O Curso de Medicina da UFPA Campus de Altamira em consonância com o Art. 3º das DNCM (2014) tem como perfil do formando/egresso/profissional: Médico, com formação generalista, humanista, crítica, reflexiva e ética, com capacidade para atuar nos diferentes níveis de atenção à saúde, em ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, nos âmbitos individual e coletivo, com responsabilidade social e compromisso com a defesa da cidadania, da dignidade humana, da saúde integral do ser humano, tendo como transversalidade em sua prática, sempre, a determinação social do processo de saúde e doença e as singularidades étnico-racial, cultural e ambiental necessárias na região Transamazônica e Xingu considerando a presença significativa de comunidades indígenas e quilombolas com predominância de algumas doenças endêmicas particulares da região.
No available at this momentO Curso de Medicina da UFPA Campus Altamira buscará desenvolver as habilidades profissionais com base em uma formação articulada ao mundo do trabalho, rompendo a dicotomia entre teoria e prática, proporcionando aprendizagem significativa, capaz de promover sujeitos compromissados com a construção de um modelo de atenção à saúde, pautada nos princípios da integralidade e humanização da assistência do Sistema Único de 8 Saúde. O Projeto Pedagógico, ora proposto para o Curso de Medicina, observa a Resolução CNE/CES Nº. 03, de 20 de junho de 2014, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina, onde a formação do médico tem por objetivo dotar o profissional dos conhecimentos requeridos para o exercício das seguintes competências e habilidades gerais: - Na Atenção à Saúde, os profissionais de saúde, dentro de seu âmbito profissional, devem estar aptos a desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, tanto em nível individual quanto coletivo. A nível individual, o profissional deve ter a habilidade de identificar as necessidades de saúde, desenvolver e avaliar planos terapêuticos; enquanto que na atenção às necessidades de saúde coletiva ele deve ter habilidade de investigar os problemas de saúde coletiva, desenvolver e avaliar projetos de intervenção coletiva; para tanto, são desempenhos necessários ao profissional a realização da história clínica; exame físico; formulação de hipótese; priorização de problemas; promoção de investigação diagnóstica; elaboração, implementação, acompanhamento e avaliação dos planos terapêuticos a partir de dados demográficos, epidemiológicos, sanitários e ambientais, considerando dimensões de risco, vulnerabilidade, incidência e prevalência das condições de saúde. Em todos estes parâmetros o profissional deverá considerar sempre as dimensões da diversidade biológica, subjetiva, étnico-racial, de gênero, orientação sexual, socioeconômica, política, ambiental, cultural, ética e demais aspectos que compõem o espectro da diversidade humana que singularizam cada pessoa ou cada grupo social, sobretudo na região Transamazônica e Xingu considerando a presença significativa de comunidades indígenas e quilombolas com predominância de algumas doenças endêmicas particulares da região. - Na Gestão em Saúde, os profissionais devem estar aptos a tomar iniciativas, fazer o gerenciamento e administração tanto da força de trabalho quanto dos recursos físicos e materiais e de informação, da mesma forma que devem estar aptos a serem empreendedores, gestores, empregadores ou líderes de equipe; compreendendo as políticas públicas de saúde no Brasil, a Reforma Sanitária, os princípios do SUS e os desafios na organização do trabalho em saúde, considerando seus princípios, diretrizes e políticas de saúde, promovendo assim o bem estar da comunidade. - Na Educação em Saúde, o profissional deve ser capaz de identificar as necessidades de aprendizagem individual e coletiva, promovendo a construção e socialização do conhecimento, bem como do pensamento científico, crítico e reflexivo. Desta forma, os profissionais de saúde devem aprender a aprender e ter responsabilidade e compromisso com a sua educação e o treinamento/estágios das futuras gerações de profissionais da saúde. 9 Na perspectiva das competências já delineadas, a formação do médico deverá assegurar conhecimentos requeridos para o exercício das seguintes competências e habilidades específicas: - Reconhecer a história do homem e relacioná-la com o processo saúde-doença nas diversas etapas do desenvolvimento humano, tendo como direcionamento os níveis de prevenção e de atenção em saúde; - Aplicar os valores políticos e éticos da profissão como norteadores da prática; - Atuar nos diversos níveis de atenção à saúde, através da promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, com ênfase na atenção primária; considerando as particularidades predominantes sobretudo nas comunidades indígenas e ribeirinhas. - Atuar numa perspectiva interdisciplinar e multiprofissional, integrando-se com outros profissionais no planejamento, organização e execução das ações conjuntas em saúde, tendo como prioridade a rede de atenção à saúde no contexto do SUS; - Promover a qualidade na atenção à saúde, pautando seu pensamento crítico, que conduz o seu fazer, nas melhores evidências científicas; - Prestar atendimento resolutivo aos problemas de saúde mais prevalentes, incluindo urgências e emergências e encaminhar adequadamente os demais; - Promover a comunicação, por meio de linguagem verbal e não verbal, com usuários, familiares, comunidades e membros das equipes profissionais, preservando a confidencialidade, a compreensão, a autonomia e a segurança da pessoa sob cuidado; - Atuar na promoção da saúde como estratégia de produção de saúde, interferindo reflexivamente nas políticas de saúde, organização dos serviços e dinâmica do mercado de trabalho médico; - Reconhecer a saúde como direito e condições dignas de vida, e atuar de forma a garantir a integralidade da assistência em serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos; - Promover a equidade no cuidado adequado e eficiente das pessoas com deficiência, compreendendo os diferentes modos de adoecer, nas suas especificidades; - Reconhecer a valorização da vida, com a abordagem dos problemas de saúde recorrentes na atenção básica, na urgência e na emergência, na promoção da saúde e na prevenção de riscos e danos, visando à melhoria dos indicadores de qualidade de vida, de morbidade e de mortalidade, por um profissional médico generalista, propositivo e resolutivo; - Administrar e gerenciar recursos físicos, materiais e humanos; - Agir de forma empreendedora, no sentido de criar oportunidades de trabalho e ser agente de mudança; - Desenvolver a capacidade de gerenciamento da assistência em saúde; 10 - Valorizar e desenvolver a capacidade de trabalhar em equipe; - Interagir na dinâmica do trabalho institucional; - Aprender a aprender, como parte do processo de ensino-aprendizagem; - Aprender em situações e ambientes protegidos e controlados, ou em simulações da realidade, identificando e avaliando o erro, como insumo da aprendizagem profissional e organizacional e como suporte pedagógico; - Comprometer-se com seu processo de formação, envolvendo-se em ensino, pesquisa e extensão, acompanhando as mudanças sociais e científicas
O Curso de Medicina da UFPA Campus Altamira parte da premissa epistemológica de que o conhecimento se produz através de um processo de aprendizado contínuo e aberto a inúmeras contingências e só pode ser compreendido através da indissociável vinculação entre teoria e prática e entre os diversos saberes que compõem a estrutura curricular do curso. Sendo assim, seguindo o que as DCNs dos cursos de Medicina estabelecem, os métodos de ensino-aprendizagem deste projeto são centrados no estudante e apoiado no professor como facilitador e mediador desse processo. Para tanto, o curso contará na formação dos novos médicos com as Metodologias ativas de ensino-aprendizagem (MAEA) as quais estão alicerçadas em um princípio teórico significativo: a autonomia. Neste modelo o sujeito é estimulado a processos construtivos de ação-reflexão-ação em que o estudante tem uma postura ativa em relação ao seu aprendizado que se dá numa situação prática de experiências por meio de problemas que lhes sejam desafiantes e permitam pesquisar e descobrir soluções aplicadas à realidade. (FREIRE, 2006). Nesse contexto, o ato de ensinar exige respeito à autonomia e à dignidade de cada indivíduo, alicerce para uma educação que considera o sujeito como ser que constrói sua própria história. Assim, o docente necessita desenvolver novas habilidades para permitir ao discente participar ativamente de seu processo de aprendizagem. Nessa nova postura, torna-se essencial ao docente assumir o papel de facilitador do processo ensino-aprendizagem, com disposição para respeitar, escutar compassivamente e acreditar na capacidade do aprendiz para se desenvolver e aprender em um ambiente de liberdade e apoio. As Metodologias Ativas (MA) são compostas por diferentes estratégias de aprendizagens significativas, contudo, cinco são as principais modalidades de ensino/aprendizagem usadas 11 no Currículo do Curso de Medicina da UFPA Campus de Altamira, a saber: Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL), Aprendizagem Baseada em Equipe (TBL), Simulações, Métodos de Casos e Metodologia da Problematização. A principal estratégia de aprendizagem a ser utilizada no eixo Concepção, Formação e Ciclos de Vida do Ser Humano (CFSH) é a Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL, do inglês Problem Based Learning). É um método pelo qual o estudante utiliza a situação problema, seja de uma questão da assistência saúde ou de um tópico de pesquisa, como estímulos para aprender. Após a análise inicial, os estudantes definem seus objetivos de aprendizagem e buscam as informações necessárias para abordá-lo. Após essa etapa, discutem o que encontraram e compartilham o que aprenderam. (BERBEL, 1999). As atividades dentro do PBL são desenvolvidas em pequenos grupos de estudantes, conhecidos de turmas tutoriais. Cada turma é constituída por no máximo 10 (dez) alunos e 1 (um) professor-tutor e ocorrem em duas sessões: a abertura com duração de quatro (04) horas e o fechamento com duração de três (03) horas; sendo que há o intervalo de sete dias entre estes dois momentos. As sessões tutoriais acontecem nas Salas de Tutoria, que consistem em salas equipadas com 01 (uma) mesa grande e 11 (onze) cadeiras, apropriadas para o estudo em pequenos grupos. Além dos encontros tutoriais, ocorrem atividades práticas nos laboratórios Morfofuncionais, Multiuso e Habilidades Médicas como apoio aos conteúdos das tutorias, com o intuito de promover a integração de outras atitudes, competências e conhecimentos práticos favorecendo a evolução da aprendizagem do estudante de maneira integrada, conforme preconiza as DCNs para o Curso de Medicina. A segunda estratégia trabalhada neste eixo contempla a Aprendizagem Baseada em Equipe (TBL, do inglês Team Based Learning) esta necessita de planejamento e preparo prévio e, para sua realização, é preciso que ocorra uma divisão em três momentos: o primeiro momento é o estudo/análise individual do material (contexto/cenário); o segundo momento é a verificação do conhecimento prévio (teste individual/em equipe), levantamento de dúvidas e feedback; e o terceiro momento refere-se a aplicação de conceitos (SOUZA et al,2016). No eixo Habilidades Médicas e Profissionalismo (HMP) serão utilizadas as estratégias de Simulação e Métodos de Caso, na Simulação a realidade é apresentada de forma lúdica para a compreensão dos educandos os temas são colocados de forma prática em que o educando deve se comportar como se estivesse frente a uma situação real. Em algumas situações pode-se dispor de atores que interpretem as situações. O aprendizado é mais facilmente fixado, pois ocorre o processo de sinestesia. A Simulação favorece um significado lógico para o conhecimento passar de forma que o educando entende a importância do conteúdo para sua formação (VARGA et al, 2009). O Método de Casos consiste no estudo de caso que 12 contém um dilema a ser estudado pelos alunos. O caso é apresentado e discutido pela sala, oportunidade em que o educador faz uma série de questionamentos direcionadores. O caso também pode conter seu desfecho, situação na qual ele é utilizado para julgar se o posicionamento adotado é, na visão dos educandos, o mais adequado. O estudo dos casos pode ser utilizado individualmente ou em grupo, e pode-se também disponibilizar casos diferentes para os grupos, de maneira a abordar diferentes temas (SILVA & BENEGAS, 2010). No eixo Prática de Integração Ensino, Serviço e Comunidade (PIESC) será utilizada, além do TBL já descrito anteriormente, a Metodologia da Problematização. Essa metodologia baseia-se no aumento da capacidade do aluno em participar como agente de transformação social, durante o processo de detecção de problemas reais e de busca por soluções originais (BORDENAVE e PEREIRA, 2005). Marcada pela dimensão política da educação e da sociedade, o ensino pela problematização procura mobilizar o potencial social, político e ético do estudante, para que este atue como cidadão e profissional em formação, daí esta metodologia ter como princípio básico a ação reflexão-ação. Esta metodologia é conduzida através de um diagrama denominado Método do Arco por Charles Maguerez. Este método tem como ponto de partida a realidade que, observada sobre diversos ângulos, permite ao estudante ou pesquisador extrair e identificar os problemas ali existentes. O facilitador deve conduzir os estudantes a observar a realidade e, em seguida, discutir em pequenos grupos os conhecimentos prévios sobre a situação, propor uma reflexão e uma análise que conduzam a identificação dos pontos chaves do problema, teorizar, gerar hipóteses sobre as causas para a resolução do problema e aplicá-las a realidade (COLOMBO & BERBEL, 2007). Após o estudo de um problema, podem surgir novos desdobramentos, exigindo a interdisciplinaridade para sua solução, o desenvolvimento do pensamento crítico e a responsabilidade do estudante pela própria aprendizagem (CYRINO e TORALLES-PEREIRA, 2004), logo, ao completar o Arco de Maguerez, o estudante pode exercitar a dialética de ação-reflexão-ação, tendo sempre como ponto de partida a realidade social (BERBEL, 1998), princípio básico da metodologia da problematização. As metodologias ativas descritas acima possuem uma homogeneidade entre elas. Isso porque a concepção educativa adota a pedagogia crítico-reflexiva na construção do conhecimento. Nesse sentido, o estudante é estimulado a refletir sobre os problemas encontrados na realidade, que podem ser observados, simulados e/ou vivenciados. A partir dessa reflexão, os estudantes assumem uma postura ativa na construção dos seus conhecimentos, uma vez que esses problemas são identificados por eles e passam a servir como “trampolins” que permitem integrar teoria e prática e estudar as necessidades concretas que irão se deparar 13 quando profissionais. Amparado pela concepção metodológica da UFPA exposta em seu PPI (2016 -2020) em que se faz necessário romper com a concepção de que alunos e professores vão para sala dar e receber aulas, respectivamente e passar a considerar que ambos são sujeitos na construção do processo ensino-aprendizagem, o curso de Medicina da UFPA Campus Altamira visa através dessa metodologia pedagógica desenvolver as competências e habilidades previstas nas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina, além de propiciar aos alunos várias qualidades, como: prática do raciocínio crítico, abordagens lógicas e analíticas em situações que não lhes são familiares, auto-aprendizagem, trabalho em equipe, utilização dos seus conhecimentos prévios, elaboração de novos conhecimentos; contribuindo para a formação de um médico humanista, crítico, reflexivo e ético, com capacidade para atuar nos diferentes níveis de atenção à saúde, em ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, nos âmbitos individual e coletivo, com responsabilidade social e compromisso com a defesa da cidadania, da dignidade humana, da saúde integral do ser humano, e sobre tudo, tendo como transversalidade em sua prática, a determinação social do processo de saúde e doença e as singularidades étnico-racial, cultural e ambiental necessárias na região Transamazônica e Xingu.
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