e Pedagogia, considerando as demandas voltadas para o ensino em uma escola assistencialista e o perfil dos profissionais que buscava alcançar convocados e formados para a “carreira” temporária na Força Aérea Brasileira-FAB, o chamado Quadro de Oficiais da Reserva de 2ª classe Convocados - QOCON.
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ANDRE LUIS DOS SANTOS ANDRADE
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A preservação ancestral: a mobilização indígena pelo patrimônio arqueológico
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Data: 31/08/2023
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Apiaká, Munduruku e Kayabi entre os anos de 2010 e 2019 reivindicavam à posse de doze urnas funerárias, referente aos seus ancestrais, que estavam na área afetada diretamente pela construção da hidrelétrica Teles Pires e foram guardadas no Museu de Alta Floresta (MT). Sua disputa pelo direito às urnas está no escopo de uma luta mais ampla: o direito a seu modo de preservar o patrimônio arqueológico. Desse modo, em diferentes manifestos e entrevistas, indígenas questionam como foi e é pensada a preservação do patrimônio cultural no Brasil. Por isso, esse estudo também investiga como, a partir da criação SPHAN (Serviço do Patrimônio Histórico Artístico Nacional), em 1937, são estabelecidos marcos temporais e conceituais acerca da origem da política de preservação e do patrimônio cultural. No recorte proposto pelo primeiro diretor do SPHAN, Rodrigo Melo Franco de Andrade, a genuidade do Brasil estaria na arte barroca e na arquitetura colonial, pois seriam produções de uma civilização com “superioridade técnica”. Esse entendimento, contudo, não era consenso entre os intelectuais que davam relevância ao patrimônio arqueológico. No âmbito dessa disputa subjacente em torno das hierarquias do patrimônio, construíram-se silenciamentos historiográficos, em relação à importância dos Museus, e sociais, na exclusão dos indígenas no processo de formação das coleções arqueológicas e etnográficas que materializavam a narrativa nacional. Não obstante, ao analisarmos as reivindicações de povos indígenas pela devolução de urnas arqueológicas, notamos que os Museus ou iniciativas de musealização não oficiais, como o Centro de Preservação da Arte e Ciência Indígena, que existiu em Alter do Chão, na década de 1990, buscam, desde meados do século XX, novas formas de atuar junto à sociedade, nas quais práticas racistas e etnocêntricas perdem espaço para novas perspectivas teóricas, como a decolonial e mesmo a indígena. Nesses termos, os povos originários fazem questão de estabelecer uma distinção em relação ao patrimônio cultural do não índio: o patrimônio indígena mantém uma relação viva com a natureza e a ancestralidade.
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KELVYN WERIK NASCIMENTO GOMES
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BELÉM, UMA HISTÓRIA DA CHUVA (1890 – 1920)
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Data: 29/08/2023
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A Amazônia e seu clima, rios e matas destaca-se em relatos de viagem, memórias, relatórios de governo e editoriais periodísticos nacionais e internacionais. Este interesse traduz-se em ricas fontes as quais associam o ecossistema da região com relações pessoais e sociais definidoras de identidades próprias. São modos e meios de vida, saberes e práticas das populações da floresta, das cidades, dos campos, dos rios e das várzeas, cada qual atrelado ao clima e, dentro dele, a sua característica mais marcante: as chuvas constantes e abundantes. Foi sobretudo no período do boom da borracha e o seu fim com a crise desse sistema na região (1890-1920) que muitos olhos estiveram voltados para esta característica de forma indelével. Trabalhando com diferentes discursos e vozes presentes na documentação produzida por governantes, cientistas e agentes ligados à imprensa local (proprietários, editores, articulistas e escritores) que essa dissertação se constrói. Ela objetiva entender as percepções destes diferentes grupos, suas dúvidas, seus estudos e encaminhamentos políticos, sociais e culturais para o fenômeno das chuvas locais. Analiso que ora o fenômeno era percebido como algo característico e peculiar (social e culturalmente), ora como aspecto político/civilizacional, pois as chuvas abrandavam o caloroso termômetro comum na região amazônica, estimulando correntes migratórias e fomentando a prosperidade da região. Neste sentido, poder público e ciência caminhavam de mãos dadas na implantação de técnicas de medição pluviométrica em tempo e espaço pioneiros. Desta forma, este estudo contribui tanto para a história da ciência, quanto para a história social, buscando entender que estes dois campos devem caminhar unidos.
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ROBERG JANUÁRIO DOS SANTOS
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DO GRÃO-PARÁ À AMAZÔNIA: A INVENÇÃO DA REGIÃO AMAZÔNICA FRENTE À CENTRALIZAÇÃO DO IMPÉRIO BRASILEIRO
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Data: 27/07/2023
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Esta tese de doutorado aborda a emergência da Amazônia como um recorte regional na nação brasileira durante a segunda metade do século XIX, sendo delineada, em grande medida, no campo político, sem perder de vista o intercâmbio de ideias, imagens e práticas à época relacionadas à economia local. Este trabalho contribui para a compreensão da história do Brasil a partir da diferenciação regional e das relações de força entre o Império/Governo Central e as elites políticas ditas regionais, sobretudo as amazônicas. A partir do Segundo Reinado, intensificou-se o movimento para que as elites da Corte assumissem considerável peso político e econômico no cenário brasileiro, acompanhadas, por sua vez, pelas elites políticas baianas e pernambucanas, acarretando uma maior acentuação da diferenciação regional no país. Por outro lado, nas províncias banhadas pelo rio Amazonas, a economia da borracha ampliava-se em um contexto de reorganização política das elites após a Cabanagem. O cenário político e econômico criou a ambiência para que as elites amazônicas gestassem um regionalismo político em prol de seus interesses, de maneira a canalizar a percepção de “atraso” da região para a falta de atenção do Governo Central e de alcançar maior influência na política nacional, tida pelas províncias do Norte, inclusive as amazônicas, como dominada pelos interesses das províncias do Sul. Defendemos que esse movimento, perceptível a partir da década de 1870, acarretou novas configurações regionais e incentivou a construção de uma identidade política, expressa, principalmente, na substituição do nome pelo qual a região era identificada até então – Grão-Pará – por um novo nome: Amazônia. O argumento principal desta tese é o de que o regionalismo político das províncias banhadas pelo rio Amazonas, frente à centralização administrativa do Império brasileiro e em diálogo com as ideias da época, contribuiu decisivamente para a emergência da Amazônia como região diferenciada em termos territoriais, políticos e culturais.
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LEDIANE ARAUJO PIRES DEMETRIO
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"SUFRAGISTAS PARAENSES: A BUSCA POR EMANCIPAÇÃO POLÍTICA E SOCIAL
DAS MULHERES NO PARÁ NOS ANOS DE 1919 A 1932."
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Data: 04/07/2023
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A presente pesquisa, intitulada “Sufragistas Paraenses: a busca por emancipação política e social das mulheres no Pará nos anos de 1919 a 1932”, tem como recorte espacial a cidade de Belém do Pará, onde se procurou investigar os caminhos de lutas que as mulheres da sociedade paraense tiveram que percorrer na busca por isonomia política e social, em um panorama que também abarcava o âmbito nacional. Classificada como o gênero apolítico que deveria se resguardar somente ao seu lar, marido e filhos, sem direitos de opinar nas questões da sociedade ao qual estavam inseridas, elas vão trilhar um caminho de luta para romper com tais conceitos, e assim adquirir em primeiro lugar o direito emancipação política, posteriormente a social.
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ANTONIO IGO PALHETA SOEIRO
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Os humildes peregrinos da civilização cristã: grupos letrados da cidade de Vigia de Nazaré, Grão-Pará (1866-1883)
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Data: 29/06/2023
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Na pequena urbe de Vigia de Nazareth na Província do Grão-Pará nas décadas finais do século XIX, um grupo letrado de vida simples que denominamos de “humildesperegrinos” almejou concretizar um projeto sociopolítico, que tinha como base o desenvolvimento da instrução como estratégia de luta por direitos. Liderados pelos professores Araújo Nunes, Vilhena Alves e Bertoldo Nunes criaram escolas, Entidades literárias, beneficentes e teatrais e escreveram periódicos, práticas culturais que mediaram a sonhada civilização cristã, moldada a partir do catolicismo popular e a apropriação e ressignificação de ideias do movimento civilizador no Brasil. A iniciativa de um novo projeto sociopolítico chocou-se com os objetivos dos demais grupos letrados liderados pelas elites econômicas no campo cultural da cidade, em um contexto social de miséria, analfabetismo e escravidão que o grupo encontrava meios de combater, buscando a formação de um indivíduo instruído, ativo politicamente e com consciência social.
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DANIEL MONTENEGRO LAPOLA
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Entre as Terras do Rio Branco e a Guiana Inglesa: relatos de viajantes sobre povos indígenas (1835-1899)
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Data: 12/05/2023
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A tese se ampara na linha historiográfica de Peter Burke sobre a história cultural das representações e na história indígena para analisar os relatos de viajantes a serviço da Europa sobre os indígenas na região entre o extremo norte brasileiro e a Guiana Inglesa no século XIX. Trabalhamos os relatos do explorador prussiano Robert Hermann Schomburgk (1804-1865), do geólogo canadense Charles Barrington Brown (1839- 1917), ambos a serviço da Royal Geographical Society da coroa britânica; em sequência, o explorador francês Henri Anatole Coudreau (1859-1899), em missão, através do ministério da marinha, das colônias francesas e do governo do estado do Pará. Como objetivo central, analisei a relação dos europeus junto aos indígenas, as alianças e estratégias utilizadas através da investigação científica para servir aos interesses demarcatórios e de ocupação de terras do país patrocinador do empreendimento na fronteira do extremo norte brasileiro entre 1835 e 1899.
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LEONARDO AUGUSTO RAMOS SILVA
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Na "pátria das sublevações": descontentamento e revoltas da gente de guerra no sertão do rio Negro (1754-1777)
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Data: 26/04/2023
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A presente dissertação volta-se para o estudo do processo de militarização do rio Negro, no noroeste da capitania de São José do Rio Negro, durante o reinado de D. José I (1751-1777). Trata-se, portanto, da problemática em torno dos fatores e das manifestações do descontentamento de soldados (e, por vezes, outros praças) que compunham as tropas pagas destacadas em guarnições ao longo do rio Negro. A partir de 1754, o processo de militarização deste rio obteve notoriedade diante da ocupação, defesa e demarcação das áreas de fronteiras entre o Estado do Grão-Pará e Maranhão (mais tarde, Grão-Pará e Rio Negro) e do Vice-Reino da Nova Granada. Em decorrência deste contexto geopolítico, manter e prover os corpos militares em áreas de fronteiras tornou-se necessário e, ao mesmo tempo, um desafio à Coroa portuguesa, implicando significantemente no cotidiano das tropas pagas; por outro lado, os soldados manifestavam seus descontentamentos com as crises de seu tempo por meio das revoltas; a articulação entre estes dois aspectos do processo de militarização do rio Negro é uma tentativa de compreender as várias interseções entre soldados e a sociedade amazônica colonial. Vale ressaltar que, juntamente às deserções e saques, as revoltas da gente de guerra tornaram-se uma das principais e mais recorrentes manifestações do descontentamento da “gente de guerra” na guarnição da capitania do Rio Negro. Para o cumprimento desta abordagem, houve uma incursão em acervos nacionais e internacionais, examinando correspondências entre autoridades da capitania do Rio Negro, do Estado do Grão-Pará e Maranhão (mais tarde, Grão- Pará e Rio Negro) e da metrópole.
A presente dissertação volta-se para o estudo do processo de militarização do rio Negro, nonoroeste da capitania de São José do Rio Negro, durante o reinado de D. José I (1751-1777).Trata-se, portanto, da problemática em torno dos fatores e das manifestações dodescontentamento de soldados (e, por vezes, outros praças) que compunham as tropas pagasdestacadas em guarnições ao longo do rio Negro. A partir de 1754, o processo de militarizaçãodeste rio obteve notoriedade diante da ocupação, defesa e demarcação das áreas de fronteirasentre o Estado do Grão-Pará e Maranhão (mais tarde, Grão-Pará e Rio Negro) e do Vice-Reinoda Nova Granada. Em decorrência deste contexto geopolítico, manter e prover os corposmilitares em áreas de fronteiras tornou-se necessário e, ao mesmo tempo, um desafio à Coroaportuguesa, implicando significantemente no cotidiano das tropas pagas; por outro lado, ossoldados manifestavam seus descontentamentos com as crises de seu tempo por meio dasrevoltas; a articulação entre estes dois aspectos do processo de militarização do rio Negro é umatentativa de compreender as várias interseções entre soldados e a sociedade amazônica colonial.Vale ressaltar que, juntamente às deserções e saques, as revoltas da gente de guerra tornaramseuma das principais e mais recorrentes manifestações do descontentamento da “gente deguerra” na guarnição da capitania do Rio Negro. Para o cumprimento desta abordagem, houveuma incursão em acervos nacionais e internacionais, examinando correspondências entreautoridades da capitania do Rio Negro, do Estado do Grão-Pará e Maranhão (mais tarde, Grão-Pará e Rio Negro) e da metrópole.
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FLAVIO PEREIRA COSTA JÚNIOR
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História, ciência e natureza na política ilustrada de D. Rodrigo de Sousa Coutinho para o meio-norte da América Portuguesa (1796-1801)
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Data: 18/04/2023
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A ciência foi elemento importante na construção política do Império Português no século XVIII. Seria por meio desse conhecimento que as potencialidades econômicas da natureza das possessões seriam avaliadas, no intuito de desenvolver o comércio em benefício da Coroa. Compreende-se assim que a ciência era um instrumento colonial útil para manter a união entre o centro europeu desse Império com suas demais porções no Globo, especialmente com os Estados coloniais na América Portuguesa, assegurando territórios e desenvolvendo projetos para atingir economicamente os demais impérios, sobretudo para competir em mercados já estabelecidos. Seriam objetos desse conhecimento a fauna, a flora e os minerais, e para tanto foram enviados homens gabaritados para tais pesquisas, adentrando os sertões em busca de espécimes novos e avaliando os já conhecidos. A agricultura também fazia parte desse rol de estudos, no interesse em expandir a produção. Caso exemplar desse tipo da simbiose entre política e ciência foi o do Dom Rodrigo de Sousa Coutinho no período em que era ministro da Marinha e do Ultramar (1796-1801). Pela formação acadêmica e conjuntura em que tal indivíduo estava envolvido, nota-se a atenção que ele dedicou à natureza. Como estudo de caso, a tese se foca nos Estados do Maranhão e do Piauí. O objetivo desse trabalho é apresentar como a visão política, por meio da ciência na administração de Dom Rodrigo de Sousa Coutinho, tinha como projeto inserir o Maranhão e o Piauí no comércio internacional.
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RAISSA SANTOS BARBOSA
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O Diabo na Carne de Belém: o circuito exibidor de filmes pornôs durante a decadência dos cinemas de rua em Belém do Pará (1985-1997)
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Orientador : ANTONIO MAURICIO DIAS DA COSTA
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Data: 05/04/2023
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Os cinemas de rua foram um dos principais lugares de lazer entre os belenenses durante o século XX. Em torno desta prática estavam elementos fundamentais para sua realização como a produção dos filmes, a distribuição, a exibição, a propaganda, o comentário da crítica especializada nos jornais e a procura do público. Todos esses elementos formavam um circuito exibidor de filmes que a cidade de Belém vivenciou naquele século. O circuito se modificou na década de 1980, quando cinemas de rua passaram por uma fase de decadência e alguns fecharam. Os donos do Cine Ópera, Cine Nazaré, Cine Iracema, Cinema Dois e Cine Cassino optaram por exibir filmes pornográficos, material que já era produzido em ritmo industrial nos EUA desde a década de 1970, mas tardou a entrar no Brasil por conta da censura ditatorial. Logo, os trajetos do público em busca desses filmes determinaram as dimensões de um novo circuito exibidor especializado na exibição de pornôs entre 1985 e 1997. É importante ressaltar que o novo circuito existiu em paralelo ao circuito exibidor convencional e decadente. Nossa questão norteadora buscou compreender quais teriam sido as condicionantes que permitiram e possibilitaram a existência desse circuito pornô. Os resultados da pesquisa em fontes periódicas e orais, apontaram para o desgaste dos órgãos ligados a censura, o fim da ditadura, a crise econômica da década de 1980, a entrada massiva de filmes pornôs soft e hard core no país, a expectativa de lucro dos exibidores, as curiosidades (carnal knowledge) e oportunidades sexuais do público, além de uma tolerância moral da sociedade, como fundamentais para sua consolidação.
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DINAH REIKO TUTYIA
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ERNESTO CRUZ: UM DIÁLOGO ENTRE HISTÓRIA, ARQUITETURA E PRESERVAÇÃO PATRIMONIAL (DÉCADAS DE 1940 A 1960)
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Data: 31/03/2023
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Esta tese analisa as contribuições do historiador paraense Ernesto Horácio Cruz para a preservação patrimonial no Pará. Seu nome, dentre as várias associações culturais paraenses as quais pertenceu, encontra-se sempre atrelado à direção da antiga Biblioteca e Arquivo Público do Estado do Pará (BAP) e ao Instituto Histórico e Geográfico do Pará (IHGP), permanecendo sua face preservacionista, não evidenciada ao longo de sua trajetória de vida, mas exposta nos livros, em notas de jornais e homenagens, assim como nas falas de seus confrades. Porém, nos processos de tombamento de bens patrimoniais, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Pará (IPHAN/PA), ao longo dos anos 1940 a 1960, sua figura encontra-se presente, fato que motivou a incursão da história da preservação patrimonial paraense a partir da figura de Ernesto Cruz. Este trabalho tem como finalidade compreender as práticas e o conjunto de ações operados por esse sujeito nas ações de patrimonialização das décadas iniciais de atuação do IPHAN no Brasil, logo, propõe um estudo histórico da política de preservação patrimonial paraense. Nesse sentido, a originalidade desta tese é apresentar a dimensão preservacionista de Ernesto Cruz, aspecto ainda não explorado no campo da Historiografia amazônica nem na Arquitetura. A partir de sua atuação enquanto delegado do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), Ernesto Cruz tornou-se uma figura fundamental no processo de institucionalização do patrimônio histórico no estado do Pará. A investigação encontra-se embasada em fontes do século XX, como a produção intelectual do historiador, o que inclui livros e artigos em jornais, além da documentação presente nos processos de tombamento do SPHAN e fontes que dialogam com os temas que emergiram do material, tais como a transformação da cidade, arquitetura e história de Belém.
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LEANDRO CARLOS MELO DA SILVA
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"[...] vamos com o seculo"? A recepção da modernidade filosófica, modernização e modernidade política nas páginas do Synopsis Ecclesiastica (1848-1849) e d’A Trombeta do Sanctuario (1851-1854)
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Data: 03/03/2023
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Ir ou não ir com o século, eis a questão. Este trecho de um artigo intitulado NECESSIDADE DA RELIGIÃO PARA A FELICIDADE PUBLICA, publicado no Synopsis Ecclesiastica em 1849, no qual o autor discorre sobre os riscos que a sociedade correria pela difusão da máxima "ir com o século",5 propagada por representantes das "más doutrinas", nos serve como síntese para entender o tipo de relação ambivalente com que a imprensa ultramontana oitocentista travou com a modernidade. Nele estão presentes alguns elementos que compuseram um tipo de consciência coletiva sobre a modernidade oitocentista e um tipo mais específico de consciência, adstrita ao grupo católico conservador. A vertigem diante da força destruidora da modernidade foi mais ou menos comum a todos que naquela época presenciavam ou recebiam as notícias sobre as aceleradas transformações pelas quais passava o mundo. Contudo, diferentemente dos entusiastas do progresso, a Igreja adotou uma postura mais desconfiada e, em certos pontos, intransigentes quanto a elas.
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MÁRCIO DOUGLAS DE CARVALHO E SILVA
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Emigrados do sertão: secas e deslocamentos populacionais Ceará-Piauí (1877-1891).
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Data: 28/02/2023
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Na segunda metade do século XIX, algumas províncias do Norte do Império brasileiro enfrentaram sucessivas secas, que provocaram a migração da população residente nas áreas atingidas para outras onde se acreditava existirem recursos que possibilitariam a sobrevivência. No ano de 1877, iniciou-se uma seca no Ceará que se estendeu até 1879. No final na década de 1880, o fenômeno mais uma vez visitou as terras cearenses, deixando suas marcas visíveis, principalmente em 1888 e 1889. Nesses dois momentos, grande foi o deslocamento de homens e mulheres cearenses para outras províncias brasileiras, entre elas, a vizinha, Piauí, que em certa medida também já era afetada pela seca na forma de fenômeno climático, passando a experimentá-la também enquanto produto social. O objetivo desta tese é analisar a migração de cearenses para o Piauí, entre os anos de 1877 e 1891, considerando esses deslocamentos um ato de protagonismo de homens e mulheres, pobres e ricos que empreenderam as jornadas migratórias como possibilidade de vencer as dificuldades impostas pela seca no seu local de origem, elegendo o Piauí como rota e também destino. Toma-se como base para o recorte de tempo, o ano em que o fluxo de cearenses passou a ser mais intenso em direção a província vizinha, até o início da década de 1890, quando ainda eram realizadas as práticas assistencialistas através dos socorros públicos, e já era possível encontrar cearenses constituindo novas famílias no Piauí. Do ponto de vista metodológico, recorro aos conceitos da micro-história, na tentativa de conhecer as relações possíveis entre os sujeitos envoltos nesse processo no espaço em que agiram. Entre as fontes definidas para a realização da pesquisa, estão os diferentes jornais editados no Piauí e no Ceará, além de relatórios, mensagens, discursos, atas, bem como ofícios e outros documentos da Comissão de Socorros Públicos. Com isso, na presente tese investiga-se o fato de que, para além dos fluxos migratórios ocorridos no oitocentos, já conhecidos na historiografia, existiram outros destinos migrantes empreendidos pelos cearenses, entre eles, o Piauí, que também afetado pelas secas, era visto como um polo receptor, seja daqueles que a essa região se destinavam, à medida em que ela oferecia melhores condições de sobrevivência que o Ceará, ou os que estavam tentando uma travessia para o Maranhão e o Pará. Por ser intensa em muitas épocas, a migração trouxe para o Piauí o agravamento das consequências da seca, exigindo medidas de combate aos seus efeitos pelo governo local, que instituiu as Comissões de Socorros Públicos, promovendo o assistencialismo e deslocando parte dos migrantes para as frentes de trabalho, seja em obras públicas ou nos Núcleos Coloniais. Ao chegarem ao Piauí, os migrantes quase sempre encontravam dificuldades para sobreviver, porém, muitos conseguiram se estabelecer nessa região e não voltavam para o Ceará após o fim da seca. Desse modo, defende-se a tese da importância do Piauí nos contextos migratórios do século XIX, como um espaço receptor de migrantes cearenses e gerador de múltiplas experiências sociais.
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TELMO RENATO DA SILVA ARAUJO
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ENTRE RÉUS, VÍTIMAS E TESTEMUNHAS: REDES DE RELAÇÕES E CRIMES DE PORTUGUESES NA CIDADE DE BELÉM (1900-1925)
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Data: 16/02/2023
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Esta tese tem como objeto de investigação histórica os crimes cometidos por imigrantes portugueses na capital do estado do Pará, a cidade de Belém. O problema que tento perscrutar é: o que os processos judicias da 4ª vara da capital Belém revelam em relação aos crimes cometidos por imigrantes portugueses no primeiro quartel do século XX? Na direção desse questionamento, levantei como hipótese central desta investigação que os crimes cometidos por imigrantes portugueses, ocorridos no primeiro quartel do século XX, produziram no contexto da capital paraense, Belém, redes de relações ambíguas, ora marcadas pela solidariedade e cumplicidade, ora por conflitos e tensões. Assim, o objetivo geral desta pesquisa consistiu em compreender os sentidos que os crimes cometidos por imigrantes portugueses, no primeiro quartel do século XX, produziram no cotidiano da capital paraense, a cidade de Belém. As fontes utilizadas foram: a) Autos de processos criminais; b) Registros de ocorrências e denúncias; c) Relatórios criminais; d) Ofícios da Chefatura de Polícia; e) Jornais; f) Código penal brasileiro de 1890; g) Mensagens de governadores do Estado do Pará; h) Atos da Intendência Municipal. Os resultados não só confirmam a hipótese da produção das redes de relação, mas também a tese de que os crimes articularam redes específicas e demarcadas, particularmente, por quatro grupos: 1) Menores de idade e jovens; 2) Compatrícios; 3) Deportados; 4) Mulheres. Estes grupos constroem tais redes por conta de condições econômico-financeiras e institucionais pouco favoráveis aos imigrantes deslocados para a região.
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DANIELA REBELO MONTE TRISTAN
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Os trabalhadores têxteis e sua fábrica em Santarém: experiência operária, justiça do trabalho e indústria de sacaria no Baixo Amazonas, 1951 -1990
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Data: 25/01/2023
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O recorte cronológico desta pesquisa abrange os anos de 1951 a 1990. A primeira data corresponde ao ano em que a Companhia de Fiação e Tecelagem de Juta de Santarém foi fundada, e a última, ao momento em que a fábrica, conhecida como Tecejuta, o maior empregador do Baixo Amazonas, encerrou suas atividades. Busca-se fundamentalmente compreender as relações sociais, econômicas, políticas e de gênero que tinham a Tecejuta como referência, no espaço da cidade de Santarém, no que diz respeito a direitos dos trabalhadores, atuação sindical, condições de vida e trabalho e construção da memória. São investigadas também as relações entre a Tecejuta e as instâncias responsáveis pelo planejamento do desenvolvimento da Amazônia no período em que a fábrica esteve em atividade: a SPVEA e a SUDAM. Fontes: entrevistas com ex-trabalhadoras e ex-trabalhadores da fábrica, documentos produzidos pela Tecejuta, processos trabalhistas da Junta de Conciliação e Julgamento de Santarém, documentação do arquivo FINAM e imprensa de Santarém e Belém.
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